Olhos fechados. Os sonhos eram serenos. Era um campo verde e com muita vida-, haviam ovelhas e pássaros por todas as partes. O Sol esquentava o pasto, tocava seu rosto e aquecia o coração. Roupas brancas e de pano fino lhe cobriam o corpo sútil. Os olhos não doíam, havia calma vindo de dentro.
Eram tantos pássaros que se perdiam de vista. Diferentes espécies, mudanças nos cantos. Entretanto faziam sentido, era uma canção serena. Trazia paz para o coração.
Ali a tristeza não era capaz de alcançar.
A grama era macia. Os pés desprovidos de vestimentas, sentia-na tão macia. Era aconchegante estar ali. Mesmo que longe, haviam árvores frutíferas. Um lago a direita, pequeno porém cristalino. A água era limpa e o refletia, no rosto não encontrou angústia. Os olhos brilhavam com estrelas em todos os nortes. Observou as mãos, os braços e os pulsos. Não haviam cicatrizes. Não encontraria nenhum resquício de pavor. Era tudo limpo.
Então um zumbido correu entre os animais e tocou a grama macia. Assustou-se. Olhou para os lados mas nada encontrou. O barulho voltou, e segui-se até seu peito. Atingiu-o e encontrou o coração que não batia. Doeu, como uma facada. O corpo se tornou dor, espalhando-se por todos os lados, lentamente queimava tudo. As pernas eram bambas, até ajoelhar-te na grama, diante das águas cristalinas.
Os olhos perdiam as estrelas. As constelações haviam sumido, o rosto tinha tanta dor. Nos braços, as cicatrizes. As roupas eram incômodas, a grama machucava e o Sol já não brilhava mais. Os animais não pastavam mais, a floresta já não era a mesma. Haviam galhos por todas as partes, até mesmo o lago de águas belas era escuro. Então choveu.
Olhos abertos.
[.]
Sentir medo é algo tenebroso. Um sentimento que vem de dentro para fora, toca o âmago e pode culminar em culpa. Pensamentos são incontroláveis. Sensações ruins impiedosas.
Jimin sentia medo. Muito medo.
Segurava as mãos de Jungkook com cuidado. Ele dormia sereno, parecia ter encontrado a paz dentro da mente. A respiração era como uma canção de ninar, o peito estava calmo. Talvez ele não desejasse abrir seus olhos.
Jimin temia tanto o tirar daquele sonho bom. Por temer, as lágrimas desciam por seu rosto desesperadas. Uma falha forma de demonstrar sua angústia, um aperto de mão inútil para dizer que ele estaria ali com Jungkook e para Jungkook por uma eternidade. Ações não eram suficientes, palavras não eram alcançáveis. Jimin sentia-se impotente demais. Deitou-se sobre o peito de Jungkook. Esperando que a dor passasse tocando sua pele macia. Olhava-o com os olhos molhados.
O peito ardia. E queimou quando Jungkook mexeu-se, o rosto calmo parecia encontrar a dor novamente. A angústia parecia estar tocando-o tão calmamente que a cada respirar era uma morte vaga. Um grito mudo num silêncio escuro. Jimin quis acorda-lo, mas não houve coragem o suficiente.
Então Jungkook abriu os olhos. Mesmo vazios e vagos, haviam lágrimas em cada norte. Até a primeira gota cair, e sua mão se desprender do aperto de Jimin.
As coisas não seriam fáceis.
Jimin tentou procurar seus olhos, mas estes eram vagos e distantes demais. Não havia querer em nenhum espaço em seus olhos profundos. A chuva não havia cessado.
- Jungkook...
Olhou o louro. E então observou seu corpo. Os braços estavam presos em fios coloridos, enquanto o peito era conectado a uma máquina barulhenta. Seu coração era a canção que tocava ali, então Jungkook desejou não escutar.
- Jungkook. Eu sei que as coisas não estão boas, você certamente está confuso. Me desculpe mas eu não sou capaz de entender o que você está sentido. Me desculpa... - tocou-lhe o rosto gélido, procurando sua mão e as entrelaçou. - Só queria me olhasse. Fala comigo...
Jungkook piscou. Deixou de olhar as máquinas e observou os olhos de seu amigo. Mas ainda estava distante demais. Divergia lentamente por entre duas realidades paralelas, tocava suas dores e mágoas, mas também, sentia a alegria e escutava as risadas. Então franziu o cenho.
A chuva quase cessou.
- Desculpa... - disse baixo demais, a voz rouca e quebradiça.
Jimin surpreendeu-se e arregalou os olhos. Separou os lábios e sorriu com o coração em brasa -, olhos pesados enquanto a cabeça latejava. Assentiu e negou ao mesmo tempo, uma fusão de sensações e pensamentos o ridicularizaram diante de tanta coisa a sentir.
- Não se desculpe, por favor. Não se desculpe... - mexeu nos cabelos alheios, passou a ponta dos dedos pelas bochechas frias e ainda molhadas. O coração aliviado batia solenemente. - Eu amo você. Por favor, Gukkie...
Franziu o cenho. Porém assentiu. Aceitou os braços curtos de Jimin lhe tomarem o corpo inteiro. As costelas doíam e os pulmões queimavam, todavia retribuiu o abraço. Mesmo de coração vazio e olhos vagos, Jungkook apertou Jimin entre os braços.
Jungkook quis chorar. E as lágrimas lhe tomaram os olhos. As rachaduras do teto lhe lembraram daquelas que habitavam seu coração. A chuva não havia parado. Ainda tinham nuvens nos céus e raios cortantes.
Então uma lágrima caiu. E o coração retrocedeu as dores primordiais.
[...]
A noite estava calma, o vento era solene e fraco o bastante para não esfriar as bochechas. Todavia, ambos os irmãos sentados diante de um céu estrelado esquentavam-se dentro de duas finas camadas de roupas. Próximos, olhavam o infinito que brilhava no céu.
Era uma criança tão pequenina e frágil que tocar lhe o corpo parecia uma ação tão errônea e perigosa. Mesmo assim, Taehyung as segurava entre os braços. Alisava sua cabeça protegida por um paninho colorido -, onde já não haviam cabelos, com a ponta dos dedos. Ações transparecendo seus cuidados e o carinho.
Ela sorria. Dois dentes lhe faltavam a parte superior -, os olhos eram grandes amêndoas brilhosas. A pele era pálida, ainda assim macia e quente. Taehyung tinha tanta aprecie por cada singularidade da garotinha.
Observavam os céus, as estrelas estavam charmosas naquela noite limpa e silenciosa. Sentados, dividiam um banco frio e pequeno demais. Então Taehyung a pusera em seu colo. Por vezes a menina apontava com seu bracinho infantil para alguma esfera brilhosa e inventava histórias, contos de fadas que a tirava da realidade. As seduções de um mundo cor de rosa era tão mais lindo com estrelas e um céu azul mestiço.
- Tae! - chamou ela o irmão. Atencioso, Taehyung a olhou com os olhos curiosos esperando as divagações da garotinha ansioso. - Quando... Quando eu virar uma estrelinha, você vai vir aqui conversar comigo? Eu não quero ser uma estrela solitária igual aquela - apontou a uma virada ao sul, estava isolada, distante de todos os grupos que radiavam no céu. - Eu vou ficar esperando você todas as noites!
Taehyung abaixou os olhos. No coração, uma pontada lhe trouxe vontade de chorar, molhando-te os olhos. As sensações eram ruins, muitas de uma única vez. Respirou fundo, então tocou a bochecha gélida da irmã. Cuidadoso, lhe mostrou um sorriso com o rosto inteiro.
- Mesmo quando você for uma estrelinha eu vou estar aqui todas as noites. E você será a estrela mais linda do todas, tão mais linda quanto é aqui. - uma lágrima caiu, quieta e silenciosa. - Eu prometo.
Levantou o dedo mindinho e o tomou com o da menina. Os dedos juntos selaram uma promessa que duraria uma eternidade inteira. Diante de todas as constelações, todas as nebulosas e mistérios de um universo desconhecido, a promessa iria percorrer por toda a galáxia. Junto de suas lágrimas.
- Por quê você 'tá chorando, Tetê? - a menina indagou, segurava a outra mão do irmão porém soltou-se do aperto para tirar as lágrimas que caíam lhe o rosto. Os dedos eram pequenos, porém mantinham um carinho tão imenso. - A nossa promessa tem que ser feliz. Mamãe disse para eu não ter medo, então agora eu estou te dizendo para não chorar. É 'pra sorrir, Tetê!
Taehyung mordeu os lábios. Queria chorar ainda mais, queria chorar até os pulmões doerem. Mas assentiu e ajudou as mãozinhas a secarem suas lágrimas. Ele fazia sorrisos, lágrimas não lhe convinha.
- Eu vou sempre sorrir. Está é mais uma promessa. - sorriu, o nariz estava tão vermelho quanto os olhos que tremiam e observavam seu rosto todo. As memórias de Byeol seriam as mais belas, seriam sempre brilhantes. - Eu amo você.
A menina sorriu. E o sorriu alcançou seus olhos. - Eu também amo você, Tetê!
Dedos unidos, diante de um céu bonito e brilhoso. As estrelas estavam felizes, uma promessa havia sido selada. Por uma eternidade.
[..]
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