História After - tudo começa aqui. - Capítulo 58

Enquanto volto para o quarto, percebo o quanto fui tola de pensar que Josh mudaria. Deveria ter sido mais esperta. Deveria saber que era bom demais para ser verdade. Josh me beijando na frente de Noah, sendo legal e querendo mais. Josh me contando sobre sua infância. Eu deveria ter me dado conta que, assim que seus igos chegassem, ele voltaria a ser o Josh de duas semanas eu odiava. 

- Ei, você vai hoje à noite? - Joalin pergunta quando eu entro no quarto. James está sentado na cama dela, encarando a namorada com admiração que eu gostaria que Josh olhasse para mim. 

- Não, vou estudar. - É bom saber que todo mundo foi convidado, mas Josh nem achou que precisava comentar sobre a festa comigo. Provavelmente para poder ficar com Nour sossegado. 

- Ah, vamos! Vai ser divertido. Josh vai estar lá - Ela sorri e eu forço para sorrir também. 

- É sério, preciso ligar para minha mãe, contar o que ando fazendo e planejar a semana que vem. 

- Creeedoo - Joalin provoca e pega a bolsa - Bom, você quem sabe. Vou passar à noite fora. Se precisar de alguma coisa é só ligar - Ela diz e me abraça antes de sair. 

Telefono para minha mãe e conto sobre o estágio, e é claro que ela fica mais do que feliz com a oportunidade incrível. Deixo Josh fora da história, mas conto sobre Ron, que ele está prestes a se tornar padrasto de Noah, o que é verdade. Ela pergunta sobre Lamar, mas eu me esquivo. Fico feliz e grata por ele não ter contado para minha mãe. Lamar não me deve nada e fico feliz com a omissão. Depois de ouví-la falar muito tempo sobre sua nova colega de trabalho, que minha mãe acredita estar tendo um caso com o chefe, digo que preciso muito estudar e desligo. Imediatamente volto a pensar em Josh, como sempre. Minha vida era muito mais simples antes de conhecê-lo, e agora... é complicada e estressante, eu vivo extremamente feliz ou com um peso no peito ao pensar nele com a Nour. 

Vou enlouquecer se ficar só sentada aqui, e são só seis da tarde quando decido parar de estudar. Talvez devesse sair para andar. Preciso fazer mais amigos. Pego o celular e ligo para Noah. 

- Oi, Any - Sua voz é simpática e aplaca um pouco minha ansiedade. 

- Oi, Noah, está ocupado? - pergunto. 

- Não, só estou assistindo um jogo. Por quê, aconteceu alguma coisa? 

- Não, só estava pensando se poderia visitar você... Se sua mãe não se importar, poderíamos começar as aulas - Dou uma risadinha sem graça. 

- Sim, claro. Ela adoraria... vou avisar que está vindo. 

- Certo, o próximo ônibus só passa em trinta minutos, mas chego aí logo. - digo. 

- Ônibus? Ah, sim, esqueci que você ainda não tem carro. Vou te buscar. 

- Não, não precisa mesmo. Não me incomodo, e não quero que você tenha trabalho. 

- Any, são alguns poucos quilômetros. Estou saindo - ele diz e eu acabo concordando. 

Pego meu telefone e confiro ele mais uma vez. É claro que Josh não enviou nenhuma mensagem ou ligou. Detestonser tão dependendo, principalmente que está claro que não posso depender dele. 

Decidida a mudar, desligo o telefone. Se deixá-lo ligado vou enlouquecer de vez. Acho melhor deixá-lo no quarto, e o enfio na primeira gaveta da cômoda antes de sair para esperar Noah chegar. 

Minutos depois, ele estaciona e buzina de leve. Eu me assusto na calçada e nos dois estamos rindo quando entro no carro. 

- Minha mãe está enlouquecendo na cozinha agora, então se prepara para uma aula muito detalhada. - Ele diz.

- É mesmo? Eu adoro detalhes!

- Eu sei, somos parecidos. - ele diz e liga o carro. Ouço a batida familiar de uma das minhas canções favoritas. 

- Posso aumentar o volume? - Pergunto e Noah concorda. 

- Você gosta de Fray? - ele pergunta num tom surpreso. 

- Adoro! É minha banda preferida. Você gosta deles? 

- Claro, quem não gosta? - Ele ri. Quase digo que Josh não gosta, mas mudo de ideia. 

Quando chegamos, Ron nos recebe na porta com um sorriso simpático. Espero que ele não estivesse pensando que Josh viria comigo,  mas não (🐇) vejo decepção em seu olhar então, sorrio. 

- Wendy está na cozinha. Entrem por sua conta e risco - ele diz brincando. 

Mas nem tanto assim. O balcão está cheio de panelas,tigelas e um monte de outras coisas que não reconheço.

- Any! Estou preparando tudo! - ela diz, enquanto faz um gesto para mostrar os equipamentos esquisitos. 

- Posso ajudar com alguma coisa? 

- Não, agora não. Estou quase terminando. Pronto. 

- Espero não ter avisado muito em cima da hora - digo. 

- Não, querida, você é sempre bem vinda aqui - ela me garante, e percebo que está sendo sincera. 

Wendy me dá um avental para usar e eu prendo meu cabelo em um coque. Noah se senta e conversa conosco por alguns minutos enquanto ela me mostra todos os ingredientes para fazer cupcakes. Despejo tudo na batedeira e coloco bater na velocidade baixa. 

- Já me sinto uma profissional - Dou risada e Noah se recosta, passando a mão no meu rosto. 

- Desculpa, mas tem um pouco de farinha - Ele cora e eu sorrio. 

Começo a despejar a massa nas formas. Quando as colocamos no forno e começamos a falar sobre a faculdade e a vida em geral, Noah nos deixa e vai terminar de assistir o jogo. 

Ficamos conversando enquanto nossos bolinhos assam e esfriam. Quando ela diz que está na hora de decorar os cupcakes, olho para eles e fico muito satisfeita com a aparência do meus. Wendy me mostra como usar o saco de confeiteiro para fazer um N em cima de um deles, e o separa para Noah. Ela desenha flores e grama com destreza nos delas, e eu faço o melhor que consigo nos meus. 

- Da próxima vez podemos fazer cookies - ela sorri e coloca os cupcakes em uma bandeja.

- Adorei a ideia - digo, mordendo um cupcake.  

Enquanto Wendy ajeita tudo na bandeja, ela pergunta: 

- Onde está Josh? 

Mastigo lentamente, tentando entender se há um motivo para a pergunta. 

- Está na casa dele - respondo. Ela franze o cenho, mas não insiste. 

Noah entra de novo na cozinha e Wendy sai para levar uns cupcakes para Ron. 

- Esse é para mim? - Noah pergunta levantando o cupcake com uma letra N torta na cobertura. 

- Sim. Preciso melhor minhas habilidades decorativas. 

Ele dá uma mordida grande. 

- O importante é que o gosto é bom - diz com a boca cheia, dou risada e ele limpa a boca. 

Como mais um cupcake e Noah fala sobre o jogo, para o qual eu não ligo, mas ele é legal, então finjo que ligo. Volto a pensar em Josh e olho para a janela. 

- Você está bem? - Noah pergunta me tirando dos meus pensamentos. 

- Sim, desculpa. Eu estava prestando atenção... no começo - sorrio, como se pedisse desculpas. 

- Tudo bem. E o Josh? 

- Sim... como você sabe? - pergunto. 

- Onde ele está? 

- Na república. Tem uma festa hoje... - começo, e então decido me abrir para ele. - Ele não disse nada. Encontrou os amigos e só disse: "Até mais, Any". Eu me sinto uma idiota por dizer isso, sei que devo parecer uma tola, estou enlouquecendo. Tem aquela Nour, com quem ele ficava, e ela está com ele agora, e ele não disse a ninguém que estamos... sei lá o que estamos - suspiro. 

- Namorando? - Noah pergunta. 

- Sim... Bom, eu pensei que sim, mas não sei agora. 

- Por que não tenta conversar com ele? Por que não vai à festa? - Ele pergunta e eu olho para ele. 

- Não posso simplesmente aparecer lá. 

- Por que não? Você já foi a festa lá, e você e Josh estão meio que saindo, ou sei lá o quê, e sua colega de quarto vai estar lá. Eu iria, se vice você. 

- É mesmo? Joalin me convidou, mas não sei. 

Quero ir para ver se Josh está com Nour, mas me sentiria uma idiota aparecendo lá sem mais e sem menos. 

- Acho que você deveria ir.  

- Você vai comigo? - Pergunto. 

- Ah não, Any. Somos amigos, mas nãão. 

Eu sabia que ele não iria, mas não custava perguntar. 

- Acho que eu vou. Pelo menos para falar com ele. 

- Ótimo! Mas limpa a farinha do rosto primeiro - ele ri e wu empurro seu braço com delicadeza. 

Fico conversando mais um pouco com Noah. Não quero que ele pense que só queria uma carona para a festa, apesar de saber que ele nunca diria isso. 

- Boa sorte, telefona se precisar de mim - ele diz quando saio do carro na frente da república. 

Quando ele se afasta, penso que é irônico o fato de ter deixado o celular no quarto para evitar me preocupar com Josh, mas ter vindo até a casa dele. 

Há um grupo de garotas com roupas curtas no quintal, e eu observo a minha; calça jeans e blusa de lã. Passei pouca maquiagem e meus cabelos estão presos em um coque no topo da cabeça. No que estava pensando quando decidi vir aqui? 

Engulo a ansiedade e entro. Não vejo rostos familiares, só Krystian, que está bebendo algo no copo de uma garota com calcinha e sutiã apenas. Entro na cozinha, e alguém me entrega uns copos vermelhos de bebidas, que levo a boca. Se for confrontar Josh, preciso de álcool. Passo pela sala de estar e vou até o sofá que o grupo de costuma ficar. Entre copos e por cima de ombros vejo os cabelos cor-de-rosa de Nour...

E eu me sinto enojada de ver que ela não está sentada no sofá, e sim no colo de Josh. Ele apoia a mão em sua coxa e ela se recosta nele, rindo com os amigos como se fosse a coisa mais normal do mundo.

 Como me enfiei nessa situação com Josh? Deveria ter ficado longe dele. Eu sabia disso, mas agora percebo tudo com se levasse um tapa na cara. Deveria ir embora. Não me encaixo aqui, não quero chorar na frente dessas pessoas de novo. Estou cansada de chorar por Josh, e estou cansada de tentar fazer ele ser algo que não é. Sempre que acho que estou no fundo do poço, ele faz algo que me faz perceber que não tinha ideia da dor que sentimentos não correspondidos podem causar. Observo com Nour coloca a mão por cima da de Josh. Ele tira a dele, mas a coloca no quadril dela, apertando de brincadeira, e ela ri. Tento me forçar para mexer, me afastar, arrastar, fazer alguma coisa para sair dali, mas não consigo. Meus olhos estão grudados no cara que eu estava me apaixonando enquanto os olhos deles estão grudados na Nour. 

- Any! - alguém diz. 

Josh levanta a cabeça e seus olhos azuis encontram os meus. Estão arregalados em choque, e Nour olha na minha direção, então deita ainda mais em cima de Josh. Ele entreabre os lábios como se fosse dizer alguma coisa, mas não diz. 

Bailey parece do meu lado e finalmente consigo desviar o olhar. Tento sorrir para ele, mas estou usando toda minha energia para evitar o choro. 

- Quer uma bebida? - ele pergunta. Olho para baixo. Eu estava com um copo de bebida, não estava? 

Meu copo está entre meus pés, e a bebida molhou o carpete, dou um passo para trás. Normalmente, eu limparia e pediria desculpas, mas, nesse momento, prefiro fingir que não é meu. A casa está tão lotada que não vão nem perceber. 

Tenho duas opções: sair correndo aos prantos e mostrar para Josh que ele acabou comigo, ou posso fazer cara de durona e fingir que não me importo com ele e como acomoda Nour em seu colo. 

Escolho a segunda opção. 

- Sim, por favor. Quero uma bebida - digo com a voz embargada.