Castelo – Tropa de Exploração
20 de Janeiro de 851.
Cinco meses haviam se passado desde que Mikasa escapara para a muralha Sina, mas para a Tropa de Exploração, parecia que ela já estava distante há anos. Sem ela, a tropa afundava em desafios e fracassos. Mikasa era uma força diferenciada e insubstituível, um pilar de segurança e competência nas missões mais perigosas. Sua ausência causara um aumento significativo nas baixas, e para Levi, cada perda era um golpe pessoal.
Levi frequentemente confrontava Erwin, insistindo que chamassem Mikasa de volta. Erwin, porém, mantinha-se firme. Era um pedido direto da rainha, e ele, como comandante, decidira acatá-lo, o que deixava Levi ainda mais frustrado. A fúria contida do capitão transbordava, e ele intensificava o treinamento dos soldados, arrancando deles o máximo de desempenho, preparando-os para os combates sem a presença de sua guerreira mais letal.
Em meio a saudade pela partida de Mikasa, as constantes brigas entre Jean e Eren só complicavam o clima. Ambos ansiavam resgatar Mikasa de Sina, mas cada um desejava o papel de herói para si, tornando qualquer discussão uma competição acirrada. Essas disputas pioravam ainda mais o humor de Levi, que mal tolerava o confronto entre os dois. No fundo, o capitão compartilhava a frustração de ambos, acreditando que Mikasa deveria, de fato, retornar. Ele já havia pensado inúmeras vezes em ir pessoalmente até Mitras e trazê-la à força, mas se via limitado pelo compromisso com a decisão de Erwin.
As suspeitas de Levi quanto a Armin também aumentava. Ele notara que o estrategista se oferecia a cada oportunidade para qualquer missão que envolvesse a muralha Sina, e embora ninguém mais parecesse notar, Levi sentia que algo estava fora do lugar. A Tenente Zoe nunca recusava a ida de Armin, mas Levi, cada vez mais desconfiado, observava-o atentamente.
Armin, ciente do olhar vigilante do capitão, tomava extremo cuidado para não comprometer o segredo de sua amiga. Ele sabia que Mikasa, agora brilhante em sua gravidez, merecia aquele momento de felicidade, e ele não queria arriscar destruir tudo por um deslize.
No entanto, a situação começava a se complicar de outra forma. Com os avanços tecnológicos na tropa, incluindo novos uniformes escuros e DMTs com maior alcance e durabilidade, Hange Zoe acabara de descobrir uma oportunidade inesperada para lidar com o caso de Annie.
Dois meses antes, a tropa encontrou uma série de antigos registros sobre os titãs e, entre eles, informações preciosas sobre o estado de hibernação de Annie. Os registros revelavam que Annie ainda estava viva e que era possível retirá-la de seu cristal com segurança. Mas havia um problema: os equipamentos necessários estavam permanentemente instalados em uma fábrica na muralha Sina, tornando impossível movê-los até o castelo. A única solução seria transportar Annie para Sina, uma decisão arriscada e potencialmente perigosa.
Erwin ponderou longamente sobre o valor dessa operação. Annie possuía um conhecimento vital sobre os titãs, e, caso pudessem usá-la na guerra, sua colaboração poderia ser revolucionária. Mas ele sabia que o procedimento era incerto e que qualquer falha poderia resultar em consequências desastrosas.
Em uma reunião tensa, Levi, Hange e Erwin discutiram as implicações da missão.
— Levar Annie para Sina é uma operação de alto risco — Erwin disse. — Mas o conhecimento dela sobre os titãs é importante. Se conseguirmos sua colaboração, isso pode representar um avanço significativo.
Levi cruzou os braços, sua expressão endurecida.
— E o que nos garante que ela não vai virar contra nós? — retrucou, a voz carregada de ceticismo. — Annie é uma carta de duas faces. Pode ser uma poderosa aliada, mas também pode virar um desastre.
Hange, com a habitual paixão pela ciência, interveio:
— Concordo que o risco é real, mas com os novos DMTs podemos montar um esquema de segurança avançado para garantir que ela não escape. É uma chance única, Erwin, de ter uma aliada direta contra os titãs. Podemos designar uma equipe de vigilância e planejar o transporte com cuidado.
Erwin, ciente da magnitude da decisão, respirou fundo. Esta missão tinha o potencial de mudar o rumo da guerra, mas exigiria precisão e um preparo meticuloso.
— Vamos prosseguir. Annie será transportada para Sina, e vou preparar a equipe. Precisamos do máximo de informações que ela puder nos dar. A humanidade não pode ignorar uma vantagem como essa — decidiu, com a determinação firme.
Com a decisão tomada, a Tropa de Exploração iniciou os preparativos para mais uma missão arriscada.
Castelo – Tropa de Exploração
28 de Janeiro de 851.
Após praticamente uma semana de preparativos intensos, a Tropa de Exploração estava pronta para partir rumo à Muralha Sina, levando consigo o corpo cristalizado de Annie, a titã fêmea.
O nervosismo era palpável entre os soldados. Apesar dos cuidados com a logística e da vigilância rigorosa, o risco de transportar uma titã para dentro da muralha mais segura das três pairava sobre todos como uma sombra inquietante.
A tenente Hange Zoe tentava tranquilizar a tropa, garantindo que a chance de Annie despertar e se transformar era mínima. Ainda assim, ela própria admitia que essa possibilidade existia. E esse mínimo já era o suficiente para manter Levi em alerta constante. Ele confiava na competência da tropa, sabia que a equipe de contenção estava preparada para o pior, mas… e se não fosse suficiente?
E se Annie causasse caos na muralha mais importante da humanidade?
Essas dúvidas assombravam a maioria, mas havia alguém cuja preocupação era bem diferente.
Armin estava inquieto, seu olhar ansioso passando de um lado a outro, como se estivesse esperando algo a qualquer momento. Para ele, o maior temor não era Annie. A verdadeira ameaça era o fato de a tropa estar se aproximando perigosamente de Mitras, onde Mikasa estava escondida. E se alguém decidisse fazer uma visita inesperada ao castelo da rainha Historia?
Eren e Jean eram impulsivos o bastante para tentar algo assim, e até mesmo Levi poderia, em um raro momento de intuição, resolver investigar.
Enquanto a tropa estivesse em Mitras, o segredo de Mikasa estaria em risco. Armin precisava avisá-la de alguma forma, mas a tarefa era difícil. Levi já desconfiava das visitas frequentes que Armin fazia a Sina, e agora, com a proximidade, o capitão observaria cada passo dele com ainda mais rigor. Não seria tão fácil como das outras vezes, quando ele podia ir até Sina enquanto Levi estava a quilômetros de distância no castelo da tropa. Agora, Armin precisaria de um plano mais cuidadoso, qualquer passo em falso poderia arruinar a paz de sua amiga.
“Preciso ser rápido e preciso… mas, como fazer isso sem levantar suspeitas?”, ele pensava, tentando manter a expressão calma. Sabia que o capitão observava a todos, e qualquer distração poderia comprometer seu objetivo.
À medida que a tropa avançava, Armin procurava mentalmente todas as possibilidades de contato. Ele sabia que o tempo estava se esgotando e ele precisava avisar Mikasa.
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