Capítulo XXXIX
" E quando a escuridão te alcançar,
Lembre-se que eu estarei aqui. Esperando
Por uma única chance de provar
Que eu jamais deixarei de te amar"
(Paloma Caroline)
Quais são as palavras.
Sasuke permanecia paralisado, sua mente tentava entender todo aquela situação. No instante que ouviu as palavras ditas pela Haruno imaginou que fosse uma piada, mas não era.
Podia ver nos olhos dela que tudo era verdade, as belas esmeraldas o encaravam como da primeira vez quando não passavam de meros desconhecidos ligados forçosamente.
Mebuki assistia toda a cena sem saber o que fazer, conhecia sua filha, ela estava dizendo a verdade. Algo apagou suas memoria, mas por que apenas o Sasuke?
Naquele dia chegou logo cedo, com a ajuda de Tsunade entrou no quarto da filha sem que ninguém a visse burlando o horário de visitas. Sua menininha já estava acordada, provavelmente porquê dormiu demais nos últimos dias, pois sempre que precisava acordá-la era uma verdadeira batalha. Sacudidas, puxões, gritos, nada acordava aquela garota, por vezes chegou a tentar atraí-la com comida, contudo mais uma vez falhou. Então, o jeito era apelar para a água, um balde cheio era despejado sobre a cama acordando assim a bela dorminhoca.
Despertando de seus nostálgicos devaneios, optou por tentar ajudar.
─ Sakura meu amor, esse é o Sasuke - apontou para o rapaz - Foi ele quem cuidou de você todo esse tempo.
─ Hm - tocou o queixo pensativa - Você é meu médico? - sorriu.
─ Não, eu sou seu ...
Antes que terminasse sua frase, viu o quarto ser invadido pela mulher de jaleco branco.
─ Bom dia - sorriu gentilmente - Como estamos essa manhã - perguntou enquanto se aproximava do leito.
─ Olá Doutora Tsunade - sorriu.
─ Você parece muito bem Sakura - a observou minuciosamente - Você se lembra de mim?
─ Sim, você é minha médica. Cuidou de mim todo esse tempo e tem uma certa dificuldade na hora de comprar sutiã - estreitou os olhos enquanto vasculhava suas memórias.
Tsunade engasgou com a própria saliva ao ouvir tais palavras, parece que a memória da garota estava melhor do que ela esperava, o tratamento estava funcionando.
─ Muito bem - sorriu ainda um pouco sem graça - Qualquer coisa é só me chamar - virou em direção a saída.
─ Doutora - levantou a mão como uma criança que desejava fazer uma pergunta.
─ Sim? - virou sua atenção para rosada.
─ Eu me lembro de quase tudo, mas... - pensava com cuidado, receio de magoar o garoto que ali se encontrava - Eu... Hm, não consigo me lembrar dele - apontou para o moreno - Quando forço minha mente tudo que vem é uma névoa negra.
─ Uma névoa? - indagou de maneira neutra, escondendo sua preocupação.
─ É.
─ Isso deve ser efeito da cirurgia - explicou – Em breve você se lembrará de tudo, fique tranquila.
─ Obrigada.
─ Senhora Mebuki, pode me acompanhar por favor?
─ Claro - beijou a testa da filha saindo logo em seguida.
Ao ver as duas mulheres deixarem o recinto, Sasuke enfim foi capaz de se movimentar. Precisava ter certeza que ela dizia a verdade, sua mente se recusava a aceitar tal situação.
─ Morango - aproximou-se da cama.
─ Morango? - o olhou confusa - Você tem algum aí? Eu gosto de morangos - seus olhos brilhavam pela primeira vez desde que Sasuke chegou ali.
─ Não, eu não....
─ Se não tem morangos por que os ofereceu? - cruzou o braço emburrada.
─ Sakura - um pouco relutante a chamou pelo nome.
─ Sim?
Uma ideia o atingiu em cheio, talvez as memórias dela precisassem de um pequeno incentivo. Um beijo, bastava que seus lábios fossem selados e ela se lembraria de tudo.
Hipnotizado pelos olhos esmeraldinos, sua respiração descompassada entregava seu nervosismo. A poucos centímetros de distância seus lábios estavam para se tocar quando a realidade o acertou em cheio. Ela lhe deu um forte tapa.
─ O que pensa que está fazendo? - o afastou furiosa.
Sasuke nada respondeu, a dor de ter seu rosto atingido pelas delicadas mãos de sua amada o feriu de maneira inexplicável.
─ Se você pensa que eu sou algum tipo de vagabunda que se pode agarrar quando bem entender, pode ir tirando seu cavalinho da chu.... - sua fala foi interrompida por alguém que acabará de chegar.
─ O que está acontecendo aqui? - olhava a cena atentamente, o clima tenso era palpável.
─ Gaara-kun - seus olhos brilharam ao ver o jovem. Por impulso se levantou da cama, atirando-se nos fortes braços - Você veio me buscar?
Afastando-se do aconchegante abraço, Gaara ainda não entendia o que acontecerá com a rosada. Na noite anterior após despertá-la de seu sono por acidente, abandonou o quarto da jovem quando uma pequena garotinha invadiu o ressinto.
─ Você me enganou, me fez dormir só pra não ter que... - olhou a pequena que arrastava seu cachorro de pelúcia.
─ Hei mocinha! Eu já disse pra você não gritar pelo hospital, ta querendo acordar todo mundo? - a pegou em seu colo como se a menininha fosse um saco de batatas, arrancando doces gargalhada.
─ Gaa-kun, a moça de cabelo rosa ta olhando pra gente - sussurrou baixinho.
Virou para onde a pequena apontou.
─ Nos desculpe Sakura, não queríamos acorda-la, não é Ayumi? - passou os dedos sobre a pequena barriga a fazendo cosquinhas.
─ Esta tudo bem - sorriu docemente.
Sakura sentia sua mente se agitar, suas memórias voltavam lentamente, o acidente, os longos dias, a cirurgia...Um jovem sem rosto tomou sua mente a deixando confusa.
─ Vamos deixá-la dormir, com licença - foi em direção a porta.
─ Espera! - gritou a pequenina chamando toda a atenção para si - Você não vai convidar ela pra ver filme com a gente?
─ Não seja boba, a Sakura não vai querer ir, ela deve estar cansada depois de....
─ Eu adoraria - sorriu - Amo ver filmes.
Gaara estranhou ela ter aceito o convite, no entanto imaginou que ela apenas estivesse cansada de ficar sozinha, mas naquele instante começava a achar que algo de errado acontecia. Sakura desejava estar ao lado dele, e toda vez que o via agia diferente... Mais carinhosa, animada, apaixonada? Ele não sabia, mas desejava acreditar que sim.
Quando o Uchiha atravessou o quarto como um relâmpago batendo fortemente a porta atrás de si, foi que finalmente percebeu sua presença e constatou que toda aquela situação se tornara ainda mais estranha.
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Não muito distante do quarto, Mebuki e Tsunade conversavam baixinho.
─ O que houve Doutora? - indagou preocupada ao ver a expressão facial da mulher a sua frente.
─ Estou preocupada com a Sakura. Esquecer apenas uma pessoa, toda a historia de uma única pessoa... Isso não é - mordeu o lábio - Comum.
─ O que isso quer dizer?
─ Eu não sei, precisaremos fazer alguns exames. Peço que fique calma, não deve ser nada grave. Entretanto, por ser uma cirurgia nunca feita antes temos que acompanhar cada pequeno detalhe.
─ Entendo - abaixou a cabeça.
─ Devido ao ocorrido, não poderei dar alta para ela hoje, vamos aguardar apenas por mais alguns dias - pousou a mão sobre o ombro desejando acalmá-la - Como eu disse, não deve ser nada grave - sorriu - Então, o que acha de irmos lá na cozinha pegar algo de verdade para vocês comerem? Sei que comida de hospital é horrível, mas não diga a Gertrude que eu disse isso, nossa cozinheira é muito sentimental - sussurrou.
Com uma singela risada, Mebuki acompanhou a doutora sem que parasse um segundo se quer de pensar em sua amada filha.
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Durante muito tempo Itachi permaneceu trancado em seu quarto, nem Washu ou mesmo sua mãe ousaram incomoda-lo. Ao terminar de responder alguns e-mails e adiantar o trabalho, se levantou da cama esticando o corpo. Suas costas doíam pelo mal jeito, sem contar que a dor de cabeça começava a incomodar.
Girou o pescoço de um lado ao outro massageando a nuca. Sentia o estres consumir seus neurónios pouco a pouco, precisava urgentemente resolver seu problema, ou melhor "o" problema.
Saiu do quarto seguindo em direção ao de sua mãe, a porta estava encostada, por esta razão entrou sem hesitar.
─ Mãe - suspirou com pesar ao vê-la encolhida abaixo das cobertas - Temos que conversar.
─ Se for sobre o mesmo assunto... Minha resposta continua a mesma - a voz soou abafada em um resmungo baixo.
─ A minha também - aproximou-se se sentando na beirada da cama - Quer mesmo brigar por isso?
─ Você não faria! - retirou o cobertor da cabeça abruptamente - Faria? Brigaria com sua própria mãe por algo tão bobo?
─ Eu não quero brigar, mãe. A senhora que simplesmente não quer perceber que eu não sou mais uma criança. O pequeno Itachi cresceu, mãe, e precisar voar com suas próprias asas.
Mikoto suspirou se acomodando ao lado do filho, esticou a mão até a cômoda trazendo o porta-retrato com a foto dos filhos ainda pequenos. Seu olhar cabisbaixo se voltou ao homem feito sem qualquer resquício infantil.
─ Eu sempre tive medo deste dia, o dia que meu pequeno Itachi crescesse - confessou com a voz embargada - Acho que Sasuke irá demorar um pouco mais para tomar esta mesma decisão, ele sempre foi mais apegado, mimado - esboçou um sorriso triste - Eu sei o quanto estou errada, mas o fato é que não quero estar. Eu te amo muito meu bebê - o abraçou e logo foi correspondida - Dês do dia em que o aconcheguei em meus braços, tão frágil, tão miudinho com aquelas bochechas gorduchas e com muito mais cabelos que uma menina. Eu me tornei incapaz de deixa-lo - seus olhos marejaram facilmente não segurando as próximas lagrimas - Não estou pedindo para que me compreenda, pois saberá apenas quando tiver os seus próprios filhos. Mas, eu ainda não estou pronta para acordar pela manhã e encontrar seu quarto vazio.
Itachi a abraçou forte enterrando seu rosto entre os cabelos negros da mãe, ambos choraram em silencio até que estivessem prontos para retomar.
─ Mãe eu...
─ Com licença, bati na porta algumas vezes, mas... - mordeu os lábios nervosa - Desculpe atrapalha.
─ Esta tudo bem Washu, pode entrar querida - Mikoto limpou as lagrimas levantando-se da cama para oferecer um espaço a moça.
─ Eu não sabia que vocês estavam conversando, posso voltar outra hora e...
─ Já disse que esta tudo bem - sorriu - Eu também gostaria de falar com você - falou ao recolocar o porta-retrato no lugar
─ Vou precisar sair? - indagou intercalando os olhos entre as duas mulheres.
─ Por mim pode ficar meu filho e por você Washu?
─ Fique - levou sua mão acima da dele sobre a cama - Quero falar sobre nos mudarmos daqui, eu e Itachi. Sei que a senhora não aprova e a entendo. Minha avó sempre dizia que "amar é deixar ser livre" Por esta razão Deus nos deu o livre arbítrio, por nos amar incondicionalmente. E eu acredito que você dona Mikoto o ama desta mesma maneira - sorriu sustentando os olhos tão negros quanto os de Itachi - Eu também amo seu filho e pretendo construir uma família. Quero acordar ao lado deste homem todos os dias da minha vida, presenciar cada uma de suas expressões, dar motivos para que possa sempre sorrir e segurar sua mão quando tudo tornar-se difícil - finalmente suspirou tomando fôlego - A senhora é a mulher mais importante da vida dele e é por isso que estou aqui lhe pedindo uma chance, uma única chance para faze-lo feliz.
─ Sabe, Itachi fica mal morado o dia todo quando o acordam antes das sete - disse a Uchiha.
─ Posso dar um jeito nisso - sorriu maliciosa.
─ Sempre toma uma xicara de chá de hortelã no café da manhã e detesta pão de forma com casca e...
─ Prefere manteiga sem sal, alinha suas roupas com exatos dois centímetros de distância por cores, das mais claras a escuras. Eu conheço muito bem o homem que meu coração escolheu, dona Mikoto - entrelaçou suas mãos confiante - Eu o amo.
─ Filho?
─ Eu quero tudo e muito além, mãe. Eu a amo demais - declarou com um sorriso singelo.
─ É. Eu não posso lutar contra a felicidade do meu filho - suspirou derrotada - Mas tenho uma única condição que se não for cumprida, nada estará feito.
─ Qual seria? - ambos perguntaram juntos.
─ Eu escolherei a localização e o apartamento - sorriu triunfante - E então?
Itachi e Washu se entre olharam em uma conversa muda. A Nakamura acenou com a cabeça positivamente apertando suas mãos.
─ Nós... Aceitamos - pronunciou por fim sentindo o alivio que tanto almejou.
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O sol começava a se por, sentado próximo ao balcão de um bar Sasuke balançava seu copo de uísque de um lado para o outro. Sua mente vagava perdida, nem mesmo ele sabia em que mundo estava, tudo que almejava era não estar naquele.
Sem perceber a presença da garota, assustou-se ao sentir o toco da ruiva em seu ombro.
─ Sasuke? O que aconteceu? - a tristeza nos olhos do amigo era nitida - Itachi me ligou perguntando se eu estava com você. Ele disse que te procurou no hospital, em casa, em todos os cantos... Eu fiquei preocupada - sentou na cadeira ao lado - O que houve?
Virando o copo de uma vez, Sasuke sentia os olhos da jovem sobre si.
─ Sakura, ela me esqueceu - sua voz soou embargada, visivelmente decepcionado, enquanto as cenas se repetiam em sua mente - E pelo jeito já está apaixonada por outro – riu sem graça - Eu fui um idiota, um grande idiota! - bateu o punho sobre a mesa furioso.
─ Hei, se acalma! - o envolveu em um caloroso abraço. O forte cheiro de bebida impregnava suas roupas - Vai ficar tudo bem, tudo bem - acariciou os cabelos negros.
─ E se não ficar, Karin? - murmurou melancólico - Eu não quero que ela me esqueça. De alguma forma isso... machuca - com um suspiro pesaroso Sasuke deixou todo peso do seu corpo sobre o apoio da Uzumaki.
─ Vai ficar sim, agora vamos que vou te levar para casa - com a ajuda do barmen, ela conseguiu leva-lo ate o carro, pois Sasuke mal conseguia ficar em pé.
Durante o caminho Karin pensavam em tudo o que aconteceu, analisava o que foi dito por seu amigo bêbado, e aquilo só podia significar uma coisa: A poção funcionou... Sua poção do amor já começara a agir.
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─ A vida de um Bushido - caminho de um guerreiro, trata-se de um código de conduta a ser seguido. Lealdade, honra e desapego são as principais influencias na formação de um samurai - apenas a voz de Kurenai ecoava pelo templo. Todos do clã se reuniram naquela manhã cinzenta, solitária, assim como um samurai - Reverência aos seus antepassados - pediu dobrando seus joelhos ao chão e curvando o corpo. Amigos, familiares e parentes repetiram o mesmo movimento três vezes - A benevolência. O amor. A sinceridade. A honestidade e o autocontrole. São sentimentos únicos que um Bushido deve carregar - os que se curvaram agora levantavam-se - Bom filho, marido e samurai. Mesarem serviu com seus deveres, carregou seu próprio fardo e agora descansa em plenitude. Acreditemos que sua alma seja purificada e volte propiciar vivência de conhecimento.
O silêncio predominou durante todo tempo em que as pessoas prestavam suas condolências a família e seguiam até o caixão. Hinata foi uma das ultimas a se aproximar, entregou a Darin, irmão de Mesaren, um envelope com uma pequena quantia em dinheiro para ajudar nas despesas, seguindo os costumes de seu povo. Ao seu lado se encontrava a esposa e as duas filhas do conselheiro, em gratidão a mulher apenas curvou os lábios em um sorriso triste.
Sentia a dor daquelas pessoas, a dor da perda de alguém importante. Perdeu a mãe muito cedo, a mesma havia morrido após dar luz a sua irmã. Mesmo tão pequena compreendia que ela lutou bravamente para sobreviver, e se não fosse por ela, sua pequena Hanabi não estaria em sua vida proporcionando tamanha alegria e saudade.
Ao se aproximar do caixão, Hinata curvou-se com as mãos unidas rente ao peito. De olhos fechados prestou suas ultimas homenagens em silencio, ao terminar curvou-se novamente e voltou ao seu lugar.
Antes que o corpo fosse levado para ser enterrado, um membro da família era escolhido para falar um pouco. Assim Darin caminhou ate onde Kurenai estava minutos atrás, ele suspirou algumas vezes fitando o irmão completamente imóvel, para então iniciar seu discurso.
Hinata parou de ouvir quando Darin engoliu o choro pela terceira vez e voltou a prosseguir. O clima mórbido já embrulhava seu estomago, tanto é que já não conseguia mais encarar tantas pessoas em vestimentas escuras, a dor de cabeça começava a incomodar causando fortes vertigens. Não sabia se era pelo ambiente ou apenas odiava velórios, apesar de ter ido apenas no de sua mãe e seus tios, pais de Neji.
─ Se continuar suspirando desta forma, a próxima a estar naquele caixão será você - a voz suave de Kurenai preencheu seus ouvidos - Vá dar uma volta - ordenou sem tirar os olhos de Darin.
Hinata apenas assentiu, jurava que se abrisse a boca uma catástrofe ocorreria, e então o que Kurenai dissera aconteceria. Tentou ao máximo fingir que não estaria fugindo, porém não conseguiu evitar seus passos apressados. Almejava apenas ar puro, um pouco de alivio e talvez a visão periférica de casas e dojos em cores neutras a acalmassem.
Caminhou ate a fonte adornada de mármore e bambu ao centro do pátio sentando-se na borda, a água cristalina lhe dava o privilegio de visualizar a cerejeira ao fundo, algo realmente artístico e bonito. Seus olhos se voltaram ao templo de Meyho - honra e glória. A estrutura de madeira com dois andares carregava o titulo em uma grandiosa construção de quase 20 metros. Em uma contagem exata de 13 lances, a escadaria seguia ao hall onde duas estatuas de leões foram posicionadas com a característica de estarem olhando para quem por ali passasse. Ao redor do templo uma imensidão de arvores com um lindo jardim e lago com peixinhos coloridos completava a bela paisagem.
Distraída com seus devaneios a Hyuuga não percebeu que alguém a observava tão próximo que, poderia deslumbrar sem o mínimo de esforço a bela jovem.
─ Não deveria estar lá dentro, Hyuuga-sama? - após incontáveis minutos quebrou o silencio se aproximando.
─ Oh! Conselheiro-san - virou-se assustada com a mão direita sobre o peito - Não me sinto muito bem esta manhã - confessou envergonhada.
─ Serio? O que esta sentindo? - apressou-se em se sentar ao lado dela, tomou o rosto da Hyuuga em suas mãos analisando minuciosamente preocupado - Sente dor?
Hinata sentiu suas bochechas queimarem com a aproximação, seus olhos piscaram descrentes com tal ousadia, em seguida quando recobrou a consciência afastou com delicadeza as mãos do homem.
─ Na-Não - praguejou por gaguejar - Não sinto dor alguma.
─ Tem certeza? Temos ótimos médicos aqui - insistiu.
─ Tenho sim. Obrigada por se preocupar - inclinou a cabeça para baixo em agradecimento, no entanto o concelheiro segurou seus ombros impedindo de cumprir a reverencia.
─ O único que deve prostrar-se aqui, sou eu. Hyuuga-sama - imitou-a - Devo dizer que é ainda mais bonita de perto - sustentando a troca de olhares, Haiato buscou pela mão da moça pronto para beija-la.
─ Com toda certeza, não posso discordar - antes que pudessem perceber, Naruto tomou a mão da Hyuuga entrelaçando com a sua - Tire as patas da minha Hinata - rosnou louco de ciúmes - Conselheiro ou samurai. Seja lá o escambau que você for, nunca mais ouse tocar nela.
─ Perdão, não sabia que era comprometida - direcionou seus olhos a Hyuuga, ignorando completamente o loiro.
─ Sim ela é. E comigo - respondeu primeiro antes que Hinata abrisse a boca para formular uma resposta.
─ Naruto-kun, por favor se acalme - sorriu sem graça. Por dentro implorava para que o conselheiro tivesse compaixão e não dissesse nada a ninguém.
─ Eu estou calmo Hinatinha - fingiu abrir um grande sorriso - Vê?
─ O conselho sabe sobre isso? - indagou assustando a Hyuuga - Pelo visto não.
─ O que você quer dizer com isso? - arqueou a sobrancelha loira - Se quer contar, conta!
─ Naruto - Hinata apertou sua mão nervosa.
─ Achei que fosse mais esperto Uzumaki - balançou a cabeça negativamente - Mas não sou eu quem irei te dizer. Espero que fique bem, Hyuuga-Sama - curvou-se tocando os pés da moça, em seguida recebendo o toque hesitante de Hinata sobre sua cabeça - Até breve.
Assim que Haiato ficou em uma distância considerável, Naruto virou-se para ela e a intimidou com o olhar.
─ Do que esse imbecil esta falando, Hinata? - cruzou os braços fronte ao peito com uma expressão emburrada.
─ O clã tem uma tradição que, todo líder Hyuuga deve se casar com outro Hyuuga. Assim procederemos a linhagem - disse tudo em um só fôlego.
─ O QUE? MAIS NEM FUDENDO!
─ Naruto...
─ ESSE POVO ENLOUQUECEU? NUNCA QUE EU VOU FICAR FEITO UM POSTE, ENQUANTO A MINHA MULHER SE CASA COM UM DESSES MERDINHAS.
─ NARUTO! Oh céus, o clã inteiro deve ter escutado isso - choramingou constrangida.
─ Hinata - rapidamente grudou nos ombros da Hyuuga - Eu não passei por esse inferno todo pra chegar ate aqui e uma droga de tradição afastar você de mim - por um momento Hinata se esqueceu de tudo. Clã, regras, tradições e conselheiros. Ao encarar os olhos determinados de Naruto sorriu crendo em cada uma de suas palavras.
─ E não vão, Naruto - levou suas mãos ao rosto dele acariciando com todo carinho - Mas eu preciso te proteger.
─ Hinata, você nã...
─ Hoje todos estarão contra você - o interrompeu - Todos irão acreditar que você é o assassino - seus olhos marejaram, porem ela os fechou resguardando suas emoções - Mas eu vou te proteger, Naruto.
─ Hinata, não - uniu suas mãos as dela depositando um beijo em cada uma - Eu sei do que me acusaram, e sei que não fui eu. Para mim já é suficiente que você seja a única a acreditar. Se eu for condenado...
─ NÃO! Por favor. Eu não vou aguentar - embalada pelo choro, Hinata o abraçou rendendo-se, descarregando finalmente todo peso que veio guardando a tempos - Quando eles verem.... Quando verem sua espada vão leva-lo para o calabouço - soluçou não contendo mais as lagrimas - Eu não quero... Não quero...
─ Não deve ser tão ruim assim - abraçou-a apoiando o queixo sobre a cabeça dela.
─ Você não sabe do que esta falando, Naruto. Dizem que é o pior lugar do mundo e...
─ Então que não seja um deles a me mandar pra lá - afastou-se segurando-a pelos ombros - Hinata, eu me sentirei mais confiante se for você. Mostre a eles a mulher forte e maravilhosa que você é, a que eu vejo.
Os olhos perolados da Hyuuga quase saltaram da orbita. Assustada, perplexa, ela já não sabia mais o que sentia. Contudo, os olhos profundamente azuis a encaravam com determinação, confiança. E ela não poderia dececiona-lo.
oOo
Após o enterro muitos voltaram para suas casas, pois o tempo começava a dar indícios de uma grande tempestade. Os conselheiros, juntamente de Samurais e lutadores seguiram para o salão de julgamento onde todos posicionaram em seus lugares a espera de ordens. Kurenai entrou depois sendo seguida por uma Hinata cabisbaixa.
Naruto e Neji entraram logo depois tomando os assentos da frente.
Kurenai deu o inicio mais uma vez, sua voz firme ecoava pelo salão amedrontando muitos. Seus olhos vagaram por cada um ate encontrarem os de Naruto. Desde do dia em que o conheceu nunca havia visto tão serio, e logo pode identificar seu medo, não por si mesmo, mas pela Hyuuga. Achou aquela atitude tão patética.
─ Assim como foi determinado, cada um mostrara sua arma - direcionou seus olhos aos conselheiros e um a um colocou o objeto sobre a mesa, porém nada de anormal foi encontrado - Lutadores! - ordenou.
Cada homem caminhou ate a mesa hesitante ao mostrar sua espada, a fila foi diminuindo e logo chegou a vez de Neji que, rapidamente posicionou a arma a frente demonstrando sua inocência.
Naruto fora o próximo, com a bainha em mãos encarou Hinata absorvendo coragem. Arrastou a lamina retirando pouco a pouco a espada do compartimento que, para sua surpresa não tinha sangue algum.
─ Es-Esta limpa? - murmurou confuso - Mas... Como?
Hinata suspirou finalmente percebendo que prendia o ar, tinha certeza que virá a arma de Naruto impregnada de sangue e agora se encontrava limpa, ou melhor, ele continha uma outra espada. Rapidamente vagou seus olhos pela mesa de conselheiros e por um curto período pode ver uma expressão de espanto na face de Haiato. Logo não estranhou, Naruto não pertencia ao clã e sabia que a grande maioria desconfiaria primeiramente do forasteiro, ainda mais se lhe dessem motivos.
─ O que foi Uzumaki? Não é necessário que fique frustrado, já que nunca esteve em batalha - pronunciou Kurenai - Obviamente ainda é o novato - curvou os lábios em um sorriso irônico.
─ Novato ou não ainda existe a pos...
─ Não, não existe Darin-san. O Uzumaki nem mesmo pertence a um clã - argumentou - Vamos prosseguir, o próximo é...
─ Você - disse Haiato pelo primeira vez - Apenas falta você, então nos mostre logo sua espada - com tédio apoio a cabeça em uma das mãos a espera dos próximos movimentos da Yuuhi.
Kurenai retirou a lamina da bainha sem hesitar, depositou sobre a mesa atraindo a atenção de todos. Havia sangue coagulado em sua espada. Ela possuía a Kusanagi.
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