Já em meu quarto, preparei a mesinha de centro para colocarmos os materiais. Dei uma olhada ao redor para ver se não tinha alguma langerie ou algo indecente para ser visto. Tudo limpo.
- Quer começar com que matéria?
- Hmm... Química, pode ser?
- Claro! Amo química – eu sorri.
Passei acho que uns vinte minutos explicando passo a passo como se fazia a eletroquímica.
- Então quando você já tiver colocado esses números e tiver visto quem mudou você terá que ver quem oxida e quem reduz através do ânodo e do cátodo... – quando eu olhei para ele, ele estava apoiando a cabeça na mão esquerda e olhava para mim com olhos carinhosos. Eu corei. – H-hã... está muito rápido? Quer que eu fale mais devagar?
- Você realmente ama química, não? – ele comentou.
- A-ah, sim – eu sorri. – Futuramente eu ainda penso em ser talvez uma química fazendo medicamentos... Seria uma honra fazer uma medicação para tratar a doença de alguém. Mas eu não sei, a biologia também ainda está tomando conta do meu coração e estou bem confusa. Tenho que me decidir logo o que fazer da minha vida – eu dei uma risadinha.
Ao olhar para ele novamente percebo seu rosto aproximando-se rapidamente do meu, juntamente com seus lábios.
- Trouxe um lanche! – gritou mamãe abrindo a porta do meu quarto com tudo segurando uma bandeja de madeira com dois copos com suco e dois lanches em pão de forma. Eu pulei de susto e Seiji voltou ao seu lugar fitando a mesa com a face muito vermelha. Ambos estavam corados... – Prontinho, aqui – disse mamãe tirando o caderno do Seiji do local para poiar a bandeja. – Por favor comam tudo, porque o cérebro precisa de oxigênio e glicose!
- O-obrigada, mãe... – agradeci.
- Muito obrigado, senhora Shizuka – Seiji agradeceu abaixando a cabeça em sinal de respeito.
Após mamãe sair do quarto, ambos comeram o lanche quietos e na hora do estudo também. Tentei manter um pouco a distância entre nós, porque eu sentia que se ficássemos próximos de mais, ele poderia escutar meu coração bater. Vi que ele estava cada vez mais concentrado anotando tudo que lhe era possível em seus cadernos. Fazia e refazia as atividades. Realmente, ele estava se dedicando.
- S-seiji-kun... – disse eu. Ele no mesmo momento olhou para mim. – Não estás cansado? Você... está com olheiras profundas. Não tem dormido bem?
- A-ah! É... mais ou menos isso – ele sorriu, mas eu o fitei. Algo o incomodava.
- Estás confortável? Queres ir para minha escrivaninha?
- Ah, não! Obrigado por estar preocupada comigo – um leve sorriso formou-se em seus lábios.
O único barulho que tinha naquele ambiente era de páginas virando e lápis escrevendo.
- Desculpe-me – disse ele ainda escrevendo em seu caderno. Eu parei de anotar e olhei para ele.
- Hn?
- Por aquilo... - ele parou de escrever, mas ainda fitava o material didático. Estava corado.
- A-ah! N-não se p-preocupe! – eu estava constrangida, e queria dizer alguma coisa que prestasse, mas no momento nada me veio à mente. Então eu simplesmente gaguejava e abanava com as mãos no ar.
- É que... eu não pude me segurar... – ele abaixara ainda mais a cabeça. – Eu...
Quando ele acabou caindo no chão, suando e arfando.
- S-seiji?! Seiji-kun?! – eu corri e o chacoalhei pelos ombros. – Okaa-san! O Seiji desmaiou! Socorro! – disse eu correndo descendo as escadas.
Meu irmão o acabou levando para o seu quarto e o deixou utilizar a cama. Isso é um milagre, pois ninguém pode nem sequer sentar em seu colchão. Ele disse que ficaria ali tomando conta dele, e que era para eu voltar para meu quarto. O que eu fiz fora ficar escutando atrás da porta qualquer ruído. Eu estava preocupada com meu amigo. Quando, após um tempo, eu escutei meu irmão dizer:
- Ah, você acordou – comentou e escutei o barulho do pano ser espremido tirando o excesso d’água dele. – Tome, coloque na testa.
- Ahn... A-ah! Shizuka-san! D-desculpe-me, o-onde eu estou?
- Pode me chamar somente de Hajime. E você está no meu quarto. Estou tomando conta de você.
- A-ah, desculpe-me por te causar tantos problemas... Mas já estou me sentindo melhor. Obrigado por ceder sua cama.
- É claro, até parece que você vai deixar seu cheiro na cama da minha irmã – meu irmão bufou e escutei a cadeira se mover. – Se estiver mesmo bem, quero que levante e dê três polichinelos.
- A-ah, okay... – escutei a cama ranger um pouco.
- Cara, eu estou brincando – escutei meu irmão dar uma risada. – Mas olha aqui... o que na minha irmã atraiu em você?
- Q-quê? – meu coração do outro lado da porta se apertou.
- Quero saber o que nela chamou atenção de você. Ela é gorducha... Muitos caras preferem as magricelas.
- E-eu sei... Mas, sua irmã é diferente das outras garotas. Ela é gentil, simpática, sempre pensa nos outros, leva a vida sempre com um sorriso no rosto. Não importa com o que os outros pensam dela. É brincalhona e inteligente, uma das melhores alunas da classe. Eu a admiro porque eu não ligo para gordura... Ela é bela. Tanto por fora quanto por dentro...
Senti meu coração pulsar mais forte e então lágrimas escorreram pelos meus olhos. Corri para o banheiro e ao me olhar no espelho estava com um sorriso bobo na face.
Obrigada, Seiji-kun... por falar belas palavras para mim. Guardarei em meu coração...
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