História Akuma no me - Acordo?

Naruto começou a esgueirar-se por entre os longos corredores, mas seu estado de quase-morte não ajudava muito. Até que a mesma risada seca novamente é ouvida, sendo guiado por isso finalmente ele chegou a origem do som: uma enorme sala com água batendo na altura de seus joelhos, e mais ao fundo se encontrava um portão muito maior que o normal.

—Demorou... você está péssimo.

Presa por trás das grades de ferro o loiro visualizou uma raposa gigante de pelo alaranjado, ele também reparou nas nove sombras que balançavam por entre a escuridão.

—Que lugar é esse? E o que você está fazendo aqui, Kyuubi?

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—Então o pirralho sabe quem eu sou é?! — sua boca se curvava em um sorriso irônico deixando suas presas a mostra.

Mesmo diante daquele ser Naruto se mantinha calmo por fora, mas mentalmente ele se lembrava de não chegar muito perto daquelas grades.

—Sim... já li muito sobre você. A terrível bijuu que atacou a vila há 7 anos, Kyuubi no Yōko. Mas mudando de assunto, quando me chamou aqui você disse que tinha as respostas para todas as minhas perguntas. Que lugar é esse?

—Esse lugar escuro e vazio é sua mente.

—Minha... mente? — pensou o loiro.

Tudo que se ouviu naquele local durante alguns minutos era o som de goteiras pingando. Naruto estava com a cabeça baixa, isso acabou deixando a raposa curiosa.

Mas o silencio foi quebrado por uma sonora gargalhada vinda do garoto, ele estava rindo tanto que sua cabeça até se curvava para trás.

—QUAL É A GRAÇA PIRRALHO? — bradou a nove caudas.

Já retomando a compostura ele respondeu:

—Entendo... então o fato do dia do meu nascimento e o dia em que você atacou a vila serem os mesmos não é apenas coincidência, agora eu entendi o porque de todos me tratarem daquele jeito, você está selada em mim não é?! — um pequeno sorriso de canto se formava em seu rosto. — Me conte tudo que aconteceu naquele dia.

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Andava pelos longos corredores a passos rápidos pois havia recebido a notícia que Naruto estava acordando, precisava ver como ele estava, quando chegou ao hospital sua situação era grave, alguns ossos quebrados e o olho direito totalmente destruído, por causa disso perdia muito sangue. Quando soubesse o que aconteceu Kushina nunca iria o perdoar, afinal prometeu a ela que o protegeria.

—Naruto-kun! Como está? — perguntou gentilmente o velho.

—Olhe a minha situação, Sandaime. Acha que eu estou bem? — seu tronco estava totalmente enfaixado, assim como seu olho direito.

O tom de voz frio usado pelo garoto surpreendeu o hokage, seu olhar também estava diferente, antes claro e cheio de vida, agora cediam espaço a um olho escuro e inexpressivo. Essas feições não condiziam com uma criança de 7 anos, aquele com certeza não era o mesmo Naruto que ele conhecia. Hiruzen não podia julgá-lo, ele tinha uma parcela de culpa naquela mudança.

—O médico disse que você já pode ir pra casa Naruto-kun. Enquanto estava inconsciente eu mandei trazer algumas roupas novas.

Ignorando o kage Naruto se levanta e vai ao banheiro, após algum tempo ele sai de lá já usando suas roupas novas que consistiam em uma camisa preta de manga longa com a gola em formato de V, um shorts branco e sandálias também pretas.

—Gostou? — perguntou tentando encontrar alguma reação do velho Naruto naquele garoto.

—Que diferença faz? Não é como se eu tivesse outra coisa pra vestir. — disse enquanto passava pelo Sarutobi e ia em direção a porta. Ele não o odiava, não muito, seu ódio era direcionado aqueles que o maltratavam e aos conselheiros da vila.

—Eu não deixarei que isso aconteça novamente, não se preocupe.

—Não estou.

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Enquanto voltava pra casa aquilo acontecia novamente, todas as pessoas na rua lhe lançavam olhares gélidos e se afastavam de si como se ele fosse algum tipo de doença contagiosa, há alguns dias atrás isso lhe machucava mais do que mil kunais, mas agora ele já não se importava mais, estava decidido a mudar.

Chegando em seu apartamento a primeira coisa que fez foi ir direto para o banheiro tomar um banho. Quando estava retirando as faixas de seu olho em frente ao espelho para ver o tamanho do estrago feito, ele não pôde conter um grito de surpresa.

—MAS QUE MERDA É ESSA!?

A surpresa foi tanta que ele até recuou alguns passos, sua mão ia até o globo ocular para confirmar se aquilo era real. Seu olho direito se encontrava inteiro, como se nunca houvesse sido destruído, porém ele estava diferente, a íris brilhava em um tom de vermelho vivo, sua pupila estava em formato de fenda, e a esclerótica estava em um tom acinzentado, quase preto. A única evidencia do incidente de dias atrás eram as duas cicatrizes, uma começava em cima da sobrancelha e terminava um pouco antes de suas marcas suíças, já a outra era um pouco menor, ambas na vertical.

Uma risada ecoou em sua mente, uma risada sarcástica que ele tinha ouvido poucas vezes mas já sabia a quem pertencia.

—KURAMA! O QUE DIABOS VOCÊ FEZ?!

—Ah, cale a boca... não gostou do meu presente, pirralho?

—Presente? Por que meu olho está desse jeito?

—Já que nós vamos conviver juntos a partir de agora eu achei uma maneira de te deixar um pouco mais forte, odiaria ter um jinchuuriki fraco. Meu chakra possui alto fator regenerativo, com isso eu fui capaz de regenerar seu olho, porém ele sofreu algumas “mudanças”

—Eu percebi, ele está quase igual ao seu, vai ser um problema se alguém o ver assim, é melhor ocultar isso por enquanto.

—As mudanças não são só na aparência, idiota. Você as perceberá com o tempo. Agora cale a boca e me deixe dormir, aquele seu grito de menininha estragou meu cochilo.

—Tsk raposa idiota.

Enquanto tomava seu banho de água gelada – já que a energia de seu apartamento havia sido cortada de novo – memórias do “acordo” feito com a raposa vinham a sua cabeça.

“—Então é isso... minha mãe me abandonou pra ir em busca de Uzumakis, meu pai está morto e minha irmã foi tirada de mim.

—E o que vai fazer agora que sabe de toda a verdade?

—Eu vou... destruir Konoha... sim... vou matá-los... vou matar todos...

Naruto estava de joelhos com o corpo curvado para frente e seus braços sendo usados como apoio, em seu olho esquerdo o lendário rinnegan brilhava em um tom roxo, no lado direito do rosto onde deveria estar o outro olho havia apenas um buraco por onde escorriam gotas e mais gotas de sangue, sua boca se curvava em um enorme sorriso que não apresentava qualquer traço de alegria ou felicidade. Apenas uma palavra o definia naquele momento, insanidade.

—ACHA QUE UM PIRRALHO FRACO COMO VOCÊ PODE FAZER ALGUMA COISA?! — a raposa sempre observou a vida que aquele garoto levava, a atitude dele de fingir que estava tudo bem mesmo após levar uma surra era deveras irritante — Quer destruir tudo? Quer matar todos? Então retire este selo, eu te livrarei desse sofrimento.

—Acha que eu sou idiota? Se eu remover o selo você se libertará. Mesmo se eu fizer isso, quanto tempo acha que demoraria até você ser capturada por aquele mascarado, hein? Nesse momento eu sou aquele que te protege. Eu com certeza ficarei mais forte, e depois de alcançar meus objetivos, não me importo de tirá-la daí.

Após refletir sobre o que o Uzumaki havia dito, a bijuu chega a conclusão de que preferia ajudar ele do que ter assuntos com o Uchiha.

—Humpf... Só não venha implorar por meu chakra quando estiver com problemas.

—Não estou interessado no seu poder Kyuubi, ficarei forte por mim mesmo.

Nesse momento a nove caudas arregala seus olhos em surpresa, como assim não queria seu poder? Ela era a Kyuubi no Yoko, inúmeros ninjas já morreram pra tentar obter pelo menos um pouco de seu chakra.

—Garoto interessante — pensou consigo mesma — Kurama.

—O que?!

—Esse é o meu nome.

—Hum!? Então você tinha um nome é?!

—Sinta-se honrado pirralho, você é a segunda pessoa que tem conhecimento disso.

—Oh! Quanta honra Kurama-sama, estou lisonjeado. — disse ele fazendo uma reverência irônica.

Kurama apenas resmungou um “idiota” em resposta.

—Me sinto fraco, estou quase perdendo a consciência.

Ele olhava para a própria mão tentando entender aquela sensação de fraqueza, sua visão estava embaçada e por um momento jurou ter visto 18 caudas na raposa.

—Você está a beira da morte e acabou de despertar sua linhagem, é uma surpresa você ainda estar...

Ela não pôde completar a frase pois ele caiu já inconsciente de cara na água.

—Haha, parece que falei cedo demais. — uma onda de chakra borbulhante sai de trás das grades e vai até o corpo de Naruto. — Espero que cumpra o que disse garoto.”

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Naruto tinha grandes metas, porém para alcançá-las ele precisaria se tornar extremamente forte. Seu treinamento já havia sido iniciado há algum tempo quando ainda morava no clã Uchiha, mas só tinha conhecimento do básico como subir em árvores sem usar as mãos e arremesso de kunais.

Seu olho percorria cada palavra escrita no pergaminho que estava aberto sobre o sofá, nele continham-se técnicas shinobi de baixo ranking, próprias para um iniciante.

—Aqui dentro não vai dar pra treinar, e se eu for em algum campo de treinamento aquela ANBU de cabelos roxos vai me seguir, preciso despistá-la.

—Eu conheço um jeito de despistá-la.

—Como?

—Com uma técnica que é perfeita para alguém igual você. Faça o selo do Tigre e divida seu chakra em dois.

Após Naruto fazer como foi dito uma explosão de fumaça acontece ao seu lado, quando ela dissipou-se uma cópia pálida de si estava caída no chão.

—Você precisa praticar...

—Concordo.

Passada uma hora o Uzumaki já se encontrava em um campo de treinamento, não só ele como inúmeras cópias suas que estavam divididas em vários grupos, cada grupo treinava algo diferente.

Enganar a ANBU foi um tanto quanto fácil, um de seus clones foi até o parquinho e ela o seguiu, mas isso não quer dizer que alguém não poderia aparecer por ali, ele precisava de um lugar mais reservado.

—Um lugar em que não tenha ninguém por perto...

—Existe um lugar perfeito pra você pirralho, a quadragésima quarta zona de treinamento.

—44°? Essa não seria a...

—Sim, a Floresta da Morte.