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História Além da Carne - Uma simples fita - História escrita por heterouniverse - Spirit Fanfics e Histórias
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História Além da Carne - Uma simples fita


Escrita por: heterouniverse e Yoonkookrules

Capítulo 2 - Uma simples fita


Os preparativos para o casamento já estavam sendo feitos desde antes do baile, Taehyung já sabia disso. Sabia também que seria algo grande, afinal, era seu casamento, o primogênito do alfa líder de uma das alcateias mais poderosas já existentes. Saber, porém, não o impedia de inquietar-se de maneira quase insuportável por estar ali em meio ao lugar tão bem decorado. Agravando a situação, encontrava-se também em evidência por estar à frente de todos os outros integrantes “comuns” da alcateia.

Era impressionante e assustador. Aquilo estava mesmo acontecendo. Taehyung estava esperando sua noiva — com quem não havia trocado nem meia dúzia de palavras — "entrar", vulgo aparecer. Estavam ao ar livre, durante a noite. Era um campo aberto onde tinham colocado diversos suportes de madeira decorados com flores de um vermelho escuro que muito se aproximava da cor vinho. Não havia um convidado sequer sentado, embora as cadeiras de madeira também escura estivessem dispostas de maneira organizada atrás de cada um.

Taehyung estava vestido com calças pretas de couro verdadeiro, descalço e com o peitoral exposto, este completamente decorado com pinturas em vermelho, assim como seu pescoço. Ele se sentia exposto. Não parecia que vestia aquela calça, nem nada. Todos olhavam, viam o seu rosto preenchido por uma expressão quase desolada. Não conseguia evitar.

Quando Yongsun entrou, Taehyung, no primeiro momento, só conseguiu pensar no quanto ela era bonita. A alfa parecia uma deusa, da maneira mais literal possível. Mas de nada adiantava tanta beleza sendo que seu coração não a queria. Yongsun era uma estranha para ele, assim como Taehyung era um estranho para ela. 

A formosa mulher vestia um longo vestido vermelho que revestia seu corpo perfeitamente, abrindo-se somente da cintura para baixo, porém não muito. Seus cabelos loiros estavam trançados de forma que lembravam e muito uma coroa dourada. Seu busto também tinha sido pintado, assim como o pescoço. Ao contrário dele, Yongsun parecia capaz de controlar sua expressão perfeitamente. Pleníssima era a palavra perfeita para definir o que sua face demonstrava ser seu estado de espírito. Contudo, Taehyung não conseguia acreditar que ela realmente se sentia daquele jeito.

Yongsun era filha de dois betas. Por questão de genética, betas tinham 50% de chance de ter filhos betas, 25% de chance de ter filhos ômegas e 25%, de ter filhos alfas. Caso seus filhos ômegas ou alfas se relacionassem com outros da mesma classe que eles, tinham 100% de chance de ter filhos também daquela classe. Significava, portanto, que um filho de Taehyung com Yongsun iria ser alfa, não havia outra possibilidade. 

Taehyung se lembrava que ela era a única das pré-selecionadas com essa ascendência e tinha certeza que esse tinha sido um fator essencial para ter sido selecionada.

Além disso, a alfa tinha vinte e oito anos, e Taehyung não teve que pensar muito para saber que aquele era o principal fator influenciador daquela união do lado da família dela. Yongsun estava “ficando velha demais para se casar". Entretanto, mulheres  de 25 aos 35 anos eram as mais prováveis de gerar filhos saudáveis, isso ao menos se tratando daquelas com sangue lupino. Seus pais também deviam ter levado esse fator em consideração. 

A verdade, porém, era que ela não ter se casado não era por falta de oportunidade. Yongsun, além de ser deveras formosa, ainda era como uma princesa. Seus pais, apesar de betas, eram os líderes de sua matilha — esta que, diferente da sua, valorizava os betas muito mais do que qualquer outra classe. Muitos já tinham se interessado pela mulher, contudo, ela nunca aceitara. Talvez, depois de tanto tempo, Yongsun tinha se cansado de resistir. Era somente uma suposição de Taehyung, sem qualquer evidência concreta, porém.

A valorização de uma classe tinha a ver com a valorização de determinadas características que tinham quando transformados. No caso de sua própria matilha, o mais valorizado era a força física, e os alfas quando transformados em lobos tinham estruturas corporais mais fortes, assim como cheiros, dessa forma, sendo melhores na hora de marcar território. Ômegas, por outro lado, eram menores e, por isso, mais ágeis, além de terem uma sensibilidade maior ao mundo espiritual. Os betas, porém, mesmo em sua forma lupina, mantinham sua racionalidade, pois o fato de terem genes ômega e alfa trazia equilíbrio. Cada classe tinha suas vantagens e desvantagens, como era natural, aquela "preferência" era, na verdade, fruto da cultura de cada grupo, como tantas outras coisas.

Quando ficaram um de frente ao outro e seguraram as mãos, ele quis chorar. As dele estavam geladas e trêmulas, e foi então que percebeu que as dela estavam do mesmo jeito. O alfa ergueu o olhar para a mulher e viu nos olhos castanhos dela um medo que conhecia bem. Realmente, Yongsun não estava plena como antes aparentava.

Então, instintivamente, esforçou-se para apertar as mãos dela um pouco mais em um gesto de apoio. Foi estranho, mas se sentiu menos pior ao perceber que Yongsun também não estava se sentindo bem. Talvez porque ela tinha aquela postura que parecia inabalável, irreal, e senti-la tremer de nervosismo a fez parecer mais… palpável

A mulher respirou fundo e apertou suas mãos de volta em resposta.

— União entre clãs. União entre alcateias. União entre lobos. União entre almas — falou o pai de Taehyung, em alto e bom som, enquanto começava a envolver as mãos dos noivos com uma fita brilhante. Não se tratava de uma fita qualquer, e Taehyung percebeu isso assim que esta encostou em suas peles. O pano dourado queimava, e tanto ele quanto Yongsun estremeceram, porém precisaram manter-se firmes. 

Taehyung passou a repetir em sua cabeça que aquilo ia acabar, que ia passar. Já tinha visto cerimônias de casamento diversas vezes, no entanto, nunca pensou que aquela fita fosse algo além de uma simples fita. Uma fita que significava a união de que seu pai falava. Mas por que tinha que doer tanto? 

Era tão desagradavelmente doloroso que não conseguiu entender o discurso feito. Ele respirava fundo, segurando-se o máximo que podia. Já tinha sentido dor inúmeras vezes em sua vida, mas aquela era uma das piores, definitivamente. Tratava-se de alguma espécie de teste? Rezava a todos os espíritos ancestrais, pedia para que passasse, que aquela cerimônia fosse encerrada o mais rápido possível para que finalmente pudesse parar de sentir aquilo e, bem, ir embora.

Não sabia que iria desejar tanto ir para casa, afinal, quando acabasse, sua vida ao lado de Yongsun começaria, e disso ele sabia. Sabia que, após casados, dividiriam um mesmo quarto na casa onde vivera sua vida inteira. Um quarto que não era o seu. Sabia também que todos esperavam que aquela fosse a primeira noite deles juntos de fato. Que consumassem a relação. 

Somente pensar naquilo já o deixava em pânico. Contudo, pela reação de Yongsun, tinha esperanças de que ela aceitaria conversar com ele. Sua noiva definitivamente não aparentava gostar daquilo, então talvez fosse se livrar daquela noite, e talvez poderia livrar depois… e depois… e depois…

— E é pela autoridade a mim investida como alfa da Alcateia do Sol e a bênção dos lobos ancestrais, que os declaro um só corpo. 

E acabou. Depois do que pareceu uma eternidade para Taehyung — porém não mais do que uma hora —, acabou. Depois daquilo, finalmente tiraram a fita dourada, cessando a dor infernal. Não havia sequer vestígio do dano que ela havia causado em suas peles. 

Tanto Yongsun quanto Taehyung tiveram seus corpos lavados com a água do solo sagrado e prestaram respeito aos espíritos ancestrais através de oferendas no templo. Então, enfim, puderam ir para o banquete, onde permaneceram o tempo inteiro de pé. 

Enquanto Taehyung comeu como um condenado — totalmente influenciado por sua ansiedade — sua — agora — esposa comeu normalmente, embora de perto ele conseguisse notar que ainda tremia. E, de certa forma, admirou-se com a forma como ela manteve a classe mesmo naquele momento. De novo. 

Apesar de todos os seus pensamentos relativamente positivos, quando entraram em seu quarto Taehyung estava extremamente nervoso. Seu coração pulava em seu peito, e ele ouvia o dela fazer o mesmo. 

Benditos sentidos de lobo.

Por um longo momento, eles ficaram parados de costas para a porta, porém nem dois metros distante dela, em silêncio.

— Esse quarto é definitivamente uma versão gótica do quarto dos meus pais — afirmou Yongsun.

Taehyung esperava que ela falasse qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, menos aquilo.

— Você gosta tanto assim de preto, Taehyung-ssi?

O alfa não respondeu de primeira, pois estava um tanto quanto chocado com a naturalidade com a qual Yongsun estava conversando com ele, como se eles não tivessem passado horas um ao lado do outro quase sem conversar. 

— Eu não gosto tanto assim de preto — respondeu, a voz grave soando um pouco nervosa, porém gentil. — Não opinei sobre a decoração do quarto, na verdade. Não sou tão bom nessas coisas. Mamãe diz que sou meio… cafona? Acho que essa é a palavra. — Riu sem graça. 

— Se concordar, posso cuidar disso. 

— Pode fazer o que quiser… — Hesitou. — Noona? Posso te chamar assim? 

Yongsun sorriu. Um sorriso pequeno, porém definitivamente muito mais verdadeiro do que qualquer outro que Taehyung tinha visto em seu rosto antes.

— Claro que pode. 

Ela passou a caminhar até a cama, fazendo com que o nervosismo voltasse a tomar o corpo do alfa. Parecia que a qualquer momento o clima podia mudar e eles iriam ter que consumar aquela relação.

— Certo… — disse o garoto. — Olha, preciso ser sincero com você, não estou entendendo bem essa sua face falante. Digo, mal trocamos meia dúzia de palavras antes do casamento, mas agora… 

Ela assentiu, mostrando que entendia, e virou-se de frente para ele, com ambos agora bem mais distantes um do outro. Então suspirou, e Taehyung se viu ansioso para ouvi-la falar. Era estranho como a alfa parecia, de alguma forma, menos “armada” naquele momento. 

— Eu sei. É só que não acho que poderia falar o que quero perto dos outros. Já ouvi muito sobre você, Taehyung-ssi. Estou falando de como sua personalidade é gentil, o que já estou podendo ver com facilidade. Também escutei sobre como você nunca tocou em suas empregadas, mesmo que elas estivessem dispostas. É realmente verdade?

— É. — Ele nem hesitou em responder, mas não falou mais nada. Ainda não tinha entendido o que ela estava querendo. 

— Se você quiser, proponho que sejamos amigos. 

— Amigos? — perguntou retoricamente em um murmúrio. Ele realmente tinha cogitado aquilo, então ficou realmente aliviado por ela ter feito aquela proposta.

Yongsun assentiu.

Taehyung olhou para ela, bem em seus olhos castanhos, atentamente. Ele via sinceridade ali. Por mais desconfiado que pudesse ficar — afinal, era uma mulher escolhida por seus pais e ele não a conhecia de maneira alguma —, o fato de tê-la visto tremendo tanto durante as cerimônias o deixou mais maleável. Saber que ela não estava feliz também o fez sentir que não estava sozinho. Ser amigo dela poderia não ser tão ruim assim.

— Tudo bem — concordou, sorrindo suavemente. 

 

[...]

 

— E aqui está! — falou Taehyung, animado e nervoso ao mesmo tempo, ao colocar a travessa com o bolo desenformado em cima da mesa da cozinha. 

Era uma mesa pequena onde os empregados geralmente comiam, porque ali tinha certeza que ninguém iria brigar com ele. Com “ninguém” queria dizer seus pais. Fazia um tempo que não cozinhava, porque, afinal, era “coisa de mulher”. Depois que seu pai descobriu que uma das empregadas o estava incentivando a realizar tal atividade, não somente foi proibido de fazê-lo novamente, como também a empregada beta, Sandara, foi mandada embora. 

Contudo, após soltar por alto que sabia fazer algumas coisinhas na cozinha, Yongsun insistiu para que ele cozinhasse algo para ela até que ele não aguentou mais. Por isso estavam ali durante a madrugada com Taehyung fazendo um bolo formigueiro. Yongsun dissera que ela costumava comer esse bolo com frequência em sua casa, pois sempre pedia, mas não tinha conseguido um exemplar decente desde que chegara ali. 

Eles estavam casados há onze meses, um período que fora até tranquilo. Taehyung sentira a pressão sobre seus ombros diminuir consideravelmente desde que o casamento acontecera. Eles eram amigos, não tinham sequer se beijado naquele período — exceto por selinhos inocentes que davam em frente aos outros —, e estava tudo bem.

No caso deles, nada “vazava” sobre sua intimidade, não importava. Tinha certeza que seu pai não se agradava muito da forma gentil com que Taehyung tratava sua esposa, porém, novamente, não importava. Ele estava casado e ambos pareciam felizes. Ambos estavam felizes. Pelo menos por enquanto, tudo estava bem.

Entretanto, em momentos como aquele, Taehyung tinha começado a sentir seu coração acelerar e sua vontade de agradar a alfa, de vê-la sorrindo como fazia naquele momento, tornava-se cada vez mais intensa. Aquilo era preocupante. Não deveria ser, afinal, estavam casados, mas ele não conseguia evitar o seu medo, embora não tivesse certeza do que temia. 

Talvez que o coração dela não se acelerasse da mesma forma. Seria fácil saber, apenas precisava aguçar sua audição, porém, não tinha coragem, e esperava que sua esposa não tivesse resolvido fazer o que ele relutava em fazer: ouvir os batimentos de seu cônjuge. 

— Aqui, noona — falou, entregando o prato para ela. 

Não tinha cobertura, pois, embora Taehyung tivesse afirmado que a dele era muito boa, Yongsun pedira para ser puro, pois era como ela mais gostava.

— Essa é minha comida favorita — falou ela, cortando um pedaço com o garfo. Seus olhos pareciam até mesmo brilhar, e aquela afirmação apenas deixou Taehyung ainda mais nervoso. 

— Sério? — Ele riu, ansioso. 

Notando o nervosismo dele, Yongsun sorriu gentilmente. 

— Tenho certeza que está uma delícia, meu anjo. Só o cheiro já me fez salivar. 

Sem perder mais tempo, colocou um pedaço na boca. Estava quentinho e… caramba, muito mais do que delicioso. Yongsun até mesmo fechou os olhos e gemeu, satisfeita. Taehyung abriu um sorriso do tamanho do mundo. 

Ah, como adorava o jeito dela... Principalmente os "meu anjo" e "meu amor" que vivia soltando naturalmente ao se dirigir a ele.

Ao olhá-lo, Yongsun riu. Ele era tão fofo de vez em quando. Ela literalmente nunca tinha conhecido alguém como Taehyung. Ele era quatro anos mais novo do que ela, e talvez isso o fizesse mais adorável do que o normal. Porém, tinha coragem de fazer coisas que mais velhos não teriam, coisas simples como aquela. Homem nenhum que ela conhecera iria cozinhar para ela, definitivamente, muito menos um alfa. Como se uma atividade tão simples os fizesse menos homens…

— Está muito, muito bom. Nunca mais peço para as empregadas fazerem. É sério. Você acabou de assinar um contrato de exclusividade comigo. Só irei comer seu bolo formigueiro, sem mas, e, ah, vai fazer mais coisas para mim, porque tenho certeza que não é somente essa obra de arte que você consegue criar. 

— Obra de arte? — Taehyung riu, achando graça da empolgação dela. 

— Definitivamente. — Ela lançou outra piscadela para ele. 

— Acho que vou experimentar, então, hein? — falou. Taehyung rodeou a mesa para se sentar ao lado dela e cortou um pedaço para si. Quando colocou-o na boca, teve que admitir que estava muito bom. — Caramba… Faz uns dois anos desde a última vez que cozinhei. Não pensei que estaria bom mesmo. 

— Deve ser um dom, viu? 

— Eu posso te ensinar, se quiser. 

— Me ensinar? E eu perder o prazer de ter você fazendo pra mim? De jeito nenhum! 

Taehyung riu alto, tampando a boca imediatamente, com medo de que pudessem ter ouvido. Ambos começaram a rir, dessa vez se segurando. Eles não estavam realmente apreensivos. Na verdade, estava tudo bem. Se estavam juntos, tudo estava perfeito. 

Continuaram conversando por mais de uma hora, até que resolveram voltar para seu quarto. Imprudentemente, levaram o bolo para o mesmo. Guardaram-no em uma vasilha, esperando de todo coração que formigas não fossem atraídas por ele. Então dormiram, sem realmente notar que, diferente do primeiro dia — onde ficaram de costas um para o outro e bem distantes —, Taehyung abraçou Yongsun ao invés de um travesseiro, e ela ficou muito mais do que confortável com aquilo, como estava sendo nos últimos meses.

 

[...]

 

— E então, quando virá o primeiro filhotinho? — disse a mãe de Taehyung, repentinamente, no meio de um café da manhã que parecia um como qualquer outro. Taehyung congelou, encarando-a com os olhos arregalados. 

— Nós estamos casados há onze meses, mãe. Não faz nem um ano — retrucou, a surpresa estampando seu rosto sem que ele nem ao menos tentasse disfarçar.

— Eu engravidei de você após um mês de casamento, Taehyung. 

Certo. Ela nunca tinha contado isso. 

— Nós estamos indo com calma, mãe. 

— Então acelerem o passo. Quanto mais cedo, melhor. O relógio está correndo. 

Depois daquele incidente, foi como se uma lâmpada na cabeça das pessoas da alcateia inteira tivesse se acendido. Em todo santo lugar que iam, perguntavam-nos sobre uma criança. Quando Yongsun iria engravidar? Já estava na hora de Yongsun engravidar! O relógio  da idade estava rodando. O tempo não iria parar para esperá-los.

Ambos sentiam suas cabeças girando por tantas cobranças. Aquela definitivamente não era uma parte do casamento que tinha sido contada para eles. Além de ser extremamente desnecessária a forma como todos tentavam se meter em suas vidas, apressar seu tempo, ficou ainda mais claro em suas mentes que, bem, eles sequer tinham se beijado de verdade.

Não havia a menor possibilidade de terem um filho naquele momento. 

Mas é claro que os outros não sabiam daquilo. Taehyung preferia não pensar em como seus pais reagiriam se soubessem que ele não havia tocado a própria esposa — como se não bastassem as dezenas de empregadas que foram sendo trocadas para ver se conseguiam “tentá-lo” o bastante. 

Ouvir todas aquelas cobranças deixou-os extremamente estressados, e frustrou Taehyung, pois ele se sentiu mais lerdo do que deveria. Não era sobre um filho para ele, era sobre como guardava o que sentia a sete chaves por puro medo. Era tudo tão novo… Desde a situação até o que sentia em seu coração. Fazia muito, muito tempo desde a última vez que se sentira daquela maneira. Era bom, tão bom… e apavorante.

Realmente gostava  de Yongsun, e ela era sua esposa, contudo, a verdadeira relação que construíam era de amizade. Sem sentimentos românticos envolvidos. Taehyung morria de medo de não estar sendo retribuído, pois estavam presos àquela relação e, caso fizesse algo que a estragasse, condenaria-os a viver o que antes pensava que estariam vivendo. Sua amizade era o que deixava tudo suportável e minimamente saudável para ambos. Sua parceria.

Entretanto, era Yongsun. Ela tinha tomado cada iniciativa, sempre cuidava dele, tentando fazer com que o alfa não saísse mais tão machucado por seus pais, assim como em qualquer outra situação. Ela sempre tentava tranquilizá-lo e deixá-lo confortável de uma maneira que ninguém tinha feito até então. Sentia que no caso de não ser retribuído Yongsun continuaria agindo da mesma forma. Novamente tentaria deixá-lo bem o máximo que pudesse. 

Taehyung não aguentava mais segurar aqueles sentimentos somente para si e, bem, ainda era um gostar. Ele nunca tinha chegado ao estágio da paixão com alguém,  mas sentia que quanto mais cedo falasse mais fácil seria para lidar com uma suposta rejeição.

Então, juntou a forma como precisavam relaxar e a sua urgência em se declarar, e propôs para ela um acampamento. 

Eles nunca haviam feito algo da espécie, porém Yongsun se mostrou imediatamente animada. Conseguiram somente uma noite com vários homens de confiança de seu pai para garantir sua segurança. 

Taehyung sabia exatamente onde queria ir. 

 

[...]

 

— Esse lugar é lindo, Tae! — falou Yongsun, completamente encantada. Os olhos dela chegaram a brilhar naquele momento. 

Taehyung tinha feito questão de chegar quando ainda estava de dia — embora já estivesse chegando o final da tarde. Queria que sua esposa visse como a paisagem era encantadora. Como a floresta ao redor tinha tons que se aproximavam do dourado, como o lago era límpido e rodeado por algumas rochas que formavam um retrato perfeito para ver o horizonte se estendendo do outro lado do lago — lado este onde poderiam ver o nascer do sol no outro dia, assim como ele vira na primeira vez que ali se encontrara.

Era o lago onde tinha feito seu pedido à fada dos desejos, Jimin. O lugar onde ele teve esperança de ter alguém a quem amasse ao seu lado. Taehyung, é claro, tinha perdido essa esperança assim que voltara para casa. Porém, ali estava, pois sabia que, ao menos de sua parte, o amor verdadeiro estava com uma sementinha plantada para evoluir e alcançá-lo.

— Não é, noona? — perguntou retoricamente, puxando-a gentilmente pela mão até estarem mais próximos do lago. — Amanhã será ainda mais belo. 

— Já veio aqui? 

Taehyung sentiu seu coração acelerar. 

— Só uma vez. 

— E entrou no lago? 

Ele olhou para Youngsun, vendo o sorriso esperto que ela lhe lançava, e riu. Já sabia o que ela iria dizer.

— Não, noona. Não entrei.

— Então essa é a hora.

— Mas nem trouxemos roupa de banho…

— Não precisa. Roupas íntimas são como biquínis e é só pedir para que eles se afastem. — Apontou para os homens que arrumavam as barracas. Alguns deles montavam a barraca maior, onde o casal passaria a noite. Outros, as mais distantes e menores onde os mesmos ficariam. Estavam lá apenas para sua proteção.

— E você confia que não irão olhar? 

— Eu não me importo. Não é como se fossem se atrever a fazer algo e olhar não mata ninguém. Caso se atrevam, não vou me esforçar para segurar meus dentes dentro da boca. — Ela não fazia questão nenhuma de falar baixo. Taehyung quase ficou com vontade de rir. — Ou você se importa?

Taehyung se importava um pouco. Era algo complicado, na verdade, pois fazia bastante tempo desde que vira uma mulher seminua e estava, de certa forma, ansioso para aquilo. Afinal, apesar de não se sentir da forma "esperada", achava o corpo humano por vezes muito belo.

Gostava de ver seus diferentes tamanhos e formas e realmente teve vontade de tocá-la quando Yongsun começou a se despir. Teve vontade de sentir se a pele dela era macia como parecia ser e sentir seu cheiro amadeirado ainda mais perto, como toda vez que dormiam abraçados na cama.

Entretanto, não falou isso. Apenas negou com a cabeça e se dirigiu até os homens para mandá-los se afastarem. Provavelmente, nunca parecera tão sério — e até mesmo ameaçador em questão de aura — quanto ao dar aquela ordem. 

Naquele meio tempo, Yongsun já estava dentro do lago. Não precisou de mais do que alguns segundos para que notasse que aquele era um lago especial. Sua água pareceu reluzir já quando colocou um dos pés na água. Andou com calma até esta estar na altura de seu peito. Era uma água fresca e agradável, tão agradável que se sentiu relaxar imediatamente. Fechou os olhos, sentindo a brisa que soprou seus fios claros.

De repente, porém, pisou em falso e, por não estar esperando, afundou rapidamente. Não demorou mais do que segundos para reagir, emergindo com rapidez. Começou a rir com o susto que tinha levado. Tinha que tomar mais cuidado. A água era cristalina e era possível ver o fundo. Seu susto fora causado apenas por falta de atenção. 

Ergueu a cabeça para ver se Taehyung já havia voltado, contudo,  logo percebeu que o sol estava a sua frente, nascendo aos poucos, exatamente o oposto do que deveria estar acontecendo pelo horário. 

Então, ouviu uma risada que reconheceria em qualquer lugar: a risada de Taehyung. Olhou para trás imediatamente, ficando ainda mais confusa ao vê-lo sentado no chão com apenas uma manta em volta do corpo. Seus cabelos escuros estavam claramente mais curtos também, exatamente como estavam quando tinham se casado. Para piorar, havia uma fada azul logo em frente dele, e Yongsun não conseguia ver os homens que os estavam acompanhando.

— Mas acho que será menos estranho assim, não? — Ouviu a fada dizer.

— Não estou realmente me importando hoje, na verdade — confessou Taehyung, em um tom desanimado. Sua expressão parecia cheia de desesperança. Foi de cortar seu coração. — Mas sou Taehyung. Kim Taehyung. 

A fada sorriu, doce e gentilmente.

— Tempos difíceis, não é, Taehyung-ssi?

— Um pouco. Poderia ser pior, sei disso, mas mesmo assim… Me sinto sufocado. Estão tirando uma escolha básica de mim, algo que sempre pensei ter e sempre quis ter. 

"Do que ele está falando?", perguntou-se Yongsun.

— Ainda quer? 

Taehyung lançou um olhar confuso à fada, porém respondeu:

— Quero. 

— Se você pudesse pedir por algo agora, o que pediria? 

— Você é uma fada dos desejos? 

A fada sorriu e se sentou com as pernas cruzadas à frente de Taehyung, porém não respondeu.  

— Pediria que me deixassem escolher minha esposa — disse Taehyung.

Yongsun arfou, surpresa. As peças já estavam se encaixando em sua cabeça. Aquele lago definitivamente era mágico, mas ainda estava em dúvida sobre o que ele tinha feito. 

Aquela conversa… Teria sido uma viagem no tempo?

— Tem certeza? — A voz da fada demonstrava claramente que ela sabia que não.

— Não — respondeu seu marido, fechando os olhos. Permaneceu do mesmo jeito por um longo instante, porém, logo abriu os olhos novamente. — Eu quero governar feliz ao lado de alguém que compartilhe comigo um amor verdadeiro.

A fada sorriu, fazendo com que seus olhos formassem duas meia luas acima de suas bochechas cheinhas. Yongsun, por outro lado, sentiu seu coração acelerar, pulsando dolorido dentro do peito, sem que tivesse controle sobre isso. Era o tipo de coisa que simplesmente a falava que deveria conversar com Taehyung. Havia coisas que ele não sabia. Coisas sobre ela, coisas sobre sua família, e ver como ele desejava algo tão… puro a deixava com o coração na mão. Era algo com o que Taehyung não precisava realmente se preocupar, e Yongsun sabia que uma conversa poderia esclarecer coisas para ele. Entretanto, também tinha certo receio de sua reação. Ver como ele olhava para a fada, sem um traço sequer de desprezo e até com certa admiração, fez com que se sentisse um pouco mais segura. 

— Sugiro que parta, Taehyung. Alguns problemas te aguardam — disse tranquilamente, ainda com um sorriso nos lábios. — Ah, e não tem nada de errado em ser como você é.

Assim que a frase foi proferida, Yongsun sentiu algo puxá-la pelos pés, algo tão forte e tão rápido que ela não conseguiu reagir para lutar. Quando viu, já estava imersa. Contudo, não entrou água em sua boca, nem em seu nariz, e o que estava a puxando para baixo começou a puxá-la para cima, repentinamente. 

Ágil e desorientador. 

Sua cabeça pareceu girar, girar e girar, até que novamente se viu com o rosto para fora d'água. Engasgou-se com o líquido, totalmente perdida, ainda sem conseguir abrir os olhos.

— Noona? Noona, o que aconteceu? — Ouviu Taehyung dizer logo atrás de si, sentindo-o tocar em seus ombros. Seu tom demonstrava uma imensa preocupação, mas o garoto apenas ficou calado, tentando entender o que estava acontecendo. Apenas quando Yongsun passou a respirar normalmente ele voltou a se pronunciar em um murmúrio: — Noona?

A alfa o olhou com atenção. Os cabelos de seu marido estavam longos novamente, assim como não havia sinal algum de manta. Quando olhou sobre os ombros dele, viu os homens novamente com suas barracas. 

E não havia fada alguma.

— Tudo bem, meu amor. Estou bem. 

— Tem certeza, noona? — perguntou ele, ainda claramente preocupado e levemente alarmado.

— Tenho sim. — Yonsgun riu. — Acho que o lago quis me pregar uma peça. Não sabia que era um lago mágico. 

Taehyung sorriu suavemente, puxando-a para um abraço.

— É sim. Ainda bem que sugeriu que tomássemos um banho. — Riu soprado. 

— A vida é feita de oportunidades, meu anjo. Aproveite-as.

Taehyung sentiu aquelas palavras o acertando com força. Realmente. Estava ali para fazer algo, era uma oportunidade de ouro e não poderia desperdiçá-la.

— Noona, eu preciso te contar uma coisa — falou, repentinamente sério. 

Yongsun o olhou com atenção, também parecendo mais séria, mas apenas concordou com a cabeça. 

O alfa pediu para que eles saíssem da água para conversar, e assim foi. Eles se sentaram sobre um tecido mais grosso que fora colocado em frente à sua barraca — não entrando nesta por não quererem molhá-la — e ali ficaram em silêncio. Foram longos segundos nos quais Taehyung respirou fundo tantas vezes que perdeu a conta. A verdade era que estava morrendo de medo. Queria falar, mas não queria. Nunca tinha realmente se declarado a alguém, e aquela situação também era totalmente diferente de qualquer outra que já vivenciara. Contudo, novamente se lembrou da frase de antes e respirou mais uma vez antes de começar:

— Da última vez que eu vim aqui, foi logo após o baile… Eu estava apavorado, tão apavorado que pensei que poderia fugir, mas simplesmente não consegui. Não tive coragem o bastante para abandonar tudo para trás, pois aquilo incluiria minha família, especialmente meus irmãos. Mas… bem, quando cheguei aqui, encontrei uma fada dos desejos... Ela me ofereceu um pedido e eu pedi um amor verdadeiro, mas… ela não me respondeu se iria conceder o desejo. Quando cheguei em casa, meus pais me contaram que eu tinha perdido minha chance de escolher minha esposa, e foi você quem me mostraram. Eu entendi naquele momento que meu desejo não tinha sido atendido. 

— Ah, meu bem… — começou a alfa, lembrando-se exatamente da cena que vira. Pensou imediatamente em como Taehyung devia ter se sentido. Aquilo fez seu peito pesar novamente. 

— Não, noona. Eu estava errado. — Taehyung sorriu, embora seu coração parecesse prestes a explodir e suas mãos tremessem. Era realmente um sorriso de nervosismo. — Não foi do jeito convencional, mas… Eu encontrei isso. Independente de qualquer coisa, eu encontrei. Mesmo não sabendo se é recíproco, mesmo se não for, noona… Eu gosto de você de verdade, e tenho certeza que é com você que o amor verdadeiro eu vou viver. Um amor além da nossa amizade. Um amor como deve haver entre cônjuges. Um amor real, palpável, que faz transbordar.

Yongsun o encarava com surpresa estampada em seu rosto, e Taehyung não conseguia encará-la diretamente. Seu coração batia mais rápido do que nunca e ele não pôde se conter, ouviu também os batimentos de sua esposa. Só não sabia se o fato de estarem exatamente como os seus indicava algo bom ou ruim.

— Tae, isso… Uau. Não estava esperando por isso exatamente agora. Eu… Uau. 

Taehyung nada disse. Estava confuso com aquela reação e ainda mais nervoso do que antes, e a ausência de palavras entre eles durou muito mais do que ele gostaria.

— Ah, Tae. — Ele conseguiu praticamente sentir o sorriso dela através de sua fala, quase tão palpável quanto o toque em sua mão esquerda. — Só… é recíproco sim, meu amor. Não tem como não gostar de você. Nunca encontrei alguém tão lindo. 

Taehyung riu, bastante aliviado, e finalmente olhou para ela. 

— Faz tanto tempo que não se declaram para mim que eu nem sei como reagir.

— Noona… eu nunca tinha me declarado — confessou, rindo sem graça. 

— Sério? Foi muito bem. — Riu também. Então, aproximou-se e deixou um beijo carinhoso em sua bochecha, apoiando a cabeça em seu ombro em seguida. — Foi até poético. 

— Acho que estamos rindo muito. Não sei se fico preocupado. — Riu mais uma vez.

Yongsun acabou por gargalhar, achando bonitinha a forma como ele falou. 

— Somos dois bobos felizes. Temos que aproveitar — respondeu ela.

— Realmente. — Encarou-a de canto, mesmo que não conseguisse ver seu rosto direito. Estava muito, muito feliz, contudo, sua mente começou a lembrá-lo que tinha mais uma coisa.  — É… Vamos aproveitar.

E eles fizeram exatamente assim. Conversaram por horas e horas enquanto brincavam no lago, indo dormir bem tarde da noite. Nisso, ficaram novamente abraçados ao dormir, e no outro dia foram acordados, como pedido, por um dos homens, a fim de assistirem o nascer do sol. 

Yongsun ficou tão encantada quanto o alfa esperava, talvez até mais, e Taehyung mais uma vez se deixou levar, aproveitou. Era outra insegurança que o tomava naquele momento, uma que o forçou a mais uma vez se lembrar quem era aquela mulher. Sua amiga. Sua noona.  Sua esposa. Yongsun.

Ele não sabia como introduzir o assunto, tampouco como explicar a sua real situação. Afinal, não sabia nomeá-la nem nada. No fim, tratava-se de quem ele era. Um homem alfa que nunca vira graça em sexo, muito pelo contrário. Como eles lidariam com isso já era outra história. Seu maior medo era a rejeição. Sentia que se perdesse logo Yongsun por sua forma de ser, tornar-se-ia um profundo rejeitador de si mesmo. Ainda mais do que já era. 

"Afinal, não poderei culpá-la por simplesmente não querer amar alguém como eu", pensou. "Por que você não consegue ser normal, Taehyung? Seria tão mais fácil…"

 

[...] 

 

— Noona, eu tenho mais uma coisa pra te falar. 

Ambos estavam em seu quarto. Yongsun tinha acabado de voltar do banheiro, já vestida com seu pijama. Taehyung também estava com o dele, mas diferentemente de sua esposa, não sentia a menor inclinação a se deitar na cama. 

Yongsun, notando a inquietação do alfa, sentou-se em uma das cadeiras que estavam juntas da mesinha de canto, chamando-o com as mãos e a voz.

— Venha aqui, Taetae — falou calmamente. 

Taehyung soltou o ar com força, tentando se acalmar, e então se aproximou de maneira lenta, até enfim sentar-se na outra cadeira, logo em frente a ela. 

— Noona, eu só quero dizer que vou entender se não quiser ser algo além de amigos fora das aparências depois do que eu te contar. De verdade. — Riu sem humor, desenhando na mesa com os dedos. Contudo, forçou-se a parar e olhá-la nos olhos.  — Desculpe se ficar muito confuso. Eu nunca falei isso pra ninguém, porque não sei como explicar, entre outras coisas… — Respirou fundo. Não tinha ideia de como começar. Realmente não tinha. 

— Meu amor, fique calmo — disse ela, esticando as mãos até que estas segurassem as dele. 

— Desculpa, noona… 

— Está tudo bem. Sou só eu, lembra?

Taehyung assentiu. Ele se lembrava… e era exatamente esse o problema. 

— Tudo bem… Eu… eu… — Respirou fundo. — eu nunca toquei qualquer uma das empregadas, já sabe disso. Também nunca toquei as namoradas que tive. Não exatamente como queriam. Não é só sobre respeito, nunca foi, noona. Eu só… não consigo. 

Yongsun permaneceu calada, suas mãos não afrouxaram o aperto em momento algum, assim como seus olhos não o deixaram. Parecia mais atenta do que nunca. Taehyung não sabia se aquilo era bom ou ruim, mas de certa forma era o que esperava da alfa.

— Não tenho traumas, se é o que está pensando. Nunca fui exposto ao perigo de ser abusado por alguém, de verdade, e não tenho ideia do por que sou assim, mas… sexo nunca me interessou, muito menos me pareceu importante, e nunca me senti bem ao tentar algo relacionado a isso, então apenas parei de tentar pra não me sentir tão mal outra vez. Eu gosto muito de te abraçar, noona, muito mesmo. Gosto de sentir seu cheiro, a textura da sua pele... Amo, na verdade. E selinhos… até alguns tipos de beijos… são bons também. Mas eu sei que o normal não é isso. 

Ao ouvir aquilo a loira imediatamente mudou um pouco de posição, mas Taehyung não entendeu o desconforto da mulher como realmente era. Ficou ainda mais nervoso, e por isso continuou a falar.

— Eu… eu sei que as pessoas… hm... normais precisam de sexo. Querem sexo, por isso não vou insistir se não quiser ficar comigo, eu… eu… Me desculpe, noona, mas por mais que eu goste de você, por mais que queira conseguir me entregar e me apaixonar de verdade, não vou conseguir te dar o que um marido normal…

— Por tudo que é mais sagrado, Taehyung, pare de falar "normal". É a primeira coisa que te peço. 

Ele a olhou surpreso. Em primeiro lugar, não esperava que ela o interrompesse daquela forma. Em segundo lugar, definitivamente não achava que a ouviria "dando bronca" por um uso de palavras que ele considerava tão natural e verdadeiro — embora doloroso. Em terceiro lugar, Yongsun parecia quase brava com ele, e não pelo motivo esperado.

A alfa respirou fundo e então se levantou, puxando-o junto para que pudesse abraçá-lo. Taehyung arfou, sem ter a menor ideia de como reagir àquela resposta tão inesperada para si. Contudo, acabou por abraçá-la de volta, sentindo seus olhos arderem. 

— Me desculpe por reagir dessa maneira, mas não aguento mais te ouvir falando assim, meu amor. Dói. Dói de verdade. Destrói meu coração te ver desse  jeito.

Ela passou a acariciar os cabelos dele com suavidade e gentileza, assim como sua voz estava soando próxima ao ouvido direito do rapaz.

— Ah, Tae… Você provavelmente não vai conseguir aceitar agora, mas vou insistir até conseguir, meu anjo. Você é normal. É totalmente normal. E não é o único que se sente dessa forma. 

"Não?!", pensou ele, sem conseguir colocar para fora ainda.

O que externalizou foram as suas lágrimas, que começaram a cair sem controle. Logo o primeiro soluço veio… e o segundo… e o terceiro… e Yongsun voltou a abraçá-lo, soltando baixos "está tudo bem, meu amor. Eu estou aqui com você".

 



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