- Fah – tentei me aproximar para abraçá-la, precisava mais daquele abraço do que ela o meu.
- NÃO ENCOSTA EM MIM – se afastou para não a tocar – E não me chama de “Fah” - falou com os dentes serrados e uma raiva que me doía. – Por favor, William. Preciso ficar só, sai daqui. Não foi isso que me pediu?
E sai daquela casa a deixando com sua dor e angústia...
William POV
Sai no meu carro pelas ruas em busca do nosso apartamento, aquele que um dia foi nosso refúgio. Compramos aquele imóvel com o intuito de termos nosso lugar de casal, sem filhos, onde fugíamos um pouco daquela zona de três furacões em casa. Perdido em meus pensamentos, tentando entender como tudo chegou a esse ponto.
Minha mente estava repleta de arrependimentos e memórias de tempos felizes que agora pareciam distantes. O peso da culpa me consumia, enquanto a tristeza e a raiva se misturavam dentro de mim. Eu estava perdido em meus pensamentos.
Ao entrar no apartamento, fui imediatamente envolvido pelas lembranças do nosso tempo juntos. Cada objeto, cada canto daquele lugar carregava memórias dos momentos felizes que compartilhamos. Agora, tudo parecia tão distante, como se tivesse sido sepultado sob uma camada de desentendimentos e dor.
Janeiro de 2008
William POV
Entrávamos, felizes, naquele apartamento que acabamos de comprar e a Fátima parecia estar radiante. Era um lugar especial, nosso refúgio secreto, onde fugir da rotina e ter momentos só nossos. Deixar as crianças a cuidados dos avós e da babá não foi uma decisão fácil, mas sabíamos que precisávamos dessa pausa, desse tempo para nós mesmos.
Andamos pela sala de estar aconchegante, com seus móveis e uma vista espetacular da Lagoa Rodrigo de Freitas.
- Olha só essa vista, Will – exclamou, na nossa varanda e com o brilho no olhar.
- Sim, podemos desfrutar de um belo pôr do sol enquanto tomamos um vinho, apenas nós dois. – concordei um pouco distante daquela sacada do vigésimo andar. Ela olha para mim sorrindo e vai ao meu encontro.
- Como vamos desfrutar de um pôr do sol se você não consegue chegar perto da varanda – debochou abraçando meu pescoço e me dando o selinho. Me senti um pouco envergonhado. Era verdade, meu medo de altura sempre me limitava em certas situações.
- A gente coloca uma mesa aqui – falei, apontando para um lugar na varanda onde era meramente seguro e um pouco distante da sacada.
- Hum, e o que mais? – respondeu ainda sorrindo e mordendo os lábios
- E a gente não precisa chegar perto da sacada, não precisamos olhar para baixo, né? – perguntei, ou melhor, afirmei enquanto acariciava sua pele macia.
- Claro que não, meu amor. Podemos aproveitar a vista de outro ângulo, focando apenas na beleza do horizonte, sem olhar para baixo. – respondeu ainda rindo daquele meu medo que sempre me acompanhara e ela achava fofo.
- Você está rindo de mim, Fátima Bernardes? – perguntei a erguendo em meus braços e a rodopiando naquela sala com poucos móveis.
- Claro que não, amor – falou entre risos - Me põe no chão William, vou ficar tonta – me pediu dando soco leves nos meus ombros e ainda rindo. Prontamente a obedeci.
- Te amo – falei segurando seu rosto de forma delicada entre minhas mãos e dei um beijo terno.
- Também te amo, Will - ela respondeu, olhando nos meus olhos e envolvendo-me com os braços. Naquele momento, senti como se o mundo inteiro desaparecesse ao nosso redor, e só existíssemos nós dois.
Iniciamos um beijo longo e a levei em direção do sofá, começamos a nos acariciar apaixonadamente. Minhas mãos percorriam suavemente suas costas cobertas, enquanto nossos lábios continuavam unidos num beijo intenso e apaixonado. Nossos corpos se entrelaçaram, dançando em harmonia, e a paixão começou a tomar conta de nós. O desejo queimava em nossos olhos, a cada toque, a cada carícia e eu sabia que aquele momento seria inesquecível.
Com cuidado, a deitei no sofá, sentindo sua respiração acelerada. Meus lábios passeavam pelo seu pescoço, deixando beijos suaves e mordidas leves que a faziam arrepiar. Fátima deslizou suas mãos pelos meus ombros e começou a desabotoar minha camisa lentamente, revelando meu peito.
Com delicadeza, retirei suas roupas, deixando-a exposta e vulnerável diante de mim. Meus olhos percorreram cada curva, cada detalhe, enquanto ela desabotoava minha calça, revelando meu próprio desejo. Deslizei minha mão pela sua coxa, sentindo a pele arrepiar-se sob o meu toque. Ela suspirou em meio ao beijo, entregando-se ao prazer que começava a nos dominar. Nossas roupas foram caídas no chão, revelando nossos corpos nus e ansiosos por se unirem.
Meus lábios exploram cada centímetro do seu colo, enquanto minhas mãos habilidosas deslizavam pelos seus seios, massageando-os com carinho e gerando gemidos abafados. Suas mãos percorriam minhas costas, arranhando levemente a pele, aumentando ainda mais o nosso desejo.
O desejo entre nós era palpável, e nossos corpos ansiavam por se unirem completamente. Sentir a pele macia e quente de Fátima contra a minha era um deleite para os sentidos, e eu me entregava completamente naquele momento de intimidade.
Com cuidado e carinho, Fátima se posicionou sobre mim, guiando-se pelo instinto do nosso amor. Nossos corpos se fundiram em um ritmo único, um movimento que era uma expressão física do nosso amor profundo. Cada movimento era carregado de paixão, de intimidade, de uma conexão que só nós dois tínhamos.
À medida que alcançamos o clímax juntos, um sentimento de plenitude e felicidade nos invadia. Nosso amor transcendia a dimensão física e se torna uma força que nos unia além do prazer momentâneo. Éramos almas gêmeas, amantes apaixonados, construindo uma história de amor que se perpetuaria para sempre.
Após esse momento de profunda intimidade, permanecemos abraçados, envolvidos em um silêncio emocional de amor e gratidão. Nossas respirações se acalmaram, e eu senti a pulsação do coração de Fátima batendo em perfeita harmonia com o meu.
A noite passava lentamente enquanto eu lutava contra essas lembranças, que apesar de serem momentos em que éramos verdadeiramente felizes, se transformaram em uma faca afiada que perfurava meu coração, lembrando-me do que havia perdido.
O apartamento, que antes era nosso refúgio, agora se tornara um labirinto de memórias dolorosas. E, mesmo cansado, o sono não veio. Minha mente estava em guerra, e a solidão e a dor se tornaram meus companheiros indesejados. Fechei os olhos e imaginei o sorriso dela, sua risada contagiante e a sensação reconfortante de ter sua mão entrelaçada na minha.
Meu coração estava em pedaços, e a noite silenciosa testemunhava minha agonia. Mas, apesar de toda a dor, sabia que aquela decisão de seguir rumos diferentes tinha sido difícil, mas parecia a única opção viável naquele momento. A distância entre nós havia mudado, a felicidade que antes transbordava parecia ter se dissipado completamente. Os desentendimentos se acumularam e as mágoas faziam agora parte desse sentimento que nutríamos um pelo outro.
Fátima POV
As lágrimas corriam pelo meu rosto, ainda sentada no sofá, levantei-me com as pernas ainda fraca e caminhei pela nossa casa, cada cômodo invadido por lembranças que eu queria desesperadamente esquecer. Onde foi que erramos? Onde foi que deixamos nossos sonhos escorregarem entre nossos dedos? As perguntas se acumulavam em minha mente, mas as respostas pareciam tão distantes.
Ao ver uma fotografia, em cima do nosso piano, lembrei-me de como compartilhávamos alegria em vê nosso trio brincando juntos, contando como foi seu dia na escola. Era um ritual, quase que diário, que nos conectava como família, reforçando os laços que construímos ao longo dos anos. A imagem que me trouxeram esses pensamentos era uma que estávamos os cincos abraçados, nossos filhos entre a gente, com os sorrisos radiantes estampados em nossos rostos
As memórias me invadiram, inundando meu coração com um misto de nostalgia e tristeza. Eu costumava adorar esses momentos em família, quando todos estavam juntos e a felicidade era perceptível. Mas agora, essas lembranças pareciam tão distantes, como se pertencessem a uma realidade paralela.
Olhei ao redor, contemplando cada canto que havíamos decorado juntos, cada detalhe que representava o amor e a cumplicidade que um dia existiram entre nós. Lembrava-me de como éramos um casal apaixonado, cheio de sonhos e planos para o futuro. Éramos cúmplices em todas as nossas aventuras, apoiando-nos mutuamente e celebrando cada conquista. Havia uma intimidade única entre nós, um sentimento de confiança e compreensão profunda
Subi as escadas, cada degrau parecia mais pesado do que o anterior. Dirigi-me ao quarto, onde nossa cama costumava ser o palco de intimidade e conforto. Ao olhar para aquele espaço vazio, senti uma onda de tristeza me atingir com força. Deitei-me abraçando aquele travesseiro que ainda exalava um cheiro familiar e me trouxe lembranças do toque suave de seu rosto contra o meu. Fechei os olhos e tentei imaginar que ele estivesse ali, ao meu lado, sussurrando palavras reconfortantes. Mas era apenas uma ilusão, uma tentativa desesperada de preencher o vazio que havia se instalado em minha vida.
Permaneci no quarto por um tempo, sentindo-me sufocada pelas memórias, sai daquele cômodo e fui para o quarto de hóspedes. A dor da perda invade meu ser, consumindo minha alma, e a sensação de solidão se apossou de mim. Eu desejava voltar no tempo, consertar tudo, fazer as coisas de forma diferente. Mas o passado era imutável, e eu precisava encontrar uma maneira de lidar com essa realidade. E em meio a lembranças dolorosas, finalmente, consegui fechar os olhos e dormir.
A claridade entre as frestas das cortinas denunciava que o dia já amanhecera e, relutantemente, abri os olhos. A realidade me consome mais uma vez, trazendo consigo a sensação de uma lacuna dentro de mim e uma solidão que me acompanhara desde que ele saiu por àquela porta. Levantei-me lentamente, sentindo-me ainda mais frágil do que no dia anterior e caminhei até o banheiro. Encarei meu reflexo no espelho, os olhos inchados e vermelhos denunciando as lágrimas derramadas. Eu precisava ser forte, mesmo que a dor fosse insuportável. Precisava encontrar forças para seguir em frente, mesmo que o meu coração estivesse partido em mil pedaços.
O sol brilhava lá fora, o mundo seguia seu curso como se nada tivesse caído. Enquanto eu me preparava para enfrentar o dia de sábado, agradeci internamente por não trabalhar naquele dia, e prometi a mim mesma que não deixaria nada me abalar.
William POV
O dia seguinte amanheceu e parecia que um caminhão havia me atingido, minha cabeça lateja indicando uma noite mal dormida. Eu me levantei da cama, sentindo-me exausto e pesado. Caminhei até a cozinha e preparei uma xícara de café forte na tentativa de despertar. Enquanto o líquido quente escorria pela minha garganta, tentei organizar meus pensamentos e planejar o que viria a seguir.
Passaram-se alguns dias, do fatídico dia, via a Fátima apenas pela TV apesentando o “Encontro”, percebia a tristeza em seu olhar, embora quisesse demonstrar a todos o contrário. Ainda estávamos casados perante a imprensa. Não podíamos demonstrar nossa infelicidade, precisávamos ainda comunicar nossa decisão aos nossos amigos em comum, nossos pais e principalmente, e mais doloroso, aos nossos filhos.
Decidi que era hora de encarar a realidade e enfrentar as consequências das nossas escolhas. Com o coração apertado, enviei uma mensagem para Fátima avisando que buscaria minhas coisas, que precisávamos conversar e encontrar uma melhor maneira de contármos aos nossos familiares e amigos próximo nossa separação. E recebi um seco “Ok” como resposta.
No dia combinado, fui em direção da minha antiga casa, ainda carregando o peso da incerteza e da tristeza. Estacionei o carro na nossa garagem, respirei fundo e adentrei, talvez, pela última vez naquele lar. Ao entrar, senti um arrepio percorrer minha espinha, pois cada cômodo ecoava as memórias do nosso relacionamento.
Caminhei lentamente pela sala de estar, observando os móveis que antes eram testemunhas de nossa alegria e amor. Agora, eles pareciam desprovidos de vida, apenas objetos inanimados que sustentavam lembranças dolorosas. Meus olhos se inclinavam para o sofá onde costumávamos nos aconchegar juntos, compartilhando risos e sonhos. Uma lágrima solitária escapou dos meus olhos ao perceber que aquele lugar vazio nunca mais seria preenchido com a mesma intensidade.
No entanto, algo parecia fora do lugar. Um leve cheiro de perfume invadiu minhas narinas, um aroma doce e familiar, que eu sabia que estaria ali. Meu coração disparou enquanto eu olhava ao redor, buscando por qualquer sinal de presença. Quando me virei, lá estava ela, sentada em uma cadeira que estava de costas e não pude vê-la quando chegara.
- Oi William – falou, com um ar de superioridade querendo esconder a dor no seu coração...
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