Além das Estrelas: Memórias de um Jedi
Capítulo 14 – Prisioneiro de guerra
Dias atuais, Corellia
Podia sentir o medo e agitação a sua volta, enquanto olhos ansiosos o encaravam atentos e temerosos, estava acostumado a aquele tipo de sentimento a o rodear, por isso manteve a indiferença costumeira, mas tudo ruiu quando a viu chegar correndo, com os fios róseos de seus cabelos, balançando a suas costas. Era incrível como Sakura ficava mais bonita a cada minuto e o tempo distante só contribuiu para o aumento daquela beleza, pois ainda que estivesse ofegante e com o longo cabelo despenteado pela corrida, ela ainda era a mulher mais linda que Sasuke já havia visto em toda sua vida.
─ Sasuke! ─ ela o chamou ao tentar se aproximar, mas logo foi detida por um homem ruivo, que se pôs a sua frente.
“tsc” ─ o sith quis ir até ela, no entanto, sabia que não seria o correto e o aperto que Karin deu em suas algemas apenas confirmaram isso.
─ Sassukeee! ─ a voz estridente de Naruto chegou a seus ouvidos, assim como o loiro logo entrou em seu campo de visão. ─ Seu maldito! Como pode?! ─ perguntou sem tomar folego.
“Tão barulhento.” ─ pensou Sasuke, mas continuou calado. Não sabia sobre o que o velho amigo estava falando, então iria se manter em silêncio até a chegada da general Tsunade, que era quem tinha o poder de lhe manter vivo ou não.
─ Se controle, Naruto idiota! Sasuke Uchiha é um prisioneiro e tem o direito de permanecer calado até.... ─ começou Karin encarando o primo, mas logo se calou ao enxergar a ira nos olhos perolados de Hinata que vinha logo atrás do companheiro.
─ Direito de permanecer calado?! ─ a ex-Hyuga começou com um desdém nunca visto em sua voz antes. ─ E o meu direito como mãe? O meu direito de ver meus filhos crescerem?!
─ Hinata...
─ Não, Naruto! Eu preciso falar. Ainda que você e Sakura acreditem que ele tenha salvação, eu não posso esquecer! ─ a mulher confessou, expondo a ferida que a machucava há anos. ─ Esse homem tirou meus filhos de mim e os abandonou “deus sabe se lá onde” e agora surge como um prisioneiro mascarado e ninguém se pergunta o porquê ou se é realmente ele? ─ Hinata parou a sua frente e Sasuke sabia que não teria escapatória. ─ Tire essa coisa ridícula, Uchiha, para que eu possa ver o rosto do homem que tirou meus filhos de mim.
Sasuke estremeceu, Naruto e Hinata já sabiam sobre o sequestro e o abandono de seus filhos e agora, Hinata jogava em sua cara toda a dor que causara com suas atitudes do passado. Não tinha como negar, ele era um inseto desprezível da pior espécie e assim como as duas pessoas a sua frente, Sakura também deviria saber daquilo. Assim, disposto a recuperar um pouco da confiança dos que ali estavam, o Uchiha levou as mãos presas até a base do capacete negro que usava, pensando que usá-lo ali, realmente, havia sido um grande erro.
─ Você não precisa fazer isso ─ Karin sussurrou sem encarar Naruto que estava a sua frente.
─ Eu preciso ─ foi tudo o que o homem respondeu tirando a peça metálica de uma vez, jogando-a no chão.
O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Ninguém ousava falar nada enquanto Naruto e Sasuke se encaravam, o loiro não pode deixar de notar o estrago que havia feito no rosto do amigo há anos, mas a cicatriz avermelhada que passava o olho esquerdo de Sasuke, em um corte diagonal, lhe dava um ar ainda mais amedrontador que seus olhos vermelhos.
─ Desculpe ─ o Uchiha começou desviando o olhar dos olhos de Naruto para encarar Hinata brevemente. ─ por tudo.
─ Posso saber o que, diabos, está acontecendo aqui?! ─ a voz autoritária de Tsunade quebrou o silêncio que as últimas palavras de Sasuke causaram no ambiente. ─ A reunião de emergência era para ser no salão de estratégias e não aqui na porta! Karin, leve o prisioneiro para a cela e depois retorne para fazer seu relatório da missão.
Após as palavras finais, a loira voltou pela mesma porta de onde tinha saído, fazendo sinal para que Sakura a seguisse e ainda que contrariada, a Haruno foi, sendo seguida pelo mesmo ruivo que a havia parado momentos antes. E foi aquela proximidade repentina que chamou a atenção de Sasuke, afinal quem era aquele cara? E o que ele estava fazendo ao lado de sua mulher?
─ Vamos, Uchiha? ─ a voz de Karin o tirou de seus devaneios, quando sem proferir mais nenhuma palavra, Naruto e Hinata também seguiram a Senju. ─ Eu te falei que isso não seria fácil ─ a ruivo completou observando que ninguém podia os ouvir. ─ Mas confesso que não esperava aquela reação da Hinata...
─ É plausível ─ foi tudo o que Sasuke se permitiu dizer, afinal, das coisas terríveis que ele havia feito a mando de Madara, separar Naruto e Hinata de seus filhos havia sido uma das piores, assim como todos os assassinatos e roubos.
─ Eu entendo ─ foi tudo o que a ruiva respondeu ao observar os olhos pesarosos de seu mestre. ─ Agora que essa parte já passou, temos que nos concentrar na pior, que será o seu interrogatório. Não creio que eles iram facilitar as coisas para você, mestre, mesmo que você queira se redimir e tal.
─ Hm.
─ Por aqui ─ ela continuou parando em frente a um corredor mal iluminado. ─ Logo eu volto para te buscar, mestre. ─ concluiu destravando uma pesada porta de metal, que Sasuke sendo quem era, poderia facilmente derrubar, mas não o faria. Estava em busca de perdão e de sua família, faria o que fosse preciso para ter Sakura e seus filhos de volta.
***
─ Ele é um assassino! ─ vozes exaltadas podiam ser ouvidas de longe quando Sakura, enfim, alcançou a sala de reuniões. ─ Não podemos mantê-lo aqui ─ continuou Danzou, que era o mais exaltado de todos os presentes.
─ Não me diga o que podemos ou não fazer, capitão! Isso é um conselho de guerra e eu ainda sou sua general ─ Tsunade vociferou calando o homem, que a olhava com rancor. ─ Karin? ─ chamou procurando pela moça ruiva, que acara de adentrar o salão. ─ Já pode nos apresentar seu relatório de missão?
─ Sim, general ─ a outra respondeu prontamente, tomando folego para iniciar sua narrativa de como Sasuke Uchiha havia se voltado contra Madara ao descobrir seus planos. ─ Acredito que ele possa estar do nosso lado ─ ela concluiu.
─ Mas é claro que ela acredita. Foi aluna dele e quem sabe mais o que! ─ Danzou riu, desdenhoso.
─ O que disse, seu verme?! ─ a ruiva indagou, socando a mesa a sua frente.
─ Karin! Danzou! Já chega ─ Tsunade sentenciou, silenciando a todos. ─ O que acha, Shikamaru? Pode ser apenas um plano de infiltração de Sasuke e Madara?
─ Para ser sincero, general, isso seria um plano cheio de falhas e acredito que Madara não se desfaria de seu principal guarda-costas ─ constatou o homem, fazendo Sakura soltar do pulmão o ar que nem percebia estar segurando. ─ No entanto ─ ele continuou. ─ Não podemos descartar nenhuma hipótese antes de interroga-lo e acredito que Ino seja a mais qualificada dessa missão ─ finalizou, encarando os olhos azuis de Ino e os castanhos de Tsunade.
─ Certo. Ino, você já tem sua missão. O restante de vocês se ocupe do carregamento das naves, precisamos deixar esse planeta o mais rápido possível. Afinal, se Sasuke mudou mesmo de lado, Madara logo mandara homens para acabar com ele e com quem o acolheu. Dispensados!
Todos começaram a sair aos poucos, mas Sakura precisava falar com a general. Precisava de sua permissão para falar com Sasuke e, mais do que ouvir toda aquela história da boca de Karin, precisava ouvir da dele. Entender o que estava acontecendo ali. Afinal, a jovem Jedi ainda era uma incógnita para ela, pois desde que a libertara, foi ela que sempre lhe disse o quão mal Sasuke era e agora, estava ali, defendendo-o na frente da aliança rebelde inteira.
─ Haruno ─ a voz do homem que sabia se chamar Gaara chegou a seus ouvidos. ─ A general Tsunade pediu para que eu a levasse a enfermaria para que fique com sua filha.
─ Não ─ a voz de Sakura saiu mais dura do que planejava. ─ Preciso falar com ela antes.
─ Mas...
─ Será só um segundo ─ declarou, interrompendo o rapaz, que a encarrou encabulado, mas não a impediu.
A loira não estava muito distante, então Sakura logo a alcançou, parando a sua frente.
─ Não posso permitir que fale com Sasuke, Sakura ─ declarou sem olhá-la nos olhos. ─ Ele é, ou era, um inimigo extremamente perigoso da aliança. Não posso aceitar que você esteja no mesmo ambiente que ele, visto que Sasuke já tentou te matar uma vez.
O peso daquelas palavras tirou a voz da mulher mais novas, assim como dedos invisíveis de Sasuke haviam lhe tirado o ar anos atrás, sufocando-a com a dita Força que os Jedi sempre idolatravam.
─ Isso não vai acontecer, general ─ a voz de Naruto cortou o silêncio, quando o loiro se pôs ao lado da amiga. ─ Precisamos resposta, vovó Tsunade e apenas Sakura e eu somos capazes de tirar algo daquele maldito.
─ Naruto, você não me faça perder a pacienc...
─ Você sabe que tenho razão, vovó ─ ele continuou.
─ A resposta ainda é “não”, Naruto ─ a loira vociferou, dando as costas para os dois mais novos. ─ Apenas Ino e seus subordinados tem permissão para chegar perto de Sasuke Uchiha e não quero ouvir mais uma palavra sobre isso de vocês dois ─ concluiu saindo de uma vez do lugar.
─ Vovó Tsunade parece que ficou mais teimosa com o tempo ─ o loiro reclamou se voltando para Sakura após a saída da mais velha. ─ Em que você está pensando? ─ indagou Naruto ao enxergar um brilho inteligente nos olhos verdes da amiga. ─ Está planejando quebrar alguma regra?
─ Talvez. Onde está Hinata?
─ Foi até a enfermaria ficar com Boruto e Himawari...
─ Bom, então apenas me siga. Já pensei em tudo....
***
A enfermaria estaria vazia se não fosse pelos pacientes deitados após a última invasão de Sasuke Uchiha e pelos irmãos contrabandistas que Sarada havia acabado de descobrir que eram os filhos perdidos de seus mestres. Tudo estava uma confusão e era não sabia o que mais iria descobrir sobre a história das pessoas que a cerva até o final do dia.
─ Que loucura ─ sussurrou vendo Seiji se esgueirar pela porta, passando ao lado de uma distraída Shizune, que trocava o curativo de um paciente, concentrada.
─ Lá fora está um caos ─ ele começou observando os irmãos inconscientes. ─ E aqui não parece estar tão diferente. O que houve com eles?
─ Me mestre, que eu achei que estava morto, mas está vivo, os colocou para dormir...
─ Preciso me preocupar com isso? ─ ele perguntou sorrindo, mas Sarada pode enxergar um real preocupação em sua voz.
─ Acredito que não. Longa história.
─ Eu tenho tempo ─ ele falou calmamente e Sarada não pode deixar de notar o quanto ele se parecia com ela própria quando queria saber sobre algo. A mesma curiosidade e os mesmos olhos negros.
Suspirou confusa. No que ela estava pensando?!
─ Talvez outra hora. Acho que ainda preciso descansar um pouco, se não se importa.
─ Ah, claro! Me desculpe. Vou descansar um pouco também. Logo mudaremos de base, então preciso estar cem porcento ─ ele sorriu. ─ Te vejo mais tarde! ─ e saiu deixando Sara com seus pensamentos confusos para trás.
As coisas estavam cada vez mais confusas!
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