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História Além dos Séculos - Capítulo 9 - História escrita por AdelaideMillss - Spirit Fanfics e Histórias
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História Além dos Séculos - Capítulo 9


Escrita por: AdelaideMillss

Capítulo 9 - Capítulo 9


Voltando aos estábulos, o rei estava apostos, acompanhado de cinco guardas em uma distância considerável em alerta de qualquer ameaça contra sua Majestade. Anna sentiu uma onda de adrenalina dentro de si, relembrando o enfrentamento que teve com Francis na noite anterior. Ele poderia ser o rei da França, mas ela era uma mulher do século 21 que sabia muito bem se impor e não ficaria calada sabendo que o elemento para seu transporte ao seu século fora confiscado.

 Sebastian ajuda a princesa a descer de Petrus, o cavalo balança o rabo preto relaxando após o percurso, e ganha um carinho na crina da princesa.

- Amanhã no mesmo horário, e iremos correr de verdade. – Bash diz entregando as rédeas do cavalo a um servo.

- Estarei aqui. – Anna vai ao encontro do rei, que vestia um traje negro, visivelmente de couro, poderia ter sido reconhecido como um guarda em dias de descanso, quando trajes metálicos não eram necessários, mas os anéis de ouro entregavam sua posição de autoridade.

- Está se adaptando muito bem, pude ver um pouco do treino.

- Certificou-se de que não deixarei seu país ruir? – A princesa diz, e começa a andar, passos lentos que Francis acompanha, levando antes uma encarada do irmão “Essa saiu a mãe” ele gesticulou, tirando uma revirada de olhos do rei.

- Devo lembrar de que é seu país também, foi criada como Stuart, mas também é uma Valois.

- Elogios não irão aumentar seus pontos comigo. – As falas eram rudes, mas a calma no tom de voz de Anna o surpreendeu. Ela argumentava com elegância, sem indiretas desnecessárias, não tinha receio em relatar sua frustração e também não deixava o sangue ferver tanto, e se deixava, não externava isso. Mas, o rei também não estava habituado a ser contraditado, e teria que esforçar-se bastante para construir uma relação pai e filha sem que a diferença de idade e de vivências tornassem impasses em suas vidas.

- Tenho uma reunião com Lorde Narcise, se não estou errada. – A filha corta o silêncio, mas sem tirar o olhar da frente, ignorando o rei.

- Sim, você tem informações valiosas de seu tempo, Narcise é nosso Lorde estrategista, assim que você retornou ele exigiu uma conversa com você.

- Ficarei feliz se puder evitar um banho de sangue como vários aconteceram.

- As coisas ficam muito feias, posso supor.

- E como. – Anna diz de forma vaga, recordando sua conversa com Mary, talvez a rainha tenha dito ao marido o que poderia estar por vir. Mas a feição tranquila de Francis talvez entregasse que Mary Stuart não disse nada sobre sua doença. Anna notou, entre olhadas rápidas que seu cabelo era no mesmo tom que o do rei – Posso confessar algo a você?

- É claro... O que quiser! – Sua animação foi bem reveladora, o rei estava ansioso pela troca de confidências com a filha, ele odiava que as obrigações com o país estivessem entre os dois.

- Estou muito preocupada com o que acontecerá com minhas modificações, não sou uma historiadora ou algo do tipo, mas, pela minha experiência profissional no antiquário, temo que reinados comandados por duas grandes rainhas não se concretizem.

- Imagino que Elizabeth seja uma delas.

- Sim, você não pode imaginar as conquistas... Eu moro no Reino Unido, então cresci admirando a união das quatro nações em uma só.

- A França está inclusa nesse reino?

- Não... A França é um país independente e próspero, você ficaria contente com a beleza de lá. – Anna diz com a voz mais calorosa.

- Acredito que já a tenha visitado em seu tempo.

- Não, era uma meta minha e de Catheryne, assim que tivéssemos dinheiro o suficiente, ela falava sobre a beleza francesa todos os dias, com um brilho incrível nos olhos.

- Ainda não pude dizer o quanto fico feliz de você ter crescido com ela, com mais intimidade até que seus próprios filhos. Minha mãe era uma mãe rigorosa, mas posso ver em sua criação que ela foi uma avó calorosa e exemplar, quero que aceite meus agradecidos por ter... De certa forma cuidado dela durante os anos em que estiveram juntas.

- Não Francis... Eu é que agradeço por vocês terem a mandado comigo, eu não tive você ou Mary por perto, mas Catheryne suprimiu bem qualquer ausência, eu não poderia ter tido um exemplo melhor.

O rei sorri e eles continuam andando pelos corredores do castelo, até chegarem ao gabinete de Narcise, a porta de madeira bruta é aberta por dois guardas, e os membros da realeza adentram o cômodo.

Stephane Narcise estava sentado, atrás de uma enorme mesa de carvalho com enormes mapas abertos. Era um homem magro, mas com o rosto de traços fortes, seu cabelo escuro tinha um corte curto, muito usado na contemporaneidade.

- Princesa Anna – Ele levanta-se – Vossa Majestade... – Faz referência para ambos a sua frente. – Estava aguardando com animação essa reunião.

- Adiantei um pouco o objetivo dessa conversa, para que Anna conseguisse organizar seus pensamentos. – Francis diz, puxando uma cadeira para a filha senta-se, Anna faz o esperado, prendendo a respiração quando o traje de treino beliscou sua pele em algumas partes.

- Muito bem, acredito que queira sugar qualquer informação privilegiada de mim, não?! – Anna diz com um sorriso irônico.

- A há! Vejo que Catheryne lhe educou muito bem. – O homem fez uma expressão que Anna não sobre decifrar bem, mas Sebastian a havia alertado sobre os jogos de Stephen. – Muito bem princesa, diga-me como devemos tirar Elizabeth do caminho da França e da Escócia.

Anna enfureceu-se com a fala do Lorde, sua expressão mudou para uma mais séria.

- Por qual motivo você define Elizabeth como vilã?

- As tropas escocesas que sucumbem na terra da rainha Mary, derrotadas sem escrúpulos por homens ingleses são um bom motivo, não acha princesa?

- Não, acredito que ela fez isso devido à pressão sofrida que coloca sua posição como rainha em cheque.

- O trono inglês também é de direito de sua mãe, querida. – Francis diz, com uma voz mais amistosa do que Narcise.

- Mary já possui a coroa de dois tronos, isso não seria... cobiça demais?

- De modo algum, uma nação tão rica e poderosa como a Inglaterra faria da França um país sem inimigos graves, é um direito de nosso país devido ao casamento real dos monarcas, fora que, como nós estamos mandando tropas e suprimentos para a Escócia, nossas reservas estão ficando comprometidas.

- Então culpa a Escócia? Até onde entendo, em um casamento monárquico, além de compartilhar duas vidas, dois reinos também entram na equação.

-  Está certa, mas não comprometeremos a França para mais que o necessário.

- Em que ponto está querendo chegar? – Anna estava ficando impaciente com a falta de comprometimento do Lorde.

- Precisamos do trono inglês, princesa. Caso contrário, a Escócia padecerá e consequentemente a França também.

- Narcise, não chegaríamos a esse ponto, a coroa da Escócia também está sobre minha cabeça. – Francis intervém. – Minha obrigação é com os dois países, devo lembrar.

- Até que isso comprometa a França, Majestade. Com todo respeito, os nobres não acharão uma decisão prudente comprometer nossos mantimentos por muito mais tempo com a proteção de uma Nação que não vem nos oferecendo nada que não seja dores de cabeça.

- Isso inclui você, não é mesmo?! – Anna diz, Narcise não se dá por vencido, apenas se acomoda melhor em sua cadeira.

- Concordando ou não com minhas estratégias, Princesa, algo deve ser feito de imediato. Estamos em uma trégua de combate com a Inglaterra, mas até quando? Não sabemos quando a rainha inglesa ordenará ouro ataque, e duvido que nossos espiões obtenham informações descentes por enquanto.

- Mas isso será uma decisão tomada de modo que favoreça todas as nações, Lorde Narcise... – Anna coloca-se de pé, sendo observada pelos dois homens. – Proponho uma reunião com a rainha Mary presente, afinal, a rainha da Escócia é ela, não podemos tomar uma decisão política dessa demasia sem a monarca presente.

- Alteza, é comum que estratégias políticas sejam feitas sem a coroa estar presente e...

- Francis está aqui representando a França, você também, eu... Estou aqui para relatar informações de grande importância, e se vamos trapacear de tal modo, espero que seja pelo bem do maior número possível de pessoas e que a rainha da Escócia esteja presente, a ganância não irá bagunçar tanto a minha realidade.

- Irei chamar sua mãe querida. – Francis diz, olhando para Narcise – No final da tarde nos reuniremos novamente.

- Estarei à espera, Alteza. - O homem diz encarando a princesa, pausando bem o "Alteza", Anna percebeu que lorde Narcise encarou suas atitudes como um desafio, que a princesa faria questão de deixar mais interessante.

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Narcise observava a princesa ir embora enquanto coçava a barba, o rei estava perplexo de tal modo que não teve argumentos que contradissessem a fala de Anna. Ele precisava ser forte, superior, ou por Deus, algo teria que ser feito contra o monarca para que a nação não padecesse.

- Majestade, temo que a falta de aptidão da princesa com nossos costumes comprometa essa operação.

- Ela não está habituada a tudo isso, é uma mulher do seu tempo, e por Deus, sim, é de imensa estranheza que ela tenha tal segurança nata em suas falas. Mas, por que não antecipar esse habito para nosso tempo? Mulheres serem tão diplomatas como os homens, minha mãe inclusive era assim você sabe.

- Meu rei, sua mãe era assim, e passou tal habilidade para a princesa. Com todo respeito ao senhor e a falecida rainha-mãe... Não podemos confiar que seja um traço da era de sua filha, e sim a exceção à regra. Pensemos como estrategistas, a princesa precisa compreender as regras desse jogo ou a França sucumbirá às garras daquela bastarda.

Francis pensativo, sentia que não queria que o Lorde estivesse certo, Narcise podia ser uma erva daninha quando o objetivo era colocar seus planos em prática, e temia o quanto sua determinação seria prejudicial durante a estadia da filha.

O rei deixou o gabinete de seu estrategista, indo em direção aos seus aposentos. Anna não poderia ser questionada tão veementemente, porque o monarca sabia que se a princesa se enfurecesse o suficiente, os planos de cortejá-la a ficar iriam pelos ares e Mary sucumbiria à tristeza infinita. Não suportaria ver sua rainha assim, mas por outro lado, ele herdara a gestão de um país inteiro, não poderia ser o primeiro Valois a negligenciar seus deveres reais por interesses pessoais, já fizera isso quando seu pai quis livrar-se de Mary, não poderia ter uma mente tão infantil novamente.

- Decisões, decisões... – O monarca sussurrou enquanto adentrava seus aposentos em busca da esposa.

 

Anna era servida no jardim por Rosalie e Aly. A mesa, exageradamente farta, estava disposta decorada com flores de verão. A princesa então lembrou do discurso de Lorde Narcise ao reclamar do auxílio que a França dava à Escócia com mantimentos em meio à guerra. A hipocrisia era costume popular da monarquia, isso mostrava ser um fato.

- Sentem-se comigo, eu nunca conseguiria devorar tudo isso sozinha. – Anna diz em um tom doce, suas damas meio sem jeito obedecem a sua senhora.

- Sua Alteza é muito generosa, se posso dizer. – Aly diz, Anna gostava do jeito desinibido da dama, contrário ao de Rosalie, que ainda deixava a timidez nítida.

- Por oferecer o almoço? Não é nada, vocês devem ser servidas também, não é uma boa vida servir os outros pela eternidade.

- Mas está nos nossos costumes há gerações – Rosalie diz, colocando um lenço no colo. – Minha mãe era dama da princesa Elizabeth, irmã mais nova de seu pai e atual rainha da Espanha. É como... Uma porta de entrada para encontrar um marido que faça parte dos nobres e garantir uma boa vida.

Anna queria criticar, mas era uma época diferente, hábitos diferentes. Estava em um lugar onde a independência feminina era uma utopia, dizer que as mulheres conseguiam qualquer coisa com seu poder na contemporaneidade, e todas as conquistas que refletem isso poderia causar confusão em suas damas, então precisava transmitir essas boas novas devagar.

- E você Aly? Qual sua história? – Anna pergunta, e a ruiva não tenta disfarçar seu semblante de entusiasmo em deter a palavra. Alexandrina Deveroux adorava ser o centro das atenções.

- Bem, meu pai é o Barão De Deveroux, responsável por parte do quadrante oeste da cidade, e também do vinhedo de Deveroux. Mandamos vinhos para Paris, Espanha... - Anna interrompe gentilmente.

- Não querida, a sua história, não da sua família. Assim não teria graça essa conversa, já que vocês sabem mais do que eu sobre a minha.

- Claro princesa, peço perdão... – Rosalie rir, enquanto saboreia uma fatia de carne ao molho. – Eu pretendo achar um espanhol riquíssimo e finalmente sair das asas dos meus pais.

- Espanha? Não gosta daqui? – Anna pergunta curiosa.

- Claro princesa, é minha terra natal, mas quero muito conhecer novas paisagens. Algumas vezes acompanhei meu pai durante a distribuição de vinho, e mesmo trancada em hospedarias, pude notar a diversidade de pessoas e costumes... Isso é de fato muito fascinante! Casando com um estrangeiro posso satisfazer esse desejo.

- Não esqueça de que o principal é que esse pretendente seja gentil com você. – Anna diz.

- Não se preocupe, Vossa Alteza, papai não me entregará para qualquer um, e tenho dois irmãos muito protetores comigo.

- Sorte a sua. – Rosalie diz. – O meu irmão ainda molha a cama.

- Ninguém machucará vocês duas. – A princesa diz e toma uma taça de vinho, sentindo aquele gosto forte e adocicado, uma combinação que Charles chamaria de perigosa, visto que bebidas assim costumam ser subestimadas.

Um ligeiro silêncio acompanha a refeição, Anna perdia-se em pensamentos apreciando o céu. Aquilo parecia um conto de Julia Quinn perfeito! A jovem agora usava um vestido verde pastel, realçado seus cabelos loiros e bem ornamentados graças às habilidades de Aly com penteados. Os espartilhos ainda a incomodavam, mas suas damas foram gentis o suficiente de lhe trazer um com menos tranças para fazer, assim poderia sentar-se sem que o ar lhe faltasse.

- Princesa, posso perguntar algo? – Rosalie pergunta, com seus olhos castanhos ardentes de curiosidade.

- Claro.

- Como Vossa Alteza se sente em meio a toda essa vida atípica? Digo... Praticamente a senhorita nasceu há menos de uma semana e já está devidamente madura fisicamente na idade de arranjar casamento.

- Acredite Rosalie, em minha época temos um profissional responsável pela saúde mental...

- Como um padre? – Ali diz entusiasmada.

- Não, mas foi uma boa comparação! – A dama sente-se orgulhosa por ter mais ou menos acertado na afirmativa. – Como um médico da mente. E se eu estivesse lá, precisaria de muitas visitas para tentar entender sem ter um colapso. Mas, de algum jeito, minha avó sempre falou de tudo isso para mim, mesmo quando eu que, com o passar do tempo, negligenciei suas falas. Então, por mais que pareça louco, é como se as peças de um grande quebra-cabeça se encaixassem mesmo não sendo da minha vontade.

- E tem levantado muitos rumores pela corte! – Aly diz, levando uma taça de vinho aos lábios.

- Isso sempre terá, acreditem. – A princesa diz. – Mas o que podem fazer? Decapitar minha cabeça?

- Ou veneno, seria mais silencioso e difícil de descobrir o autor. – Rosalie diz, e percebendo seu devaneio, com as outras duas mulheres lhe encarando volta a realidade. – Desculpem-me, estou pensando alto.

- Tudo bem, não deixa de ser uma verdade. – A princesa diz, um guarda aproxima-se das mulheres, fazendo reverência para Anna.

- Vossa Alteza, o rei pede que compareça ao gabinete de guerra após sua refeição. – O homem diz mantendo uma postura ereta, e sem olhar nos olhos de Anna.

- Certo, obrigada. – A princesa espera o guarda estar a uma distância considerável para voltar-se para suas damas? – Onde fica esse gabinete de guerra?

- Nós a levaremos lá alteza. – Aly diz. – Mas ouviu o homem, termine sua torta de amoras primeiro, está uma delícia.

 


Notas Finais


Narcise como sempre, sendo um amor de pessoa não é mesmo? Será que a princesa Anna se deixará ser persuadida pelo mestre da chantagem? Próximo capítulo ainda hoje, espero que tenham gostado!.
- Ravenclaw


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