2016
"Nós éramos uma família feliz!"
(....)
— Diga kimbap! — sorri largamente, enquanto encarava a lente de uma câmera.
— Kimbap!
Em apenas um clique, foi possível ver o decaimento da luz, em seguida, uma foto a ser revelada. Um momento lindo registrado sobre uma pequena máquina fotográfica, uma imagem repleta de luxúria e beleza. O centro destaca uma família feliz, sorrisos brilhantes formam o que as pessoas chamam de "felicidade genuína". Era possível enxergar o amor e a compreensão no olhar dos dois amantes que, no colo, carregavam um pequeno bebê.
Em cada milímetro do papel glossy, uma memória era deixada de lado para que, assim, ela fosse eternizada em algo monótono e sem vida. Para que o amor fosse conservado da maneira mais pura e linda!
Se eu pudesse ter um único desejo, eu desejaria que isso durasse para sempre!
(...)
— Vamos terminar!
— O-o quê? Como assim? — Questionei.
— Hobi, nós não podemos continuar assim!
— Do que você 'tá falando, Jungkook?
— Olha, eu não aguento mais viver brigando com você… estou farto disso!
— JK, se o problema for as brigas, nós podemos mudar isso… não precisamos terminar por algo tão bobo! Casais que se amam, também brigam! — Levei a minha mão direita ao encontro da sua, porém, no mesmo instante, JK se afastou. — H-hum?
— Você não 'tá entendendo, hyung… eu quero ser feliz! — Ele me encarou de maneira séria. Mas, foi possível ver a sua tristeza estampada nos olhos.
— Hã? O quê? Ser… feliz? — Perguntei, meio confuso — Como assim "ser feliz"?
— Por favor, não complique as coisas, hyung!
— Espera aí… você está terminando comigo porque estamos "brigando demais" ou… por que você tá infeliz comigo, Jungkook? — Mentalmente, eu implorava para que fosse a primeira opção. Enquanto eu encarava seus olhos negros, evitando demonstrar toda a tristeza que estava alojada em meu peito.
— Hah~ — Ele suspirou, mantendo a sua expressão entristecida — Me desculpa, Hobi! Enfim, pode passar a noite com o seu filho aqui… mas, por favor, arrume suas coisas e vá embora ao amanhecer!
— Mas…
— Por favor! Aproveite que estou sendo gentil… — Ele deu de ombros e caminhou até a porta de entrada. — Não precisa me esperar! Possivelmente, eu não voltarei hoje… deixe a chave no mesmo lugar de sempre! — Ele me olhou por cima do ombro, porém seguiu em frente e saiu de casa.
— O-o quê? — No mesmo instante que ele saiu, me encontrei em um ambiente silencioso e triste. Meu peito estava latejando e meus olhos, de repente, se encheram de lágrimas. O mundo pareceu desabar em cima da minha cabeça.
Pouco tempo depois, eu me levantei e caminhei em direção ao quarto. Lá, eu me deparei com o meu pequeno príncipe, ele estava dormindo sob as cobertas, tranquilo e delicado. Fiquei encarando-o por alguns segundos, enquanto chorava levemente. Eu queria colocar toda aquela dor alojada em meu peito para fora, porém… eu tinha medo que meu filho se deparasse com essa situação. Não queria demonstrar-lhe minha fraqueza!
Organizei nossos pertences dentro das malas, e arrumei tudo aquilo que havia bagunçado durante o dia. Mesmo que eu estivesse sem coragem, eu não queria ficar naquele lugar mais um segundo. Coloquei um pano sobre o peito, peguei meu bebê no colo e, na mesma noite, fui embora.
No entanto, eu não possuía um lugar para ir. Estava sem rumo e perdido nos meus pensamentos, era tudo tão estranho, mesmo que eu já estivesse acostumado com os términos de relacionamentos. Meu coração não parava de doer um segundo e eu me obrigava a ser forte, por causa de meu filho.
Enquanto caminhava, consegui encontrar um abrigo para passarmos a noite. Os meus braços e pernas estavam exaustos pela caminhada, com o peso das malas e de um bebê. Sem muita demora, o meu filho acordou e estranhou aquele lugar, por não entender onde estava.
— Papa, onde estamos? — Ele deitou um pouco sua cabeça para o lado, com seus olhos inchados pelo sono.
— Mmh, estamos em um abrigo, meu amor! — Sorri levemente, porém, logo acariciei seus cabelos.
— Cadê o papai? — Ele se levantou de onde estava deitado e subiu no meu colo.
— O papai? — Eu passei meus braços em volta dele e o segurei firme. Senti ele apoiar sua cabeça em meu ombro, enquanto arrumava alguma desculpa para não magoá-lo — O papai ele… precisou dar uma saída, querido!
— Ele vai voltar logo? — falou em um grande resmungo, espreguiçando-se.
— Talvez sim… eu não sei! — Os meus olhos começaram a lacrimejar, então apenas apoiei minha cabeça na de meu filho e o balancei. Estava tão triste, mas eu não queria transpassar aquele sentimento ruim para meu bebê. — O que acha de comermos algo quente?
— Sopa…
— Hum? Você quer sopa?
— Uhum… — Acenou com a cabeça.
— Certo, certo. Então, vou encomendar uma sopa bem quentinha para nós dois! — Falei, enquanto acariciava suas costas. Era tão reconfortante aquele dengo. Após algum tempo, fiz a encomenda em um restaurante local, e o meu filho pequeno simplesmente amou a sopa.
— Muito bom, papai!!! — Ele falou empolgado, enquanto sorria largamente.
Sabe, mesmo com os pensamentos repletos de aflição, medo e tristeza, é bom ver que o sorriso de alguém me causa bem-estar. É como se as minhas preocupações não existissem mais, é um sentimento inexplicável ver aquele garoto feliz. Sem dúvidas, ele é quem me dá forças para continuar. Eu quero ser o melhor pai do mundo para ele… Não quero decepcioná-lo!
O meu maior desejo nesse momento, é conseguir um trabalho para sustentar minha família. O único problema, é ter a noção de que preciso ir com meu filho de um lugar para o outro. Como sou novo, possuo apenas 22 anos, tenho agilidade o suficiente para dar conta de bastante trabalho e isso aumenta muito as minhas chances de conseguir um emprego. Porém, como eu já tenho um filho pequeno, as minhas chances diminuem para 0,02%. Conseguir um emprego que aceite o meu bebê comigo, é o maior desafio aqui.
Estando de "luto" ou não pelo meu recente término, eu não poderia ficar parado. Sou pai e tenho uma pequena boca para alimentar. Esperei que o dia raiasse para sair em busca de um trabalho, imprimi alguns currículos, mesmo que não fossem tão interessantes e saí distribuindo pelo bairro.
Olhares estranhos surgiam à minha volta. No fundo, eu sabia que estava sendo julgado por todas as pessoas ao meu redor. Na Coréia do Sul, não é muito comum você ver pais tão jovens, como eu… entregando currículos casualmente, com uma criança no colo. A sociedade não enxerga isso muito bem. No entanto, não me afeta. Meu bebê é parte de mim.
Durante o dia inteiro, corri de um lugar para o outro feito louco, mas a entrega dos currículos, obviamente, ainda não havia surtido efeito. Então, eu pus meu bebê para dormir, após um banho quentinho e uma refeição adequada para que amanhã possamos entregar mais currículos, torcendo que me chamem rápido.
— Aish… por que demora tanto? — Eu estava abraçando as minhas pernas enquanto olhava meu filho dormir — Não se preocupe muito, meu amor… o papai vai dar um jeito! — Murmurei.
Pela manhã do dia seguinte, eu segui o mesmo trajeto. O tempo estava nublado, então tive medo de que meu filho pudesse adoecer, caso chovesse. Então, fiz as coisas depressa e aproveitamos para comer alguma coisa. Coloquei meu bebê na cadeirinha daquela loja e fiz o nosso pedido. Nada muito caro.
Eu, no fundo, não imaginava que as coisas fossem complicar ainda mais, durante essa pausa. O Yang estava começando a sentir saudades de seu pai.
— Yang, o que acha de comermos algodão doce depois? — Eu o olhei sorrindo. Mesmo que eu não tivesse muito dinheiro sobrando na conta, o meu filho amava doce.
— Eu quero o papai… — Ele falou em tom choroso.
— Meu amor, não fique assim, tá bom? O papai não vai poder vir…
— Neném quer papai…— Ele me olhou tristonho.
— Olha, vamos esquecer o papai, tá bom? Vamos achar algo bem legal para fazermos! — Sorri novamente.
— Não! — Debateu-se.
— Ei! — Fechei minha cara, por sua atitude malcriada — O que é isso, hein?
Ele baixou sua cabeça enquanto me olhava de canto, com um biquinho formado nos lábios e olhos cheios de lágrimas.
— Há~ — Suspirei — Olha, eu sei que sente falta do papai… eu também sinto! Mas, agora somos apenas eu e você, ok? — Levei minha mão aos seus cabelos — O seu papai ele… ele está muito ocupado, entende? — o Yang permaneceu com a cabeça baixa, enquanto eu falava — O silêncio permaneceu. — Amor, em breve, daremos um jeitinho de ver o papai, tá bom?
— De verdade? — Ele ergueu sua cabeça e me olhou.
— E eu alguma vez menti para você? — Acariciei seus cabelos.
— N-não… — Ele balançou a cabeça de um lado para o outro.
— Então, não fique triste, certo? É temporário!
— Uhum… — Acenou com a cabeça.
— Ei, agora limpe os olhos ou todo mundo vai ver que você é um bebê chorão! — Brinquei e, rapidamente, ele limpou os olhos. — Ui, quase viram!
— Para, papai! — Fungou com o nariz.
— Cuidado visse! — Comecei a rir levemente.
Sabe, a minha gestação não foi um período muito fácil. Na verdade, eu não tive ninguém para compartilhar momentos tão lindos como aquele. Eu era jovem, inconsequente… O Jungkook entrou na minha vida quando eu estava prestes a dar a luz, há três anos atrás. Nos conhecemos, nos apaixonamos e… ele quis assumir meu bebê!
Naquela época, eu não imaginei que Jungkook fosse tão novo… Quando iniciamos um relacionamento, ele me disse que havia completado dezoito anos e tinha mais do que certeza que queria viver comigo e com o nosso filho. Se eu soubesse, talvez… eu não teria chegado até o fim com ele! Saber que ele perdeu sua juventude para criar um bebê comigo, me deixa tão mal! Ele tinha apenas dezesseis anos…
O Jungkook, mesmo sendo muito novo, foi um bom pai. Mas, olhando para o passado, o JK não parecia sentir afeto pelo Yang. E, reparando em algumas de suas atitudes inconsequentes… Ele apenas deve ter assumido o bebê por amor a mim. Talvez, ele nunca tenha desenvolvido um carinho por nosso filho. E eu não posso culpá-lo…
— Estava muito bom, não estava? — Ri, enquanto esfregava minha barriga. Havia comido bastante.
— Sim!!! — Ele jogou suas mãos para o alto.
— Você quer um docinho?
— Quero!
— Só um pouquinho, ok?
— Uhum!
Organizei as coisas sobre a mesa, me levantei e peguei o Yang no colo. Do lado de fora, uma chuva pesada havia começado.
— Eita, amorzinho! Eu nem percebi que estava chovendo! — Falei, enquanto olhava a chuva cair.
— Vamos na água, papai! — Ele falou empolgado.
— O quê? Não, não… Você vai gripar!
— Vai!!!
— Não podemos, querido. Levar chuva faz mal!
— Com licença! — Uma voz feminina se aproximou por trás de mim.
— Hum? — Eu segui a voz. — Pois não?
— Ah, desculpe o incômodo.
— Fique à vontade!
— Certo! Bom, é perceptível que você não trouxe um guarda-chuva… Por favor, fique com o meu! — Ela direcionou suas mãos à mim, com o objeto nelas.
— Hum? Ah, não precisa!
— Olha, eu também tenho um filho pequeno. É muito ruim quando saímos e não temos um guarda-chuva!
— Mas…
— Por favor, aceite! Não se preocupe, o meu marido trouxe um!
— Sério mesmo?
— Uhum!
— Muito obrigado, moça! Você salvou o meu dia, sério! — Sorri super grato, enquanto Yang apenas observava a minha interação. Peguei o guarda-chuva, com uma das mãos.
— Vá logo! O vento está frio! — Ela sorriu de volta.
— Obrigado mesmo! — Me curvei em agradecimento — Agradeça também, Yang!
— Obrigado… — Ele falou tímido.
— Vão com Deus! — Ela acenou, morrendo de amores pelo Yang. Mas, logo se retirou, voltando para sua família.
— Obrigado mais uma vez! — Me curvei levemente. Logo, caminhei um pouco para fora e abri o guarda-chuva — Parece que hoje foi o nosso dia de sorte, amor! — Eu ri super animado. Logo, eu o pus sobre nossas cabeças e saí ao lado do Yang.
Caminhávamos sobre aquela chuva, dialogando. Apesar do Yang ser muito novo, ele é um tremendo tagarela. Talvez, ele tenha herdado isso de mim e fico feliz por isso. Mas, após alguns passos, nós ouvimos um "choro" fino.
— Hum? Está ouvindo também? — Parei de andar.
— Uhum!
— Parece… o choro de um cachorrinho! — Olhei à minha volta e estava claro a semelhança. — Mas, de onde está vindo isso? — Não estava conseguindo encontrar nada, apenas ouvíamos os latidos fracos. Imediatamente, comecei a procurar, seguindo aquele barulho e o som ficou mais forte quando me aproximei de um beco escuro. Parece que havia um pequeno cachorrinho preso por ali. Liguei a lanterna do meu celular e direcionei ao caminho, logo me deparando com uma situação apavorante — Meu Deus! — Havia um pequeno cachorro, preso sobre uma coleira, encharcado pela chuva. Ele chorou mais alto ao me ver, enquanto tentava vir em minha direção. — Eu não consigo acreditar nisso! — Super preocupado, me aproximei daquele cachorrinho e o soltei. Ele pulou em meu colo.
— Aa~ — Yang se debateu em meu braço, por medo do pequeno cachorro que pulou em cima de nós.
— Amor, calma! Ele não vai fazer nada! — Falei super preocupado. Alisei levemente o cachorro desconhecido e era possível ver a tristeza e a felicidade nos olhos daquele animal indefeso — Quem fez isso com você, hein? Esse monstro… — Murmurei, enquanto morria de pena daquela situação. Dei um jeito de tirar meu casaco e o utilizei para cobrir aquele pequeno filhote. — Vai ficar tudo bem, tá bom? — Ajeitei o guarda-chuva de uma maneira que não caísse, enquanto eu pegava aquele filhote no colo.
— Tira, tira! — Ele estava assustado.
— Querido, ele não vai te machucar! O papai está aqui para te proteger, tá bom? Ele está precisando de ajuda! — Olhei para o cachorrinho em meus braços. De lá, fui caminhando de volta ao lar, naquele abrigo que estávamos. Durante todo o percurso, precisei acalmar o Yang e o pobre cachorrinho, que também estava assustado. Os meus braços estavam exaustos e ainda necessitei conversar com a dona do abrigo, para que cedesse uma única vez, garantindo a ela que, em breve, nós iríamos embora.
(...)
— O que eu faço? — Questionei-me, observando aquele pequeno animal, depois de seco. Cocei meu pescoço nervoso, eu não tinha ideia do que iria fazer dali em diante. Era uma situação preocupante. No caminho, ainda havia conseguido comprar um pouco de ração, mas ela foi embora rapidamente, devido a fome daquele animalzinho — Você… estava preso lá há bastante tempo, não é amiguinho? — Acariciei-lhe, sentindo seus ossos através do pêlo — Quem foi tão bárbaro com você? — Indaguei, me sentindo mal.
— Papai… — o Yang permanecia longe de mim, enquanto observava-me acariciar aquele cachorrinho.
— O que foi, meu amor? — Olhei-o entristecido. — Pode se aproximar… venha! — Estendi minha outra mão, o convidando para perto.
— O bichinho vai morder?
— Não, não vai! Pode confiar! — Sorri levemente. Imediatamente o Yang correu para meus braços e ele não tirou seus olhos do pulguento. — Quer tocar nele também?
— Yang têm medo…
— Confie no seu pai, ele não vai lhe machucar! É uma promessa! — Sorri, porém com os pensamentos em outro lugar. Logo o meu filho estendeu levemente a sua mão e a direcionou naquele cachorrinho, hesitante. Ajudei-lhe a tocar os seus pêlos.
— Aa!!! É estranho, papai!
— Não é? — Ri — Mas, tenho certeza que vocês vão se dar bem! Seja um pouco mais corajoso, seu covarde! — Falei sorrindo, pois me via espelhado naquela situação.
Não demorou muito para que o Yang começasse a se dar bem com aquele pequeno cachorro de rua. A minha sorte é que, o meu bebê, ele têm muita confiança nas minhas palavras e em mim… então, tudo se torna mais fácil em um diálogo.
Eu os observei de longe. Era estranho ver aquele pequeno ser, desnutrido, tão feliz brincando com o Yang. Saber que esse pequeno animalzinho foi deixado para morrer, em um beco escuro e sozinho… me deixa tão mal. Sei que eu preciso resolver isso, mas… há tanta responsabilidade em cima de mim, que eu já não sei mais o que fazer. Na madrugada daquele mesmo dia, eu não consegui conter as minhas lágrimas, tudo de ruim, na minha vida, estava acontecendo em períodos tão próximos. Desde o meu término ao sofrimento desse cachorro. Há tantas coisas para cuidar e resolver… Eu não sei de mais nada!
Enquanto o Yang dormia abraçado a mim, eu me esforçava para chorar baixo. Estava tão preocupado com aquela situação e eu também não sabia o que fazer com esse pulguento, não tenho condições financeiras para cuidar dele. Seu tratamento deve ser caro e tantas coisas assombram meu pensamento, que ao sentir algo pulando em cima de mim, me assusto.
— Aa~
No meio daquele escuro, foi possível ver o meu novo amiguinho. Ele estava abanando seu rabo, mostrando a sua felicidade.
— Ei, ei… você não pode subir aqui! A dona do abrigo, ela pode brigar… — Falei com a voz trêmula, tentando secar aquelas lágrimas que não paravam de cair.
— Au Au~ — Ele latiu e se aproximou mais de mim, lambendo o meu rosto
— E-ei! — Comecei a rir levemente, com aquela atitude. — Não lata, você vai acordar o meu filho! — Alisei os pêlos daquele pulguento. Era impossível não ficar bem quando se tem um Shih-Tzu brincando de lamber e querendo carinho. — Calma, amiguinho… Não pode lamber! Você não escova os seus dentes! — Eu estava tentando fazer aquele pulguento parar de me lamber, mas estava sendo impossível. Nessas mesmas brincadeiras, ele começou a jogar sua patinha para cima de mim. Era uma fofurice. — Você… quer me dá sua patinha? — Estendi a minha mão, no mesmo instante que aquele cachorrinho deu a sua. Eu a segurei firme, imaginando quem poderia ter feito mal aquele bichinho. E eu também estava grato… eu precisava parar de chorar. Amanhã é um novo dia — Obrigado… amiguinho! Ah, me desculpe, eu nem vi se você é fêmea! — Abaixei um pouco minha cabeça, em direção a sua genitália, vendo sua sexualidade — Ah, então você é mesmo meu amiguinho!
— Au~ — Latiu.
— Shiii, não lata, por favor! Eu ainda quero dormir essa noite! — Ri levemente — Mmh, você quer um nome? — Alisei sua cabeça, pensativo se eu deveria lhe batizar ou não. Eu não tinha certeza se ficaria com ele, mas o cachorrinho se deitou em meu colo, se esfregando sobre o mesmo e colocou a sua barriguinha para cima. Sorri observando aquela situação engraçada. — Ok, ok. O que acha de… — Falei, pensativo — Batata?
— Au au~ —Ele se levantou, balançando o rabo.
— Mmh, batata não… você nem parece uma! Que tal "branquinho"? — Fiquei observando aquele cachorro. — Não, não… Danone! Não! — Pensei em um bom nome. — Cloud? Não, não… você não combina com esses nomes! Que tal Mickey? — Encarei seus olhinhos. — Talvez, não…
Enquanto eu pensava em algum nome, decidi deixar para o dia seguinte, pois eu iria pedir a opinião do Yang. O amanhecer logo surgiu e o meu bebê acordou bastante cedo, então fiquei super exausto o dia inteiro.
— E então? Fiquei entre Batata e Danone!
— Eba!!! Os dois são fofinhos, papai…
— Você acha? E se nós fizermos uma junção? Batanone? Danota?
— Não gostei, papai…
— Mmh, tem razão… ficaram estranhos! Qual você prefere?
— Tatane!
— "Tatane"? É… dá para ver que você é o meu filho mesmo! — Ri levemente. Eu estava morrendo de sono, mas continuei minhas brincadeiras normalmente. — Eu não gostei desse! Que tal Pica-pau?
— Mickey Mouse! — Ele fez um biquinho.
— Hum? Mickey Mouse? Parece com um dos nomes que eu pensei ontem… Então, que tal apenas Mickey? Vamos tirar o Mouse para não levarmos direitos autorais!
— O que é isso?
— Ah, não é nada, meu amor! O que acha de só Mickey?
— BOOM!!! — Ele fez o som de uma "explosão", mas imediatamente entendi o que ele quis dizer.
— Certo, certo. Agora temos o Mickey! Bem-vindo, amiguinho! — Me abaixei e lhe dei um pouco de carinho — Olha, nós não temos muito dinheiro… mas, eu jamais vou deixar você passar fome, tá bom? Vamos cuidar bem de você… — Brinquei um pouco com o cachorrinho, enquanto ele rodopiava e latia. — Vamos todos tomar um bom banho? Eu preciso ir em um lugar hoje…
— Tá bom!!!
Os meus pensamentos, mesmo que cansados, sempre estavam a um passo à frente. Na minha cabeça, eu tinha um plano do que eu poderia fazer para conseguir um trabalho logo. Pensei bem e não quero deixar aquele pobre cachorrinho para trás, ele será meu e eu cuidarei dele do jeito que merece, assim como o meu bebê. Eu aproveitei para aparar um pouco daqueles longos pêlos e dei banho em todos. Antes de sair, eu peguei meus documentos e um último currículo. Eu sabia de alguém que poderia me ajudar. Sei que não nos vemos há um bom tempo, porém era necessário essa ajuda. Passamos por muitas coisas juntos e eu torcia para que ele não estivesse ocupado hoje.
— Sr. Jung Hoseok, certo? Pode entrar! Ele está lhe aguardando! — Um funcionário bem vestido e alto falou.
— Ah, certo. Muito obrigado! — Sorri, curvando o meu corpo um pouco para frente, agindo formalmente. Imediatamente me levanto, pego meu filho nos braços e caminho até a sala, adentrando nela. A minha maior sorte é que o rapaz que estou prestes a encontrar, sempre abre uma exceção para me ver.
(...)
— Oras! Há quanto tempo! — Sua cadeira estava virada ao contrário, impedindo que eu visse seu rosto.
— Bom dia, CEO! — Acenei com a cabeça, mesmo que eu soubesse que ele não estava me vendo. Segurei meu filho mais firme e caminhei até a frente de sua mesa. O Yang não estava entendendo muita coisa. — Eu gostaria de conversar com você!
— Sr. Jung, eu aposto que isso deve ser saudades! — Quando sua frase terminou, sua cadeira se virou em minha direção e, no mesmo instante, ele pulou da mesma assustado — PUT– O-O QUE É ISSO?— Perguntou com os olhos arregalados, enquanto encarava Yang, que começou a rir ao ver aquele "susto".
— O-o quê? O que é o quê? — Fiquei sem entender.
— Por que você não me disse que trouxe esse troço com você?
— Troço?
— Hahahaha — Yang ria.
— ESSE TROÇO!
— Espera… você tá falando do meu filho? Ele não é um "troço"!
— Filho? Desde quando você tem um? — Ele estava apavorado. Imediatamente, pegou seu álcool e limpou as suas mãos, mantendo uma enorme distância sobre nós — E por que ele é tão GRANDE?
— Grande? O quê? — Olhei para o Yang, ele era um pequeno garoto — Aish, eu tenho desde sempre! E, eu não estou aqui para falar dele!
— Por que você nunca me disse que tinha um? — Ele se arrepiou — Se tivesse me dito, eu nunca teria encostado em você!
— O quê? Dá para parar com essas frescuras, Taehyung? Olha, estou aqui para falar de negócios! NEGÓCIOS!
— Aí, isso me dói! — Ele se coçou.
— O que deu em você, hein?
— Que homem engraçado, papai! — o Yang estava rindo muito, vendo aquela reação exagerada do moço que ele desconhecia.
— Você achou, amorzinho? Para mim, é um idiota! — Olhei para Taehyung, aquele CEO.
— Ei! Eu ouvi isso! — Ele tentou voltar a sua pose inicial e tossiu levemente. — Você deveria ter me dito que iria trazer esse… esse… esse negócio com você! Não estou disponível para ver todo mundo, ok? — Ele ajeitou sua gravata.
— Olha, me desculpe, mas eu não tive como avisar! — Caminhei até o sofá. Estava pensando em colocar o Yang sentado ali.
— E-ei! Coloque um papel onde esse treco vai sentar! Não quero que contamine meu sofá!
— Contaminar? Há… — Suspirei — Às vezes eu esqueço que você é desse jeito! — Sentei o Yang da mesma maneira. — Se comporte, tá bom?
— Tá bom, papai! — Acenou com a cabeça — Joguinho!
— Certo. Fique jogando quietinho! — Peguei o meu celular e o desbloqueio, colocando no joguinho favorito do meu filho. Logo após isso, dou meia volta e fico de frente para o Taehyung.
— Eu disse que… Há, depois eu mando desinfectar! — Ele se recompôs e sentou-se sobre a sua cadeira — Enfim, me diga o que veio fazer aqui! Não tenho muito tempo para dar a você e ao seu… pestinha!
— Dá para você respeitar o meu filho? Você é tão escroto! — O olhei dos "pés a cabeça", de uma maneira figurativa — Olha, eu vim pedir a você que me arrume um emprego!
— O quê? Um emprego?
— Sim!
— Por que diabos você iria querer um emprego aqui? Não vá me dizer que é por saudades!
— Óbvio que não!Como você viu… eu tenho um filho pequeno para criar e agora um cachorrinho. Então, preciso de dinheiro!
— Você tem o quê? Um cachorro?
— Dá para você prestar atenção no que eu falo, Taehyung?
— Aah, certo. Me desculpe por isso! Voltando ao assunto… Você quer um emprego aqui, por causa do dinheiro?
— Isso mesmo!
— Por que você não pede pensão ao pai do seu filho? Garanto que você conseguirá pegar um bom dinheiro!
— Porque o pai do meu filho, não sabe da existência dele! Ele é um egoísta e escroto! Enquanto, o pai de criação do meu bebê, ele não ligou até agora para falar com ele! Então, estou muito irritado com isso! Esse dinheiro da pensão não dá para nada! Você não entende? — Falei frustrado.
— Ei, calma! Estou entendendo! — Acenou com a cabeça, pensativo — Olha, primeiramente, como você pode esconder um filho? Segundamente, você tem péssimo gosto para homens e terceiro… Olha, eu não posso contratar você assim, do nada!
— Eu não escondi de propósito! O meu filho está bem melhor sem esse idiota! Obrigado por me lembrar que você também foi uma péssima escolha! E, por favor… eu não teria vindo até você se… eu realmente não precisasse da sua ajuda, Taehyung!
— Suas palavras machucam! — Ele tocou seu peito. — Certo, certo. Olha, me desculpe… não tenho como contratar você! Desde a época em que te conheci, você já havia largado a escola. Você não tem requisitos para trabalhar em uma empresa com esta!
— Por favor, Taehyung… pelos velhos tempos! Me ajuda! — Senti meus olhos lacrimejarem, pois a situação que eu vivo me deixa infeliz. A preocupação também é algo frequente em meus pensamentos. — Eu faço qualquer coisa… não importa qual seja! Estou desesperado!
— Hyung… — Ele colocou sua mão sobre a nuca, pensativo. — Eu… não tenho como fazer isso! É sério!
— Tae, me ajuda! Estou com tanto medo que falte alimento para os meus preciosos… É tão difícil conseguir um emprego, quando é preciso cuidar de um filho pequeno e um cachorro sozinho! Eu não sei mais o que fazer… Por favor, me dê uma chance e me arrume alguma coisa! — Coloquei minhas duas mãos na sua mesa e inclinei meu corpo em sua direção, o olhando nos olhos.
— E-ei… — Por alguns segundos, foi possível ver seu rosto corar levemente. Logo ele tossiu e fechou os olhos — Olha… — Ele coçou sua nuca, enquanto tentava pensar em algo — Tá bom, tá bom! Mas, essa será a última vez que eu vou abrir uma exceção para você, ok?
— Sério? — Questionei-lhe, sem acreditar. Eu estava com uma enorme vontade de chorar por aquilo. Estava sentindo meu peito mais leve.
— Eu quero você trabalhando ao meu lado, sete dias por semana, das sete da manhã às sete e meia da noite. Não quero saber de desculpas! Se vire! — Ele se levantou da cadeira.
— Tae, muito obrigado! — Funguei o nariz e logo abri um longo sorriso. — Obrigado por me ajudar! Darei o meu melhor!
— Deixe o seu endereço com a secretária, lhe enviarei o contrato físico em breve! Leia as cláusulas e cumpra com todos os seus deveres! Odeio contratar pessoas que faltem com a responsabilidade!
— Certo! Não se preocupe! — Agradeci com a cabeça. — Ah, tem apenas uma coisa…
— O quê? Mais uma coisa? Você abusa muito de mim… Fale! — Ele ajeitou seu terno.
— Na verdade, são três…
— Olha, eu não vejo a hora de parar de gostar de você! Me sinto um trouxa por isso… — Ele suspirou — Vá, diga logo!
— Me desculpe por isso! Enfim, a primeira coisa que tenho a dizer… é que, eu não tenho casa!
— Você… O QUÊ?
— A segunda coisa é que, como você me quer por perto, por mais de 12 horas, eu precisarei trazer meu filho e meu cachorro para o trabalho!
— Hã???
— E terceiro, eu vou trabalhar com o quê?
— Espera, espera, espera… Você está morando na rua?
— Não exatamente… mas, basicamente, sim!
— O quê? Como isso foi acontecer? Por que não me disse?
— Taehyung, eu não quero abusar do seu amor por mim! Tenho meus motivos e… Olha, nós não estamos aqui para discutir sobre a minha vida pessoal! Apenas quero que responda às outras duas coisas que eu lhe disse…
— Você é muito infantil, sério! Hyung, eu lhe disse para contar comigo para o que precisasse! Eu não sou mais aquele cara de antes! — Ele discordava com a cabeça e preocupado, caminhou até a mim — Sobre aquelas duas coisas… A segunda nem pensar e a terceira você saberá pelo contrato!
— Eu sei, mas… é como eu disse! Nós não estamos aqui para discutir minha vida pessoal. E, o quê? "A segunda nem pensar"? Como você acha que eu vou criar a minha família? O meu bebê só tem três anos e meio e o cachorrinho é muito novo!
— Hobi, estou encerrando nossa conversa por aqui. A partir de agora, me trate como seu superior! Lhe darei tudo o que necessitar, mas está proibido de trazer crianças e animais para o local de trabalho! Eu tenho alergia!
— Você… Que história é essa? Alergia?
— Entenda o meu lado. Tenho horror a esses "bichos"! Fico me coçando por inteiro!
— "Bichos"? Olha, eu só não quebro a sua cara nesse momento, porque sou grato a você! Mas pare de ficar tratando meu filho como um animal e o meu cachorro também, mesmo que ele seja um! — Falei indignado.
— Hyung…
— Taehyung, eu preciso sim trazer a minha família. Eu não tenho com quem deixar eles e estou sozinho pra tudo! Você não disse que eu poderia contar com você? Eu agora estou!
— O-o quê? Utilizando as minhas próprias palavras contra mim? Ordinário! — Ele me olhou dos pés à cabeça — Eu te odeio, sabia? Tá… — Suspirou — Pode trazer essas coisas para cá, mas se eles se aproximarem de mim, você está despedido!
— Eu fico tão aliviado em ouvir isso! — Ri levemente. — Muito obrigado, Tae!
— Hobi, você me tira do sério! Não é para rir! Eu odeio como você consegue tudo o que quer de mim! Eu vou te superar, ok? O mundo dá voltas!
— Você é incrível! — Ri novamente. Eu estava tão feliz com aquilo. — Obrigado mesmo! — Coloquei uma de minhas mãos em seu rosto e aproveitei para depositar um leve beijo na sua bochecha. Seu rosto ficou quase que instantaneamente vermelho.
— E-ei! Digo… — Ele tossiu falso e deu de ombros para mim. — Eu preciso retornar a reunião! Vá embora, mas não esqueça de deixar o endereço do abrigo que você está ficando! Pois, juntamente com a entrega do contrato, eu mandarei um de meus funcionários buscá-lo! Se prepare! — Ele caminhou em direção a saída, me deixando sem reação.
— O-o quê? Me buscar?
— Nos vemos em breve, Sr. Jung Hoseok! — Ele me olhou por cima dos ombros, com um sorriso nos lábios. Mas, logo se retirou da sala.
— Ele… — Eu não pude evitar o riso. Sem dúvidas, o meu mais novo era muito fofo.
Eu e o Taehyung tínhamos uma espécie de relacionamento, há alguns anos. Ele sempre foi muito apaixonado por mim, dá para ver que ele faz de tudo para me agradar. Mas, eu não gosto de vê-lo submisso a mim e nosso vínculo se encerrou, pois mesmo que ele me desse de tudo ele era alguém egoísta, super egocêntrico! Nós éramos diferentes! Eu sempre quis ter uma família, enquanto ele apenas pensava em crescer sozinho! Literalmente, nós nunca batemos de frente nos nossos objetivos, tanto que ele inventou essa "alergia" falsa! Ele está destinado a ficar sozinho…
Sabe, mesmo que eu seja muito novo, já tive muitos relacionamentos e eles nunca deram certo. Isso me faz pensar sobre… "o que é o amor?". Infelizmente, o amor para mim, parece ser uma brincadeira, por isso que eu não quero mais me apaixonar por ninguém! Eu quero apenas cuidar dos meus bens mais preciosos, no momento.
Aproveitei para pegar o meu filho no colo e saí daquele lugar. Imediatamente, após deixar meu endereço na recepção, eu fui buscar o meu cachorrinho que ficou sendo cuidado na portaria.
— Ownn! Sentiu saudades? Papai voltou! — Após colocar o Yang no chão, comecei a brincar com aquele peludo que demonstrava sua felicidade ao nos ver.
— Au Au Au~ — Ele latia feliz e abanava o seu rabo de um lado para o outro.
— Está com fome? Quem quer comer? Quem é o bom menino? — Alisei os seus pelos.
— Papai! — Yang me chamou.
— O que é, meu amor?
— Para! — Ele estava enciumado, tentando tirar minhas mãos do cachorro.
— Hum? Por que parar, amorzinho? Ele ficou aqui esperando nós dois!
— Para! Para! — Debateu-se — Eu não gosto de ver você fazendo isso com ele, papai!
— Ei! O que é isso, hein? Pare com isso! Eu posso muito bem dar atenção ao Mickey, quanto à você!
— Papai, para! — Ele fez um bico.
— Agora não, Yang! Se você fizer um escândalo aqui, você vai apanhar quando chegar em casa! — Apenas ameacei. — Nós teremos uma longa conversa e eu aposto que você não quer isso! Então, tente se dar melhor com o Mickey! Vocês são tão bonitinhos juntos! — Falei em um suspiro. — Vamos para casa logo! — Me levantei e peguei a coleira do Mickey que comprei no caminho. — Você vai a pé, Yang!
Ele ficou calado, com sua expressão facial fechada, enquanto me olhava de baixo.
— Me dê a mão! — Estendi a minha, porém Yang se recusava a me dar — Ei, surdo!
— Você é muito novo para ficar de cara fechada por besteira! Eu vou deixar você aí! — Sorri levemente e fui andando até a porta e Yang permaneceu parado da mesma maneira. — Tem certeza de que quer ficar aí? Tá bom, então estou indo embora! — Abri aquela porta e quando estava prestes a sair, o meu filho veio até mim, "chorando".
— Papaaai! — Ele correu e abraçou a minha perna. Mesmo que ele estivesse estressado, tinha medo de ficar sozinho, sem mim.
— Você não ia ficar aí? — Olhei para ele, com um sorriso nos lábios. Mas logo suspirei, enquanto Mickey latia — É para você ver, Mickey! Eu sofro demais! — Ri levemente. Eu não podia negar que em apenas um dia, me encantei totalmente por aquele cachorrinho. Coloquei meu filho nos braços e fui embora.
Três dias úteis se passaram e com isso, Taehyung enviou-me o contrato. O mesmo funcionário que me entregou a papelada, aproveitou para me buscar e eu não sabia para onde íamos, mas tinha certeza que o Kim fez questão de me comprar uma casa. Ele sempre resolve os seus "problemas" com o dinheiro, Taehyung era alguém muito óbvio. Com as nossas malas em mãos, o seu motorista particular nos levou a um lugar, primeiramente.
— Senhor, irei pedir para que desçam do carro! Esta é a loja que o presidente da empresa costuma fazer suas compras. Ele pediu-me para que eu os acompanhasse, pois nas palavras do próprio diretor: "Para o começo de uma nova jornada, exige novas roupas!" e também pediu para que eu lhe passasse um recado. O recado é o seguinte: "Mande aquele idiota comprar roupas bonitas dessa vez. Não posso ser visto com alguém mal-vestido que nem ele!".
— O-o quê? Que mal-educado! — Disse revoltado. — Ele que me poupe! Obrigado, mas eu recuso!
— O chefe também me disse que você iria recusar, mas que eu utilizasse, como chantagem, o seu novo emprego, senhor!
— Ele… O QUÊ?
— Por favor, faça as suas compras normalmente. Tudo será pago pelo presidente! Aproveite para tirar as medidas do seu corpo, para que possam criar um terno adequado. Farei questão de jogar as suas roupas "velhas" no lixo! Palavras do próprio diretor!
— Esse desgraçado… Olha, você nem invente de mexer nas minhas coisas ou eu quebro a sua cara!
Eu saí revoltado daquele carro e como o meu filho estava dormindo, preferi deixá-lo naquele carro. O Mickey por ser um cachorrinho não poderia adentrar na loja, então ambos ficaram com o motorista. Quando olhei o preço de cada unidade de roupa, tomei um susto.
— Mas que…
Os preços são absurdos em coisas tão básicas. Percebi um pouco depois, que eu estava em uma loja oficial da Gucci. Então, fez sentido muita coisa!
— E ele disse para eu me vestir melhor? Essas roupas são tão cafonas para serem um rim! — Toquei com super cuidado em cada roupa, não queria que manchasse. Não tinha dinheiro para pagar qualquer estrago. Então, a única coisa que fiz foi tirar as medidas do meu corpo e encomendar o terno mais barato e "comum", no caso, menos chamativo, daquele lugar. Quando voltei ao carro, disse que encomendei diversas coisas e que todas, em breve, estarão prontas para buscar.
— Certo! Então, nós podemos ir ao endereço que o diretor me deixou! Por favor, organize-se!
— Certo, certo!
Organizei-me dentro do carro. O meu filho ainda estava dormindo, enquanto Mickey estava no meu colo durante toda a viagem e brinquei muito com aquele pulguento fofo. Nós chegamos a uma casa e quando desembarquei com os meus preciosos, observei aquele lindo lugar. Não era necessário tanto para mim. Ao adentrar em uma daquelas casas, ideal para uma família de três pessoas, me deparei com o Taehyung me esperando, com um sorriso nos lábios.
— Eu sou incrível, não?
— Você disse ao seu motorista que eu me visto mal? Você é tão cruel! Isso é moda! — O olhei dos pés à cabeça.
— E eu menti? Você é muito excêntrico!
— Olha, Taehyung, eu realmente só não quebro a sua cara, porque eu sou grato a tudo que está fazendo por mim! — Soltei a coleira do Mickey e ele começou a correr rapidamente por toda aquela casa.
— AH, SEU PORR… NÃO SOLTA ESSE TRECO!!! — Taehyung deu um pulo para trás, assustado.
— Dá para você parar com isso? É só um cachorrinho! — Caminhei com Yang nos braços até o sofá, lhe deitando ali. Logo ri levemente, ao ver a empolgação do meu peludo.
— "É só um cachorrinho" eu te disse que eu tenho alergia!!! — Ele começou a se coçar, apenas em ver o Mickey correr entre suas pernas — Eu te odeio, sério! Tira esse negócio daqui!
— Você tem tanto medo assim de um cachorrinho? — Comecei a rir, vendo sua reação.
— Não é medo! É alergia! — Ele espirrou — Aish, vá trabalhar amanhã! — Ele, basicamente, foi correndo até a porta — E, não é para você deitar essa criança aí sem um plástico de proteção!
— Certo, certo "alergia"! A sua alergia parece mais uma fobia, isso sim! Eu entendi, irei trabalhar amanhã! E não preciso de um plástico de proteção!
— Hyung, é sério! Eu te odeio com todas as minhas forças! — Espirrou novamente, se arrepiando em seguida — Credo! Que nojo!
— Tae… Muito obrigado, tá bom? Você não tem ideia do carinho que sinto por você! — Sorri largamente.
— Dá para você parar com isso? — Suas bochechas coraram levemente — Com você dizendo essas coisas, eu não vou desistir de você! — Ele coçou seu braço — Olha, eu quero superar você! É o meu maior objetivo, Hobi!
— Eu… imagino que seja! Mas, mesmo assim… não vai mudar o carinho que desenvolvi por você! Obrigado mesmo por cuidar tão bem de mim, mesmo que tenhamos passado esses últimos anos afastados! — Me apoiei sobre o sofá.
— Me agradeça trabalhando! Eu não irei pegar leve com você e… hyung, eu ainda continuo te amando!
— Eu sei, Taehyung… Mas eu não posso retribuí seus sentimentos por mim! Eu desisti do amor!
— É, eu imagino! Enfim, não vamos deixar esse clima estragar o momento! Por favor, fique à vontade. Qualquer coisa que necessitar, pode me ligar, o telefone está anotado na geladeira.
— Certo, pode deixar! E Taehyung, eu não ficarei por muito tempo nessa casa. Como eu vou estar trabalhando, eu vou conseguir alugar um lugarzinho para mim, com o meu próprio dinheiro, tá? — Permaneci sorrindo.
— Bom, eu não me importo! Faça o que preferir! — Ao abrir a porta para se retirar do ambiente, Taehyung sentiu algo pular em sua perna. — H-h-hum? — Ele desceu sua cabeça aos poucos e viu o Mickey em sua porta, lhe encarando.
— Owwn!
— TIRA! TIRA! TIRA!— Ele deu um jeito de empurrar o Mickey e rapidamente saiu da casa, fechando a porta com o seu coração disparado.
— O-o quê? — Observei aquela cena — C-como é que eu algum dia fui gostar daquele cara? — Questionei-me e logo caí na gargalhada. Eu não conseguia levar essa suposta "alergia" a sério — Quem é o bom menino? — Eu chamei o Mickey para perto e comecei a brincar com aquele pulguento. — É possível você já ter me conquistado? — Dei vários beijinhos naquele cachorrinho.
Alguns minutinhos após a saída do Taehyung, seu funcionário apareceu na minha porta, entregando-me as malas que estavam no carro. Organizei todas as minhas roupas em um guarda-roupas dali, juntamente com as do meu filho. Palavras não descrevem a tamanha felicidade habituada em meu peito, naquele momento, estava tão aliviado que não conseguia conter as minhas lágrimas ao arrumar as coisas. Durante todo o tempo, o meu cachorrinho não saiu um segundo do meu lado. Ele ficava me observando e latindo, como se entendesse o que eu estava sentindo. É incrível a conexão que criei com esse peludo em tão pouco tempo, é como se estivéssemos destinados a estarmos juntos, como um pai e filho.
Durante aquele momento, eu cuidei do meu mascote, lhe dei água e comida. Conversei muito com ele, mesmo que ele não me respondesse, como um ser humano, era ótimo ter a sua companhia. Terminei meu serviço de cortar seus pelos, obviamente, não ficou perfeito, mas comparado a situação que ele se encontrava há alguns dias, ele estava ótimo.
O meu primeiro dia de trabalho se iniciou logo. Pela manhã, saí de casa acompanhado da minha família, com Yang dormindo e o Mickey querendo me arrastar juntamente com ele. Estava vestindo um terno escuro, juntamente com o meu filho, ainda não comprei roupas para o meu cachorrinho, mas estava nos meus planos. Ao chegar no trabalho, foi estranho ter todos me olhando de maneira estranha, mas eu precisava me acostumar com aquilo. Mesmo que não fosse comum alguém levar sua família para o trabalho.
Como sou novo na empresa, basicamente, um trainee, eu precisava me adaptar ao sistema. Alguns sunbaes me ensinaram tudo o que eu precisava saber para ser um bom secretário particular do Taehyung. Devo dizer que tive uma sorte enorme e explica muito do porquê ele me querer ao seu lado, durante doze horas por dia e sete dias por semana.
Ao aprender o básico do meu trabalho, precisei acompanhar Taehyung em suas reuniões. Os assuntos eram tão chatos que me davam sono, mas era necessário prestar atenção e anotar qualquer ideia brilhante. Ter o CEO me paquerando a cada intervalo para beber água, era extremamente estranho e logo quando estamos em ambiente de trabalho. Porém, nada me surpreendia vindo por parte dele.
Resumindo, a minha tarefa como secretário particular, é simplesmente ser a "babá" do CEO da empresa. Eu faço de tudo para ele, talvez, eu esteja sendo enganado ou talvez eu não tenha sido contratado para ser assistente privado!
— Marque uma próxima reunião, com os colaboradores B. Temos uma nova ideia para ser impressa no mercado, gostaríamos de saber se eles estão interessados! — Taehyung abotoou seu terno.
— Sim, senhor! — Anotei sobre um bloco de anotações. — Para qual data?
— Marque daqui há três semanas!
— Certo! Mais alguma coisa?
— Por enquanto apenas isso! Ah, e antes de qualquer coisa, consulte os seus sunbaes, não podemos admitir nenhum erro aqui!
— Entendi! — Acenei com a cabeça.
— E, também… não se esqueça de verificar qual é o meu próximo compromisso!
— Uhum!
Ele me olhou dos pés à cabeça. — Por que… você está tão calado?
— E há algo para eu dizer, CEO?
— "CEO'"? Sua formalidade me assusta! — O Kim riu. — Quando estivermos a sós, fique a vontade para me tratar informalmente, Hobi!
— Me desculpe, mas é um ambiente de trabalho, senhor! Mesmo que queira, eu não posso! E, por favor, mantenha sempre sua formalidade quando dialogar comigo. Posso não ter terminado a escola, mas sei como me comportar perante um compromisso formal com meu chefe!
— D-dá para você parar de agir assim? É sério, é assustador… — Arrepiou-se.
— Você acha mesmo? — Não pude me segurar e comecei a rir. Era uma situação muito engraçada — Se acostume!
— A-aigoo, pare de rir. Você parece um lunático! — Taehyung começou a rir levemente.
— Olha quem fala! Enfim, vou buscar a orientação dos meus sunbaes e marcar a reunião para daqui a três semanas! — Acenei com a cabeça, confiante.
— Por favor, faça isso! E aproveite e me traga um café gelado. Qualquer um!
— Certo! — Me curvei levemente, logo dando meia-volta.
— E, hyung…
— Hum? O quê? — O olhei por cima do ombro.
— Você está muito bonito nesse terno! — Ele sorriu.
— Bonito? Obrigado, Taehyung! Seu comentário me deixou muito feliz! — Acenei com a cabeça e logo fui concluir os meus afazeres.
Ao retornar à sala do presidente da empresa com o café em mãos, bato na porta e a abro levemente, ouvindo barulhos.
— Com licença, diretor! Trouxe-lhe o seu café…
Meus pés congelaram ao abrir a porta e me deparar com uma zona naquela sala. Imediatamente, comecei a rir.
— SAI DE PERTO, PESTE!!! — Taehyung estava escondido atrás de uma cadeira, espirrando e coçando sua pele, enquanto Yang estava a sua frente, morrendo de rir com aquela situação. O Mickey estava agitado correndo para tudo que é lado naquela sala e o CEO choramingava.
— Eu… não estou acreditando nisso! — Murmurei e logo coloquei a mão sobre a boca, morrendo de rir. Jamais imaginei ver aquela cena no meu primeiro dia de trabalho. "Eles são iguais!" — Pensei comigo mesmo.
— SAAAAI!
— Boooo!! — Yang o assustava.
— Au Au! — Mickey saia correndo por toda a sala.
— HYUNG, ME AJUDA!!! — Taehyung ao me avistar, suplicou para que eu lhe ajudasse, enquanto espirrava, tentando afastar o Yang — TIRA A MÃO DA MINHA CADEIRA! VAI INFECTAR! — Repreendeu o pequeno garotinho.
Eu, simplesmente, fiquei sem reação. Mas, imediatamente, coloquei aquela situação em ordem quando observei marcas vermelhas ao redor do rosto do Taehyung.
— Você está bem? — Toquei seu rosto levemente, tentando entender o que estava acontecendo.
— Não toca! Isso coça… — Ele coçou o seu rosto.
— V-você… é realmente alérgico a CRIANÇAS E CACHORROS???
— Eu já te disse que sim!
— Eu… eu jurava que isso era frescura! Por que não me disse que eu estava errado? Não coça, pode piorar! — Eu tirei sua mão do rosto e coloquei o café gelado sobre sua bochecha
— E você iria acreditar em mim?
— Obviamente que não, mas não custava tentar!
— Eu, sinceramente, não consigo entender você! Mas… por que você sentou aquelas coisas no meu sofá? — Taehyung choramingou ao direcionar seus olhos ao Yang e ao Mickey sentados no sofá.
— E você queria que eu deixasse eles no chão?
— Colocava um plástico de proteção…
— Cala a boca e segura o seu café!
— Hyung, estou dodói!
— Nada disso! Não sou sua babá!
— Eu sou o seu chefe, sabia? — Ele pegou o café da minha mão.
— E este é o nosso local de trabalho! Então, se comporte!
— Seu chato! — Resmungou.
— Você não tem nenhuma pomada?
— Tenho, mas não está comigo! Porém, um beijinho seu já ajuda!
— Taehyung! Não fala isso na frente da minha família! — O olhei dos pés à cabeça. No entanto, eu estava tentando raciocinar aquilo tudo — Eu realmente, não consigo entender! Desde quando você tem essa alergia? Por que eu nunca soube?
— Hyung, não vamos conversar sobre isso, é uma situação desconfortável!
— Sério? Mas… Tá, eu não vou forçar nada! Mas, como é que fica a situação do meu filho e do meu cachorrinho?
— E eu vou saber? Você não tem com quem deixar essas coisas, então o jeito é você trazer eles! Agora, traga um plástico! Eles podem infectar meu escritório inteiro! — Taehyung se arrepiou ao pensar.
— Bom, agora que você tá falando… — Cocei a nuca e olhei para meus amores — O que eu faço, hein? — Murmurei. — Tá… Preciso fazer vocês manterem distância! Aish, parece que eu estou cuidando de três crianças ao mesmo tempo!
— Ei!
— Fica quietinho, Taehyung!
— O jeito que você me faz parecer submisso é diferente! Você é o submisso aqui e eu sou o chefe!
— Tae, por favor, me deixa pensar. Fica quieto! Amanhã vamos dar um jeito de resolver isso!
— Aish, está bem!
— Você sente alergia apenas em… olhar para eles? Porque em nenhum momento, eu os vi tocar em você!
— Não diria isso… mas é quase que isso!
— Caramba! Então é uma situação muito complicada! — Falei pensativo.
No fim do dia, retornei para casa. Após um bom banho, fiz a janta e coloquei o meu filho para descansar. Os meus pensamentos estavam repletos de coisas, pois eu não sabia o que fazer, algumas ideias vinham em mente, porém foram quebradas facilmente. Cogitei em deixar os meus preciosos com meus pais, porém eles moram muito longe! Também não possuo dinheiro para contratar uma babá e obviamente, eu não vou pedir mais nada ao Taehyung. Meu orgulho já foi ferido demais!
Por que "EU" fui escolhido para cuidar de três crianças?
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