Shikahina VI
"Estou triste e para baixo"
Eram, quase, quatro horas da tarde quando Shikamaru Nara percebeu que estava completamente em pânico. E ele estava verdadeiramente ciente disso, porque seu coração estava palpitando, ele não parava de tremer sua perna direita —como acontece quando ele está nervoso—, e ele ainda estava com uma enorme sensação de que estava sufocando, e sem comentar o desconforto que estava sentindo em seu peito.
Acreditem se quiserem, ele estava em pânico por causa de Hinata Hyūga, e ela nem mesmo estava machucada.
Agora, eram quase seis e meia da noite, e desde o momento em que ele deu carona para Hinata Hyūga, ele mal ouviu sua voz. Ela estava com os olhos levemente inchados e avermelhados, a ponta de seu nariz esteve o tempo inteiro vermelho, suas bochechas estavam avermelhadas, seus lábios tremiam uma vez ou outra, e ela ainda parecia ter uma enorme dificuldade para engolir cada vez que ela tomava um gole de água. Ela estava sentada, basicamente encolhida, no chão ao lado da enorme janela da sala de Shikamaru Nara, os papéis que ela estava trabalhando durante a tarde inteira estavam jogados no chão e ela parecia se esconder de Shikamaru, o tempo inteiro, enquanto terminava de fazer alguns relatórios e levantava algumas informações para o caso que ele havia dado toda sua atenção.
Ele não conseguia imaginar o que ele deveria fazer em uma situação como aquela, e sinceramente ele achava verdadeiramente ridículo procurar no Google o que ele poderia fazer quando uma pessoa estava chorando escondida e, bem, sua mãe o ensinou que quando ele visse uma pessoa triste deveria abraçá-la, mas ele estava querendo fugir de qualquer contato físico com ela, porque ele era um covarde.
No momento em que ele criou uma certa porcentagem de coragem para entrabrir os lábios em um falso movimento para tentar chamar a atenção da garota de cabelos azul-escuro, seu celular vibrou fazendo um barulho enorme e fez com que a garota sentada no chão arregalasse os olhos imediatamente mas logo em seguida ela voltou a esconder o rosto entre os papéis.
Ino Yamanaka: Ei, Shikamaru Nara seu idiota, você me deu um bolo ontem e hoje você será obrigado a aparecer no Ichiraku porque vamos decidir as coisas da viagem! Diga para nossa doce Hinata que eu estou ordenando que ela venha com você, obrigada.
Ele revirou os olhos ao ler a mensagem de sua melhor amiga, mas ele se deu ao luxo de respondê-la.
Shikamaru Nara: Eu vou, Ino. Mas sinceramente acho que a Hinata não vai.
Ele enviou a mensagem, que acabou sendo visualizada no mesmo instante.
Ino Yamanaka: Por quê?
Ele ponderou uma resposta enquanto olhava de soslaio para Hinata.
Shikamaru Nara: Ela não falou nada o dia inteiro, está encolhida em um canto da sala e parece que chorou.
E novamente a mensagem é visualizada rapidamente.
Ino Yamanaka: Uau, para uma pessoa complexa você é um ótimo observador. Seja bonzinho, pergunte a ela sobre ir ao Ichiraku e se ela disser que não vai, você deve perguntar o que aconteceu e se ela desabar no choro você tem que abraçá-la.
Shikamaru arregala os olhos.
Shikamaru Nara: Primeiro, eu posso ser complexo mas não sou burro. Segundo, eu vou perguntar mas não vou abraçar.
Ele enviou a mensagem, colocou o celular no silencioso e o deixou em cima da mesa novamente. —Ino disse que precisamos ir ao Ichiraku resolver as coisas da viagem.—, ele diz fazendo com que Hinata o olha-se de soslaio.
—Não me sinto bem hoje.—, ela diz com a voz rouca. —Eu concordo com o que você decidir, só me avise depois.—, ela acrescenta.
Ele suspira e em seguida passa as mãos no rosto. —Aconteceu alguma coisa?—, ele questiona.
Ela nega. —Nada demais.—, ela resmunga começando a recolher os papéis.
—Quer conversar?—, ele questiona erguendo-se. —Não sou bom em conselhos, você quer um comentário sarcástico?—, ele questiona fazendo com que ela solte uma risada nasalada sem graça.
—É que..—, ela resmunga e seu lábio inferior treme. —Eu e o meu irmão brigamos.—, ela diz olhando Shikamaru com olhinhos de cachorrinho que caiu da mudança. —Por causa do Hiashi e eu.. eu só estou triste e um pouco para baixo.—, ela acrescenta deixando as lágrimas rolarem por seu rosto.
—Ah.—, ele deixa escapar. —Bem.. você quer um abraço?—, ele questionou repreendendo-se instantaneamente.
Ela arregalou os olhos levemente, nunca em um milhão de anos ela imaginou que ele lhe oferecia um abraço. Ela realmente queria e precisava de um, mas sabia que ele não era uma pessoa empática e que não estava verdadeiramente preocupado com ela, por esses e alguns outros motivos ela queria realmente negar aquela oferta tentadora, porém, ela não pôde deixar de lembrar que era uma pessoa sozinha, que acabou brigando com seu irmão mais velho e ele era sua única família em Tóquio e, bem, ela realmente precisava de um abraço.
.Ela balançou sua cabeça acenando positivamente —e isso era o que ele mais temia—, ela deixou os papéis em cima da mesa dele e rapidamente enrolou os braços na cintura de Shikamaru Nara e em seguida deixou sua cabeça abaixo do queixo dele e ele, por sua vez, enrolou os braços em volta dos ombros dela, abraçando-a de maneira simples e sem muito esforço, apoiou seu queixo no topo da cabeça dela e quase que imediatamente ele sentiu o cheiro de cajá impregnar suas narinas e ele precisava concordar que o cheiro daquela fruta era maravilhoso. Ela fungou enquanto fechava os olhos com força e em seguira respirou fundo enquanto sentia o cheiro suave de hortelã misturado com um levíssimo cheiro de tabaco, o abraço quente de Shikamaru Nara a deixava ainda mais confortável e ele nem mesmo se importou quando as lágrimas dela molharam sua camiseta, e nem mesmo quando ela o apertou mais uma vez contra ela antes de se afastar por completo e secar suas lágrimas rapidamente.
—Obrigada.—, ela diz com um sorriso murcho em seus lábios.
Ele deu de ombros. —Eu concordo com você.—, ele diz fazendo com que ela franzisse a testa.
—Com o meu agradecimento?—, ela questiona visivelmente confusa.
—Não. Que o cheiro de cajá é bom.—, ele diz arqueando uma de suas sobrancelhas.
—Ah, isso.—, ela diz sentindo suas bochechas aquecerem.
—Você vem?—, ele questionou, referindo-se ao Ichiraku, enquanto colocava a mochila em suas costas.
Ela suspirou. —Minha aparência está horrível.—, ela diz passando as mãos no rosto.
Ele a observa milimetricamente. Os cabelos dela estavam levemente desarrumados —dando a ela um ar mais despojado—, a franja dela estava alguns centímetros maior desde a primeira vez que se viram, seus olhos estavam mais inchados e mais avermelhados, a ponta de seu nariz continuava vermelha, suas bochechas estavam em um tom rosado mais forte que o normal e seus lábios tremiam.
Shikamaru Nara semicerrou os olhos, ele achava Hinata Hyūga bonita?
—Não está.—, ele diz após analisá-la. —Você está deixando sua franja crescer?—, ele questiona enquanto caminhava para fora de sua sala.
Ela assente. —É um saco, está incomodando muito os meus olhos.—, ela diz passando os dedos na mesma.
—Eu sei como é.—, ele diz dando de ombros.
Ela sorri levemente. —Você tem cabelos compridos.—, ela lembra.
Ele assente.
—Por que você nunca solta?—, ela questiona encolhendo-se dentro de sua jaqueta jeans clara e colocando as mãos dentro dos bolsos da mesma.
Ele dá de ombros. —Eu gosto mais assim.—, ele diz. —Então, você vai?—, ele questiona parando ao lado de seu carro.
Ela acabou se dando por vencida, ela balançou a cabeça em afirmação e em seguida adentrou o carro, colocou a mochila em seus pés e em seguida o cinto de segurança. Shikamaru Nara jogou sua mochila para trás, colocou o cinto de segurança, ligou o rádio e em seguida girou a chave na ignição, deu partida no carro e deixou que a garota de cabelos azul-escuro fuçasse as estações de rádio tentando encontrar uma música verdadeiramente boa. O Ichiraku não era muito longe, então não demorou muito para que ele estacionasse o carro —justamente atrás do carro de Ino Yamanaka, ela era quase um maldito de um karma—, os dois saíram de dentro do carro, Hinata saiu apenas com o celular em mãos e um pouco de dinheiro dentro do bolso interno de sua jaqueta jeans.
—Vocês chegaram, finalmente!—, Ino exclama.
—Oi.—, eles responderam e em seguida todos os cumprimentaram animados.
—Eu conversei com a sua mãe e ela concordou imediatamente.—, Ino conta. —Eles irão amanhã para Nara, e nós vamos de avião, trêm ou carro?—, ela questionou alternando seu olhar em todos naquela mesa.
—Cinco horas e vinte minutos de carro, se não estiver congestionado. Vamos gastar, no máximo, seis mil ienes por carro e nós podemos somar os gastos e dividir entre todos para o carro que vai com menos pessoas não sair prejudicado.—, Shikamaru diz prontamente.
—Certo. Eu, Sai, Chouji, Karui, Shino, Kiba, Sasuke, Sakura, Tente, Rock Lee, Naruto, Shion, Shikamaru e Hinata.—, Ino diz enquanto conta nos dedos. —Somos quatorze pessoas, um carro vai ter um lugar a mais.—
—Ino, você acha mesmo que vocês, os reis das emoções, vão querer ir separados?—, Shikamaru arqueia uma de suas sobrancelhas. —Vai ser quatro pessoas em cada carro, duas vão sozinhas.—
—Shino e eu vamos sozinhos, carregamos mais bagagens.—, Kiba fala prontamente.
—Problema resolvido.—, Ino diz sorridente.
E assim se foram algumas hora com discussões e mais discussões sobre quem iria com quem. Hinata ergueu-se vagarosamente, caminhou até o balcão e pediu um café expresso, em seguida caminhou de volta para o seu lugar com uma caneca enorme de café em mãos e logo voltou a sentar-se ao lado de Shikamaru. Ela ainda estava verdadeiramente chateada, embora estivesse animada com a ideia da viagem, na noite anterior ela e seu irmão haviam tido uma briga muito feia e tudo isso por causa de Hiashi Hyūga, o qual aparentemente está muito doente e agora parece estar afundado em remorso e arrependimento.
—Hinata?—, Ino chama a mesma.
Ela arregala os olhos levemente enquanto ela engolia um pequeno gole de café, e em seguida ela percebeu que todos estavam encarando-a. —Oi.—, ela diz sentindo suas bochechas aquecerem.
—Com quem você prefere ir?—, Ino questiona.
—Por mim tanto faz.—, ela diz dando de ombros e tomando mais um gole de seu café.
—Ajudou muito, obrigada.—, Ino diz revirando os olhos. —Shikamaru, Hinata, Naruto e Shion.—, ela diz anotando em uma folha. —Antes que vocês me perguntem, estou anotando porque gosto estar sempre com tudo em ordem. Vamos amanhã, quando todos estiverem livres.—
—Não é cedo?—, Chouji questiona arqueando uma de suas sobrancelhas.
—Estamos dispensados das aulas, não é muito cedo.—, Ino diz.
E assim se foi a noite.
[…]
Shikamaru Nara deixou as chaves em cima da mesinha de centro de sua sala, sentou-se no sofá e desejou uma boa noite ao casal de loiros, ele agarrou o controle da televisão e começou a zapear os canais enquanto ignorava seu celular vibrando em seu bolso. Temari Suna era insistente, ela estava sendo verdadeiramente inconveniente e, bem, ele não podia dizer que nunca sentiu nada por ela porque seria uma tremenda mentira, ele lembra perfeitamente de como esteve se esforçando por ela durante meses e de repente tudo acabou-se indo por água abaixo junto com o relacionamento deles.
Temari Suna era uma garota de vinte e três anos quando os dois começaram o namoro. Ela possui os cabelos louros que estavam sempre presos em um rabo-de-cavalo, seus olhos são verdes brilhantes, ela estava sempre usando roupas com cores neutras e que deixavam as curvas de seu corpo sempre à mostra. Shikamaru Nara não era uma pessoa que possuía desejo sexual, por causa de seu distúrbio, mas eles dormiram juntos algumas vezes e isso fez com que ela quisesse cada vez mais "coisas" dele, como por exemplo, queria que ele demonstrasse seus sentimentos por ela, queria que ele realmente falasse o quanto a amava —e ele sinceramente não acreditava que a amava— e coisas assim. Mas não era nada fácil demonstrar seus sentimentos, nunca foi e não seria apenas porque Temari Suna queria. Ele sabia que não era justo com ela, mas na verdade não era justo principalmente com ele, ele queria mostrar que sentia alguma coisa por ela mas de algum modo ele não sentia como se fosse o "amor avassalador" que seu irmão e seu pai estava sempre falando. Ele nunca disse que a amava, nunca disse que gostava dela e que queria estar com ela, mas ele sempre tentava demonstrar com coisas do dia a dia porque era a única coisa que ele conseguia.
—Você está bem?—, Shion questionou parando ao lado dele.
Era uma pergunta difícil de responder. Normalmente Shikamaru Nara respondia pelo modo como estava se sentindo fisicamente, nunca emocionalmente, e naquele momento ele não sentia nenhuma dor, nem mesmo uma dorzinha de cabeça. —Sim.—, ele respondeu brevemente.
—O seu celular não para de tocar, você sabe disso?—, ela questiona torcendo os lábios.
Ele assente. —É a Temari.—, ele explica.
Ela arregala os olhos vagarosamente. —Esqueça. Vá dormir, amanhã temos um dia cheio.—, ela diz colocando as mãos na cintura.
Ele balança a cabeça em afirmação. —Por favor, não conte a Ino porque não quero tornar isso uma grande coisa.—, ele pede erguendo-se.
Ela estende o dedo mindinho na direção dele, e em seguida ele enrola o mindinho dele no dela, selando um acordou ou uma promessa.
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