Foi bem difícil, foi muito sofrida, porém finalmente chegou ao seu fim, e todos comemoraram após a derrota de Muzan Kibutsuji. Muitos sofreram, sem exceções, além das lesões e ferimentos, os espadachins também tiveram danos a sua felicidade e vida pessoal.
Muitos morreram, e não foi em vão, Muzan, o maior oni que já existiu, estava morto, e isso bastava pelo sacrifício de cada um. Mesmo que doesse muito dizer isso. Shinazugawa Sanemi era um exemplo, perdeu seu irmão mais novo, o qual, que em seus últimos momentos de vida, tinha conseguido dizer aquilo que guardou por tanto tempo em seu peito, foi extremamente difícil do irmão mais velho aceitar isso.
Agatsuma Zenitsu também estava sofrendo após essa guerra. Ele havia reencontrado com o outro pupilo de seu mestre Jigoro, Kaigaku, e não foi um reencontro bom, nem um pouco. Kaigako havia se corrompido, e tornou-se um demônio Lua Superior 6, e não foi nenhum pouco piedoso com Zenitsu, e este não foi diferente. Estava bravo, irritado, extressado, e querendo uma vingança pela morte de seu mestre, tudo isso levou o loiro a matar o antigo parceiro.
Assim que a brigada de limpeza levou os feridos à Área Borboleta, Kanzaki Aoi diagnosticou Agatsuma com o braço direito, a tibia esquerda e ambos os fêmores quebrados, além da face estar com rachaduras, o garoto estava muito cansado.
Havia se passado 4 dias desde que estava sobre os cuidados de Aoi, Sumi, Kiyo e Naho. Era quase uma da manhã, Zenitsu não conseguia dormir. Ficava se remoendo e remoendo, era pelas dores que sentia ao longo do seu corpo, mas principalmente por quais motivos Kaigaku tanto o odiava e por que diabos ele se tornou um oni. Mas um barulho lhe atrapalhava nesses pensamentos, era um grunhido, que virou um murmúrio, que virou um choramingo, era um choro de pura tristeza, o loiro conseguia ouvir isso.
Tirando a coberta de cima da sua cabeça, ele olha para onde vinha esse som. Era a cama ao lado da sua, a cama que Hashibira Inosuke que encontrava.
Inosuke estava chorando. "INOSUKE 'TÁ CHORANDO?!", pensou Zenitsu, este que não conseguia se conformar com a idéia de que Hashibira Inosuke, o "Deus da Montanha", se encontrava em um estado de tamanha tristeza.
–Hum... I... Inosuke. – chamou-o sussurando, e parece que este não conseguia o ouvir. – Inosuke, cara, 'cê 'tá bem? – ainda sem sinal de que o que chorava o ouvia.
Sendo assim, querendo ajudar, levantou-se da cama, com certa dificuldade, com dores nas pernas que ainda não se recuperaram, foi até a cama ao lado, e cutucou o ombro do amigo, que escondia-se embaixo da coberta.
–O quê? – disse o que estava escondido entre soluços.
–Você está bem?
–Vai dormir.
–Hum... – Zenitsu pensou por um breve momento em obedecer e fingir que não o conseguia ouvir, mas não podia, puxou a coberta de Inosuke, estava sem a máscara de javali, esta que se foi muito danificada após sua luta com Douma, a segunda Lua Superior, olhando nos olhos verdes esmeralda, um tanto vermelhos pelas lágrimas, de Inosuke. – Não! Me diz o que porras tu tem, homem!
Zenitsu não se importou se na hora os outros estava dormindo, – afinal, eles estavam dividindo quarto com outros espadachins feridos, – mas tratou de diminuir seu tom.
Insouke estava chorando, parecia que não começou por agora, ele estava encarando Zenitsu, era mais para o braço direto dele, este que está apoiado em uma tipoia, ele mau conseguia entender como o amigo conseguia andar, mas sua maior preocupação era outra.
–Responde, droga! – dessa vez Zenitsu sussurrou, sentando-se na beira da cama do moreno. –Por que raios você está assim?
–Coisas...
–Puta, que específico! Nem sei o por quê eu ten... – ele estava se levantando, se arrependendo de ter saído da sua cama, quando sua mão é segurada por outra e a voz estridente, porém agora baixa, de Inosuke se fazia presente.
–Não, eu... É difícil pensar! – viu o loiro se sentando na beira da cama novamente, tendo sua atenção, ele se sentou na cama também, ao lado do companheiro, e tratou de continar.
–Então, eu fui criado por javalis, sabe? Só que quando eu 'tava ajudando a menininha da borboleta com o Lua Superior 2, – Zenitsu conseguiu ver Kanao, por cima do ombro, deitada na cama que ficava de frente a sua, com uma faixa sobre os olhos e em um sono profundo. – ele disse umas coisas estranhas, e que eu tinha uma mãe, tipo, uma mãe humana. – o moreno falou como se aquilo fosse chocar o amigo que escutava, sendo que não o fez já que isso era muito mais do que óbvio. – E, aí ele disse que conhecia minha mãe humana, e que ela morava com ele. E daí ela me teve, ela cantava umas musiquinhas pra mim dormir, doeu 'pra lembrar disso, e... eu não sei, ela viu ele comendo umas 'mulher lá, e ele matou ela...
Era mais que claro que a tristeza de Inosuke era visível, sua face estava em uma expressão de pura amargura e deprimida, sua voz que sempre é animada, estava cabisbaixa e tristonha, mais que a vez em que não conseguiu derrotar o "pai" de Rui. E em forma de consolo, Agatsuma põe a mão no ombro do amigo, fazendo uma pequena carícia, na tentativa de espantar os sentimentos ruins.
–E mesmo matando ele, – continou com seu monólogo. – eu ainda sinto algo! Não sei o que é, mas, sei lá, dói? – pediu uma resposta com os olhos para o amigo ao lado.
–Bem, eu te entendo... eu acho que entendo. – se acomodou na cama, fazendo uma pequena pausa para pensar nas palavras que usaria. – O vovô foi obrigado à me adotar, porque eu não tinha, e ainda continuo, sem pais, aqueles putos me abandonaram. Eu sempre ficava pensando no porquê de me abandonarem, mas só pensar nisso me fazia esquecer de quem realmente me amava e se importava comigo. O vovô foi o único que não me abandonou, sempre que eu queria desistir do maldito treinamento, ou tentava fugir, ele me dava uns esporros e me levava 'pra casa. – riu um pouco, se lembrando de como era sua convivência com Jigoro. – Mas onde tem felicidade, tem um infeliz 'pra estragar tudo. O Kaigaku, aquele mau amado, se rebelou de uma maneira extrema, eu não sei o que deu nele na verdade, mas no fim isso só trouxe a morte do vovô...
–E-Eu sinto muito, cara. – agora era a vez de Inosuke tentar confortar o amigo.
–Tudo bem, até porque agora eu não levo mais tapas na cabeça à fora, hahahah. – aquela piadinha tinha conseguido quebrar o clima pesado que se tinha posto no local, Inosuke até deu uma risadinha pelo nariz. Zenitsu continuou a falar. – Na verdade, eu vi ele. Quer dizer, eu tava desmaiando, quase morrendo, e o vovô só sorriu e... e... – palavras eram impossíveis de serem formuladas em meio à soluços e as lágrimas que surgiam em seus olhos mel queimado. – ele só sorriu... e disse que tinha orgulho de mim... i-isso foi o bastante para saber que ele estava bem. – terminou a frase inspirando para conter a coriza e sorrindo com o amigo.
Agatsuma esperava de tudo naquele momento, desde Hashibira rindo dele à Murata-san acordando e brigando com eles por conta da conversa. Mas não esperava que seria abraçado. Inosuke estava o abraçando, dividindo suas dores e chorando junto a sí. Zenitsu não demorou para corresponder o abraço do amigo, acariciando seus cabelos bagunçados bicolores, sentindo seu ombro molhar um pouco, falando coisas para reconforta-lo, até que Inosuke o solta e o encarra.
–Você é um bebê chorão fudido mesmo, 'né? – o loiro estava pronto para devolver o xingamento, como ele ousa acabar com aquele momento fofo e sentimental? – Mas eu acho que ela não 'tá muito orgulhosa de mim...
"Hm? 'Tá falando da sua mãe?! Que jamanta, não sabe seguir com uma conversa, bipolaridade 'tá difícil!", pensou em falar isso, mas percebeu que seria muito grosso de sua parte, então resolvel conforta-lo até onde podia.
–Er... Olha, creio que o maior orgulho da sua mãe, foi poder ver você crescer? Eu não sei, eu não sirvo 'pra isso, pergunta 'pro Tanjiro depois... Pronto! É isso! O Tanjiro é nossa nova mãe! – ele riu da própria idéia estranha, e o outro o acompanhou nisso.
Mas era verdade, desde que Inosuke saiu das montanhas e entrou em aventuras com Kamado Tanjirou, Kamado Nezuko e Agatsuma Zenitsu ele percebeu que a vida não se resumia a matar onis por ai, e se tornar o mais forte. Os laços que criara com todos os amigos foi algo que nunca teve antes, e agora que tinha consciência disso, não deixaria que os perdessem fácil. Esses três, um mais estranho que o outro, são sua nova família, o amavam como um irmão –, mesmo que Tanjiro pareça mais se comportar como uma mãe, assim como disse Zenitsu. Eram uma família estranha, Tanjiro a mãe superprotetora, Nezuko a filha mais nova, Zenitsu o primo chato que é aspirante a ser "o tio do pavê" e Inosuke o mascotinho da galera.
Mesmo compartilhando tanto afeto com todos os amigos, esses dois garotos ansiavam por alguém os amem. Talvez eles mesmos possam ocupar esse espaço, mas isso já seria história para outra madrugada. Naquele momento, eles estavam um apoiando o outro, e isso bastava.
Naquela madrugada acabou dormindo sobre Zenitsu, este que resolveu dormir na cama do moreno porque estava cansadíssimo, e este não o deixara sair dali de qualquer forma.
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Pela manhã, trazendo os remédios para os lesionados, Aoi notou que tinha uma cama vazia. As pequenas trigêmeas foram correndo porcurar pelo paciente, mas depois de Kanao acordar para tomar umas pílulas, ela simplesmente disse "O Inosuke tava fazendo drama e depois 'tava ele o loiro conversando. Foi difícil essa noite."
Ao ouvir o nome do garoto javali, Aoi olhou para a cama onde ele se encontraria, mas só achou madeixas douradas, e curiosa ela puxou a coberta para ver quem estava na cama do escandaloso do Hashibira.
Tudo o que ela pode encontrar foi os dois abraçados, inconscientes que estavam do que fazendo, a garota achou muito fofo, mas os zoaria para o resto de suas vidas com isso.
>FIM<
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