História All These Years - Vamos testar sua sorte

Lauren POV

Três semanas haviam se passado desde a nossa mais recente mudança. Meus pais não paravam em casa, e quando paravam sempre era pra reclamar de algo... como sempre. 

Estava com a vida resumida naquele famoso ciclo: comer, tomar banho e dormir. Já me sentia parte dos móveis de tanto tempo que passava aqui, cheguei a ir no máximo em um restaurante e que ainda por cima era horrível. A minha coluna estava destruída por passar tanto tempo deitada. 

A boa notícia já havia sido dada. Na segunda-feira começarei a frequentar o novo colégio. Essa é a parte boa, porque a ruím é que decidiram me jogar em uma escola que nem ao menos fui com meus para avaliar e não faço a miníma idéia de onde fica ou como chegar. 

[...]

Passei quase uma hora indo de casa até a escola, posso imaginar o quanto isso será cansativo. Ter que acordar mais cedo,  me apressar na hora de me arrumar. E já considero essa uma escola péssima para eu estar.

Meu pai me levou até a diretoria, conversou com a diretora e foi embora logo em seguida, me deixando sozinha com a diretora em uma sala estranha, para que eu pudesse pegar meu documentos e seguir para o meu primeiro dia de aula. E assim que fui tentando conhecer um pouco melhor o colégio, um rapaz alto parou ao meu lado e acenou com a cabeça, fazendo com que eu tivesse a mesma reação, de forma simpática.

— Vejo que é nova... — ele sorriu passando a mão pelo cabelo — por aqui. — completou

— Sim, cheguei fazem alguns minutos!

Caminhamos alguns metros em total silêncio, até que finalmente chegamos nos armários e ele me ajudou a encontrar o meu.

— Parece que te deram um bom — disse analisando assim que o abriu — Sempre me dão um emperrado, já troquei várias vezes e sempre pego um ruim.

— Então podemos considerar que tenho muita sorte. — virei-me ficando de frente para ele — A propósito, ainda não fomos apresentados. Me chamo Lauren, e você? 

Estendi a mão para cumprimentá-lo com um aperto de mão, mas o meu ato foi correspondido com um tipo de high five seguido por uma batidinha no meu braço.

— Colson, Richard Colson. — respondeu olhando por cima dos meus ombros — Agora vamos testar essa sua sorte.  

Fui arrastada pela metade do colégio enquanto ele abria e fechava a porta de todas as salas pelas quais passávamos, como se estivesse procurando por algo e tendo esquecido completamente que o sinal já havia soado dando inicio as aulas. Me assustei com um grito estridente, parecendo que, por fim, ele encontrou o que tanto estava procurando.

— Entra aqui, garota. 

Ordenou me colocando com a menor gentileza para dentro de uma sala.

— Karla, preciso de um favor. Leve essa menina para um passeio pelo nosso maravilhoso colégio. — ele disse para uma garota que tinha a expressão assustada, provavelmente a dona do grito que ouvi — Preciso assistir aula.

— Não, não. — a menina arregalou os olhos e começou a balançar as mãos de forma desesperada — Nem pense nisso, só vim buscar umas coisas e estou voltando para a sala. Termine o que começou.

— Parece que ela não gostou de você, L — Colson falou com um sorriso no rosto

— Te garanto que não é nada pessoal, só que no momento estou um pouco ocupada — ela disse me olhando de forma rápida enquanto pegava algumas folhas e pastas em cima de uma mesinha.

— Meninas, preciso ir. — antes que a garota saísse da sala ele correu e passou pela porta. E voltou alguns instantes depois — Karla, cuide bem dessa garota. E você, L, tome cuidado com a Karla, a carinha de besta engana bem.

— MACHINE! — Karla gritou jogando algo contra ele. — Droga.

Novamente, ele partiu, deixando a menina com o rosto vermelho e provavelmente furiosa. Mas ela não disse nada, só continuou organizando as coisas que estava pegando e ignorou bem a minha presença como se eu, de fato, nem existisse. Resolvi ficar quieta sentada em uma das cadeiras que se encontravam na sala.

Eu não sabia o que fazer, poderia falar e ela me ignorar ou ficar calada e ela pensar que eu que estou ignorando ela. Ai, que confusão a minha mente está.

— Hum, você pode ficar de pé para sairmos?— ela me pediu e seu olhar analisou todo o meu corpo, sem nem ao menos disfarçar — Primeiro dia? 

— Sim. — respondi sorrindo

Tomei a liberdade de dar a mesma secada nela. Não notei muita coisa nela desde que a vi, mas olhando melhor agora, é linda, e quando digo linda é linda mesmo. Cabelos pretos, olhos castanhos, uma boca maravilhosa e o corpo mais ainda.

— E então? — perguntou franzindo o cenho

— Me desculpa, o que? 

— Te perguntei duas vezes o que o Colson te mostrou da escola, e você fica com essa cara de doida me encarando. — disse balançando a cabeça.

— Olha, não fui rude com você. Não há motivos para ser rude comigo. — rebati — Ele só me trouxe aqui e me largou contigo.

— Montou sua grade? — assenti — Passou na sala? — neguei — Conhece alguém além do Colson?

— Sim, você e a diretora. — falei e ela deu uma risada, mas não porque achou engraçado o que eu disse, parece que foi mais como um "puta merda."

— Vou te apresentar a Allyson e você me deixa livre. Ok? Geralmente ela conduz os novos alunos. — apontou para a saída — Te deixarei assistindo aula e depois Allyson vai fazer todo o procedimento que faz com os novos alunos.

Ela foi saindo da sala e me fazendo segui-la, não no mesmo ritmo que o Machine. Seu andar era mais calmo e seu olhar atento a cada placa que passamos. Me aproximei mais e passei a andar lado a lado com ela.

— Não fomos apresentadas. Meu nome é Lauren Jauregui — dei uns passos mais rápidos e parei bem na frente dela.

— Karla Camila. — se afastou para o lado e voltou a andar — Bom, agora que sei seu nome, posso te pedir algo, não é? — assenti — Pode não olhar mais pro meu corpo da mesma forma que olhou lá naquela sala? 

— E eu não percebi que você olhou da mesma forma para mim?

Falei e ela abriu a boca diversas vezes e alternava entre virar o rosto para me encarar e olhar para a frente.

— Estava olhando pra sua roupa, não para o seu corpo, entende? Gostei do seu estilo. Pena que ele não veio separado. — ai que vontade de meter a mão na cara dessa garota, é muito insuportável. 

— Ah, vai a merda, garota! Deixa que eu me viro para fazer a minha tour por aqui, posso procurar essa Allyson sozinha — quando tentei me afastar, ela segurou calmamente meu braço — Solta!

— Eu estava brincando, mas, de qualquer maneira, não estava olhando para o seu corpo. É que realmente gostei da sua roupa. Sinto muito se pareceu que eu estava te olhando de outra forma, não queria te desrespeitar, juro.

— Tanto faz! — falei me desvencilhando de suas mãos — Babaca

— Sua sala — parou no meio do corredor e apontou para uma porta — Seu nome está aqui — disse mostrando um dos documentos que a vi pegando em cima da mesinha — É uma lista de frequência provisória, entra e entrega pra professora. Não se esqueça de dizer que eu fui que mandei.

— Tá livre de mim. — debochei e ela levantou uma mão como se estivesse agradecendo

— Vou atrás da Ally e no intervalo ela te encontra. 

Camila POV

Dez passos, dei exatamente dez passos antes que o Colson agarrasse meu braço e me levasse até a escada. Nunca passei por isso, mas tenho certeza que ele me fará um breve interrogatório. Pediu para que eu me sentasse, e assim fiz, sentei ao seu lado organizando a pequena quantidade de papéis no meu colo.

— Pegou o número dela? — ele perguntou de forma afoita

— Você só pode estar de brincadeira com a minha cara. Primeiro você joga a menina na mesma sala que estou e tenho que agir como se fosse a babá dela, agora me pergunta se peguei o número dela. Qual o seu problema, Richard Colson? — juntei tudo e me levantei.

— Meu problema? O caso aqui é debater sobre o seu problema! — me empurrou pelos ombros fazendo com que eu sentasse novamente — Sei que achou ela bonita

— Sim, achei. Ela é bonita — afirmei

— E mesmo assim não deu pelo menos um beijo nela? — negou passando as mãos freneticamente pelos cabelos — Droga, eu tento te ajudar, mas você também tem que colaborar, Karlinha. 

Bastou. A vida do Colson se resume em tentar arrumar alguém para mim, mesmo que eu já tenha dito diversas vezes que não que não preciso. 
Quando percebi já estava no meio do corredor, indo para a minha sala de aula e o Colson atrás de mim.

— Não sei como sou amiga de uma pessoa como você, sério. Você é tão estupido! — me virei para ele e apontei no seu rosto — Fica longe dela.

— Karlinha, Karlinha, ei. Vai ficar chateada comigo? Sou seu melhor amigo, somos quase irmãos, lembra?

Balancei a cabeça e lhe dei um abraço apertado. Pois, apesar de ser um completo idiota, Colson sempre estava comigo quando precisava dele, é um verdadeiro irmão para mim, mesmo assim não vou passar a mão na cabeça dele.
Só preciso que ele entenda que vou fazer as coisas no meu tempo, não vou forçar nada, quero apenas me concentrar no agora, em coisas que realmente vão me acrescentar algo e não besteiras que ele supõe que sejam importante, mas na realidade são irrelevantes e desnecessárias, pelo menos por hora.

— Tá bom, só avisa a baixinha que a aluna nova está na aula de literatura. — oh merda, dei toda uma volta e agora percebi que vou ter que ir para o mesmo lugar. Fiquei viajando tanto que esqueci a aula que estava assistindo.

— A senhora que manda! 

Voltei a sala que estava tendo aula de literatura, pedindo desculpas para a professora pela demora e justificando meu atraso. Sentei no meu lugar e Lauren olhou de relance para mim e sinalizou que iria sentar na cadeira a minha frente. Não que ela seja uma pessoa chata, até porque não tive tempo de conversar normalmente, mas não gosto de ter tanta interação com ninguém dessa escola e espero que ela entenda isso.