Jungkook suspirou sorrindo enquanto olhava para a decoração natalina do comércio, havia corrido até ali e estava totalmente ofegante, segurando algumas luzes nas mãos.
Olhou para o lado ao ouvir passos se aproximando de onde estava e correu para se esconder atrás da porta, respirando fundo para controlar sua respiração ofegante. Contou até cinco mentalmente e viu a porta ser aberta com cuidado, um alfa entrava pela mesma de forma cuidadosa enquanto tinha uma arma em mãos.
Jeon ao menos deu tempo do homem raciocinar o que estava acontecendo, deu o bote por trás como um leão faminto e enrolou os fios do pisca-pisca no pescoço do homem com força, algumas luzes até chegaram a estourar e os pequenos cacos de vidro furaram sua mão. Não ligou, preferia o furo de pequenos vidros do que o furo de uma bala em si.
O homem chinês acabou deixando a arma cair, segurando o fio que estava em seu pescoço com as duas mãos e o puxou, tentando se soltar enquanto se contorcia por estar sufocando. Jeon o segurou daquela maneira até perceber que o mesmo havia parado de se mexer, consequentemente parado de respirar e logo o soltou, observando seu corpo morto cair ao chão.
– Terminei. – Jungkook disse próximo ao ponto que carregava preso em suas roupas e ouvido, ofegante.
– Sempre fazendo um bom trabalho, Coelho. – Ouviu a voz de seu chefe comemorar, soltando uma pequena risada. – Ótimo trabalho, garoto.
– Obrigado.
– Pode sair daí, já mandei o pessoal até o local para limpar a bagunça. Boas festas, alfa.
Jeon tirou o ponto da orelha, saindo de dentro do comércio que deveria ser um pequeno mercado, mas que funcionava como comércio ilegal de armas para a máfia chinesa do bairro. Seu carro estava estacionado no beco ao lado do comércio e já dentro do mesmo, pegou seu celular o colocando no viva voz, enquanto pegava um pequeno kit de primeiros socorros que estava dentro do porta luvas e cuidava dos pequenos cortes em suas mãos.
– Seja rápido por favor, tenho muita coisa para fazer. – A voz do amigo soou de forma estressada, enquanto ao fundo Jungkook conseguia escutar o choro de sua filha de pouco mais de um ano de idade.
– Porque o mau humor?
– Eu estou cuidando da Wendy sozinho hoje e ainda tenho que preparar alguma sobremesa para a ceia.
– E o Yoongi?
– Teve que sair, ele vai passar um dos casos que está cuidando para um amigo, assim ele vai ter o ano novo livre. Aproveitou para dizer que compra no caminho um presente bosta que eu possa dar para a mãe dele e que ela talvez possa gostar.
– Então porque está reclamando?
– Jungkook, aquela mulher me odeia! Ela vai enfiar uma bengala doce no meu cu assim que eu aparecer na casa dela, tenho certeza. – Jungkook riu. – Você está rindo porque não é com você, eu ainda tenho que fazer uma sobremesa que ela goste porque vamos passar o Natal com ela.
– Não é tão ruim assim. – Jeon enrolou uma faixa em uma das mãos, a que estava mais machucada e guardou o kit no porta luvas novamente.
– Não é tão ruim assim? É péssimo! – O choro da criança aumentou. – Wendy, calma. Eu já estou terminando o seu mingau, não deixa o papai louco antes de você ter dezoito por favor.
– Ela vai te dar trabalho quando for adulta.
– E eu não sei disso? – Suspirou. – Agora me diz, porque ligou? E de onde está falando?
– Eu estava trabalhando, um caso fácil que o chefe me mandou. Sério, foi fácil até demais.
– Trabalhou no feriado? Que merda..
– Pois é. – Riu sem ânimo. – Eu liguei para pedir ajuda, Hyung.
– Você me pedindo ajuda? Que novidade.
– O ômega com quem eu estou saindo me chamou para passar o Natal com ele, pelo que parece a família toda vai para Busan e ele vai ficar porque fingiu dor de cabeça. – Explicou, dando a partida no carro e iniciando o trajeto até o próprio apartamento. – Como ele não quer ficar sozinho, me chamou para ficar com ele..
– Mas eu pensei que não fosse nada sério, agora você já está indo passar o Natal com ele?
– E realmente não era, mas.. – Jungkook hesitou, ficando mudo por alguns segundos enquanto pensava no que dizer. – Ele é.. diferente..
– Diferente como?
– Hyung, eu acho que tivemos um Imprinting.
Jeon ouviu o ofego surpreso do mais velho do outro lado da linha, mas o mesmo permaneceu em silêncio e por longos segundos tudo o que Jungkook ouvia era a sua respiração.
– Um Imprinting? Isso não é brincadeira Jungkook.. é algo muito sério.
– Eu sei disso, por isso estou assustado.. – Jungkook passou uma das mãos pelo cabelo de forma nervosa, colocando os fios para trás. – Eu quero ele para mim, não consigo ficar longe mais e eu realmente tentei.
– É um Imprinting, Jungkook. Você não conseguiria mesmo se alguém te acorrentasse.
– Eu não sei o que fazer, não sei o que dar de presente para ele..
– Você não comprou um presente ainda, sério? Jungkook o Natal é meia noite e você ainda não tem o que dar para ele!
– Não precisa se exaltar, eu mesmo já sei disso.
– Você tá ferrado.
– Não se você me ajudar. – Apelou o seu tom de cachorrinho pidão, fingindo chorar e ouviu Taehyung resmungar algo. – Por favor.
– Tá, o que você quer?
– O que um ômega gostaria de ganhar de presente?
– Você que tem que saber, ele é seu namorado. Como é que eu vou saber do que ele gosta?
– Ele não é meu namorado.
– Já tá errado aí.
– Hyung.. – Jeon murmurou cansado pela enrolação do mais velho.
– Tenta lembrar das coisas que ele gosta, vou dar o mingau da Wendy mas eu ainda estou ouvindo.
- Tá, tudo bem...
Jeon acabou parando em um sinal vermelho, apertando o volante com as duas mãos enquanto tentava se recordar das poucas coisas que sabia que o ômega gostava.
– Ele gosta de amarelo.. – Começou um pouco incerto, respirando fundo em busca de confiança. – Ele também gosta de coisas fofas e bonitinhas, mas não é igual os outros ômega.. ele tem.. personalidade e ele é doce.
– Ô meu anjo, que bonito. – Ouviu a voz sarcástica do outro. – Mas eu perguntei do que ele gosta, não pedi um relatório do caso.
– Tá, eu acho que coisas fofas..
– Você só sabe isso? – Perguntou desacreditado.
– Eu sei, eu sou horrível. – Encostou a cabeça no volante enquanto choramingava, apertando a buzina sem querer e tomando um pequeno susto.
– Vamos começar pelo básico..
[...]
Jungkook sorria enquanto segurava uma sacola nas mãos, ajeitando a própria roupa enquanto estava parado na frente da casa simples. Era a primeira vez que ia até a casa de Jimin, estava um pouco nervoso por isso mas se lembrar de que seus pais estariam fora já lhe acalmava um pouco.
Sorriu largo ao se lembrar de que seriam apenas os dois, estarem sozinhos significava algo muito bom na cabeça do alfa.
Não havia ligado para Jimin pois queria lhe fazer uma pequena surpresa assim que chegasse, resolveu tocar a campainha cansado de enrolar ali fora e olhar a decoração natalina da casa.
Levantou a sobrancelha ao ouvir mais de uma voz dentro da casa e passos apressados seguirem até a porra, seguido de um barulho alto de algo se chocando contra a porta de madeira.
Pensou em pegar sua arma que estava escondida em algum canto de sua roupa, mas desistiu ao ouvir a voz de Jimin do outro lado da porta.
Colocou o seu melhor sorriso no rosto ao ouvir a mesma ser destrancada, mas logo o seu sorriso morreu ao ver um homem bem mais velho que Jimin e o próprio ômega parados a porta. Jimin parecia frustrado e o homem que tinha alguns traços iguais aos seus estava irritado, os dois lhe encararam e Jungkook pigarreou incomodado pelo silêncio.
– Ah, então é por isso que você estava mentindo? – O senhor ignorou sua presença, se virando para o filho que deu um tapa na própria testa.
– Pai, não começa.. por favor.
– Jimin, eu não estou fazendo nada. – Sorriu, ainda olhando para o filho.
– Pai, eu não tenho mais dezessete anos.. – Jimin colocou uma mão na cintura enquanto encarava o mais velho copiando sua expressão.
– Érr.. oi? – Jungkook resolveu falar, vendo pela primeira vez os dois lhe encararem. – Oi, eu sou Jeon Jungkook e..
Se calou, tendo um pequeno sobressalto quando a porta se fechou com força na sua cara e se encontrou sozinho do lado de fora. Ficou perdido por alguns segundos, sem saber o que fazer. Deveria esperar ali? Ou ir embora de uma vez? Por sorte acabou ouvindo a voz de Jimin chamando pela mãe e alguns instantes depois novamente a porta foi aberta e desta vez por um Jimin envergonhado e uma ômega com um sorriso gentil nos lábios.
– Desculpe, querido. – A senhora lhe puxou para dentro da casa de forma rápida, demorando para Jeon assimilar o que estava acontecendo. – Meu marido é um pouco zangado.
– Ah, que isso.. – Jeon devolveu o sorriso para a mulher. – Não foi nada demais. – Mentiu, já que havia ficado sim irritado com aquilo.
– Como se chama? – A mulher perguntou, enquanto lhe ajudava a retirar o sobretudo pesado que usava e tudo isso sobre o olhar vigilante de Jimin.
– Meu nome é Jeon Jungkook, senhora. – curvou o corpo em uma pequena reverência, agradecendo ao ver a mulher segurar seu casaco.
– Senhora não, por favor. – Ela lhe estendeu a mão. – Me chame de Park Heenam, sou a mãe de Jimin.
– É um prazer conhecê-la. – Usou seu charme com a mulher afim de ganhar confiança, sorrindo galanteador e ao invés de apertar sua mão como a mulher queria, segurou a mesma e lhe deixou um beijo castro.
– V-Vamos, a ceia está quase pronta. – Ela recolheu a mão um pouco envergonhada.
– Um momento. – Jeon pediu ainda sorrindo, tirando de dentro da sacola uma garrafa de vinho. Sua intenção era tomá-la com Jimin, mas achou ser uma boa maneira de se infiltrar na família. – Aqui.
– Que isso, meu jovem. – Ela pegou a garrafa de sua mão. – Não precisava.
– Eu faço questão.
– Vamos indo, vamos. – A Park disse, saindo apressada e andando na frente.
Jungkook permaneceu parado com Jimin no mesmo lugar, mantendo o sorriso intacto no rosto até perder a mulher de vista. Logo ouviu uma pequena risada vindo de Jimin e o encarou, de forma ameaçadora.
– Ela gostou mesmo de você.
– Você disse que estaria sozinho, você mentiu. – Jeon sussurrou, cruzando os braços e encarando o ômega.
– Porque eu ia mesmo. – Levantou os braços em forma de rendição para se defender. – Mas o meu irmão pegou o meu celular e viu a nossa conversa, ele me dedurou para os meus pais e deu nisso.
– Se você soubesse o que estou sentindo agora. – murmurou raivoso, desviando o olhar.
– Calma, alfa. – Jimin sorriu, se aproximando de si e lhe deixando um selar rápido em seus lábios. – Pelo menos ainda estamos juntos no Natal.
– Tem razão, desculpe. – Suspirou vencido, sentindo Jimin lhe segurar pelo pulso.
– Vamos indo?
– Trouxe para você. – Lhe entregou a sacola, vendo o ômega o encarar surpreso e sorrir largo.
– Não precisava..
– Precisava sim.
– Vou colocar embaixo da árvore, vou abrir com os outros presentes. – Sorriu para si, voltando a lhe segurar pelo pulso.
Jimin o guiou até a sala, onde o alfa voltou a ficar tenso pela presença do pai do ômega. O mesmo estava sentado com as pernas cruzadas e lhe encarava como se quisesse matá-lo, no outro sofá, um alfa que aparentava ser mais jovem e era extremamente parecido com o Park mais novo, copiava a expressão irritada do outro alfa, ao seu lado uma ômega fêmea sorria boba encarando o alfa que mal lhe encarava por estar vidrado em Jungkook.
O único lugar que havia sobrado para Jeon se sentar era uma poltrona no canto do cômodo, porém de frente para os dois alfas. Se sentou um pouco desconfortável, olhando para Jimin que havia ido até a árvore de natal e deixado o seu presente embaixo da mesma.
Ouviu um pigarro forte e desviou o olhar do ômega, vendo o alfa mais jovem lhe encarar com uma sobrancelha levantada.
– Qual é o seu nome?
– Jeon Jungkook.
– Com o que você trabalha? – Foi a vez do mais velho entre os três alfas perguntar.
– Financias em uma empresa de Gangnam. – Jeon se ajeitou no sofá, adotando uma postura mais relaxada e esboçou um pequeno sorriso cínico ao sentir que aqueles alfas estavam tentando impor presença sobre si.
– Tem quantos anos? – O mais novo voltou a perguntar.
– vinte e quatro.
– Jimin, ele é muito velho para você. – O mais novo murmurou, olhando para o ômega que revirou os olhos e se sentou ao lado da outra ômega.
– Pelo amor de deus, eu tenho vinte anos.
– Quando você nasceu ele já tinha quatro anos, já estava por aí aprontando! – Foi a vez do pai de Jimin reclamar.
Jungkook acabou rindo, atraindo a atenção dos dois que ficaram em silêncio, desacreditados de sua ousadia.
– Desculpem. – fingiu limpar algumas lágrimas imaginárias no canto dos olhos. – É que isso é engraçado, vocês dois.. tentando achar algum problema em mim..
– Eu vou colocar ele moleque para fora, Heenam! – O alfa mais velho exclamou para a mulher que estava na cozinha.
– Se fizer isso, eu coloco você!
O alfa resmungou irritado ao ouvir a fala da esposa, cruzando os braços como uma criança birrenta e virando o rosto para o lado, afim de evitar Jungkook. Jimin se sentou ao lado da ômega, encantando o alfa de maneira apreensiva, tinha medo de que ele não estivesse se sentindo confortável ou ficasse irritado.
Um silêncio incômodo se instalou no ambiente, no momento todos ali na sala pareciam desconfortáveis com a irritação dos dois alfas. A ômega estava constrangida, Jimin atento a qualquer movimentação estranha e Jeon olhava a casa ao redor despreocupado.
– Porque não começam os jogos? – Sugeriu a mãe de Jimin, aparecendo na sala enquanto limpava as mãos em um pano de prato. – Temos tempo até o peru ficar pronto.
– Acho uma boa ideia. – A ômega murmurou baixo.
– Que tal ômega versus alfas? – Sugeriu a senhora com um sorriso nos lábios.
– Não! – Os dois alfas da casa disseram juntos, assustando um pouco a mulher.
– Ok, então que tal casal contra casal?
– Me desculpe, mãe. – O primogênito dos Park disse, ainda irritado. – Eu me recuso a jogar com ele, é um estranho.
– Concordo. – O pai da família se pronunciou, apoiando o filho na ideia.
A senhora ficou sem saber o que fazer, olhando para Jimin ou para a nora em busca de alguma ajuda para resolver aquela situação. Jungkook, já cansado de todo aquele drama com a sua presença, resolver apelar para algo que nenhum alfa conseguia resistir. Um desafio.
– Está tudo bem, senhora park. – Ele sorriu para a mais velha. – Eu entendo porque eles estão assim, eu também teria medo de perder para um novato na família.
– Como é que é? – O senhor park lhe encarou enquanto arqueava uma sobrancelha.
– Ninguém aqui tem medo de perder para você!
– Não parece, para mim vocês dois estão com medo de perderem para mim. – Jeon olhou para as próprias unhas, fingindo estar desinteressado. – Tudo bem, eu não quero que sejam humilhados.
– Casal contra casal, agora!
Jeon escondeu o sorriso vitorioso que queria surgir em seus lábios, olhando a família se ajeitar e se levantou, indo se sentar ao lado de Jimin. O mesmo lhe abraçou de lado, sorrindo pequeno enquanto os outros dois alfas decidiam quem começaria.
– Todo ano a gente tem uma rodada de minica, mas cada ano é um tema diferente.
– Qual é o desse ano?
– Filmes.
...
Jeon ria junto a família enquanto observavam o primogênito dos Park realizar sua minica e sua namorada tentando adivinhar o que o mesmo estava fazendo.
A garota parecia tão confusa quanto o resto da família, de primeira os Parks pensaram que Jihyun estivesse passando mal, pois ele havia lido o tema sorteado para si e no minuto seguinte havia deitado no chão e começado a tremer.
A família ficou durante todos os 60 segundos de tempo limite tentando desvendar o que acontecia com o filho, até que o tempo acabou e ele se levantou. Depois disso Jungkook, Jimin e até mesmo seu pai começaram a rir do alfa que ficou indignado por terem pensado que ele ainda não havia começado sua minica.
Foi abrigado a fazer de novo e a mesma coisa, Jungkook segurava sua risada enquanto o olhava tremer no chão e recebia cotovelada de Jimin que dizia que todo mundo já havia percebido que ele estava rindo.
Era a vez da garota tentar adivinhar, mas ela deveria com certeza estar repensando o porquê de namorar aquele alfa no chão.
– Já sei. – Jungkook murmurou, mordendo os lábios para segurar a risada. – Isso é... Titanic?
– Droga! – O alfa ralhou raivoso, se levantando do chão.
– Espera, como isso pode ser Titanic? – A senhora Park perguntou confusa, olhando para o filho que agora voltava a se sentar no sofá.
– É a cena em que eles estão congelando no mar. – Ele explicou como se fosse óbvio, pegando seu soju que estava sobre a mesa de centro do cômodo e deu um logo gole na bebida.
A senhora ficou em silêncio, ainda não acreditava naquilo mas preferiu ficar quieta, nunca entendia como havia parido crianças peculiares como seus dois filhos que apesar de já terem mais de vinte anos, continuavam a se comportar como se tivesse dez e com os hormônios dos dezessete.
– Agora é a vez de quem?
– Jimin.
O mais novo se levantou, dando um beijo rápido em Jungkook e andou até o centro da sala, ouvindo os resmungos de seu pai enquanto sorteava um filme para si.
Jungkook o observava atento, não entendia como no trabalho conseguia adivinhar qualquer coisa sobre um caso mas ali naquele momento, jogando minica com a família do seu futuro ômega, estava empatado com o irmão do mesmo. Se acertasse aquela, ganharia o jogo.
Jimin suspirou ao ler o papel, amassando em seguida e deixando sobre a mesa.
Jungkook sorriu pequeno ao ouvir a risada baixa que o ômega soltou antes de começar a fazer a minica, ele começou a fingir que estava dirigindo e o alfa pensou que aquilo era fácil demais. Observou o jeito como o outro franzia as sobrancelhas para tentar fingir que estava bravo, ou como fingia estar em alfa velocidade.
Olhou para o lado, vendo que os outros dois estavam com um pouco de dificuldade para tentar adivinhar do que se tratava. Ganharia fácil demais.
Mas achou melhor fingir que não sabia, se tentasse uma resposta errada, o ponto iria para os dois alfas e assim o irmão de Jimin acabaria ganhando. Valia a pena para tentar ter uma boa convivência, já que se tudo desse certo, passaria outros natais com a família.
– Eu já sei. – Jungkook levantou a mão, atraindo a atenção dos Parks. Viu os dois alfas parecerem aflitos, com medo de perder para si. O orgulho Alfa era a coisa mais flidiota que Junho já tinha visto, claro, tinha o seu.. mas quando começou a treinar, aprendeu que em algumas situações o orgulho deveria ser colocado de lado. – É corrida mortal.
– O que? – Jimin perguntou, o olhando de forma indignada. – Não, Jungkook. Como você conseguiu errar? Estava tão fácil!
– Desculpa, Mochi.
– Ah, perdeu! – Jihyun começou a rir.
– O que era? – Jungkook perguntou fingindo demência, vendo o park se aproximar emburrado por ter perdido e se sentar ao seu lado.
– Velozes e furiosos.
– No próximo ano a gente ganha. –Tentou consolar o ômega, fazendo carinho em seu cabelo.
Jimin apenas concordou em silêncio, ainda estava um pouco irritado mas sentiu confiança ao ouvir que no próximo ano ganhariam e estava feliz por ouvir aquilo, significava que o alfa gostaria de passar outro natal consigo.
– Vou servir a ceia agora, vamos para a cozinha. – Heenam chamou a atenção de todos, se levantando do sofá enquanto olhava os filhos comemorarem pela comida como duas crianças famintas. – Espero que as mãos estejam limpas.
– A minha está. – Jimin levantou as duas mãos para a mãe, recebendo um afago na cabeça em resposta e se levantou, seguindo a mesma até a cozinha.
– Onde eu posso lavar a mão? – Jungkook perguntou, se levantando.
– Segundo andar, primeira porta. – O Park mais velho respondeu, se levantando e indo atrás da esposa e do filho mais novo.
Jungkook andou até as escadas, se espreguiçando por ficar tanto tempo sentado e acabou tomando um pequeno susto quando quase tropeçou em um cachorro que havia surgido entre seus pés. O cachorro já de idade balançava o rabo freneticamente, mas parecia cansado demais e com isso Jeon olhou confuso para o irmão do ômega que ainda estava ali.
– Esse é o Koji, o bebê da família.. – Sorriu enquanto olhava para o cão. – Ele é velhinho, não se preocupe que ele não vai te morder. O máximo que ele vai fazer é te seguir e roubar o seu sapato, não pisa nele porque ele é o xodó do Jimin.
– Pode deixar.
Jungkook deu um jeito de desviar do cão e subir as escadas apressado enquanto via o mesmo lhe seguir com a língua para fora, haviam vários quadros na parede com fotos da familia, mas naquele momento o alfa não estava tão interessado em olhar para elas.
Entrou no banheiro e praguejou baixo ao ver que o cachorro já estava ali dentro consigo, resolveu deixar já que ele apenas se sentou próximo a porta e ficou lhe encarando. Lavou as mãos, secando na própria calça mesmo enquanto encarava o cãozinho de volta. Ele parecia ser obediente.
Sentiu o celular vibrar no bolso de sua calça e pegou o mesmo com a mão ainda um pouco úmida, lendo o nome de seu chefe na tela. Iria apertar cancelar a chamada, já que não pretendia ter mais nenhum trabalho naquele dia quando o aparelho escorregou por suas mãos molhadas e caiu no chão.
Se abaixou para pegar, suspirando aliviado ao ver que a tela não havia quebrado e estranhou ter se sentido mais leve por alguns instantes.
Olhou para baixo e levantou um pouco a calça, arregalados os olhos ao ver que seu revólver não estava mais preso no coldre que usava por baixo da roupa folgada.
Olhou ao redor quase entrando em desespero e arregalou os olhos desacreditado ao ver o cachorro gordinho correr com a mesma na boca. Estava ferrado, muito ferrado. Como explicaria aquilo caso Jimin ou alguém de sua família visse? Diria que a arma surgiu como mágica? Se faria de desentendido e diria que não sabia de onde aquilo tinha vindo?
Saiu de dentro do banheiro para correr atrás do cachorro, mas ficou parado no pequeno corredor ao ver o irmão de Jimin fazendo carinho no mesmo enquanto segurava o seu revólver. Engoliu seco, o observando ajeitar a postura e como se tivesse realmente bastante prática naquilo, destravar a mesma e apontar para si.
– Porque trouxe isso? – Perguntou, abaixando a arma em seguida e retirando as balas de dentro com agilidade. – Você não trabalha com financias coisa nenhuma.
– Me devolve. – Jungkook permaneceu sério, observando o mesmo girar seu revólver entre os dedos.
– Não é coisa para crianças como você carregarem por ai, eu posso apreender sabia? – Parou de rodar a mesma, mexendo no bolso de sua calça e tirando de dentro da carteira o seu distintivo. – Oficial Park.
Jungkook sorriu, pegando o seu distintivo no bolso da camisa que usava e mostrou ao mais velho.
– Oficial Jeon.. e seu superior.
– Sabia que você tinha alguma coisa estranha. – O Park sorriu, lhe devolvendo a arma. – Nenhum homem que parece estar sempre em alerta parece trabalhar com financias.
– Você é mais esperto do que a maioria dos policiais, que estranho.
– Dá próxima vez não traga isso, é perigoso.
– Sou obrigado a andar com isso. – Guardou a mesma de volta no coldre, tomando cuidado para que o velho Koji não estivesse por perto e sim no colo do outro.
– Tanto faz. – Fez carinho na cabeça do animal. – Só tome mais cuidado no próximo natal, oficial.
Jungkook tentou não demonstrar estar surpreso com aquilo, mas foi quase impossível. Ele estava lhe convidando para o próximo natal de forma discreta? Sorriu pequeno, estendendo a mão para o Park que não demorou para apertar a mesma de volta.
– Bem vindo a família Park.
– Obrigado.
– Mas não pense que como seu cunhado eu vou facilitar as coisas para você, Jimin é meu irmãozinho e eu vou ser duro quanto a isso.
– Eu garanto que serei mais.
– Seu segredinho está a salvo comigo.
[...]
Jungkook estava novamente sentado na poltrona, terminando de beber sua taça de vinho totalmente entediado enquanto observava a família sorrir e se divertir junto, abrindo os presentes que cada um havia dado.
Jeon não estava acostumado com o Natal, a última vez que havia comemorado um Natal foi quando tinha cinco anos, foi o último natal que teve com sua mãe antes de perdê-la para o câncer. Depois disso, seu pai que era um oficial do exército mal tinha tempo para ficar consigo e seus natais se resumiram a presentes sem valor sentimental, enquanto comia em silêncio com sua madrasta que lhe odiava sem motivo algum.
Sentia saudade de poder sentir toda aquela magia, para si era só mais um dia comum.
Deixou a taça vazia sobre a mesa e pegou seu celular no bolso, pronto para começar a fingir que estava fazendo alguma coisa importante para se distrair quando ouviu ser chamado.
– Esse foi o presente que o Jungkook trouxe.
– Desculpem por não ter trazido presentes para todo mundo, eu não sabia que estariam aqui.. – Se levantou, fazendo uma pequena reverência aos mais velhos e foi se sentar ao lado de Jimin no chão. – Prometo que se houver uma próxima vez, trarei para todos..
– Não tem problema, meu filho. – A senhora colocou uma mão sobre a sua. – Sua presença já é um presente, sinta-se em casa.
Jungkook sorriu com o gesto da mulher, desviando o olhar por não saber como reagir.
– Posso tentar adivinhar? – Jimin perguntou animado, tirando a caixa de dentro da sacola e balançando a mesma próxima do ouvido.
– Se quiser pode, mas não é nada muito extravagante.. eu não sabia o que te dar. - Foi sincero com o ômega, o observando parar de balançar a caixa e sorrir para si.
– Não tem problema, Jungkook. – Beijou sua testa. – Eu gosto de qualquer coisa vinda de você.
– Mas poderia ter sido um presente melhor..
– Tenho certeza que vou gostar muito desse. – Jimin voltou a olhar para a pequena caixa na cor verde água, com um laço branco como enfeite. Sorriu largo, abrindo a pequena caixa e acabou arregalando os olhos surpreso ao ver duas alianças. – ...
– Não gostou? – O alfa perguntou diante o silêncio do outro.
– Jimin, você vai matar ele do coração se ficar em silêncio desse jeito. – Heenam repreendeu o filho por estar calado, percebendo como o Jeon parecia nervoso.
– Acho que alguém não gostou. – Alfinetou o pai do ômega.
– Jimin, se você for recusar faz isso logo.
– O que? – Jimin finalmente olhou para os dois quando ouviu a fala do irmão, rindo baixo ainda suspreso. – É claro que eu não vou recusar... e-eu.. – Olhou para o alfa ao seu lado. – Jungkook, isso é sério?
– Sério até demais, Jimin. – Sorriu para o mesmo, segurando seu rosto com as duas mãos de forma carinhosa e deixou um beijo no topo de sua cabeça. – Eu quero que seja meu, mas você é quem tem que aceitar...
– Jeon... Isso é incrível..
– Quer ser o meu ômega, Jimin?
Jimin sorriu largo, pulando contra o alfa e envolvendo seu pescoço em um abraço apertado, distribuindo incontáveis beijos por todo o seu rosto.
– É claro que eu quero.. eu sempre quis.. – Jimin lhe encarou ainda sem conseguir parar de sorrir, passando a mão por seu cabelo e colocando os fios para trás. – Eu te amo..
– Eu também te amo, Jimin... – Sorriu, deixando um selar demorado em seus lábios.
– Nada de beijos debaixo do meu teto. – O pai do ômega exclamou, fazendo com que os dois resmungassem e se afastassem.
Jimin riu baixo, pegando a aliança e colocando sobre o próprio dedo, olhando para a mão com o anel durante longos segundos. Logo, segurou a mão de Jungkook e colocou a outra aliança em seu dedo, deixando um beijo casto sobre a mesma.
– Gostou do seu presente? – Jungkook abraçou sua cintura, olhando para a família que agora estava distraída abrindo o restante dos presentes.
– Eu amei, Jeon..
– Eu não ganho nenhum?
– Claro que ganha, mas eu não vou te dar agora. – Sorriu, acariciando sua bochecha e mordeu os lábios um pouco ansioso.
– E porque não?
– É algo que meu pai não gostaria nada de ver. – Riu baixo, deixando uma mordida fraca em seu queixo. – Mas vamos ter que esperar todo mundo dormir..
– Mal vejo a hora dessa festa acabar.
– Você vai dormir aqui, né?
– Claro.
– Ei, pombinhos. – Os dois olharam para o Park mais velho, o mesmo estava extremamente sério ao encarar os dois. – Quero a porta do quarto aberta..
– Claro, pai. – Jimin sorriu para o mais velho, encostando a cabeça no ombro do alfa em seguida e soltando um gemido desapontado. – Belo natal..
– Eu achei ótimo.
– Feliz natal, Jungkook..
– Feliz natal, Jimin..
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