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História Amizade quase Perfeita - Capítulo VII (parte 2) - História escrita por bolinhoLizz - Spirit Fanfics e Histórias
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História Amizade quase Perfeita - Capítulo VII (parte 2)


Escrita por: bolinhoLizz

Capítulo 8 - Capítulo VII (parte 2)


 

Estava largado sobre minha cama enquanto o quarto permanecia no completo breu. Perto de mim, o celular sintonizava em uma rede de rádio aleatória. Sim, eu escutava rádio. Poderia parecer meio antiquado para certas pessoas, mas aquele era um costume que eu tinha desde pequeno. Era quase como um ritual antes de dormir. Eu não conseguia pegar no sono sem ao menos escutar um pouco de música. No momento tocava a canção Dia Especial, do Thiago Iorc.

Confesso que não era um grande fã do cara, contudo tinha que admitir que a música era muito boa. Calma e relaxante, o que não podia ser melhor para quem costumava ter insônia, já que não era nem onze horas da noite e eu já estava sonolento. Todos os meus músculos estavam relaxados e minha mente permanecia completamente vazia. Sentia que poderia dormir a qualquer instante... poderia, se alguém não tivesse escancarado a porta e ligado à luz do quarto, jogando toda a claridade do mundo em cima dos meus olhos. Em um movimento involuntário me sentei e encarei o garoto de cabelos desgrenhados que estava parado no pé da minha cama.

– Careca?– esfreguei os olhos para ter certeza e não, eu não estava sonhando, Cebola realmente estava no meu quarto.– O que você tá fazendo aqui a essa hora? Como conseguiu entrar?

– Sua mãe abriu pra mim.– Cebola respondeu, em um tom descontraído, como se aparecer do nada no quarto de uma pessoa fosse a coisa mais normal do mundo.– E então, por que você ainda não está pronto?

– Pronto? Pronto pra que?– perguntei, em uma bela revirada de olhos. Pensei que com todos os nãos anteriores Cebola tivesse finalmente entendido que eu não ia naquela festa ridícula, mas pelo jeito eu havia me enganado.– Eu já disse mil vezes que não vou.

– Fala serio Cascão, é só uma festa...– ele frisou.– Qual o problema?

– O problema se chama Toni!– tirei os fones do ouvido que ainda reproduziam a música e lancei um olhar reprovador para meu melhor amigo. Era impossível que Cebola tivesse esquecido o quão idiota e sem noção aquele cara era. E além do mais, nenhum de nós dois dávamos bem com Toni, então, porque diabos iríamos pra casa dele no fim das contas!?

– Só vamos para nós divertir um pouco...– ele insistiu.– Será que dá pra deixar de ser estraga prazeres?

– Não.– deitei na cama novamente e voltei a colocar os fones, dessa vez aumentando o volume no máximo. Não que aquilo fosse adiantar muito, já que eu ainda podia ouvir as reclamações alheias dele.

– Qual é Cascão!– Cebola exclamou, fazendo cara de cachorro abandonado.– Pensei que fôssemos amigos! Pois eu convoco o juramento dos parças!

Juramento dos parças? Sério que Cebola iria apelar para um juramento que criamos quando tínhamos sete anos de idade? Que baixo nível...

– Para de ser mané Careca.– sibilei, já me irritando com a situação.– Se você quer tanto ir nessa festa, por que não vai sozinho!?

– Se eu ir sozinho a Mônica vai pensar que só fui por causa dela.– Cebola explicou, de cara amarrada.

– E isso por acaso não é verdade?– questionei o óbvio. Até uma criança de cinco anos sabia o motivo real por trás do interesse repentino de Cebola naquela festa...

– É sim.– ele admitiu, para minha surpresa.– Mas ela não precisa ficar sabendo disso... e outra, é bem certo que a Cassandra também esteja lá. Você me disse que ainda pretende voltar com ela, então essa seria uma oportunidade perfeita para vocês conversarem melhor, não acha?

Por alguns segundos deixei minha antipatia por Toni de lado e parei para pensar com calma. A idéia de ir em uma festa, principalmente à aquela hora, me soava bem desagradável, por outro lado porém eu finalmente poderia ter a chance de conversar com Cascuda, já que ela estava me ingnorando desde a última vez em que nos encontramos no shopping. Ela tomou a decisão de se afastar de mim, mas apesar de todas as nossas claras diferenças eu ainda acreditava que podíamos voltar. Meu único erro foi ter comentado aquilo com Cebola, pois agora ele tinha a isca perfeita para me convencer a ir naquela festa.

– Ok.– levantei da cama, me dando por vencido.– Você me convenceu.

– Ótimo!– Cebola comemorou, com um sorriso satisfatório no rosto.– Então vai colocar uma roupa decente logo por que eu já estou arrumado.

De fato. Convencido do jeito que era Cebola tinha ido ao meu encontro já pronto para sair, pois no fundo sabia que mais cedo ou mais tarde eu cederia ao seu pedido. Sempre foi assim. Desde quando éramos crianças e de algum jeito mistérioso ele me fazia concordar com seus planos infalíveis, mesmo eu sabendo que no fim tudo acabaria em boas e doloridas coelhadas. Pensando bem, não tinha nada de mistérioso naquilo. Cebola apenas era um ótimo manipulador. E por ter consciência daquilo, usava e abusava...

Deixando ele de lado, caminhei até meu guarda-roupa, peguei as primeiras peças que encontrei e as vesti. Uma das melhores vantagens de ser homem era exclusivamente aquela, enquanto as mulheres demoravam séculos para se arrumar, nós homens estávamos prontos em menos de dez minutos.

Depois de calçar meus tênis e comunicar ao meus pais que iria sair, Cebola e eu saimos de casa e andamos por algum tempo pelo Bairro do Limoeiro. Nenhum de nós dois conhecia onde Toni morava exatamente, o que dificultou um pouco a nossa vida. Para piorar fazia frio mais do que o normal, o que só aumentou meu nivel de mal humor. Quando finalmente achamos, dei um enorme e pesado suspiro. Ainda não conseguia acreditar que tinha sido convencido a ir naquela festa. O que uma garota não conseguia fazer com o cérebro da gente...

– Relaxa ai Cascão.– Cebola deu um tapa em minhas contas e em seguida tocou a campainha da casa. Não acreditei que alguém realmente fosse nos atender, já que o som alto que vinha lá de dentro parecia bloquear qualquer ruído em torno de toda a esquina. No entanto, para nossa sorte — ou não— alguém abriu a porta.

– Convidados novos!– aos tropeços um cara narigudo veio ao nosso encontro, e sem nenhuma autorização passou os braços em volta do pescoço de cada um.– Sejam bem vindos! Entrem! Entrem!

Pelo modo de falar, o hálito forte, e o copo semi vazio em uma das mãos, era certo afirmar que aquele cara já estava bêbado.

– Fiquem a vontade!– ele gritou, antes de sair pulando feito um louco entre meio às pessoas.

– Nossa, parece que o colégio inteiro veio.– Cebola comentou, e tive que concordar. Nimbus, Franja, Iza, Luca... todo mundo estava ali.

– Cebola, você porrr aqui!?– Alguém exclamou de repente, e só pelo sotaque irritante pude saber de quem se tratava.– Mas que marravilha!

– Não enche Penha.–  Com os olhos fervendo ele interrompeu a garota. Desconfiado, dei um passo para frente e fiquei atento. Cebola estava com tanta raiva daquela garota que eu não duvidaria nada se ele pulasse pra cima dela.

– Calma... eu vim com as merrores das intenções.– Penha levantou as mãos em um gesto de paz, porém manteve aquele sorrisinho maldoso no rosto.– Só querria te avisar parra tomar cuidado por onde anda, ou você pode acabar vendo a Mônica porr ai, dançando com mil garrotos em volta dela...

– Vaza daqui Penha!– exigi impaciente. Eu suportava aquela garota tanto quanto suportava Toni, ou seja, zero porcentagem.

Com mais um sorrisinho sádico, Penha saiu da nossa frente. Infelizmente vitoriosa. Pois, apesar de tudo ela tinha feito o que queria, com apenas algumas palavras ela havia plantado a semente da discórdia na cabeça de Cebola.

– Você tá legal careca?– Deixei umas batidinhas nas suas costas e ele acentiu.

– Tô sim.– sorriu fraco, depois engoliu em seco. Só de pensar na hipótese de ver Mônica com outros caras fazia Cebola se contorcer, e aquilo estava mais que visível em sua face.

– Eu vou no banheiro.– avisou, e em um piscar de olhos desapareceu do meu lado. Banheiro... sei.

Cebola sabia ser cabeça dura quando queria, eu só esperava que ele não bancasse o maluco e fizesse alguma idiotice. De qualquer modo ficaria de olhos abertos caso algo acontecesse. Enquanto tudo parecia bem, deixei ele de lado e tratei de ir atrás de algo para beber. Estava com a garganta seca e um refrigerante cairia bem no momento. Depois de procurar por um tempo, fiquei sabendo que a mesa com bebidas ficava na cozinha. Parti para lá, e mesmo tentando foi impossível não esbarrar nas pessoas durante o caminho. Ali parecia mais um formigueiro do que uma casa em si.

Quando consegui entrar na cozinha pude voltar a andar tranquilamente. Ali não tinha muita gente. Apenas um grupinho de amigas, um casal de namorados e uma garota sentada de costas que não me parecia nenhum pouco estranha. Olhei mais atentamente e logo saquei quem era. Aquele cabelo preso era inconfundível.

Em passos lentos e silenciosos me aproximei de Magali e soltei um BU no pé do seu ouvido. Ela estremesseu de susto por um milésimo de segundo, mas logo relaxou as feições quando me viu.

– Você ainda vai me matar de susto!– exclamou, com a mão no peito.

– Foi mal.– sentei ao seu lado contendo o riso.– Não consegui resistir. Você estava aí toda distraída que não pude perder a chance. Aliás, estou surpreso em te ver aqui, pensei que não gostasse desse tipo de festa.

– E não gosto.– em um suspiro ela bebericou um pouco da bebida que segurava.– Mônica e a Denise que me arrastaram pra cá.

– Que coincidência.– tirei o copo da mão dela e virei o líquido na minha boca.– O Cebola também me obrigou a vir. Você sabe, não existe ninguém mais insistente que ele e... o que é isso?

Olhei pro copo vazio e tentei identificar o que eu tinha acabado de engolir. Era razoavelmente bom, porém estranho.

– Não faço a mínima idéia.– Magali sibilou.– Foi a Denise que me deu.

– Hum... acho que não faz mal se tomarmos mais um pouco.– comentei, após visualizar o grande recipiente que estava na mesa. Me dirigi até lá e enchi dois copos. Entreguei um pra Magali e fiquei com o outro. Não se parecia com nada que eu já tivesse bebido, o que me causou uma certa curiosidade. Bebi todo o líquido e depois peguei mais um pouco para a gente.

– Isso daqui vicia.– exclamei, decidido a não beber mais nenhum copo.

– Nem me fale.– Magali sorriu, e de novo fiquei hipnotizado naquele sorriso brilhante. Bom, não era para menos. Ela estava bonita. Mais bonita do que o normal. Talvez fosse o vestido preto que vestia, ou o gloss rosa claro em seus lábios que sinceramente foi a coisa que mais me chamou a atenção. Eu quase desejei saber qual gosto ele tinha. Quase, pois antes que minha mente fizesse isso, dei um tapa na minha cara mentalmente. Eu nunca tive pensamentos como aquele com Magali, e não seria agora que teria.

– Então...– limpei a garganta e desviei o olhar para longe.– Você por acaso viu a Cascuda por aí?

– A Cassandra?– Magali quase engasgou ao ouvir o nome.

– É.– afirmei.– Você a viu? Eu queria conversar um pouco com ela, quase não a vejo ultimamente.

– S-sim.– Magali gaguejou, mordendo os lábios.– Eu vi ela, só que...

– Só que o que?– voltei a encara-la com atenção. Até parecia que ela estava tentando me esconder algo.

– Bom... é que...– Magali engoliu em seco algumas vezes depois balançou a cabeça em discordância.– Não é nada. Esquece o que eu disse, o som alto dessa música deve tá começando a mecher com meu cérebro...

– Magá pode falar.– segurei uma de suas mãos que estava sobre a mesa e apertei.– Amigos não guardam segredos um pro outro, tá lembrada?

Tá legal. Jogar o assunto pro lado sentimental foi um pouco sujo, mas eu realmente precisava saber o que ela estava me escondendo.
Magali deu um suspiro um tanto quanto pesado, e após hesitar alguns segundos finalmente falou;

– Eu vi a Cassandra, mas ela meio que estava com um garoto e...– mais um suspiro – Olha eu não estou supondo nada, eu só não quero que você tente encontra-la e por acaso veja algo que te magoe.

Fiquei sem reação por algum tempo. Eu só tinha ido naquela festa estúpida por causa de Cassandra, e saber que ela estava ali com outro cara me fez sentir bastante idiota.

– Não se preocupe.– apesar de estar levemente decepcionado, me recusei a demonstrar aquilo.– Tá tudo beleza. Cassany e eu não estamos mais juntos a semanas, ela tem todo o direito de sair e conhecer gente nova.

– Que bom que você tem um pensamento tão maduro quanto esse Cas.– Magali murmurou, tirando minha mão da sua e apertando de leve meu ombro.

– Tudo bem! Tudo bem!– No mesmo instante a música foi abaixada, e no fundo pude ouvir a voz miada de Denise gritar.– Todo mundo fazendo um círculo aqui na sala! Tipo, agora! Vamos!

Magali e eu nós entre olhamos, então sem questionar levantamos e fomos até a sala, onde a maioria do pessoal já estava.

– Agora quero que vocês se misturem e sentem ao redor dessa mesa!– Denise gritou.

A galera se embolou e fez o que ela pediu numa velocidade absurda. Eu tinha planejado sentar ao lado de Magali ou de Cebola para não me sentir mais desconfortável do que já estava, mas com o empurra empurra que se fez acabei parando no lado oposto dos dois.

– Agora nós vamos jogar um jogo que se chama; Dez minutos no Paraíso.– Denise anunciou, e a galera soltou risadinhas e gritinhos irritantes. Revirei os olhos até não poder mais. Eu poderia estar na minha linda e confortável cama numa hora daquelas, mas não... eu estava ali, em um lugar onde eu nem queria estar para começo de conversa. Para piorar a situação, visualizei Cassandra no meio da roda. Ela havia sentado a umas três pessoas de mim, e ao seu lado estava um cara. O ruivo do seu curso de inglês que ela jurava ser só seu amigo. Amigo... claro. Virei a cabeça para o lado oposto dela e passei as prestar atenção no que Denise dizia;

– Para quem não conhece aqui vai as regras. Nós jogamos o jogo da garrafa e o casal sorteado fica preso por dez minutos no armário. Como não temos um armário, vai a despensa mesmo! Ah e nós não nos responsabilizamos pelo que acontece lá dentro... ok? Preparados?

Houve um sim de quase todo mundo e logo Toni surgiu com uma garrafa na mão. Ele bebeu o resto do líquido que continha nela e em seguida a girou sobre a mesa. Após alguns segundos a garrafa parou.

– Nosso primeiro casal!– Denise gritou.– Jeremias e Aninha!

Houve um grande motim de gritos, e de longe pude ver Titi ter um ataque. O melhor amigo e a ex namorada dentro de um armário. Sozinhos... o que poderia ser pior?

Jeremias e Aninha caminharam até um pequeno cômodo no fim do corredor e depois de fechar a porta todo mundo parou de gritar. No resto do tempo o pessoal se entreteu entre si, até que a galera começou uma contagem regressiva para o fim. Não pareceu, mais dez minutos passaram-se muito rápido. Logo Jeremias e Aninha saíram, e além de vermelhos pareciam muito constrangidos. Se rolou alguma coisa lá dentro, só eles sabiam...

– Ok. Próxima rodada.– Toni girou a garrafa de novo, e toda vez que ela passava por mim um suor frio descia por minha testa. Eu não queria entrar no armário com ninguém, pois não estava no clima, preferiria continuar quieto no meu canto, apenas observando. A garrafa girou mais um pouco e como uma maldição traiçoeira do destino parou e apontou diretamente para mim. Houve mais uma sessão de gritos e risos, só que dessa vez mais alto. Não entendi o porque de todo o alvoroço até olhar para onde a outra ponta da garrafa tinha parado.

Magali.

Engoli em seco. Para ser sincero, de todas as garotas naquele círculo, ela era a última com quem eu gostaria de formar par. Justamente por sermos amigos, aquilo poderia soar um tanto quanto constrangedor.

– Cascão e Magali!!– Denise gritou, histericamente.
Olhei para Magali e vi o desconforto em seus olhos. Estava evidente que nem eu e nem ela queria brincar daquilo.

– Valeu mas eu não tô brincando disso.– falei e como esperado todos vaiaram.

– Calma pessoal. Ele está no direito dele.– Toni interrompeu as pessoas para poder falar e no início achei a atitude dele bem madura, mas depois cai na real. Toni sendo legal? Até parece...– Se não quiser ir está tudo bem, mas você será substituído pelo anfitrião da noite. Que no caso, sou eu!

– Nem pensar!– Falei meio que automaticamente. Eu nunca deixaria que Magali ou qualquer outra garota ficasse sozinha com aquele cara.

– Então entra na brincadeira e vai!– Denise exclamou, colocando mais lenha na fogueira.– Se não sabe brincar não desse pro play fofo!

Em uma respirada funda me levantei. Era eu ou o idiota do Toni. Não havia saída. Vendo que não teria jeito Magali também se levantou e juntos caminhamos até o cômodo. Esperei que ela entrasse primeiro e logo fechei a porta atrás de nós. Só então pude reparar no quão apertado e escuro aquele lugar era. Ali parecia ser algum tipo de depósito para materiais de limpeza, ou seja, bastante estreito. Só cabia duas pessoas, e cada uma tinha que ficar de frente para a outra se não quisesse se machucar em todas as tralhas que estavam guardadas lá dentro. A luz também não favorecia. A única claridade visível vinha de uma minúscula janelinha que iluminava muito pouco. Eu só conseguia ver parte do rosto de Magali e olhe lá.

– Já está arrependida de ter vindo pra essa festa?– perguntei, só para quebrar o gelo.

– Com certeza.– ela murmurou, e pude sentir seu suspiro chegar em minha pele. Aquele lugar nos obrigava a ficar perto um do outro, mas eu não fazia a mínima idéia de que estávamos tão próximos assim.

– É, eu também.– tentei me afastar alguns centímetros para dar um pouco de espaço para ela, mas fui impedido por um montoeiro de vassouras e rodos que espetaram minhas costas. Eu não podia passar mais. Aquele era meu limite.

– Como anda o seu pulso?– Magali perguntou, claramente puxando assunto.

– Melhor.– murmurei.– Pude até voltar a treinar.

– Legal...– sibilou, e caímos de volta ao silêncio mortal. Alguns segundos se passaram e ela na aguentou mais; – Quanto tempo ainda falta? Esse lugar é claustrofóbico!

Com cuidado levei meu braço até o ponto de luz e olhei meu relógio.

– 8 minutos.– informei, e pude sentir a sua frustração ir pelos ares. Não a julgava, parecia que o tempo tinha parado ali dentro... mas não tinha muito o que fazer há não ser esperar. Magali fechou os olhos e seguindo o exemplo dela também fechei os meus, tentando não pensar em nada até que pudesse ouvir a contagem regressiva para sairmos dali.

Não deu muito certo. Eu era inquieto e eufórico. Não conseguia ficar muito tempo parado em um lugar, ainda mais sem fazer nada. Era quase como uma tortura silenciosa. Abri os olhos e comecei a procurar algo para encarar. Talvez em meio a aquele breu eu encontrasse alguma coisa que pudesse me distrair. Qualquer coisa mesmo. Mas para meu azar não tinha nada além de rodos, vassouras e baldes. Não havia nada de interessante em olhar para aquilo, o que fez com que meus olhos se direcionassem para Magali. Não exatamente para ela, mas para sua boca. Não sei porque mas admirar seus lábios estava começando a virar uma mania. Uma mania bem inconveniente por assim dizer.

Dei uma respirada bem profunda. Minhas vistas haviam começado a ficarem distorcidas e minha mente embaralhada. Uma sensação estranha e incomoda que não era nenhum pouco agradável.
Para não perder o senso de direção, coloquei uma das mãos sobre a parede e tentei pacientemente esperar. O que era difícil pra caramba. O lugar estava apertado e o som da música abafada que vinha do lado de fora parecia hipnótica.

– Estou com a leve sensação de que não deveríamos ter tomado tanto daquela bebida.– murmurei, perto demais do rosto de Magali. A aquela altura a minha ficha já tinha caído. Realmente a bebida parecia ser só mais um ponche comum, mas era certo que havia um teor alcoólico muito alto naquilo. Foi bem idiota da nossa parte ter bebido tanto assim.

– Pois é.– ela sussurrou, parecendo sentir os mesmos sintomas que eu.

Levantei as vistas e com o pouco de luz que tinha pude ver que ela havia aberto os olhos. Nossos olhares se encontraram e por mais que eu quisesse, não consegui mais desvia-los.

Aquela maldita bebida rosa parecia estar acabando com meus neurônios, por que naquele exato momento senti um gigantesco desejo de beijar Magali. E por mais que eu repudiasse aquele pensamento ele parecia ter se fixado em meu cérebro como um parasita. Meu corpo não obedecia mais aos meus comandos. Como magia um imã invisível pareceu ter surgido entre nós dois fazendo com que nossos corpos se atraissem cada vez mais para junto um do outro. Estávamos tão perto que meu coração errou uma batida quando nossos narizes se tocaram.

Abaixei as vistas e voltei a admirar seus lábios. Dessa vez porém, nem com mil tapas mentais na cara conseguir tirar da mente o desejo estranho de beija-la. Sabia que era muito errado pensar naquilo, mas por incrível que pareça nada realmente parecia importar naquele momento.

Ultrapassei os últimos centímetros que nos mantinham afastados e juntei meu lábios nos seus em uma atitude impulsiva e irresponsável. Sei que Magali não estava esperando por aquilo pois ela soltou um som de surpresa no mesmo instante, no entanto não se afastou. Talvez porque estivesse muito chocada pra exibir qualquer reação ou porque a bebida estava afetando igualmente seu cérebro, e assim como eu, ela também tinha perdido o juízo. 

Ok. Tirando o fato de que éramos amigos desde sempre, o que nos impedia de fazer aquilo? Éramos dois jovens levemente bêbados, carentes e sozinhos, trancados em um lugar escuro e apertado... aquilo era justificável, certo?

Me libertei da pequena culpa que estava sentindo e a beijei com mais vontade, sem ligar muito pro quão errado aquilo parecia ser. Confesso que aquele beijo seria muito melhor se Magali não fôssemos tão próximos. A vontade repentina de beija-la era grande, entretanto não conseguia ignorar a vozinha na minha cabeça que insistia em dizer que aquilo não era certo.

Quando a sensação estranha começou a passar e meus lábios finalmente começaram a se familiarizar com os de Magali, senti uma mão tocar meu peito e me empurrar para trás. Não foi forte o suficiente para me machucar, porém o bastante para nós afastar.

Pelo jeito Magali tinha recuperado o bom senso. Só não consegui saber se ficava feliz ou triste por aquilo. Quando nos separamos senti todo o meu rosto queimar e arder. Durante o beijo aquela situação não parecia tão constrangedora quanto estava sendo no momento.

Abri a boca pra tentar sibilar algo, mas no mesmo instante as pessoas do lado de fora começaram a contagem regressiva.

Desesperado fiz a primeira coisa que me veio a mente, com a palma da mão limpei minha boca. Magali estava usando nos lábios aquele maldito gloss rosado, e com certeza ele agora também estava nos meus. A pior coisa que eu poderia fazer era sair daquele lugar com o rosto borrado, pois todos saberiam o que havia acontecido ali dentro.

Quando finalmente chegaram no 0 abri a porta e sairmos. Houve alguns gritos e em silêncio rezei para que eu não estivesse tão vermelho quanto imaginava estar, pois Magali parecia um pimentão. Pensei que haveria mais gritaria, mas logo o pessoal se aquietou, voltando a concentração no sorteio do próximo casal. Acho que não deram muita importância porque deduziram que nada tivesse acontecido. Magali e eu eramos amigos, era surreal pensar que algo rolaria entre nós dois. Bom, esse era meu pensamento a dez minutos atrás, agora nada mais fazia sentido. Olhei para onde Cassandra estava e vi que ela havia saído dali, aquilo me remoeu por dentro. Mesmo que não estivéssemos mais juntos a aprovação dela ainda era muito importante para mim. Não queria mágoa-lá.

Tirando os olhos do lugar me toquei da situação delicada em que estava. Precisava conversar com Magali urgentemente. Porém quando me virei para falar com ela percebi que a mesma já não estava mais ao meu lado. Ao longe pude ver ela passar pelo montoeiro de pessoas e ir em direção a porta principal. Eu não poderia deixar ela ir sem antes conversarmos. Saí em disparada atrás dela, tentando ao máximo não parecer desesperado. Não queria dar motivos para as pessoas acharem que algo tivesse acontecido.

Segui seu rastro e vi quando ela saiu pela porta. Se eu me apressasse um pouquinho mais talvez conseguisse alcançá-la. Passei por mais algumas pessoas e quando estava quase na saída alguém entrou na minha frente, fazendo com que nos esbarrase-mos e um pouco de bebida voasse pelo ar. Mesmo distraído, quase tive certeza de que aquilo fora proposital.

– Você não olha por onde anda não?– Toni perguntou, naquele seu tom irritante de sempre.

– Sai da frente.– disse. Não tinha tempo para discussões por mais que quissese.

– Não tão rápido.– ele bloqueou minha passagem.– Temos um assunto a tratar. Você derrubou minha bebida e isso não vai ficar assim...

– Eu não vou discutir com um babaca como você.– falei, já irritado. Abrindo passagem a força por ele.– Tenho coisas mais importantes pra fazer! 

– Ah não vai não!– senti um empurrão forte na costas que me fez cambalear para trás. Fervendo de raiva me virei para tirar satisfações, mas não tive tempo. Assim que virei senti uma pancada forte no lado direito do rosto. Tão forte que fez minha cabeça latejar. Cai no chão e logo pude sentir um gosto metálico na boca. Passei a mão pelo rosto e vi o líquido vermelho entre meus dedos. Sangue

Furioso olhei para Toni que exibia seus dentes num largo sorriso, enquanto mais e mais pessoas se aproximavam, formando um círculo.

Cuspi o sangue que havia acumulado na boca e me levantei, cheio de ódio. 

Minha mãe tinha razão. Festas significavam problemas. E se era problema o que Toni queria, então era isso o que eu iria dar para ele.


Notas Finais


Agora as coisas vão começar a ficarem boas!! Próximo capítulo em breve. 💞💞


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