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História Among the Shadows - Capítulo 19- Conhecendo um pouco mais - História escrita por IzaaBlack - Spirit Fanfics e Histórias
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História Among the Shadows - Capítulo 19- Conhecendo um pouco mais


Escrita por: IzaaBlack

Capítulo 19 - Capítulo 19- Conhecendo um pouco mais


POV Allyra

Rolo na cama meio cansada e franzo a testa para as cortinas abertas. Por que diabos elas estão abertas? Meu cérebro demora um instante para se localizar, e sendo sincera nem mesmo me lembro de ter vindo para o quarto. Flashes da noite maravilhosa que tive vem até mim com força. Sofá, tapete, caçador. Pisco algumas vezes para voltar pro presente.

Olho ao redor procurando pro Daryl e fecho a cara quando não o encontro. Xingo baixo e levanto da cama, procurando algo para vestir.  Acabo decidindo por um banho quente para relaxar os músculos, que querendo ou não estão cansados da noite intensa de ontem.

Saio com os cabelos pingando, de calça jeans e sutiã, e desço para a cozinha para preparar algo para comer, mas acabo dando de cara com Daryl na escada.

-Qual o problema?- pergunta parando na minha frente e cruzando os braços.

-Nenhum- respondo pronta para me esquivar.

-Está de cara feia- diz me pegando pela cintura e apertando contra seu corpo. Faz carinhos aleatórios em minhas costas.

-Não estou não.

-Está.

-Você me deixou sozinha na cama.- despejo irritada e ele ri. Pisco atordoada várias vezes, porque é uma coisa simplesmente muito rara.

-Você me deixou sozinho na cama ontem- me lembra ainda sem me soltar- E eu só fui fazer um café para a gente- ele inclina a cabeça contra meu pescoço e cheira ali- Está bem cheirosa hein, desse jeito eu fico com outro tipo de fome.

-Idiota- digo dando um tapa leve em seu ombro e sorrindo. Puxo seu rosto contra o meu e o beijo.

Interrompemos o beijo e descemos juntos para a cozinha.

-Por que diabos você está sem blusa?- pergunta enquanto estamos tomando um café e comendo algumas torradas.

-Porque meu cabelo está molhado e eu não queria molhar nada- respondo dando de ombros e sorrindo ao notar sua dificuldade em controlar o olhar.

Terminamos o café e saímos juntos para mais um dia, depois de matar outro tipo de fome.

(...)

Passo a manhã com Maggie, resolvendo algumas coisas sobre mantimentos e quando estou saindo do deposito dou de cara com nada mais nada menos que Spencer. Xingo baixinho, mas cumprimento mesmo assim.

O cara aparentemente não tem noção nenhuma de quando uma pessoa não está interessada na outra, porque eu definitivamente não estou interessada nele e isso está estampado na minha cara.

Ele se oferece para me acompanhar até Rosita e Abraham, com quem vou trabalhar hoje, e eu acabo tento que aceitar a companhia, já que quando eu disse não ele parece não ter entendido direito.

Seguimos com ele falando sobre qualquer coisa inútil por um bom tempo. Confesso que não presto muita atenção em nada, o que se mostra um grande erro porque de repente ele está com a mão na minha, me puxando de encontro a ele.

Franzo a testa e puxo minha mão bruscamente.

-Que merda é essa?

-Achei que estava  interessada também.- diz e eu olho para ele sarcástica.

-Não mesmo- digo com sinceridade e vejo uma movimentação brusca pela visão periférica.

Meu sangue todo gela o me dar conta de que é nada mais nada menos que Daryl Dixon e que por sua expressão entendeu tudo errado. Deixo Spencer plantado no meio da rua e corro na direção que o caçador seguiu.

-Ei, ei espera ai- peço mas ele me ignora completamente. Só consigo alcança-lo já próxima ao portão.

Noto que ele não vai parar de andar, está puto demais para isso, então aproveito que está com a crossbow na mão e pulo em suas costas. Meu peso não o abala em nada, mas ele para assim mesmo.

-Lambertini- resmunga meu sobrenome em tom de aviso, mas eu ignoro.

-Vamos conversar, por favor- peço e ele fica parado respirando profundamente por uns minutos, antes de concordar com a cabeça.

Solto-o lentamente e seguimos até uma casa vazia.

-Você finalmente achou coisa melhor não é?- resmunga assim que entramos- Achou alguém que vale a pena e é muito melhor do que eu. Achou alguém que  não tem traumas ou cicatrizes e pode ser muito melhor para você. Alguém da sua idade.

-O que? Não!

-Eu entendo Allyra, entendo mesmo- diz e não sei identificar se está mais calmo ou mais puto. Anda de um lado para outro e parece pronto para matar alguém. – Você merece mais que um caipira bruto e burro como eu pode te oferecer.

Ele mal termina de falar e já segue para a porta, pronto para me deixar.

-Eu não me importo com o que você acha que eu mereço- grito- Eu quero você.  

-Você nem me conhece- grita de volta, se virando para mim irado- Não sabe de nada e quando começar a conhecer vai querer cair fora  e eu prefiro que faça isso agora.

-Então me conte quem é você- grito de volta- Me conte, porque de verdade eu quero conhecer.

Ficamos parados, com meio metro de distância nos separando, olhos fixos uns nos outros.

-Você não gosta de conversar, e tudo bem- digo por fim- Mas quando estiver pronto eu vou estar aqui para te ouvir, e não vou te abandonar, porque de verdade Dixon, eu não quero fazer isso.

Acabo com a distancia entre nós e o abraço. Ele não retribui, mas tudo bem.

(...)

Acabei de ouvir os rádios, -e pela primeira vez desde que cheguei aqui,  respondo alguém importante- quando ouço alguém bater na porta.  Dou uma olhada para ter certeza que realmente guardei os aparelhos e vou atender.

Daryl parece confuso, mas ainda assim muito convicto de alguma coisa. Convido-o para entrar com um movimento de cabeça e então nós dois sentamos no chão. Ficamos em silêncio por um tempo, e tenho que me controlar e ser paciente, pois ele parece um animal arisco que ao menor movimento vai sumir mata adentro, e eu não quero que o faça.

-Eu te disse a um tempo atrás que minha parte ruim aparece quando eu bebo- diz por fim e eu o encaro interessada- Eu estava sempre bebendo, sempre chapado. Minha infância foi uma merda, Little Monster.  Eu era um merda. Minha família se resumia a um irmão que me abandonou no olho do furacão ou que me puxou para as drogas sempre que deu. – ele fecha os olhos, parecendo envergonhado, triste e revoltado com todas as lembranças que o atingem. Me sinto mal.- Você era do FBI e eu era um vagabundo. O máximo que eu fazia eram uns bicos de mecânica e nada mais útil que isso. Em um mundo diferente nós nunca nos conheceríamos.

-Daryl...

-Você merece mais, Little Monster. Merece o melhor e talvez Spencer seja esse melhor- diz com os olhos fixos nos meus- Mas ainda assim só de imaginar isso eu fico puto de raiva.

-Eu já disse. Já disse que quero você.- digo com convicção, ainda mais certa disso agora. –Seu passado não te define, e a pessoa que eu conheço é simplesmente maravilhosa. Não vou mentir para você, eu também tenho muitos segredos e você não me conhece. Talvez eu que não te mereça.

-Allyra.

-Mas eu posso te dizer algumas coisas sobre mim. Eu amo azul, odeio marrom. Me acho uma gata, sempre fui muito convencida- ele me olha surpreso, parecendo segurar um sorriso- Já fiz parte do time de natação da escola e apesar de ter algumas amigas lideres de torcida eu costumava ser inimiga da maioria. Peguei tanto os caras do time de futebol quanto do grupo de química. Adorava dançar. Entrei por acidente em uma lista militar e sofri horrores no começo. Adorei entrar no FBI e me senti realizada por isso. Sinto falta do meu primo que era meu parceiro, e de minha prima, Suzie, sua irmã gêmea.  Sempre quis ter um gato mas nunca morei por muito tempo em um lugar só por causa do meu trabalho. Eu era só uma iniciante. Tenho um passado cheio de sangue depois que apocalipse começou e tenho muita vergonha de coisas que já aconteceram desde então. Amo macarrão. Acho seus olhos hipnotizantes e ...

Não preciso terminar minha lista imensa de coisas inúteis e uteis, porque no meio dela ele me agarra. E eu me perco. Esqueço todo o resto que eu tinha planejado falar.

Nos separamos e eu fico fora do ar por um momento.

-Ei, injusto, faz um resumo para mim também.- peço e ele fica pensativo por um momento.

-Nunca tinha amado nada antes, nem uma cor nem uma comida, mas acho que se parar para pensar, gosto da cor cinza, e gostava muito de pizza. Meu irmão chamava Merle, e pode ter sido um merda mas morreu como herói e foi a melhor parte de família que eu tive. Minha família eu encontrei depois do apocalipse, e acho que esse foi o lado bom.

Confesso que ele começar a se abrir para mim foi uma surpresa. Pequenas brechas que valem tanto começam a aparecer para mim e eu amo cada segundo.

Conversamos por mais um tempo, mesmo que tanto eu quanto ele tenhamos usado algumas respostas vagas, ou no caso dele monossilábicas, até que começa a ficar difícil para mim, estamos entrando em um território perigoso, e ele vê.

-Tudo bem- ele diz quando fico calada diante de uma pergunta- Quando você estiver pronta você me conta Little Monster. Eu sei que vai contar um dia.

Não discordo. Também acho que eu dia eu vá contar, querendo ou não.

(...)

Finalizamos nosso plano de fuga e dividimos as funções. Eu, Abraham, Daryl e Sasha ficamos encarregados de guiar os walkers para longe de Alexandria. Glenn e Nicholas- que eu não faço ideia do porque estar aqui, idiota- ficam encarregados de acabar com um grupo que está preso em uma loja e pode chamar a atenção.  Michonne, Tolby, Rosita  e alguns outros moradores ficam encarregados de acabar com os retardatários.

Varias outras etapas são definidas e apesar do plano ser extenso e ter tudo para dar errado também tem tudo para dar certo, ou meio certo.

Praticamos o percurso uma vez em grupo, vendo como as duplas podem funcionar. Eu acabo ficando sozinha em um carro, mas é tranquilo.

Reforçamos os muros de todas as maneiras possíveis e não temos nenhum sinal de wolfes por todo esse tempo.

Tive uma conversa séria em um dos rádios recentemente  e estou aliviada em alguns pontos, assim como eles.  Eu e Daryl nos aproximamos ainda mais, e ele está praticamente morando comigo já que dorme lá quase toda noite.

Minha relação com Carl também está ainda melhor. Maggie é um caso a parte, parece que a conheço a vida toda, e bem, com ela o coreano vem de brinde.  A vida em Alexandria está cada vez melhor e não quero perde-la. Não mesmo.

Estamos partindo para outro treino quando damos de cara com um grupo que saiu a um tempo atrás. Deanna os apresenta para nós, e alguns pedem para participar. Não recusamos, toda a ajuda é bem vinda.

Ouço de longe, mas com  atenção eles comentarem sobre a viagem  e suspiro aliviada quando não ouço nada de especifico ou ruim.

 Pouco antes de sairmos Daryl me puxa para um canto e rouba um beijo de tirar o fôlego. Com ele é sempre assim.

-Você sabe que um dia vou roubar um beijo seu no meio de todo mundo né?- brinco quando finalmente me recomponho e ele ri de lado, balançando a cameça negativamente. O cara de pau duvida de mim.

Saímos todos juntos e paramos em frente ao nosso ponto de partida.

Rick começa seu pequeno discurso, e repassa as fases do plano. Um idiota pergunta umas três vezes sobre a mesma coisa e fico muito tentada a lhe dar um soco. É o mesmo babaca que fez isso quando passamos o plano pela primeira vez em Alexandria.

Estou pronta para ir socar sua cara quando Glenn me segura pela braço levemente.

-Calma- ele diz sorrindo de leve.- não precisa perder a razão. Ele é um pé no saco mas só está com medo.

-Grande merda- respondo mas paro mesmo assim- Todos estamos com medo.

-Você não imagina o quanto – ele diz e olha para frente.

- O que?- pergunto me virando totalmente para ele e ignorando as etapas que já sei de cor – O que você não está contando?

-Nada- diz dando de ombros e abrindo um sorriso iluminado.

-Ah, você vai me contar isso direitinho quando chegarmos em Alexandria, vai sim- aviso e ele ri- Seu coreano idiota...

Meu raciocínio é interrompido por um desabamento que abre a brecha. Não temos muito tempo, os walkers começam a se mover em nossa direção.

Rick grita ordens, e todos começamos a nos mover para nossas respectivas partes. Grito um boa sorte para Glenn que grita o mesmo de volta e corro para meu carro, Abraham e Sasha ao meu lado até chegarem ao carro que vão dividir.

-Little Monster- ouço Daryl gritar e me viro nessa direção.

-Aqui- grito e ele me encontra rapidamente.

-Não faça nenhuma merda- pede quando passa ao meu lado e parece preocupado. Sorrio.

-Fique vivo- peço e ele acena positivamente.

Entro em meu carro e dou a partida. Eu e Sasha ficamos lado a lado.

“Vamos lá, vamos lá” penso sem parar enquanto vejo o maior grupo de walkers já visto começar a surgir. Finalmente dou a partida e começo a seguir na direção combinada.

 Não podemos falhar. Eu não posso falhar. Não posso perder o que consegui aqui. É a família que o apocalipse me deu e é uma família muito mais real do que a de sangue. Essa família me faz bem e não vou perdê-la.

 

 



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