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História Amor Além da Vida - Tempestade - História escrita por Jess_NY - Spirit Fanfics e Histórias
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História Amor Além da Vida - Tempestade


Escrita por: Jess_NY

Capítulo 36 - Tempestade


Fanfic / Fanfiction Amor Além da Vida - Tempestade

"Certo ou errado, o caminho que escolheu é seu. Aparentemente pensarás que tomou a decisão errada, mas não, pode ter certeza que tirará valiosas lições para seguir o caminho."

Alice no País das Maravilhas


Estava muito nervoso com falta de notícias, ou melhor com muitas notícias sem especificidade e na verdade as noticias que precisava não seriam dadas pelos jornais.
Meu celular tocou e era um número desconhecido.
-Alô.
-Adam , é o Noah.
-Graças a Deus, Noah, o que está acontecendo?
-Adam, liguei para te informar que o Thomas está bem e em segurança com as meninas, só tive que levá-lo para a Inglaterra. Desculpe não te avisar pedindo sua autorização, mas Thomas concordou e se quiser posso pedir para levá-lo até ele.
-Não, tudo bem, se eles estão em segurança para mim está ótimo.
-Ok então, depois passo no seu quarto e acerto os detalhes para você ir ao encontro do Thomas.
-Noah, por favor me fale o que está acontecendo?
-Adam, o que quer saber?
-Você está de brincadeira?!! Alice, como ela está, por favor não me fale que ela está morta como os jornais estão noticiando.
-Não Adam, ela não está morta. Acharam outra pessoa que estava com os documentos da Alice e tiraram conclusões precipitadas. Ela está viva Adam.
-Ela está bem?
-Algumas fraturas e escoriações, mas está bem.
-Preciso vê-La, por favor Noah.
-Adam, não acho uma boa ideia.
-Por favor.
-Vamos fazer o seguinte, eu vou até você e conversamos. Creio que preciso conversar, toda essa história já deu, precisamos de soluções.
-Não sei bem o que você quer dizer, mas pode ser, conversamos sim.
-Você pode agora? Alice está dormindo tenho algum tempo até ela acordar.
-Ok. Desliguei aquele telefone um pouco mais calmo admirado como eles conseguem resolver e saber de tudo tão rapidamente. Eu tinha que voltar par o hotel.
-Amy, vou voltar para o hotel, você vem?
-Sim, sim, vou com você.
Fomos juntos em direção ao hotel que estávamos hospedados, todos meus compromissos haviam terminado. Alguns cancelados, não fazia mais sentido após um ataque terrorista anti-semita.
-Amy, creio que nossos compromissos aqui já se encerraram, então acho que é mais seguro você ir para América.
-Sei, voltarei sim, saudades do meu filhote. E você? 
-Eu ainda tenho que resolver algumas coisas da minha vida, preciso ir me encontrar com o Thomas para o verão.
-Sei, só o Thomas?
-Provavelmente não minha amiga, provavelmente não. Vou me encontrar com o Noah, ele quer falar comigo.
-Hum! Aquele Deus grego quer falar com você.
-Pois é! Bom Amy, vou me despedir de você agora, não sei o que esse papo me levará, de toda forma tenho que ir viajar para encontrar o Thomas. Boa viagem amiga. 
-Obrigada, bom sei lá o que você vai fazer. 
Sai do quarto e fui em direção ao quarto da Alice, onde Noah já estava me esperando. Entrei e os que estavam naquela saleta estavam resolvendo alguma coisa em seus computadores, assim que entrei se calaram. Pelo que  percebi eram agentes do Mossad, eram diferentes dos agentes que seguiam a Alice, tinham olhares mais determinados e ameaçadores, bom tendo em vista que toda uma delegação israelense foi atacada não poderia ser diferente.
-Noah! Olá.
-Olá Adam, bem vindo, por favor entre. Se importa de aguardar um momento na parte privada do quarto?
-Não claro que não. E fui para a ala onde Alice dormia, seu roupão e camisola estavam sobre a cama, foi instintivo cheguei próximo e levei até o nariz, precisava sentir o cheiro dela mais uma vez e tentar pensar que aquilo tudo não era real. Olhei para a mesinha de apoio ao lado da cama e ali estava junto com uma foto dela com as meninas a pulseira que havia dado a ela em seu aniversário há anos atrás. Me emocionei. Então ela não havia esquecido.
Passaram uns 10 minutos e Noah entrou ali, me pegando com a foto delas na mão.
-Oi desculpe-me por fazê-lo esperar.
-Sem problemas, não é bem um lugar ruim para se esperar.
-Imagino que não. E Noah deu um sorriso compreensivo.
-E Alice como está?
-Bem, pelo menos fora de risco de morte. Algumas fraturas e machucados, mas está bem, fazendo alguns exames ainda. Ela estava um pouco agitada foi sedada e não acordará em duas horas pelo menos.
-Que alivio! Mas o que aconteceu, o que foi isso tudo?
-Um homem infeliz fundamentalista. Um jordaniano palestino com ódio da Alice e do trabalho com as refugiadas agredidas e violentadas, uma dessas mulheres era esposa dele e o ódio anti-semita e misógino foi o catalisador disso tudo. Esse terrorista já está preso, mas queremos a custódia e os franceses não vão facilitar já que ocorreu em solo Francês.
-E não podem culpá-los por isso.
-Não, provavelmente nosso governo não facilitaria, mas não estamos aqui para falar de política certo.
-Na verdade não sei bem qual assunto você quer falar comigo Noah.
-Seu filho.
-O que tem ele?
-Só quero acertar detalhes para você ir ao encontro dele. Se quiser pode passar todo o verão onde eles estão agora, mas se quiser pega-lo e seguir a vida de vocês eu também vou entender.
-E onde eles estão?
-Cornwall, Inglaterra.
-Cornwall?
-Sim, uma região litorânea e pitoresca da Inglaterra. O Thomas está com as meninas e eles estão muito bem, se divertindo com tudo claro.
-Noah, eu gostaria de conversar com você sobre tudo que aconteceu nesses últimos anos. Alice e as meninas.
-Adam, não temos o que conversar.
-Temos sim.
-Não, prometi a Alice que não faria nada com você e quero continuar a manter essa promessa, então não irrite por favor.
-Não quero irritá-lo Noah, só quero estar na vida das minhas filhas e creio que você pode me ajudar com Alice.
-Suas filhas? Suas filhas Adam! Onde você estava quando elas nasceram prematuras e ficaram alguns dias na UTI? Onde você estava quando cresciam e ralavam as pernas, e queriam colo? Onde você estava quando os amiguinhos delas zombavam delas por não terem pai presente? Ah! Você estava duvidando da lealdade da Alice. Você estava ignorando sua paternidade quando ela te enviou todas aquelas fotos e cartas.
-Que fotos? Que cartas?
-Ah! Me poupe.
-Eu não sei do que você está falando Noah.
-Certo, pode se fazer de desentendido, mas eu não posso tomar decisões pela Alice, então o que farei por vocês é deixá-los frente a frente para tentar se esclarecer pela última vez. Não estou do seu lado, mas essa história precisa de uma conclusão.
-Eu preciso saber que historia de fotos e cartas são essa?
-Vou pedir que tenha calma, preciso voltar para o hospital.
-E o Filippe?
-Ele teve sangramento e está em cirurgia, ainda não sabemos ao certo.
-Tiveram muitas mortes?
-Uma moça que trabalha na embaixada, um tradutor da equipe na Alice, o Jacob  e Hanna.
-Hanna? 
-A conhece?
-A conheci na festa ontem. 
-Sei. Bom, vamos para a Inglaterra pela manhã, Alice receberá alta ainda hoje, virá para o hotel, mas terei que acertar alguns detalhes ainda. Meu assistente vai falar com você sobre como nos encontrar no aeroporto. Tudo bem para você?
-Sim, claro.
-Bom, vou voltar para o hospital. Obrigado Adam.
-Obrigado Noah até.
Sai do quarto um pouco confuso e mexido. Noah me jogou na cara algumas verdades como a minha ausência, afinal eu sabia que Alice estava grávida, mas escolhi acreditar em algo que se provou mentira, mas essa história de cartas e fotos eu não sabia do que ele estava falando. Hanna morta! Eu estive com essa mulher ainda essa manhã, estou chocado, quanta maldade nesse mundo. Matar inocentes por não concordar com sua visão de mundo, eu sei bem que a política entre alguns países não é fácil, mas matar inocentes não é a resposta.
Em meu quarto liguei para o Thomas, ele estava bem, animado, com a namorada assistindo filmes e pude ver Olivia e Zara deitadas e dormindo na sala de TV “atrapalhando” o romance do Tom, ao ouvir minha voz a Olie acordou e veio até o telefone .
-Sr Ren!
-Oi Olivia. Ela ficou sem graça e colocou a mão na boca.
-O senhor vem ver a gente?
-Sim, irei sim, eu prometi não foi?
-Sim. Prometeu. Ela sorriu e saiu pulando acordando a irmã e parecia confusa.
-Filho você está bem?
-Melhor impossível pai.
-Amanhã irei ao seu encontro ok, um grande beijo meu filho te amo, cuida bem das meninas.
-Pode deixar pai. Tchau.
Estava ansioso para que amanhã chegasse logo, provavelmente não relaxaria com facilidade, mas precisava descansar se não estaria um caco. Tomei um banho e uma xícara de chá de ervas e comecei a ler um livro que havia em minha mala. Aos poucos pude sentir minhas pálpebras pesando e peguei no sono. Tive sonhos confusos e desconexo com apresentações na Broadway, set de filmagem, figurinos e uma grande explosão com Zara, Olivia e Thomas muito machucados. Acordei com um grande susto,  em um salto levantei da cama um pouco confuso, e meu celular tocava. Era um número desconhecido.
-Alô.
-Senhor Driver, aqui é o assistente do Sr Noah.
-Ah! Olá.
-Estou entrando em contato para avisar que sairemos amanhã às 7h rumo ao aeroporto. Podemos nos encontrar no hall do andar tudo bem para o senhor?
-Sim, claro. Obrigado.
Olhei às horas, eram 23h40 minutos, ainda tinha tempo para descansar, achei que já estava amanhecendo. Voltei a me deitar e dormi. Acordei às 5h30, e fui arrumar minhas coisas e tomar banho entre outras coisas.
Recebi uma ligação do assistente confirmando nossa saída e encontrei com ele como combinado. Simpático, preciso em suas informações. Fui fechar minha conta no hotel.
-Sr Driver, tudo já está resolvido, por favor o carro nos espera.
-Como assim? Vocês pagaram minha conta no hotel?
-Já está resolvido, o senhor não precisa se preocupar, esperamos que tenha uma boa viagem.
-Você não vai conosco?
-Sim, irei. O Sr Noah tem muito a resolver, estamos num momento conturbado, mas não se preocupe, onde vamos não é de reconhecimento político. É uma propriedade da Srta Alice.
-Na Inglaterra?
-Sim, mas não falemos sobre isso aqui.
Fomos em direção ao aeroporto e fiquei um pouco perdido, em qual Cia aérea iríamos, mas logo o assistente me direcionou a um hangar particular de vôos privados. Claro que iríamos em um vôo privado.
Entrei na aeronave aguardando os procedimentos de vôo. Tinha um grande suporte de suprimentos médicos, e havia também dois enfermeiros, imagino que façam parte do serviço contratado. Bom, decidi ouvir música e me distrai com minhas escolhas. Quando percebi uma movimentação de outros passageiros, foi rápido e ouvi aquela voz que conheço bem.
-Adam!!
-Olá Alice.
-O que você está fazendo aqui? Ela me olhou surpresa.
-Noah me convidou para buscar o Thomas.
-Sei, certo. Desculpe-me pela minha grosseria, você é bem vindo em nossa casa.
Alice poderia até estar descontente com a minha presença, mas não seria grosseira, hoje sei que judeus não podem tratar mal seus convidados, em minhas pesquisas descobri que visitantes em uma casa judia são consideradas como visitas de anjos, então ela não me trataria mal. Apesar que realmente ela não parecia irritada, mas ela estava muito ferida, cheia de escoriações além das talas de imobilização.
Ela entrou e logo foi amparada pelos enfermeiros presentes, foi acomodada na poltrona que vira uma cama, mas até a decolagem ela precisaria agüentar a dor de ficar sentada até o comandante liberar.
Logo os procedimentos de decolagem foram realizados e já estávamos liberados para circular. Alice novamente foi ajudada pelos enfermeiros e estávamos relativamente longe um do outro, ela se deitou para suportar as próximas 3 horas e meia. Foi medicada e logo estava dormindo. Parecia um anjo com as asas quebradas. Uma vontade enorme de sair do meu assento e ampará-La.
-Parece frágil certo? Noah me tirou do meu devaneio.
-Ela está muito machucada.
-Não seria diferente ela foi retirada debaixo de uma parece Adam.
-Vocês são muito práticos, nem parecem abalados.
-Não se engane, estamos, mas não podemos nos focar somente na nossa dor no momento, temos que garantir que os culpados sejam punidos e chorar não ajudará.
-E os que se foram, vocês não choram por eles? Noah se calou e ouvi a voz da Alice me responder.
-Não podemos chorar e focar no nosso sofrimento pessoal Adam, quanto mais nos rasgamos e choramos fisicamente, mas a alma dos que se foram sofrem, por eles controlamos o nosso sofrimento, por eles lavamos nosso rosto e seguimos homenageando suas almas em orações e caridade, mas não diga que não nos importamos.  
Aquilo me calou e me fez refletir sobre a morte e o sofrer.
Alice gemia em alguns momentos, até que dormiu novamente.
Entre cochilos e serviço de bordo chegamos na Inglaterra, em Cornwall. Alice se movia devagar com a ajuda dos enfermeiros. E entramos em carros para ir em direção a propriedade deles.
Passamos entre paisagens deslumbrantes daquela costa inglesa. Bucólico, idílico em meio a ruínas de alguns castelos, rochas e campos juntos de praias lindas. Aquilo tudo trazia paz.
A casa da Alice, ficava em um vilarejo um pouco mais distante do centro da cidadezinha, a estrada era mais difícil e balançava um pouco mais, o que causou desconforto gigantesco em Alice, poderia perceber em suas expressões de dor apesar dela em nenhum momento reclamar.
Chegamos e a casa era incrível, era uma casa de pedras, com janelas brancas, chaminé saindo fumaça em pleno verão, mas verões na Inglaterra são mais amenos, o telhado era tomado por heras e tornava tudo mais selvagem, tinha uma piscina natural, que se formava de água proveniente de uma fonte natural. Na frente um jardim de girassóis e lavanda, aos fundos parecia que havia hortas. Fomos recebido por um cachorro dócil e festeiro e logo vinham 2 crianças correndo para o Tio Noah e para Alice.
-Mamãe está machucada Olivia tome cuidado, disse o Noah.
-Mamãe, o que aconteceu? Você caiu?
-Foi mais ou menos isso meninas. Eu estava morrendo de saudades de vocês, venham cá me dêem um abraço.
-Olha só! O Sr Ren veio Zara. Às duas me olharam e saíram correndo para me abraçar.
-Olá Sr Ren, bem vindo à nossa casa.
-Sua casa é linda Olie, obrigado por me receber, cadê o Thomas?
-Ele está passeando com a Mel, nós ficamos jogando e arrumando o quarto da mamãe.
-Mamãe trouxemos flores para você. Ouvi a Zara falando com a Alice.
-Vamos para dentro. Ouvi o Noah nos convidando.
Um casal simpático que pareciam ser os caseiros pegaram nossas malas e levaram para dentro. Os enfermeiros ajudaram a Alice. 
-Adam, a senhora Maria o mostrará onde fica seu quarto, fique à vontade, espero que se sinta em casa em seu tempo conosco. Alice me disse com toda a simpatia possível.
-Fique à vontade para andar por ai, visitar o vilarejo, os carros estão a disposição. Noah completou.
-Vou esperar o Thomas, mas vou descansar um pouco. Obrigado pela hospitalidade.
-Senhores e senhora o almoço será servido em 1 hora. Ouvimos a sra Maria nos dizer.
-Obrigada Maria. Disse Alice.
-Bom, Adam eu vou me recolher por um tempo a viagem me cansou um pouco.
-Certo Alice, se puder ajudar em algo.
-Obrigada. Alice se recolheu e não a vimos mais por esse dia todo, não desceu para as refeições, vi que estava recebendo alguma medicação por um aparelho uma espécie de bomba infusora pela veia, mas nada de detalhes eu soube. 
Depois de um dia calmo com as meninas e com Tom que só tinha olhos para a namorada. A noite fui conversar com Noah no escritório da casa.
-Noah, o que a Alice está recebendo? Medicamento para dor?
-Não, Adam ela está fazendo pulsoterapia.
-Pulso o quê?
-Terapia com corticóides em altas doses.
-Para quê? E porquê?
-Olha Adam! Acho melhor você e a Alice conversarem sobre tudo. Ela pediu que te trouxesse aqui para conversarem. Só peço para você um pouco de paciência, ela está um pouco debilitada e serão assim pelos próximos 4 dias.
-Certo.
-Enquanto isso, saia pela cidade, vá com as meninas e o Thomas pelas praias, as cidade próximas são muito pitorescas e acolhedoras. O verão aqui é mais ameno, mas ainda sim é lindíssimo.
E fiz o que me foi sugerido, confesso que dirigir pelo lado errado da rua é estranho esses ingleses são estranhos. Aproveitei todo esse tempo com as gêmeas e com Tom que estava apaixonado e não deixava a Mel por nada, mas mesmo assim aproveitavam a presença das meninas. 
Noah foi embora depois de 2 dias ali, precisava resolver questões jurídicas e diplomáticas em relação ao atentado. Liberar os corpos e levá-los de volta para seus pais em Israel. Alice desceu para um ou outro café da manhã e as meninas iam muito ao quarto dela curtiam um tempo e logo queriam me mostrar alguma coisa da casa ou da propriedade. O gato delas estava sempre junto, mesmo com o cachorro da casa nos acompanhando.
O 5º dia após a saída dos enfermeiros do quarto da Alice, ela saiu do quarto e foi para sala de TV, estava serena com uma calça leve e uma camisa de seda leve, bem despojada. Era simples, mas estava linda. Ainda machucada, com a tipoia apoiando seu braço direito e claro sustentando a recuperação da clavícula direita. Estava descalça, mas andava com menos dor pelo que dava para perceber. 
-Oi Adam, tudo bem? Ela me viu entrar.
-Oi Alice, como se sente?
-Melhor, bem melhor. Gostou da casa? Da cidade? Das praias? 
-Muito, tudo é muito acolhedor e distante de todo e qualquer tipo de fotógrafo.
-Ah sim! Esse é um dos meus refúgios. As meninas me contaram tudo sobre as saídas de vocês. Elas estão adorando sua presença aqui. Obrigada pela paciência.
-Elas são adoráveis. Você as criou muito bem, mesmo com a minha ausência.
-Já que tocou no assunto, seu advogado nos notificou com uma petição de reconhecimento de paternidade, estão entrando com uma ação junto ao tribunal internacional, já que está acionando uma pessoa que tem imunidade diplomática.  
-Alice, não gostaria de aborrecê-La com isso durante sua recuperação, podemos discutir isso em outro momento, vocês estão com muito para administrar eu sei, podemos... Ela me interrompeu.
-Adam, acho que é um bom momento para falarmos sobre tudo isso.
-Tem certeza?
-Sim, não tenho tempo a perder. Só tenho algumas condições.
-Condições? Para quê?
-Para aceitar sua paternidade. Quando ela falou isso pensei que estava sonhando achei que fosse desmaiar.
-Você o quê?
-Isso mesmo que você ouviu.
-Você é sim o pai das meninas. Nesse momento eu me sentei, minhas pernas tremiam, meu coração disparava.
-Eu sabia.
-Eu imagino que sim, porque depois das cartas e fotos que enviei achei que pelo menos você soubesse. E é isso que me deixa um pouco intrigada. Porque depois de ter devolvido todas as fotos que enviei das meninas você quer reconhecer essa paternidade agora?
-Que fotos? Que cartas são essas, você nunca me enviou nada.
-Ah Adam! Vai se fazer de desentendido agora?
-Alice eu realmente não sei do que você está falando.
-Eu vou te mostrar, você pode por favor pegar essa caixa lá em cima por favor. Alice me apontou uma caixa no alto de um armário. Nessa sala de TV haviam, muitos armários e prateleiras com muitos livros, claro que não seria diferente para uma amante te literatura como ela. Enquanto eu pegava a bendita caixa Alice me dizia coisas.
-Adam, eu vou aceitar que você reconheça a paternidade, mas tenho algumas condições. Faremos um teste de DNA na América para registro e para afastar completamente qualquer dúvida.
-Eu não tenho dúvidas.
-Continuando... Não quero que você às inclua como herdeiras de qualquer bem seu, elas não precisam, deixe tudo para o Thomas.
-Isso é inaceitável Alice, sendo minhas filhas elas tem os mesmos direitos que  Thomas, não negocio esse ponto.
-Imaginei que diria isso, então você vai me permitir tornar Thomas um dos meus herdeiros.
-Alice!
-Esse ponto é inegociável.
-Certo, vamos detalhar isso depois.
-E elas não mudarão de nome ou sobrenome, quero dizer que não acrescentarão o seu sobrenome. 
-Porque não?
-Elas já tem muitos sobrenomes, não acho conveniente mais um.
-Não sei se fico muito confortável com isso, mas realmente Olivia/Zara Heidelbaum Offerman Stein Gurion é bem grande.
-Você sabe o nome delas?
-Sim, procurei vocês por um tempo e contratei investigadores. Sei muito da sua vida também e tenho consciência que errei muito com você.
-Deixemos esse lado da nossa relação como está Adam, inexistente. Se concentre na sua relação com as meninas. Não será fácil, elas são inteligentes e questionadoras e voluntariosas. Não são garotas mimadas, mas são o centro da minha vida e da vida do Noah.
-Entendo. Você está certa, vou me dedicar às meninas. 
-Só vou te pedir mais um tempo para poder falar com elas, eu não sei como isso será, não sei se aceitarão com facilidade. Preciso que o Noah esteja aqui. Tudo bem? Podemos esperar mais alguns dias?
-Certo, aceito.
-Meus advogados já estão providenciando todos os documentos necessários, inclusive já estão falando com seu advogado nesse momento.
-Uau, como vocês são eficientes, não posso negar. Tirei um sorriso da Alice com esse comentário.
-Coloque aqui em cima dessa mesa por favor. Alice me apontou uma mesa de apoio próximo aos livros. 
Ela abriu a caixa e lá havia alguns envelopes com carimbos do serviço postal dos EUA. E meu endereço, e todos os envelopes com carimbo de devolver ao remetente. Eu nunca havia visto aqueles envelopes.
-Adam, quando as meninas fizeram 5 anos elas já eram espertas demais e perguntavam demais sobre o pai. Eu não inventei um pai morto ou perdido, sempre disse a quase verdade. Que o pai era um artista americano e que um dia você viria conhecê-las, mas que naquele momento não seria possível. Nesse momento eu sabia que não poderia afastá-lo para sempre. Eu soube que você havia nos procurado pelo Brasil e Israel, então decidi que era hora de você fazer parte da vida delas.
Ouvi tudo com atenção.
-Eu enviei para você no período de uma semana há 3 anos atrás, fotos desde a gravidez até os 5 anos delas, cada momento, cada registro eu achei que você deveria ver, te enviei 5 envelopes, cada um contendo um ano de vida delas. Com fotos, desenhos e cartinhas que elas escreveram, do jeito delas claro, para você. Tem também  drives com vídeos de aniversários e passeios e momentos em gerais. Eu recebi tudo de volta na semana seguinte com essa carta com sua assinatura.
Alice abriu a caixa e tirou um envelope menor que continha uma carta que realmente havia minha assinatura no final de todo o conteúdo de uma carta que jamais escrevi.
Srta Alice Stein
Não sei ao certo qual o seu objetivo me enviando fotos dessas crianças se referido a mim como genitor de ambas. Esse assunto já foi encerrado no passado e lá ele deve ficar.
Não tenho o menor interesse em conhecer suas filhas e todo o contato que tivemos está enterrado em toda a sua trama de mentiras e traições. 
Peço que não volte a me enviar fotos ou cartas apelativas e infantis. Encerro para sempre qualquer tipo de contato pessoal ou epistolar.
Mantenha sua cria muito longe de mim e de meu verdadeiro filho.
Estou te devolvendo todo o conteúdo que me enviou, espero que seja a última vez que tenhamos contato, não tenho interesse em discutir qualquer assunto com a senhorita.
Por fim, espero que siga sua vida muito longe de mim. 
Adeus 
Adam Driver” 

Acabei de ler e estava de queixo caído e chocado.
-Eu nunca escrevi essa carta Alice e nem nunca vi o conteúdo desses envelopes.
-Me poupe Adam, é sua assinatura.
-E daí? Algumas pessoas tem acesso a me fazer assinar algo que não tenha visto o que se referia.
-Claro, fácil desculpa.
-Alice, em algum momento em alguma sessão de autógrafos de cartazes de filme ou sei lá o que posso ter assinado algum papel em branco algo do tipo.
-Muito conveniente.
Eu comecei a abrir o primeiro envelope, que era grande e estava cheio. Eram fotos da gravidez da Alice e do primeiro ano das gêmeas, não me contive e coloquei o conteúdo novamente do envelope e estava com vontade de gritar de tanta raiva, remorso, dor e culpa que sentia.
-Bom, eu estou muito cansada, preciso me deitar, vou deixar você vendo todo o conteúdo desses envelopes, e só peço que seja discreto na frente das meninas.
Alice saiu, realmente um pouco abatida.
Eu estava com aquela caixa cheia de envelopes nas mãos, precisava de mais privacidade para ver as fotos, vou para meu quarto e vejo também os vídeos contidos nos drives. Indo para o quarto, fui surpreendido por um grupo barulhento e faminto, Thomas, Mel e as gêmeas, acompanhadas pelo gato e pelo cachorro. Todos estavam na piscina e a hora do almoço se aproximava, estavam agitados e famintos e queriam minha presença.
-Ei ei, calma, falem baixo a mamãe de vocês foi se deitar.
-A mamãe está bem?
-Sim Zara, ela está bem, só está um pouco cansada.
-Estamos com fome Sr Ren, tia Maria já é hora do almoço?
-Quase pequena, quase. Vão lá para fora agora, estão molhando tudo por aqui, jaja levo um suco e umas frutinhas para beliscarem.
A senhora paciente e adorável colocou todos os barulhentos para fora e pouco depois levou sucos e frutas para eles segurarem a fome. Tive que deixar a análise do conteúdo da caixa para depois, pois estavam querendo minha presença e era bom um adulto estar presente. Fui me sentar próximo a piscina e haviam árvores fazendo sombra para meu alívio.
Era necessário repassar protetor solar em todos e lá vou eu o adulto estraga prazeres exigir que parem e repassem o produto. Ainda bem que fizeram a pausa para tomar suco pedi para meu filho repassar o protetor. Olivia começou a dar uma gargalhada.
-O que está rindo mocinha, a senhorita será a próxima.
-Eu? Não gosto de protetor solar.
-Pode não gostar, mas é preciso, senão vai ficar machucada pelo sol.
-Olie, a mamãe mandou a gente repassar o protetor então não discuta com o Sr Adam.
A Zara chamou atenção da irmã o que Olivia respondeu mostrando a língua. Era engraçado, mas chamei a atenção dela. Ela me olhou surpresa e pediu desculpas.
-Não é para mim que deve desculpas, é para sua irmã.
-Desculpe Zay! 
Meu Deus! Minha primeira bronca. Meus Deus elas são minhas.
Tomaram suco e comeram melancia e morangos como uns famintos. A senhora Maria veio avisar que o almoço seria servido ali fora, o dia estava muito agradável, calor mas com uma brisa fresca. Sentei em uma das espreguiçadeiras próximas e observei a dinâmica dos meus filhos interagindo. Como eram bonitos meu Deus! Graças as suas mães claro! Nunca fui uma criança bonita, ou até mesmo adolescente ou jovem bonito, na verdade nem me acho agora, mas parece que de alguma forma cai nas graças de uma parcela de fãs que me acham bonito ou sexy. 
O Thomas tem muito de Joanne, seus cabelos sempre foram mais claros, seus olhos são claros como os da mãe, mas agora está ficando mais parecido comigo estava alto, quase da minha altura, estava ficando mais largo também, coisa que ele odeia, prefere parecer menor, ele já se destaca pela altura não gosta de chamar a atenção. E cada vez ele era mais adorável e gentil. Era curioso vê-lo apaixonado, era dedicado, carinhoso, sempre preocupado com as necessidades da namorada, mas creio que ainda virgem, assim como também creio que não por muito tempo. Eles não se desgrudam e duas criaturas cheias de hormônio não durariam muito tempo castos. Só preciso conversar novamente com meu filho para garantir que eles se respeitem e se protejam.
Olivia passou gritando e se jogando na piscina.
Elas eram peculiares, idênticas e não posso negar que eram muito parecidas comigo, altas para a idade, atléticas, os cabelos negros como os meus e lisos que formavam leves ondas na ponta. Eram enormes aqueles cabelos. Os olhos eram uma mistura peculiar, âmbar como os meus, mas com leves pinceladas de amarelo da heterocromia da mãe. O rosto era delicado como o da Alice e eram absolutamente como ela. Educadas, gentis, inteligentes, por vezes teimosas e completamente adoráveis. 
Olivia era uma forcinha da natureza, estava o tempo todo se mexendo e fazendo algum tipo de esporte radical seja com skate ou prancha ou bicicleta. Ela pulava nessa piscina, nadava e corria de um lado para o outro parecia incansável. Zara era o seu oposto, era calma e analítica, ela analisava a tudo e a todos, estava sempre com algum livro, bloco de anotação, algum tipo de modelo planetário em seu iPad e não desgrudava da luneta. Falava pouco, parecia sempre imersa em seus pensamentos, mas sempre fazia alguma observação pertinente e apesar de mais tranquila parecia que ela era a dominante entre as gêmeas. Como irmãs não se afastavam muito, deve ser coisa de gêmeas, tinham olhares e gestos próprios e ela sempre conseguia tranquilizar a Olivia com apenas um olhar. Estavam com 8 anos, na verdade fariam 8 anos e já falavam mais de uma língua, eram pequenos gênios. 
Eu estava muito orgulhoso de ser pai delas, era incrível ter a certeza que eram minhas e que eram minhas com a Alice. Foram concebidas com muito amor, porque sempre amei aquela mulher, mas falhei em muitas coisas com elas e isso inclui a Alice. Como faria para conquistar o amor delas e acima de tudo merecer a confiança delas já que fiquei tão ausente?
Como entraria na vida delas assim tão de repente e pleitearia o amor delas? Comecei a entrar em pânico e minha cabeça começou a latejar, senti uma leve pressão no peito, porque não sabia como conquistar o direito de ser pai delas. Abaixei minha cabeça, fechei os olhos tentando buscar algum auto controle e comecei a sentir falta de ar por pânico.
Do nada senti uma mão em meu ombro e aquele perfume de sempre.
-Não se cobre tanto. Olhei para cima e era Alice, ali ao meu lado. Não percebi a aproximação dela.
-O quê?
-Eu estou te dizendo para não se cobrar tanto.
-Como não! Eu falhei miseravelmente com você e com elas.
-Você não errou sozinho. Eu fiz algumas escolhas erradas também Adam.
-Você acha que elas são um erro?
-Não foi o que eu disse. Elas são o grande acerto da minha vida Adam, creio que das nossas na verdade, cometi erros no processo de protegê-las e errei com você também.
-Eu deixei o ciúmes me cegar e não confiei em você e te deixei desamparada em meio a uma gravidez de alto risco.
-Adam, não foque no que passou, para acertar com elas daqui para frente você vai precisar se concentrar no presente. Curta esse tempo com elas, ganhe o coração delas de vez, esteja presente e tudo vai entrar nos eixos.
-E com você? Tenho como ganhar seu coração de volta?
-Adam se concentre nas meninas. Pode me ajudar a me sentar, o almoço já será servido.
-Claro.
E a senhora Maria e seu esposo colocaram pratos lindos e com o aroma fantástico à mesa. Até sentir aquele cheiro maravilhoso não havia me dado conta que estava com fome.
Todos se aproximaram com animação frente a comida que estavam vendo. Antes de se sentarem Alice pediu que as meninas se aproximassem para enxugar um pouco seus cabelos imensos, mas ela não conseguiria com um ombro quebrado e as costelas igualmente.
-Adam, você pode secar um pouco os cabelos das meninas? E ela me ofereceu a toalha.
-Claro! Meu coração se encheu de alegria, ela estava confiando em mim para cuidar das meninas. Olhei e vi meu filho com um sorriso animado no rosto em aprovação aquele gesto.
 O casal também se sentou conosco, pelo jeito eram de muita confiança de Alice e tinham um relacionamento que ia além do de funcionários.
-Adam, não sei se os apresentamos de forma descente. Esses são a senhora Maria e o Jacob. Ops, Dr Jacob. 
-Sim, fomos levemente apresentados. E todos rimos.
-Eles cuidam de tudo aqui na Inglaterra para mim, da casa, do haras, dos cachorros, já faziam isso para minha avó em outras propriedades.
-Perai, você disse Haras?
-Nunca comentei isso com você? Sim, temos cavalos, eu te mostro depois do almoço se quiser.
-Claro, adoraria.
-Eu vi uma entrevista sua dizendo que gosta muito de cavalos e também tem aquele seu comercial da Burberry. 
-Ah! Então você andou me pesquisando? Dei um sorriso presunçoso, que logo foi quebrado por Alice.
-Vamos comer e deixar o egocentrismo de lado, certo Sr Adam. O casal deu um sorriso de leve como quem pega algo no ar. 
Tudo estava muito gostoso e apetitoso, Alice e Zara como sempre comiam pouco, mas pelo menos comiam. Olivia parecia uma ogrinha assim como o Thomas. Eu acho que comi mais do que deveria também.
Alice pediu que as meninas tirassem os biquínis molhados e foram ao banho para se prepararem para visitar os cavalos.
-Ebaaa, vamos andar a cavalo uhu! Olivia já dava seus pulinhos.
Um tempo depois que auxiliamos a limpar a cozinha e todos estavam prontos Jacob nos guiou até o Haras.
Era próximo e o caminho era impressionante de belo.
Era um haras, mas não era aberto ao público, então creio que não poderíamos chamar de haras propriamente. Só a família tinha acesso aos cavalos, era uma pequena fazenda linda, com muitas flores e um jardim impecável. Quando chegamos próximo aos animais eu fiquei impressionado. Haviam 12 cavalos um mais impressionante do que o outro, eram saudáveis, fortes e claramente bem caros.
-Você monta Adam?
-Sim.
-Claro! Você é caipira de Indiana, não seria diferente. Alice sorriu maldosamente.
-Não espertinha, aprendi para gravar alguns filmes. São muito bem cuidados seus cavalos.
-Jacob administra tudo por aqui e é veterinário dessas gracinhas e desses terroristas aqui.
Veio um grupinho de cachorros correndo e pulando em todos e derrubando as meninas que rolavam com eles rindo e brincando.
-Criamos esses cachorros que foram abandonados em algum momento. Alice falou tentado desviar dos cachorros e proteger as costelas. Ela estava com dor e cansada, era visível, mas seguiu comigo nessa visita.
-Sr Driver gostaria de montar? Jacob me perguntou.
-Sim, claro que sim.
-Vou pedir para preparar os cavalos para o senhor e para as meninas.
-Elas sabem montar? Perguntei para Alice.
-Sim Adam, elas sabem.
-Impressionante. E você Alice, sabe montar?
-Provavelmente melhor que você Sr Driver, mas por motivos óbvios não poderei acompanhá-lo. Ela me olhou de forma divertida.
Eu e as meninas andamos com os cavalos por cerca de uma hora, Thomas ficou com Alice, ele tinha medo de cair e quebrar as mãos ou os braços e eu compreendia ficou com Alice, Mel ficou brincando com os cachorros e não sei porque tive a impressão que Tom e Alice estavam tendo uma conversa séria. Depois desse passeio, a senhora Maria e o Jacob iriam para a cidade e ofereceu levar as crianças e os jovens para passear enquanto resolviam questões na cidade, passariam o resto da tarde e jantariam na cidade. Por mim tudo bem. 
Alice de igual forma não se opôs, mas os alertou para não se demorarem tanto, parecia que estava se formando uma tempestade no horizonte.  
Chegamos na casa e Alice foi para o quarto com dor, auxiliada pela sra Maria tomou seus remédios e se deitou. Logo todos saíram em direção ao centro da cidade. Eu fui para o quarto para ver o conteúdo daqueles envelopes.
Peguei aquela caixa e abri o primeiro envelope de forma cronológica como haviam sido enviados. 
Fotos de Alice grávida haviam poucas e havia uma com o Thomas beijando a barriga dela. Ela estava radiante nas fotos, ficou uma grávida lindíssima.
O primeiro ano das meninas todo naquele envelope, fotos de como cresciam de mês a mês, aniversários, passeios, presentes, cortes mínimos do cabelo, haviam mechas de cabelo em um envelope pequeno envolto por seda. Desenhos e cartinhas delas desejando um futuro encontro, mas o pior de se ver eram os vídeos brincadeiras, evoluções no desenvolvimento, primeiros passos, primeira fruta, primeira refeição e toda a bagunça deliciosa que duas meninas podiam fazer, soninhos e birras, quase tudo registrado e claro a performance “escolar” delas, logo cedo já liam e calculavam. Chorei muito vendo o tudo que perdi. Estava tão imerso naquelas lembranças que não eram minhas que não reparei a tempestade que se formava lá fora, raios de trovões ao longe. Até que um estrondo imenso fez tudo tremer, raios próximos e ao longe se rompendo nas rochas da praia.
Depois do segundo estrondo ouvi um grito vindo do quarto da Alice. Fui correndo ver se ela precisava de ajuda, se tinha se machucado. Ao entrar o quarto estava escuro, a energia havia sido interrompida, ela não estava na cama, eu ouvi um choro no canto oposto a cama.
Alice estava encolhida no chão, chorando e tremendo.
-Você está bem? Se machucou? Ela tentou se recompor, mas outro raio a fez se encolher novamente.
-Você tem medo de raios e trovões? Ela olhou para mim apavorada. Nunca em meus sonhos mais loucos vi Alice com medo e fragilizada.
-Si-sim. E a chuva começou forte e torrencial. Chovia e os raios e trovões eram impiedosos. Me aproximei dela me sentei ao seu lado e no raio seguinte ela me abraçou, com dificuldades devido as fraturas, e escondeu seu rosto em meu pescoço. Ela tremia comecei a fazer carinho em seus cabelos e a sentir o perfume que exalava de seus cabelos cacheados. Claro que não me trazia nenhum prazer em vê-La com medo, mas estava me fazendo muito feliz tê-La em meus braços. Foram pelo menos 40 minutos de uma tempestade intensa. Estávamos protegidos e nossos filhos espero que também estejam. 
A chuva foi cessando e Alice se acalmando.
-Não acha melhor sair desse chão? Ela limpou os olhos e moveu a cabeça de forma afirmativa. Ela tentou levantar, mas não conseguiu, creio que a adrenalina do medo facilitou para que ela ficasse naquela posição, mas agora ela sentia que não era capaz de se levantar. Tentou mais duas vezes sem sucesso.
-Posso te ajudar? Afirmou positivo com a cabeça.
Me levantei, a peguei no colo, como ela era leve e a coloquei sentada na poltrona do quarto.
-Adam, muito obrigada.
-Está com dor certo?
-Sim, pode por favor pegar aqueles remédios ao lado da cama para mim.
-Claro. Ela tomou os medicamentos e ficamos por mais 20 minutos em silencio e no escuro. Fui atrás de velas e para minha sorte era uma casa de judeus e haviam muitos menorás com velas. Peguei dois desses candelabros judaicos e meu isqueiro que estava no bolso e acendi as velas. Tudo rapidamente ficou claro. Levei os dois para o quarto e Alice me olhou deslumbrada.
-Eu adoro acender velas e amo como a luz que saem dela se comportam, são hipnotizante.
-São lindas mesmo. Mas eu olhava para ela e para seus olhos que brilhavam refletindo a luz das velas.
-Está melhor?
-Sim, a dor esta cedendo. Obrigada. O telefone dela tocou.
-Oi Maria, está tudo bem com as crianças?
-Oi Alice, está tudo bem sim, estamos bem e protegidos, na verdade estamos no hotel da cidade. A ponte que liga o centro a vila caiu com a tempestade e não vamos conseguir voltar hoje. Você está bem? Vou te dar o telefone da nossa vizinha para ela te ajudar nas tarefas básicas tudo bem?
-Meu Deus! Mas vocês estão bem? Às crianças?
-Elas estão ótimas Alice, estão achando tudo incrível por estarem no hotel.
-Certo Maria, podem utilizar o cartão administrativo do Haras para todas e qualquer necessidades que vocês tenham ai. Faço transferência para a conta do Haras amanhã.
-Não se preocupe Alice, tudo está acertado e estamos bem. Meninas vem falar com a mamãe de vocês. A ligação estava no viva voz, eu conseguia ouvir tudo. As gêmeas se aproximaram e gritaram juntas.
-Oi mamãe, estamos bem e nos divertindo aqui no parquinho do hotel.
-Obedeçam a sra Maria e o Srº Jacob, se não já sabem.
-Certo mamãe, vamos nos comportar beijos. Saíram correndo e gritando felizes da vida.
-Maria não deixem elas te desrespeitarem, chame atenção e tudo mais que for necessário.
-Elas são um anjo Alice e esse menino também é um doce. Vamos jantar agora e depois iremos colocá-las para dormir. 
-Muito obrigada Maria. Posso falar com o Thomas?
-Claro.
-Oi Thomas, como vocês estão? 
-Estamos bem Alice, fala para meu pai que estamos bem e seguros.
-Seu pai está te ouvindo.
-Oi pai, estamos bem e está tudo bem.
-Certo filho, se comporta por favor.
-Claro pai, sou um adulto se esqueceu!
-Sempre me esqueço filho.
-Tom, você pode me fazer um favor?
-Claro Alice.
-Ajude a Srª Maria a cuidar das meninas, você pode ficar de olho nelas para mim?
-Sim, pode ficar tranquila. Boa noite para vocês. Juízo papai. E assim Thomas desligou a ligação depois de sorrir ao fundo.
-O Thomas é demais.
-Concordo Alice.
-Bom, vou ligar para vizinha me ajudar.
-Posso te ajudar sem problemas.
-Não sei!
-Qual o problema Alice?
-Vou te dar muito trabalho Adam.
-Estou aqui pronto para te ajudar, o que será? Jantar e medicações. Alice ficou um pouco sem graça e abriu a boca para falar, mas quase não dava para ouvir o que saia de sua boca.
-Na verdade, preciso tomar banho e trocar os curativos das costas.
Eu fiquei um minuto em silencio.
-Será que você consegue me ajudar?
- Sim, consigo te ajudar, desde que não fique sem graça com minha ajuda, prometo não me aproveitar da situação. E dei uma risada que foi compartilhada por Alice.
-Então pode encher a banheira por favor. Fui encher a banheira enquanto Alice tirava partes da roupa que conseguia sozinha. Quando voltei Alice estava sem a calça, estava de calcinha e com a camisa de linho branca cobrindo tudo. Parei e olhei com certa saudades.
-Vou precisar de ajuda para tirar a camisa Adam. Primeiro tiramos a tipoia e a tala. Tudo bem para você?
-Sim. Me aproximei dela e fui tirar a tipoia com cuidado, afinal ela dava suporte para o braço e para clavícula. Tirei e Alice fazia a retirada do braço com cuidado.
Comecei a desabotoar botão por botão sentindo aquele perfume maravilhoso aos poucos a pele dourada de Alice ia se mostrando assim como aqueles seios incríveis. Tirei uma manga pelo braço bom e fui retirar a outra passando pelo braço quebrado. Tiramos com cuidado e Alice estava na minha frente só de calcinha, com o braço da clavícula quebrada encolhido na frente do peito e quando percebeu que eu estava admirando seu corpo ela trouxe os braços protegendo os seios.
-Adam?! Podemos continuar?
-Sim, sim. Tirei os curativos das costas. Ela estava realmente muito machucada com roxos em todos os tons pelas costas e pernas. Alice andou até a banheira e pediu ajuda para entrar, antes pediu para que eu a ajudasse a tirar a calcinha. Meu Deus aquilo era uma prova e resistência e auto controle dos grandes.
Comecei a tirar em fui descendo, estava quase ajoelhado em frente aquela mulher e levantei meu rosto e ela estava olhando diretamente para meus olhos. Estremeci com aquele olhar.
-Pode me ajudar a entrar?
Sem fala a ajudei a se sentar na banheira.
-Você vai precisar me ajudar a me esfregar, tudo bem? E ela pegou a esponja e me entregou.
Derramei sabonete e óleos aromatizados naquela esponja e minha mão começou a deslizar pelo corpo da dela. A única coisa que separava a pele dela da minha era aquela esponja.
-Adam, somente nas costas e nas pernas o resto eu alcanço.
-Certo, certo. Apesar da proximidade dela, precisava me concentrar em ajudá-La de verdade. Comecei a seguir as orientações dela. E conversamos amistosamente sobre às meninas.
-Alice estou muito intrigado, eu nunca escrevi aquela carta e nunca havia visto aqueles envelopes.
-Adam, se você diz que não foi você, coisa que duvido, você consegue imaginar alguém que poderia fazer isso?
-Não, não consigo. Vi no olhar da Alice que ela não pensava como eu, ela desconfiava de alguém.
-Vamos mudar de assunto, você pode pensar depois em quem poderia se passar por você.
-Certo, você ficou muito linda grávida.
-Obrigada, foi difícil, muitos enjôos meu Deus! Não podia sentir cheiro de quase nada. Foram quase os 8 meses assim.
-8 meses?
-Sim, elas nasceram antes do tempo, bom, você estava lá até me socorreu. Alias sou grata por aquele ato.
-Eu fui ausente Alice.
-Foi um pouco difícil sem a presença do pai, mas o Noah sempre esteve presente e me ajudou muito.
-Mas ele não era o pai delas.
-Não, não era.
-Mas elas ficaram bem, apesar dos imunossupressores elas cresceram bem, sem sequelas, sem nada. Ficaram 2 dias em banho de luz, mas de certa forma normal em um RN. Elas foram para casa antes de mim até.
-Você ficou muito mal?
-Não me lembro dos detalhes, mas estou aqui inteira não estou? Falou com humor.
-Meio inteira! Rimos juntos.
-Tive dias piores. Ela olhou para mim com brilho nos olhos.
-Dias piores do que ser retirada debaixo de uma parede?
Ela me olhou com surpresa.
-Aliás, você é muito corajosa e destemida.
-Por estar debaixo de uma parede?
-Não, por lutar por pessoas que não tem como, por pessoas perdidas e abandonadas por um sistema inteiro.
-Não sou não, só faço o que qualquer um faria Adam.
-Não é verdade. Ela me olhou surpresa.
-E o Thomas?
-O que tem ele?
-Acho que ele não vai ficar casto por muito tempo, você já conversou com ele Adam?
-Já, biologia ele já domina, mas conversamos sobre respeito, carinho, cuidado e tesão é claro.
-Ele me perguntou como tratar uma garota lá no Haras. Conversamos um pouco. Creio que desse verão não passa.
-Também acho, na verdade provavelmente hoje a noite promete.
Terminamos o banho, fiz os curativos sob as orientações dela. Ajudei a colocar roupas limpas e ouvi o estômago de Alice roncar.
-Creio que está faminta.
-Nem tanto.
-Como é teimosa meu Deus. Ela me olhou com os olhos semi cerrados de leve crítica. Sorri e ajudei ela a descer as escadas.
-Vou fazer algo para jantarmos certo? Você vai se sentar aqui nessa cadeira e pode me criticar com prazer hahaha. Acendi mais alguns menorás, e tudo foi iluminado por luzes de velas. Criou um clima mais rústico ainda além do que a casa trazia.
Haviam legumes frescos, queijos de qualidade. Resolvi fazer um risoto o que parece ter sido aprovado por Alice. Ela observou todo o processo de preparo daquele jantar.
-Admiro quem consegue cozinhar bem, eu devo confessar que sou um desastre na cozinha.
-Estou sabendo, as meninas deixaram escapar que você é péssima na cozinha.
-Olha que fofoqueiras!
-Adam, tem vinho naquela adega pequena. Alice me apontou um canto que tinha várias garrafas. Só não vou poder acompanhá-lo, mas sinta-se livre para beber.
-Acho que vou beber um tinto. Enquanto preparava o jantar continuávamos conversando quase sempre sobre amenidades ou eu perguntava algo sobre as meninas. 
Alice estava relaxada e descontraída. Quase como no passado quando éramos amantes.
O jantar ficou pronto e servi primeiro Alice e depois a mim.
-Nossa que cheiro ótimo e a aparência também, estou faminta.
-Uau! Um elogio da sua parte.
-E está uma delicia também, uau. Alice disse depois de dar a primeira garfada.
-Dois elogios na mesma noite, nossa!
-Adam, você é bom em muitas coisas e creio que saiba disso. É um excelente ator, ótimo em campanhas publicitárias, um bom pai, e é ótimo na cama. Engasguei ao ouvir a última parte.
-Ah! Não se faça de modesto agora!
-Não, não estou, mas fiquei surpreso por ouvir você falando de algo que aconteceu a um tempo já.
-Você não se lembra?
-Nunca esqueci Alice, foi o melhor sexo da minha vida inteira.
-É! Alice ficou contemplativa.
-Eu às vezes sonho com nossas trepadas Adam.
-Uau! Confissões que estou adorando.
-Se acalme, passado é passado.
-Posso fazer uma pergunta Alice?
-Pode, mas olha lá em!
-Você calculou por cima qual das nossas, como você mesma disse, trepadas que concebemos as meninas? Alice sorriu e fez uma cara pensativa.
-Pelos meus cálculos e do obstetra de forma mais técnica claro, foi na noite do baile do Halloween.
-Você estava incrível aquela noite.
-Você também. Eu me aproximei dela, ficamos muito perto um do outro, mas ela desconversou e se levantou. 
-Obrigada Adam pelo jantar estava uma delícia, mas não vou poder pagar o jantar lavando a louça, me desculpe. E ela saiu sorrindo.
-Pode me pagar de outra forma.
Ela se virou para mim e sem graça me disse.
-É melhor não mexermos nesse vespeiro. Tenho muita mágoa em mim ainda. E é melhor não confundirmos a cabecinha das meninas.
-Certo, certo.
-Vou para sala de TV ler algo, se quiser me acompanhar fique a vontade Adam.
- Vou lavar a louça e fazer um café para nós.
-Ótimo.
Louça lavada, cozinha em ordem, fui para a sala de TV com o café para Alice. Ela estava concentrada em um livro de forma relaxada e bela.
-Açúcar ou adoçante?
-Nada, puro mesmo.
-Olha que destemida.
-Seu besta, esse café é da nossa produção e de uma safra especial. Eu sei que você gosta de café e sem adoçá-lo você consegue sentir todas as nuances do grão. Vem cá vou te guiar nessa degustação. Na verdade tenho grãos diferentes aqui, vamos na cozinha novamente.
Eu a segui com o café que havia feito e comecei a ouvir ela falar tão apaixonadamente sobre café e sobre a produção da família dela. Ela abriu uma gaveta que havia algumas latinhas com cafés diferentes.
-Esse daqui vamos fazer esse também.
Ela pegou um suporte com um paninho engraçado. Me explicou que era um coador que utilizavam no Brasil e era uma das melhores formas de tirar o melhor do café. Ela tinha ali vários aparelhos para fazer café de formas diferentes. Esse coador de pano, de papel, prensa francesa, italianinha e mais alguns.
-Esse aqui é um café mais frutado, você não vai sentir muita acidez nessa variedade de grão. É um Bourbon vermelho, com um corpo robusto, doçura acentuada, acidez e amargor reduzidos, foram plantados a 1450 metros de altitude, uma torra média confere mais dulçor ao grão. E ela falava com tanta propriedade e eu estava amando tudo que estava saindo daqueles lábios, sobre minha bebida favorita saindo da boca da minha pessoa favorita.
-Prova. Melhor tomar um pouco mais frio, mas eu sei que vocês tem o hábito de tomar café muito quente. Beba, sem açúcar. Me diz o que você sente?
Pensei, sinto saudades.
-Hum, deixa-me ver. Realmente tem um dulçor natural delicado, sinto um certo sabor de chocolate depois do primeiro gole.
-Isso, muito em, esse café traz notas de chocolate no retro gosto. E o aroma frutado é demais não é!?
-Sim, é demais.
-Esse que você fez anteriormente é um Bourbon amarelo, é mais cítrico um aroma de tangerina esse muito bom também.
-Qual você mais gosta?
-Eu gosto de um que é raridade, produzimos só 700 pacotes na safra do ano passado. É o Starmaya, é uma variedade desenvolvido na Nicarágua, é o cruzamento de 3 tipos, plantamos na fazenda, a única a produzir no Brasil essa variedade, agora vai levar mais dois anos para produzirmos novamente.
-Parece especial.
-Sim, é. Eu não tenho ele aqui, vou tentar arranjar um pacote dessa raridade para você quando chegarmos em NY.
Ela me pegou olhando demais para os lábios dela, ficou sem graça e levou a xícara para a pia.
-Bom, acho que vou me deitar. Gostaria de te agradecer por tudo que fez por mim hoje.
-Não foi nada demais, foi um prazer. Vou te ajudar a colocar o pijama.
Subimos e entramos no quarto dela. Fui ajudá-La novamente a trocar de roupa. E por mais um capricho do destino um novo estrondo se abateu sobre nós, novamente raios e trovões começavam a lamber a terra. Ela se assustou e escondeu o rosto no meu peito. Aquilo era uma tentação, somente de calcinha e me abraçando, minha sanidade vai para o espaço agora.
-Adam, você pode dormir aqui comigo? Desculpe-me, se não quiser eu vou entender. Ela tremia.
-É o que eu mais quero Alice. Ela me olhou grata.
Coloquei uma camiseta que ela usava de pijamas. Apesar da tempestade que havia voltado, estava calor. Fui me trocar e a ajudei a escovar os dentes. Rimos um pouco pela falta de habilidade em utilizar a mão esquerda para escovar os dentes, foi pasta e espuma por todos os lados. 
Deitamos e conversamos de leve. Ela começou a ler seu livro de cabeceira e eu olhava o celular e deixava uns olhares por suas pernas que a camiseta pouco escondia.
Ela foi cedendo ao sono e adormeceu ao meu lado. Tirei o livro da cama, apaguei as velas e deitei sentindo o cheiro delicioso que vinha dela. Estava com dificuldades para pegar no sono. Alice sempre teve o sono agitado, e essa noite não foi diferente apesar da limitação para se mexer. Ela se virou e a camiseta levantou deixando toda sua calcinha a mostra e me tirando qualquer migalha de sono. Ela jogou as pernas por cima da minha e dormindo começou a procurar o calor do meu corpo e se aconchegar. Aos poucos o sono veio vindo e estava colado ao corpo dela, sentindo seu calor, seu perfume, toda a vida que vinda dela.
No dia seguinte quando acordei ela já estava sentada na poltrona existente no quarto lendo emails. Ela chorava em silencio. E eu entendi quando me aproximei que se tratava do enterro da Hanna e do seu funcionário, ela estava falando com os pais desses dois e estava realmente resignada. Desligou a ligação e me olhou.
-Eles estão mortos por minha culpa.
-Não Alice, não é culpa sua. Só culpa daqueles que escolheram realizar esse ato abominável.
Ela chorou, orou, acendeu velas e se acalmou.
Nossos filhos ligaram e nos disseram que o final de semana inteiro ficariam presos na cidade, só arrumariam a ponte na segunda. E nós também fiaríamos ilhados sem ir ao centro, mas o importante é que estávamos todos bem. 
Eu e Alice passamos o final de semana juntos, como pessoas civilizadas que tinham muito em jogo e em comum, fazer o melhor para nossas filhas. 
A ponte foi consertada, e eles voltaram na segunda ainda para o almoço. Thomas estava com um ar feliz e realizado no rosto, a sua namorada Mel parecia que estava com borboletas na barriga e na cabeça, as meninas correram para a mãe e também me abraçaram.
Almoçamos todos juntos e rimos muito até a Olivia fazer uma sugestão para o resto da tarde, na verdade uma ordem.
-Quero assistir Star Wars com o Sr Ren. Eu juro que quase tive um treco. Nunca vi meus filmes, não gosto de assistir sou muito crítico e pelo jeito não teria escolha.
-Meninas, meninas ei, ei. Vamos deixar para outro dia o Sr Adam em coisas para fazer.
-Ah mamãe! Eu quero agora.
-Olie, não temos tudo que queremos no momento que queremos, você vai ter que aceitar e pronto.
-Sr Ren por favorzinho. Olivia me olhou com os olhos de pedinte mais lindo da vida, nem o gato de botas faria melhor.
-Ok, ta bom, vamos assistir Star Wars.
-Ebaaaa!! Ouvi as meninas gritando e festejando. Vou encarar isso por elas. Alice e Tom sorriram sabendo o quanto seria um castigo para mim.
-Olha! Nem eu assisti os filmes com ele em! Vocês duas são especiais. Thomas falava isso com certo humor na voz.
-Vem cá Thomas! Alice chamou ele para “dar colo” vamos assistir juntos deixe esses 3 ai para trás.
Era divertido tudo aquilo, foi uma tortura ver o primeiro filme, mas elas queriam ver o Último Jedi.
E lá fomos nós para mais um filme de tortura. Esse filme tinha uma fotografia incrível e as locações eram de tirar o fôlego. Assim que acabou o 2º filme com os ânimos elevadíssimos, elas estavam animadíssimas por conhecerem o Kylo Ren em pessoa, Alice desligou a TV e disse que precisava conversar com elas. 
-Eu tenho uma coisa para falar com vocês. Na verdade eu e o Sr Adam, temos uma coisa para falar com vocês.
-Ah mamãe não briga com a gente disse a Zara.
-Não meninas, não vou brigar com vocês, na verdade vou contar uma história que envolve todos nós aqui. Eu, vocês, o Thomas e o Adam.
-Hum, vamos passear na casa deles na América?
-Sim vamos, mas quero explicar o porquê? Vocês vão me ouvir?
-Sim.
-Eu prometo responder todas as perguntas de vocês.
-Tá bom mamãe, diz logo.
-Eu e o Sr Adam nos conhecemos desde que o Tom era pequeno menor que vocês. Nos conhecemos lá na América. Eu fui terapeuta do Tom.
-O que o Tom tinha?
-Ele não conseguia falar muito bem e a mamãe o ajudou. Elas prestavam atenção cada vez mais e a Zara foi até o Tom e o abraçou e ficou ali no abraço dele.
-Eu e o Sr Adam namoramos a muito tempo vocês não tinham nascido ainda. Elas olharam para mim e para a mãe com certa surpresa.
-Desse namoro a mamãe ficou grávida. Elas pararam de sorrir e começaram a se agitar.
- A mamãe ficou grávida de vocês. O Sr Ren como vocês chamam ele, é o papai de vocês de verdade, e o Thomas é irmão de vocês.
Olivia e Zara me olharam com surpresa e não estavam mais sorrindo, pareciam confusas.
-Eu sou o pai de vocês meninas.
-Porque você nunca veio nos ver? A Olivia perguntou
-Eu e a mamãe de vocês nos afastamos.
-Eu e seu papai somos cabeça duras, e erramos um monte, mas fiz tudo para proteger vocês e o pai de vocês ama vocês muito.
-e agora? Você vai morar com a gente? Olivia continuou a perguntar.
-Vamos todos para a América filha, o Adam e eu não vamos morar juntos, e vocês terão duas casas, dois quartos, terão primos e tia e avós.
-E se eles não gostarem da gente? Olivia continuava a perguntar e Zara estava calada com um cara que não era de dúvidas.
-Impossível não amarem vocês duas.
-Você esta morrendo mamãe? Olivia perguntou.
-Claro que ela está morrendo, ela já tinha falado pra gente que o coração dela está dodói, ela está nos dando para o Sr Adam Olie. Zara falou tudo isso em meio a lágrimas  e saiu correndo dali.
-Zara, não fale assim com sua mãe.
-Deixa Adam, deixa vamos dar um tempo para ela.
-Eu vou falar com ela. O Thomas se levantou e foi atrás dela.
-Então meu papai é o Kylo Ren. Olivia falando sozinha como se estivesse ruminando a ideia.
-Tudo bem filha? Alice perguntou. Alguma dúvida?
-Não, tudo bem. Posso aceitar isso, já gostava dele sem saber mesmo. E Olivia me deu um grande abraço e um beijo na bochecha. Vou brincar agora tudo bem mamãe?
-Tudo filha, pode ir.
-O que foi isso de você está morrendo?
-Então, esse detalhe eu esqueci de compartilhar com você Adam. Meu coração está com cinco pontos de rejeição, estou fazendo pulsoterapia para tentar conter esse avanço, se não der certo meu coração vai parar novamente e como já recebi um coração, não sou elegível para um novo transplante. É isso.
-E você me fala isso assim, sem a menor cerimônia?!!
-Não vejo porque fazer disso uma cena além da que a Zara fez claro.
-Então é por isso que aceitou a paternidade...
-Adam, não só por isso, mas essencialmente por isso, se eu vir a morrer, você precisa cuidar delas por mim.
Eu mais uma vez fiquei sem chão, foram muitas emoções em um curto espaço de tempo.
-Vamos tomar um café Adam e discutir detalhes para o aniversário das meninas que será amanhã. Sem muitas coisas. Será um bolo e amiguinhos da vila aqui na piscina, nada demais.
-É aniversário delas?
Não sei se vou aguentar mais essa emoção.
         
  
  









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