Minha relação com Sasori só ficou pior depois do acontecimento de meses atrás. Toda vez que ele chegava perto de mim eu tinha crises horríveis de choro e me trancava no quarto. Odiava a presença dele, odiava o cheiro dele, odiava a voz dele. Quanto mais ódio eu sentia mais eu nutria um amor pelo Sasuke. Estava na minha cara que eu estava apaixonada, não tinha como evitar e Sasori percebia isso pois ficava muito agressivo quando eu o ignorava. Por sorte me trancar no quarto estava adiantando, o que não melhorava o meu humor e as minhas lembranças, cada segundo da minha vida eu me via remoendo aquele dia, me sentindo suja, usada, largada. Muito diferente do Sasuke que só trouxe alegria para a minha vida. O jeito que ele me fez sua, as palavras de amor, as caricias. Tudo estava muito presente na minha mente mesmo tendo passado quase três meses.
Naruto e Sasuke mandavam cartas quando podiam. As cartas direcionadas á mim eram enviadas para Hinata que me passava todas. Eram cartas de amor, mesmo sem ter um eu te amo eu sabia que Sasuke sentia a minha falta e me queria junto de si. Isso me dava forças para seguir em frente.
Depois do que aconteceu eu abri o jogo com Hinata. Contei tudo que havia se passado dentro da minha casa, do estupro e das agressões. Hinata tinha ficado chocada, mas eu não podia fazer nada para mudar o que tinha acontecido, apenas rezar. Sasori não tocava mais em mim, ele dizia aos quatro ventos que eu era suja e impura e eu mesmo não queria que ele tocasse porque eu tinha suspeitas que iriam ter fim hoje.
-Como assim você acha que está grávida?
-Eu acho que estou grávida Hinata. E olhe a minha barriga? Ela não para de crescer.
Apertei o vestido junto ao meu corpo revelando a pequena barriga que eu escondia.
-Do Sasuke?
-Eu creio que sim, mesmo tendo sido vítima de um estupro logo após ter feito amor com o Sasuke.
-Menstruação atrasada?
-Sim, deveria ter vindo á dez dias e nada. Hoje faz três meses que eles foram embora.
-As datas coincidem.
Eu não queria fazer alarde antes de confirmar aquela gravidez, mas eu já me sentia grávida. Meu corpo me mandava sinais que eu estava mesmo carregando um bebê no meu ventre. Um bebê dele, do Sasuke.
-Vou conversar com o médico depois, mas meu corpo tem mudado.
-Sakura eu estou sem palavras para descrever a minha felicidade por você, mas o meu temor é ainda maior.
Estremeci só de imaginar sobre o que ela falava.
-Se ele souber que esse filho não é dele...
-Para todos os efeitos o filho é dele afinal aquilo aconteceu e eu acabei engravidando. Foi no mesmo dia.
-É uma boa solução, mas acho eu que Sasuke vai gostar de ser pai.
-E ele será. Quando voltar vamos ficar juntos. Só não posso por em risco a vida desse pequeno ser. Uma mentira por uma boa causa.
-Uma ótima causa. Eu serei titia!
Começamos a fazer planos e pensar em nomes, eu escreveria para o Sasuke quando tivesse certeza da gravidez e sabia que ele iria se sentir nas nuvens com a notícia. Tsunade ficaria tão feliz se soubesse daquela gravidez, ela sempre sonhou em ser mãe e ter um bebê. O meu bebê seria dela também. Seriamos uma família, uma família antes da guerra. Uma família que agora não seria mais possível.
...
Eu tinha acabado de sair de um combate aéreo que quase levou a minha vida. Todos os confrontos estavam piorando e as baixas só aumentavam. Quando eu achei que seria mandado para o último grupo do front fui designado para mais um bombardeiro e agora eu teria a companhia do Naruto.
Os novos aviões comprados pelo exército londrino tinham capacidade para até quatro tripulantes. A minha equipe seria Naruto, Jugo e Shikamaru que mesmo mancando era um ótimo cadete.
-Prontos?
Perguntei assim que entrei no galpão onde eles equipavam os aviões. Eles me olharam com cara de quem estavam indo para a morte e eu tive que desviar o meu olhar para não pensar naquilo. Eu como capitão teria que guiá-los pelo melhor caminho e sair vitorioso. Eu faria isso por eles e pela Sakura. Ela não saia da minha cabeça, tinha mais de um mês que ela não mandava uma carta e eu me preocupava. Pelo que Hinata falou em uma de suas cartas para o Naruto o marido da Sakura era agressivo e ela precisava de mim o mais perto possível. Isso me preocupou me deixando apreensivo e receoso quanto à integridade física da Sakura.
-Estamos sim senhor.
Encarei o Naruto fazendo ele chegar para mais perto de mim.
-O que houve?Sua expressão é de preocupação.
-Se eu não sobreviver quero que você diga a Sakura que eu a amo. Eu deixei uma carta em minhas coisas para que se algo chegue a acontecer ela fique sabendo sobre o que penso, mas quero pedir isso para você já que é amigo dela.
-Nada vai acontecer Sasuke, mas eu ia te pedir a mesma coisa. Estou receoso. É uma sensação diferente, estou com medo e não entendo ao certo por que.
-Devo admitir que esse medo está me deixando nervoso.
Admitir aquilo para o Naruto parecia uma assinatura na minha confissão de morte. Eu podia sentir algo de ruim ia acontecer.
-Vamos rezar antes de entrar nesse avião.
-E o que vai adiantar? Deus já nos deu as costas.
-Deus olha por nós, por todos nós só devemos confiar.
-Amém
Ouvi Shikamaru e Jugo respondendo atrás me fez sentir um frio pela espinha. Eu não era de rezar, mas nessa hora juntei as minhas mãos e fiz uma prece direcionada a Deus que não me deixasse morrer ali naquele lugar. Eu poderia morrer á qualquer momento, mas eu queria estar com a Sakura primeiro depois eu morreria feliz.
...
-Não podemos fazer mais nada Sasuke o motor já era.
Eu não tinha muitas opções ali, se caíssemos iríamos morrer, se eu forçasse o motor o avião explodiria e já éramos. Tínhamos sido bombardeados por um avião muito maior que o nosso, ele não estava no radar e não vimos quando ele se aproximou. Foi um ataque suicida e pagaríamos por isso
-Vamos pousar.
-O campo lá em baixo é minado vamos morrer.
-De qualquer jeito vamos morrer.
Olhei pro Naruto que parecia apavorado demais. Shikamaru e Jugo também estavam na mesma situação que a gente o que era aterrorizante.
Pensa Sasuke, pensa... Era a única coisa que passava pela minha cabeça. Eu precisava parar e pensar mesmo estando quase em queda livre.
-Vamos puxar a alavanca e torcer para que o motor pare aos poucos, se ele parar de uma vez vamos cair com tudo.
Comecei a puxar a alavanca do motor que não respondia, outro ataque atingiu a asa direita do avião fazendo ele tremer todo, mais um ataque e morreríamos ali mesmo no ar.
Senti as mãos do Naruto sobre a minha fazendo força, puxando a alavanca. Aquela ajuda seria bem vinda.
-Estou com você irmão até o fim.
-Esse não é o fim Naruto será apenas o começo.
Na minha cabeça eu contava mentalmente os segundos que levaria aquela queda. E ela aconteceu bruta e dolorosa. Nós jogando de encontro com o aço frio do avião e a lama do pântano. Não houve tempo para gritos, não ouve tempo para respirar, não houve tempo nem de pensar.
...
Por um momento eu achei que estava cego porque eu não conseguia ver nada á minha frente, mas era só lama graças a Deus. O avião estava pegando fogo á uns dez metros de mim. Lembro que eu e Naruto conseguimos sair do avião, mas quando fomos tirar Jugo e Shikamaru o avião acabou explodindo nos fazendo ficar desacordados. Infelizmente tínhamos perdidos bons amigos e bons soldados.
Senti uma lágrima descer sobre a minha face que logo foi acentuada por outra e outra bem mais fortes. Eu tinha que achar o Naruto, não podia ficar chorando pelos cantos. Eu precisava ser forte, eu devia isso aos meus companheiros.
Sequei as lágrimas e tateie o campo embaixo do meu corpo tentando me localizar. Era um pântano mesmo. Talvez pelo excesso de chuva a terra seca tenha se desfeito dando lugar á um campo cheio de lama e cheio de minas terrestres.
Forçando a visão vi um corpo caído á alguma distancia de mim, só esperava que Naruto estivesse vivo. Me arrastei ate o corpo caído e chamei seu nome.
-Naruto.
-Sasuke...
Ele estava vivo graças a Deus.
-Vamos sair daqui!
-Eu não posso.
-Como assim não pode? Estamos em um pântano se ficarmos aqui vamos morrer.
-Sasuke eu cai em cima de uma mina eu sinto ela embaixo do meu braço. Se eu sair ela explode.
Eu não sabia o que fazer. Já tinha ouvido boatos que uma mina era ativada, mas não detonava por causa do peso em cima dela, se ele tirasse o braço ela iria estourar sem dúvidas.
-Eu não vou deixar você aqui, não vou mesmo.
-Sasuke da o fora daqui e fale para Hinata que eu á amo.
-Naruto para com isso. Eu não vou te largar aqui. Se a morte estiver nos rondando que leve os dois, mas eu não saio daqui sem você. Você é meu único amigo, único que posso confiar. Acabei de perder dois de meus homens e não vou perder o terceiro.
-Salve a sua vida, construa sua família.
-Não vou sair daqui, nada que você fale ira me convencer. Deve ter algum modo de você sair daí sem a bomba explodir.
-Sasuke...
-Cala a boca que eu estou pensando, preciso raciocinar. Qual braço é?
-Esquerdo.
Como eu estava do seu lado direito me rastejei até o lado esquerdo e coloquei a minha mão em cima da dele.
-Presta bem atenção. Se o movimento para sair com o braço for rápido suficiente a mina não detona.
-E se detonar?
-É um risco que devemos correr.
Naruto não me respondeu nada, mas eu sabia que aquilo era um sim. Meu corpo todo tremia e eu sabia que devia ser rápido e preciso ou morreríamos ali mesmo. Não dei muito tempo para pensar, apenas puxei a braço do Naruto rápido empurrando o corpo dele para o lado. Houve um barulho alto, uma explosão também muito forte e uma dor que consumia todo o meu braço. Naruto gemia um pouco o que me mostrava que algo havia acontecido com ele também. Eu não queria pensar muito e nem podia a dor era tão forte que chegava a dar sonolência. Eu não podia morrer eu não queria, eu ainda precisava cuidar da Sakura, precisava falar para ela que eu a amava.
...
Era dia quando eu acordei, estava em um lugar que parecia um celeiro com paredes de pedra bruta. À luz que chegava era através de duas janelinhas, ali comigo havia talvez outros 20 ou mais homens, graças aos céus eu conseguia avistar Naruto de onde eu estava.
A sede me consumia então tentei sentar e pegar um pouco de água ali presente o que não deu muito certo quando senti meu braço direito não responder o meu comando para apoiar. Olhei perplexo para o meu braço que agora já não estava ali, havia apenas um coto fortemente enfaixado acima de onde estivera o cotovelo. Aquilo não podia ser verdade, não aquilo não estava acontecendo.
Eu queria sair dali, eu precisava sair. Aquilo era um sonho. Eu tinha morrido ou estava desacordado tento alucinações.
-Senhor queira se deitar novamente.
Uma enfermeira chegou do meu lado me fazendo deitar a tampando aquilo que restou do meu braço.
-Amputaram o meu braço?
Eu estava tão desolado que a minha voz saiu como um grito que logo foi amenizado por um sussurro da moça de branco.
-Vai ficar tudo bem. Se acalme.
Dei uma olhada para o Naruto. Eu não conseguia ver muita coisa e não sabia como ele estava só esperava que ele estivesse bem. Fechei os olhos tentando controlar as lágrimas que queriam cair. Eu só precisava acordar e ver que aquilo era um pesadelo. Era só isso que eu precisava.
Agora eu seria afastado do exército, agora eles me mandariam para casa, mas como voltar se eu não passava de um mero inútil aleijado? E Sakura? Ela nunca iria me querer assim, era o fim.
...
Eu não recebia uma carta do Sasuke á muitos dias, na verdade á mais de um mês. As que eu havia mandado não tiveram resposta e eu estava agoniada. Escondia do Sasori uma gravidez e estava totalmente vulnerável a qualquer loucura que ele tentasse fazer. Sasuke não dava notícias nem Naruto o que me deixava preocupada. Se o pior tivesse acontecido eu não sei como reagiria.
-Akasuna?
A voz da enfermeira chefe me trouxe novamente para o mundo real.
-Sim senhora.
-Vá até a minha sala, por favor. Hyuga já está lá e pediu que eu te chamasse.
-Aconteceu alguma coisa?
Ela não me respondeu o que me deixou preocupada. Minhas mãos logo foram para a pequena barriga que eu já trazia comigo. Eu podia sentir alguma coisa de ruim tinha acontecido. Meu coração estava acelerado e eu tremia muito, sim isso era um sinal que algo de ruim ou aconteceu ou iria acontecer.
Quando entrei na sala da enfermeira chefe Hinata chorava muito e ao me ver correu para os meus braços.
-O que houve?
-Eles foram feridos. Os dois perderam um braço.
Os meus olhos encheram-se de lágrimas. Eu tinha visto uma centena ou mais de homens com ferimentos assim e sentia muito por todos eles. Mas esse era o meu Sasuke, e não apenas um estranho de passagem. Sasuke estava ferido.
-Sinto muito que as senhoras tenham que passar por isso.
Meu corpo parecia uma gelatina e minha visão ficou turva, eu precisava sentar. Hinata percebeu a minha situação me colocando em uma cadeira e abanando com uma revista.
-Ela está bem?
-Está sim senhora.
A voz das duas estava distante e eu não conseguia processar as idéias. Eu só precisava do Sasuke perto de mim o resto já não mais importava.
-Eles serão mandados para cá, como pedido do Capitão Uchiha.
-Gostaria de ser avisada quando eles chegarem senhora.
-Passarei eu mesma o recado. Cuide da senhora Akasuna, tenho que ir vocês podem ficar aqui o tempo que precisarem para se recomporem.
Hinata ainda balançava a revista na minha frente quando eu senti minhas forças voltando.
-Se sente melhor?
-Uma indisposição.
-Você sabe que se souberem da sua gravidez você terá que sair.
-Eu sei, mas já estou melhor. E você? Como se sente?
Hinata tinha os olhos bem inchados e vermelhos, sinal que ela havia chorado muito. Mas agora ela parecia já estar se recompondo.
-Aliviada por eles não terem morrido.
-Eu sabia que algo tinha acontecido. Era como se eu pressentisse isso.
-Por isso não escreviam mais.
-Só me pergunto o que fizeram para merecer castigo tão grande.
-Pense pelo lado bom, eles estão vivos.
Abracei Hinata me sentindo protegida, eu precisava daquele sentimento já que agora e me sentia cada vez mais e mais vulnerável.
Com Sasuke de volta eu teria que tomar um rumo na minha vida, à decisão estava tomada eu ficaria com ele custe o que custar.
...
Três dias depois daquela notícia fomos avisadas que Sasuke e Naruto tinham chegado. Falaram que Naruto ria de toda aquela situação, já Sasuke estava um pouco triste. Não pensei duas vezes, sai por todo o hospital á sua procura.
Eu estava com medo. Já havia visto lesões iguais ou piores em diversos homens, mas eu iria ver Sasuke o meu Sasuke e eu logo o avistei. Ele estava deitado na cama do canto, encarando o teto. Tinha o braço direito na manga do pijama hospitalar, e com o coto enfaixado da esquerda dentro da camisa, e via-se uma cicatriz ainda lívida em sua face esquerda.
-Sasuke.
Quando falei o nome dele ele me olhou com os olhos cheios de lágrimas. Um sorriso se formou no canto da sua boca e ele estendeu o braço bom para que eu me aproximasse.
-Eu senti tanto á sua falta minha flor.
-Eu também senti muita a sua falta. Sinto muito pelo que houve.
Quando me dei por mim estava chorando. Eu não queria que ele me visse como uma fraca, mas era uma cena difícil de ver.
-Eu achei que você nem me olharia mais, como vê eu sou um inútil.
Puxei a cortina tapando a visão dos outros soldados, eu precisava tocar ele, sentir sua pele sobre a minha. Me aproximei dele lhe dando um beijo na boca que logo foi retribuído.
-Nunca mais fale que você é um inútil. Eu o amo e preciso de você, e só posso estar feliz que esteja vivo.
Eu só me dei conta que havia acabado de falar que o amava quando ele abriu um largo sorriso me beijando novamente.
-Pensei que nunca ouviria isso. Estou feliz por estar vivo apesar dos pesares.
-Vamos superar isso, eu estarei com você. Eu vou largar tudo por você.
Eu queria perguntar da gravidez se ele tinha recebido a carta, mas aquela situação era muito deliciada e o melhor a se fazer era esperar. Quem sabe quando ele saísse do hospital e estivesse melhor.
Olhei para fora da cortina para me certificar que ninguém estava ali voltando minha atenção para o Sasuke.
-Como você se sente?
-Bem, mas me falta um braço o que é totalmente fora da minha consciência ou da minha realidade. Nunca pensei que algo assim pudesse acontecer comigo.
-Tente não pensar sobre isso, Deus foi bom poupado a sua vida e a vida do Naruto.
-Ele também perdeu o braço. Se eu o tivesse deixado lá ele iria morrer, eu arrisque a nossa vida Sakura.
-Não pensa nisso. Vocês estão vivos isso que importa, já vi tantos casos piores. Só pense que agora vamos poder ficar juntos.
Sasuke segurou minha mão levando até a sua boca e dando um beijo.
-Eu quero você comigo. Em menos de uma semana estarei em casa pelo que ouvi dos médicos e você estará comigo.
-Eu preciso...
-Largar o seu marido e seguir a sua vida ao meu lado.
Eu não via problemas em seguir a minha vida ao lado do Sasuke eu só não sabia como conseguiria deixar o Sasori sem ele me causar nenhum mal.
-Assim que você sair desse hospital vamos dar um jeito em tudo só fica bem logo.
-Eu estou vivo por sua causa, então vou batalhar até o fim.
Ouvi passos se aproximando, eu não podia ficar ali mais.
-Preciso ir se me pegam aqui com você assim eu terei problemas.
-Você volta depois?
-Claro.
Dei um beijo rápido nele saindo dali, minha cabeça estava tão no mundo da lua que eu pensei que nem conseguiria andar direito. Sasuke me causava sensações totalmente fora do normal.
...
Ficar deitado naquela cama não era algo que eu quisesse. Eu me sentia frustrado. Tinha perdido um braço e agora não voltaria mais para a guerra. Era algo bom não ter que voltar para lá, mas também me fazia sentir como um inútil que nem uma arma conseguiria pegar mais.
Vi quando Hinata entrou rápido na minha ala olhando para todos os lados não demorou muito e seu olhar se encontrou com o meu me fazendo sentir uma alegria nunca sentida. Finalmente eu não ia precisar voltar para aquele inferno.
-O meu Deus eu senti tanto a sua falta. Eu estive tão preocupada.
Ela se debruçou em cima de mim na cama me dando um beijo que fez meu corpo todo estremecer, só ela conseguia essas coisas, ela era perfeita.
-Me sinto bem melhor agora com você aqui. Se não fosse o Sasuke eu estaria morto ou teria sido deixado aos abutres.
-Mas você está aqui agora e bem.
-O que me deixa receoso é o fato que nada será como antes.
-Claro que não será como antes. Será melhor!
A força de vontade dela me deixava animado. Eu me sentia revigorado com suas poucas palavras.
-Seu braço esquerdo está bom e, dependendo de onde amputaram o direito, depois de um tempo você pode ser capaz de circular por aí de muletas. Sua mente, olhos, ouvidos, voz, todos funcionam, e seus órgãos internos estão todos ótimos. Já vi homens em estado muito pior que o seu. Então temos que agradecer a Deus.
-Eu agradeço a cada segundo. Nem era para eu estar vivo. Foi um milagre.
-Eu estou aqui com você e vou agradecer muito mais por Deus ter nos unido outra vez. Estarei com você sempre.
-Mas quanto tempo vai levar até que você fique cansada de cuidar de mim? Eu não posso voltar para a guerra e trabalhar será algo difícil de fazer. Como vou sustentá-la? Uma casa? Eu não poderei te dar do bom e do melhor.
-Não quero nada do bom e do melhor. Só quero você bem. Curado de todas essas suas cicatrizes principalmente cuidando do seu emocional. Nessa vida para tudo se da um jeito então não se martirize eu te amo e estarei com você até o fim. Sobre a casa eu tenho uma casa em meu nome. Foi presente herdado de minha mãe.
-Desculpa por estar te enchendo com meus dramas. Estou assustado com essa situação.
-Se ficarmos juntos tudo vai se resolver.
-Eu te amo Hinata
Eu queria sair daquela cama e abraçá-la mostrar para todos o quanto era o meu amor por ela, mas naquelas condições o maior gesto de amor que eu podia demonstrar era beijá-la como se isso nunca mais fosse acontecer.
-Eu te amo mais que tudo Naruto
...
Sasori tinha se acalmado um pouco. Não tentava tocar em mim ou me fazer sua, parecíamos dois estranhos dentro de casa o que não era de todo ruim a empatia por ele só aumentava e eu queria distância.
Eu tive que pedir licença do hospital antes que eles percebessem a minha gravidez. Não era permitido grávidas em hospitais á não ser para trabalho de parto. E creio que deixei o hospital no momento certo. Uma epidemia de gripe começou a se espalhar pela Europa. Quando não era a guerra á matar a gripe aparecia e te matava.
O hospital estava com casos graves de gripe e eu me pegava todas as noites rezando por Hinata e Naruto. Sasuke teve alta em uma semana diferente de Naruto que tinha que ficar sob vigília já que seu ferimento infeccionou. Hinata não o largava e o medo da gripe atingi-los chagava a me deixar bem receosa.
Eu havia recebido uma carta de Hinata me falando sobre a gripe e as coisas não pareciam boas.
“Alguns pacientes estão morrendo durante a noite. É absolutamente terrível. Um dia, recebi seis casos de pacientes sentados, todos com ferimentos que poderiam ser remendados num piscar de olhos. Dois dias depois, três deles tiveram febre alta, um morreu na primeira noite, os outros dois, no dia seguinte. Estão colocando os casos suspeitos em uma ala de isolamento, mas acontece tão rápido! Num minuto eles parecem bem, no seguinte estão suando baldes e perdendo o controle de tudo. O mais estranho é que está acometendo os jovens e saudáveis. Não nego que tenho medo dessa gripe atingir o Naruto ou até mesmo eu, mas eu não posso deixá-lo aqui. Espero que você esteja bem, no seu estado estar em contato com um vírus como esse seria o fim. Se cuide e não deixe de me escrever. Naruto manda saudações, logo ele estará bem o ferimento não tem infecção mais.”
Eu estava feliz pelo fato do Naruto estar se recuperando, mas essa gripe não me parecia algo bom. Enquanto escrevia a minha carta para Hinata meus pensamentos iam até o encontro do Sasuke. Eu não o vi deste que sai do hospital, ele ficou de me mandar uma carta quando estivesse tudo pronto na sua casa, como a carta ainda não havia chegado eu presumia que tudo estava bem.
-Sakura!
A voz do Sasori me colocou em alerta. Ele estava ali no mesmo ambiente que eu. Me ajeitei na cadeira arrumando o vestido no corpo para que não marcasse nada.
-Assine esses documentos.
-O que é isso?
-Apenas assine.
Olhei os papeis que continham o símbolo da bandeira espanhola, eu não entendi bem o que falava ali, mas sabia que não se devia assinar papeis assim sem ler.
-Eu não vou assinar antes de saber o que é.
-Apenas assine e me poupe de ter que aquentá-la, tenho coisas á fazer.
-Sasori eu...
Ele me deu as costas jogando os papeis em cima da mesa.
-Vou sair quando eu voltar quero os papeis assinados.
Se ele estava pensando que eu iria assinar aquilo sem ler ele estava enganado. Peguei minha pequena bolsa e meu casaco saindo logo atrás dele. Se eu pegasse um carro de aluguel poderia ir até um advogado e descobrir o que estava escrito ali.
A viagem durou menos de dez minutos, o senhor que dirigia o carro me deixou em frente á um enorme prédio eu só esperava que as pessoas ali pudessem me ajudar. Assim que eu entrei uma moça muito simpática me indicou uma cadeira para que eu esperasse e disse que logo eu seria atendida.
-Senhora Akasuna o senhor Gai Might vai atendê-la
Agradeci a moça e entrei na sala do advogado. Ele era um senhor alto com cabelos escuros e enormes sobrancelhas. Eu queria evitar ficar olhando, mas era difícil.
-Senhora Akasuna o que posso lhe ajudar?
-Boa tarde senhor Gai e me chame de Sakura, por favor. Eu não sei bem como começar, mas queria tirar uma dúvida com o senhor sobre esse documento.
Estendi o documento para ele me sentando em uma cadeira disposta frente á sua mesa.
-Deixe-me ver, só um segundo.
Ele lia o documento com atenção, só esperava que não fosse nada sem importância ou eu teria perdido tempo e dinheiro indo até ali.
-Me parece uma coisa boa, mas para o seu marido.
-Meu marido?
-Isto é um testamento onde Chiyo Akasuna deixa toda sua herança para você Sakura Haruno, deixando de fora do testamento o neto Sasori Akasuna.
Eu devia estar sonhando só pode. A senhora Chiou tinha morrido há quase um ano não era possível que ela tinha deixado um testamento.
-Eu desconheço esse testamento.
-Bom não é apenas um testamento é uma procuração passando toda a sua fortuna para Sasori Akasuna.
-Não...
Eu não sabia de herança e se fosse verdade eu nunca passaria para o Sasori, não depois de tudo que ele fez.
-Posso processá-lo por ocultação de testamento já que a senhora devia ter participado da abertura do mesmo por estar inclusa.
-Meu marido viaja muito e creio eu que eu nunca saberia desse testamento.
-Posso arrumar toda a papelada para a senhora.
-Por favor, isso seria perfeito.
-Volte para sua casa e eu levarei os papeis em breve para a senhora.
-Mas ele pediu que eu assinasse esse papel.
-A senhora decide. O documento deve ficar para que eu consiga reverter à situação.
Pensar que Sasori podia se revoltar por causa daquele documento não chegava nem aos pés da minha satisfação ao vê-lo sem nada. Se vovó Chiyo queria ele sem nada era porque algum motivo grave tinha e eu iria respeitar a vontade dela.
-Tudo bem senhor Gai eu vou deixar o documento com o senhor e espero que isso se resolva logo.
-Serei o mais breve possível senhora Akasuna.
-Por favor, me chame de Sakura e se por ventura for usar sobrenome use Haruno.
Gai estendeu a mão para mim e eu aceitei o cumprimento saindo da sala logo em seguida. Precisava ir para casa e me preparar para a atitude do Sasori que não seria uma das melhores.
...
Eu estava no meu quarto quando ouvi passos no andar de baixo. Era ele. Vesti meu robe escondendo a barriga saliente e segurei a faca que eu tinha achado na cozinha, se ele tentasse alguma coisa comigo eu não hesitaria em usar.
Pouco tempo se passou e ele entrou no meu quarto com um sorriso debochado no rosto.
-Eu quero o papel.
-Eu não assinei.
-O que você falou?
Ele começou a andar na minha direção, eu segurava firme a faca se ele fizesse qualquer coisa eu iria atacá-lo.
-Sakura não brinca comigo.
-Eu não assinei e nem vou. Nesse momento só deve ter cinzas.
-Inferno, o que você fez com aqueles documentos? Sabia que eu preciso da sua assinatura para poder fazer doações para instituições carentes? Foi isso que você queimou. Queimou o sonho de crianças que vão passar fome por sua culpa.
Ele devia achar que eu tinha cara de otária mesmo, porque as coisas que ele falava não tinham cabimento.
-Podemos comprar o que elas precisam e irmos nós mesmo fazer a entrega
-Você acha que eu tenho coragem de sair com você na rua? Uma prostituta deve ficar dentro de casa. Os homens caem aos seus pés não é mesmo? Com quantos você se deitou?
Eu não iria chorar, eu não podia. Aquilo demonstrava fraqueza e eu não era fraca muito menos perto dele.
-Eu prefiro nem te responder Sasori. Você é um monstro.
-Me poupe desse seu drama Sakura. Se não fosse eu você estaria na rua, atendendo mendigos a troco de migalhas de pão. E olha para você?! Boa aparência, limpa, saudável. Chegou até a engordar, para falar a verdade você engordou muito, sinal que está se alimentando bem. Tudo graças a mim. Você me deve muito Sakura.
-O que eu devo, devo a sua vó não você. Você não sabe o que eu passei antes de chegar aqui. Eu nem pedi para estar nesse país. Se eu não tivesse aceitado o seu pedido de casamento eu estaria muito mais feliz.
-Mas você aceitou e agora é minha.
-Eu não sou sua propriedade.
A minha voz saiu como um grito fazendo ele me olhar com desprezo.
-Abaixa o tom de voz para falar comigo Sakura.
-Estou cansada dessa vida, cansada de você.
-Vai ter que me aguentar até a morte e alem dela também. Eu vou atrás de você até no inferno.
Ele andou mais para o meu lado então eu mostrei a faca fazendo ele dar uma gargalhada.
-Você não teria coragem de usar isso.
-Não me teste Sasori. O meu ódio por você é tão grande que eu não hesitaria em cortar isso que você tem no meio das pernas.
-Um dia você não estará tão violenta então eu vou te ensinar uma lição.
Estremeci com as suas palavras. Aquilo tinha sido uma ameaça, eu não podia me descuidar. Ele me deu as costas saindo do quarto e fechando a porta atrás de si. Corri até a maçaneta fechando-a e depois me encolhendo na cama. Eu precisava conversar com o Sasuke, eu precisava contar da gravidez. Eu precisava sair daquela casa logo ou então eu seria achada morta, não só eu como meu bebê também.
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