01 – Indiferente
▪ Lysandre x Armin ▪
“Eu nunca me apaixonei”, foi o que ele disse.
Mas o que deixou Lysandre intrigado não foi a resposta. Talvez não apenas aquela resposta. Foi a maneira como ele o respondeu.
Indiferente.
Havia indiferença nos olhos azuis. Indiferença na voz. Indiferença até mesmo na forma de andar, de falar sobre aquilo, de revelar algo tão... Vazio.
Já Lysandre... Ah, o garoto vitoriano já amou muitas vezes! Chorou muitas vezes. Sofreu muitas vezes. E sorriu muitas vezes. Tudo por amor, pelo amor.
Por que Armin era tão diferente? Por que essa diferença e essa indiferença o intrigavam tanto? O atraia tanto?
Afinal, tudo começou com uma simples gentileza. Uma simples afabilidade em acompanhá-lo até em casa quando estava sozinho, sem o gêmeo. Uma gentileza que, aos poucos, foi se tornando um tipo de ritual secreto entre eles dois.
Tudo o que Lysandre deveria fazer era acompanhar Armin até sua residência, e após isso, desejar um bom final de tarde e um “até logo”. Mas essa gentileza foi se tornando um vínculo. Um vício. Um afeto. E um desejo. Sim, sempre desejava que o gêmeo de cabelos negros estivesse sozinho para que pudesse acompanhá-lo. Para que pudesse vê-lo sorrir em meio ás expressões nas quais Lysandre não entendia bulhufas. Ou simplesmente para andar em silêncio ao seu lado.
Conversas soltas, palavras livres. Sorrisos discretos e contagiantes. Eram elementos comuns em meio á estas caminhadas.
Mas desta vez, em algum momento da conversa de ambos, o assunto direcionou-se ao amor. Sobre o amor. E Lysandre não conseguiu conter a curiosidade em saber se Armin já havia se apaixonado.
E agora, recebia aquela resposta. “Eu nunca me apaixonei”. Uma indiferença. E em seguida, um silêncio quase desconfortável.
O garoto de olhos heterocromáticos sentiu uma enorme vontade de perguntar o porquê daquilo. Mas, mais ainda, ele sentiu uma vontade de mudar aquilo.
E foi pensando nisto que, ao parar em frente á casa dos gêmeos, Lysandre aproximou-se suavemente.
Deveria ser neste momento que Armin agradeceria a companhia e Lysandre falaria um “até logo”. Mas, ao invés disso, o garoto vitoriano levou a destra á face alva do de cabelos negros, tocando-lhe suavemente. E, ao se aproximar um pouco mais, o beijou.
Armin não esperava por aquele beijo. Entretanto, por mais que tivesse sido pego de súbito, ele correspondeu. Fechou os olhos e deixou-se levar pela graciosidade do momento. O calor inopino que contagiava o corpo, as línguas quentes chocando-se, apressadas em saciar o insaciável. As mãos afundadas nos cabelos platinados, a cintura sendo agarrada com firmeza por ambas as mãos grandes e dominadoras...
O calor, o desejo, a volúpia e o sentimento abrasador. Todos em uníssono em meio ao ósculo ousado, tendo como testemunha a rua deserta e a casa vazia.
Ao término do beijo, ambos abriram os olhos. Os orbes de cores diferentes afundados no mar azul cristalino á sua frente, e no sorriso adorável desenhada na face alva.
– Eu nunca me apaixonei. Até agora. – Armin voltou a responder com seu característico sorriso. E, após agradecer á companhia, entrou em casa, com o sorriso mais diferente do que já poderia ter esboçado algum dia.
End.
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