Na ceia de natal, sua família de Londres viera e também os irmãos Lestrange. Narcisa não se opôs a família, mas os rapazes ela sequer suportava estar perto.
Estavam todos jantando quando ela se deu ao trabalho de observar seus primos, Sirius e Régulo. Narcisa não se surpreendeu ao notar que Sirius tinha uma expressão quase tão desagradável quanto a sua, pois sabia que a mãe dos garotos, sua tia Walburga Black, vinha com frequência a sua casa reclamar do filho para Druella. Ela acompanhou a família no jantar e se retirou rapidamente da mesa, pois notou que Rabastan tentara chamar sua atenção para uma conversa.
Já era tarde da noite, Narcisa não conseguia dormir. Desceu para buscar um copo de água e escutou uma conversa na sala.
– Ando muito preocupada com Cissa – Ia dizendo sua mãe aos seus tios. Seu pai também estava presente – Desde que ela e o garoto Malfoy terminaram ela anda assim. Não conversa, não sai do quarto, não quer fazer nada.
– Logo menos era arranja outro – Disse seu tio – Mas é uma perda e tanto. O sonho de qualquer pai de puro sangue é ver a filha casada com um Malfoy.
– E o rapaz é uma excelente pessoa, vocês tinham que conhecer – Salientou seu pai desanimado.
– Mas Druella, me diga, você ao menos descobriu o motivo do término? Não há nada que se possa fazer?
– Tentei descobrir algo com Bela. Ela me disse que quem terminou a relação foi a própria Narcisa, pois se decepcionou com Lúcio. Mas não consigo enxergar onde o garoto poderia tê-la decepcionado, uma vez que era tão educado.
– Talvez ele tenha se envolvido com outra menina enquanto estava com ela.
– Não parecia ser o feitio dele esse tipo de postura.
– Bem, só nos resta esperar. Por mais que o garoto fosse bom, eu me preocupo de verdade com ela. Nunca a vi dessa maneira...
Narcisa retornou para o quarto e sentiu seu coração apertado. Não queria decepcionar seus pais, mas sabia que ninguém ali a compreenderia. Ela fez algo que vinha se esforçando ao máximo para não fazer desde que chegou em casa. Deitou-se na cama, fechou os olhos e pensou em Lúcio, reviveu o dia que estavam em sua cama, onde ele a beijava enquanto alisava suas pernas. Se arrepiou ao lembrar dele passando a mão por seu corpo, beijando seu pescoço. Quando abriu os olhos, a solidão a devorou por dentro. Ela o amava, não podia negar isso, ela o queria de volta, mas não podia aceitar que ele fosse um comensal da morte e isso decididamente a destruía.
Na manhã de Natal Narcisa acordou mais arrasada do que nos dias anteriores, agora seus momentos mais íntimos com Lúcio permeavam sua mente de forma agressiva e ela só queria abrir a própria cabeça e arrancar tais pensamentos com as mãos.
– Venha abrir seus presentes, Cissa! – Chamaram seus pais de forma alegre.
Narcisa se sentou no chão defronte a árvore de Natal, abriu e agradeceu a sua família pelos lindos presentes. Gostou especialmente do presente de Bela, era a pulseira de prata delicada com pêndulos de esmeraldas.
– Muito obrigada Bela! A pulseira é linda!
– Você merece – Disse a Belatriz abraçando a irmã tentando compensar as brigas passadas. Seus pais se emocionaram de ver tal cena rara.
– Falta mais um aqui para você, Cissa – Disse seu pai lhe passando um pacote médio embrulhado cuidadosamente em um papel prateado.
– Sério? Quem de vocês me deu? – Todos se entreolharam curiosos e disseram ao mesmo tempo:
– Esse não foi eu.
Narcisa olhou a família com desconfiança para a família.
– Deve ser dos seus tios – Disse sua mãe.
– Já abri os presentes deles.
– E Ruth? Ela certamente te mandou algo.
– Já abri também – Disse ela um pouco aflita.
Ainda sentada no chão ela desembrulhou o presente misterioso e dentro havia uma linda rosa vermelha dentro de uma redoma de vidro. A beleza e delicadeza do presente era incrível e Narcisa soube, no exato momento, quem havia lhe mandado.
– É uma rosa perpétua! Que presente mais lindo Cissa, quem mandou?
Ela olhou dentro da caixa e achou um pequeno envelope. Abriu o lacre a vela com as mãos trêmulas e tirou um pequeno bilhete de dentro com os seguintes dizeres:
Espero que um dia você me perdoe.
Espero que um dia possamos nos entender novamente.
Sempre a amarei.
L.M.
Narcisa largou a rosa e o bilhete no chão e saiu correndo para o quarto, com lágrimas escorrendo pelo rosto. Sua família na sala se entreolhou de forma horrorizada. Sua mãe se abaixou, pegou o bilhete e leu. Passou para Bela ler e depois para o pai. Sem dizer nada, Druela seguiu para o quarto da filha e bateu na porta.
– Narcisa, abre essa porta.
– Mais tarde, mãe – Respondeu a garota entre soluços. Estava deitada na cama chorando desmedidamente. Havia pensando nele ontem, havia revivido o toque dele a poucas horas atrás. Era uma tortura saber que eles se amavam, mas não podiam ficar juntos. Seu coração estava se apertando com tanta força que ela não sabia como ele ainda não havia parado.
Sem esperar, sua mãe abriu a porta do quarto com um feitiço e após entrar fechou a porta.
– Cissa, porque você Lúcio terminaram?
– Quem disse que foi ele quem me mandou o presente? – Mentiu ela infantilmente a mãe.
– Eu li o bilhete, quantos "L.M" existem no mundo que querem se entender com você?
Narcisa enfiou a cara no travesseiro.
– Não era para você ter lido.
– Para de chorar e me fala o porquê vocês terminaram.
– Não posso.
– Porque não?
– É mais sério do que você imagina.
Sua mãe ficou inesperadamente séria.
– Ele por acaso não... Você dois não...?
Narcisa demorou de entender o que sua mãe queria dizer.
– Não o que? – Perguntou a garota sem entender nada.
– Ele...como eu posso dizer exatamente...
Narcisa entendeu o que a mãe queria dizer, não pela demora em fazê-lo e sim pelo embaraço no rosto de uma pessoa que costuma ser direta.
– Mãe, eu sou virgem – Disse ela bem envergonha, Druela ficou profundamente aliviada.
– Ah, que bom. Então vamos lá, o que pode ser pior do que um rapaz se aproveitar da sua inocência?
– É muito pior do que isso.
A mulher arregalou os olhos.
– Me explica isso, por favor.
Narcisa tomou fôlego, estava procurando palavras que pudesse usar sem revelar o real segredo.
– Se o papai decidisse tomar um determinado rumo na vida dele, algo que fosse contra todos os seus valores, você permaneceria com ele? Mesmo que esse rumo não te prejudique em nada.
– Esse rumo que ele tomou incluiu prejudicar a vida dos outros? Fazer alguma maldade?
– Sim.
Sua mãe respirou fundo, parecia ter entendido alguma coisa.
– Então você tomou a decisão certa.
Narcisa olhou para a mãe de forma perplexa. Jamais esperaria essas palavras da mãe.
– Você acha que eu estou certa?
– Você não tem certeza disso porque gosta dele. Mas sim, você tomou a decisão certa. Só direi uma coisa contrária à sua decisão, se caso exista uma única chance de mudar a sua situação, lute por ela. Não vale a pena viver da forma como você está.
– Obrigada, mamãe – Narcisa correu e abraçou a mãe. Isso não era a solução para seu problema, mas era um apoio. Era muito mais do que ela esperava.
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