História AMOR e MISTÉRIO (Romance Gay) - Cadê a Alegria?- Acampamento parte lV

           THÉO NARRANDO

Estou com meus lábios juntos ao de Gustavo, eu não quero sair nunca daqui, estamos em um beijo doce e calmo, parece até que nós estávamos precisando disso, precisando desse momento love, meu corpo vibra de paixão, tudo está tão incrível nada pode estragar... Tirando isso:

- Chega! Eu não devia ter feito isso? - diz Gustavo parando o beijo. Mas que cacete!

- Por que Gustavo? - pergunto não tão animado.

- Eu não posso, não posso trazer problemas pra gente, não posso trazer problemas pra você, não quero prejudicar ninguém de novo! - ele diz olhando pra cima e com a voz tristonha.

O que ele quer dizer com "de novo"?

- Como assim "de novo"? - pergunto.

- Deixa pra lá, só precisamos parar - ele responde se virando e ficando de costas pra mim.

- Gustavo eu quero saber, o que aconteceu? - pergunto tomando a liberdade de abraça-lo por trás.

- Eu disse pra deixar pra lá! - ele diz alterando a voz.

- Covarde! Me deixa de lado, e ainda começa contar algo e não termina! - digo irritado e me virando de costas pra ele também.

- Linda atitude a sua! - ele diz ironicamente se levanta e sai da barraca com um semblante sério e decepcionado.

Meu coração aperta ao vê-lo assim, e me sinto um covarde, um infantil, eu não devia ter falado assim com ele. Minha cabeça não para de pensar em quão eu fui um bosta com ele, então decido ir atrás dele para pedir desculpas.

Saio da barraca e vou procurá-lo, demoro um pouco mais o encontro na beira do lago, apenas com os pés dentro da água, me aproximo.

- Me desculpa, eu não queria te chatear, e nem ser intrometido, não devia ter te chamado de covarde, se tem uma coisa que você não é, é ser covarde - digo com a voz embargada.

- Tá tudo bem - ele responde dando apenas uma olhadinha para o lado.

Me ajoelho atrás dele lhe dando um abraço apertado, ele corresponde segurando meus braços sobre seus peitos. Me sento ao seu lado colocando meus pés sobre a água, e me encostando sobre seu corpo.

- Me perdoa? - pergunto.

- Claro que te perdoo - ele responde encostando sua cabeça na minha.

- Sabe que sempre quando quiser conversar eu estarei aqui - digo.

Ele fica em silêncio e depois da um leve suspiro.

- Quando eu estava no quartel, me formando para me tornar um bombeiro, eu me apaixonei por um colega, foi o primeiro homem que eu me apaixonei, a gente se encontrava para "ficar" em um canto escondido do quartel, até que outros alunos descobriram e começaram a zuar com a gente, e fazer ameaças, Lucas o homem a qual eu ficava não queria mais ficar comigo, só que eu não queria aceitar que ele ia me abandonar por causa dos homofóbicos, e então eu insisti e o chamei para "ficarmos" no mesmo local de sempre, e enquanto nós estávamos juntos, os mesmos homofóbicos apareceram e disseram que Lucas tinha quebrado o trato, o que eu não sabia era que eles estavam o ameaçando, e que um dos homofóbicos era o próprio irmão dele, eles estavam querendo bater em Lucas, então eu interferi, fui defendê-lo, mas acabaram me batendo também, quando foram bater em Lucas, ele escorregou e bateu com a cabeça num pilhado de tijolos que tinha lá, alguns tijolos caíram em cima dele, e ele quebrou o pescoço, morreu na hora, e tudo isso é culpa minha! - ele termina de me contar  chorando muito.

Me emociono com o que ele me diz, e o abraço na hora.

- Você não tem culpa de nada Gustavo, não foi você, foram eles! Eles o mataram por homofobia, por puro ódio! E você não tem nada haver com isso! - digo ainda o abraçando.

- Mas se eu não tivesse insistido, se eu não tivesse chamado ele, isso não teria acontecido - ele responde enxugando as lágrimas.

- Você não tinha como saber, mas não se culpe por algo que você não fez, você não o matou! - digo e ele se acalma um pouco.

Tomo a liberdade de lhe dá um outro beijo, mas ele recua. 

- Não vamos mais fazer isso, nunca mais! - Ele se afasta, mas me deixa um beijo na testa.

Ele se levanta e saí em direção a barraca, não dá pra negar o quão ruim estou, ele está me dando um chute na bunda, por que tudo tem que ser difícil em meus pensamentos deixo algumas lágrimas escorrem em meu rosto. 

           -- QUEBRA DE TEMPO --

              VICENT NARRANDO

Já é dia desse domingo ensolarado, hoje é a final das competições, e já está quase tudo pronto para iniciarmos, mas antes decido ir falar com Lívia, não nos falamos mais depois de ontem. Vejo que ela está escorada numa árvore, vou bem devagarinho, e quando chego bem perto percebo que ela está falando no celular...

"Ontem nós tivemos um baile de gala, foi muito... Sim amor, claro que eu queria que você estivesse bailando comigo... também estou com saudades dos seus beijos, preciso ir agora, beijos, te amo amor!"

Ver ela falando assim faz meu corpo estremesser, como assim "amor".

Quando ela vira e me ver leva um grande susto.

- Que susto que você me deu Vicent - ele diz forçando um sorriso - Você está aí a muito tempo? - ela pergunta.

- Mais ou menos, mas eu ouvi você conversando, não foi minha intenção, mas eu ouvi, você tem namorado né? - pergunto com a voz abatida.

Ela suspira...

- Sim! Eu ia te falar mas não consegui, mas eu tô tentando criar forças para terminar - ela responde.

- Por que você quer terminar? - questiono.

- Por que eu amo você, mas não acho justo simplesmente chegar e da um chute na bunda dele - ela responde.

Me aproximo e dou-lhe um selinho.

- Então se decida, ou ele ou eu, pois assim não dá pra mim! - digo e me retiro.

Não acredito nisso, ela tem namorado e tá nessa enrolação toda, me fazendo de otário!

            THÉO NARRANDO

Estamos todos posicionado no campo vai iniciar as duas últimas provas da competição.

Estou acabado, não dormi direito e nem Gustavo ele também tá com a cara péssima, mas não é só a gente percebi que Vicent, Doug, Willy e Lívia também estão com a cara péssima, gente cadê a alegria?