THÉO NARRANDO
Estamos indo em direção ao auditório do internato, mas na verdade queria ir em direção a minha casa, todos os jovens são obrigados a participar, a única causa que justifica a ausência de alguém é a doença, o resto não importa.
Ao todo tem 67 jovens aqui, Fernando disse que quando chegou tinham 124, mas foram indo embora após concluir toda sua "libertação", o que é uma lástima saber que mais de 100 famílias conheçam esse lugar, já é uma barbaridade pelo menos 10 conhecerem.
Mas o que me assusta não é só isso, o tempo mínimo aqui, é de 1 ano! E depende de como vai ser o relatório final de cada jovem, podendo ficar aqui por mais de dois anos, eu não vou aguentar ficar aqui nem por mais um dia quem dirá por mais de 1 ano.
Resolvi sentar na última fileira das poltronas, o auditório parece mais um cinema, é até aconchegante, Fernando se senta ao meu lado, pra nossa sorte ninguém se sentou com a gente nessa fileira, o que vai facilitar se eu quiser dormir ao invés de ficar escutando as asneiras que vai sair da boca do palestrante.
Logo ele chega, é um homem com aparência velha, ele deve ter cerca de 57 anos, pelas vestimentas aparenta ter algum cargo na igreja católica, o que me faz pensar, que merda a igreja católica tá envolvida num esquema desses, é lamentável, mas irei fazer questão de fechar as portas dessa igreja quando sair daqui, eu posso até não ser muito religioso, mas sei que não é assim que se leva a palavra de Deus.
Ele começa a palestra já definindo a homossexualidade como "depravação" o que me irrita, ele fala que tais atos é abominação aos olhos de Deus, e que destrói famílias, aí eu começo a pensar, como uma pessoa destrói uma família por ser quem é, por ter nascido assim.
O que destrói famílias, são as traições, abusos, violencias, mentiras, e não uma pessoa amar. E ele toca num ponto que me irrita mais ainda, ele fala que quem escolhe ser homossexual, escolhe o caminho do mal.
- E você realmente acha que uma pessoa escolhe ser homossexual? - me levanto perguntando alto em bom tom.
- Tenho certeza, ou você vai me dizer que a pessoa já nasce perdida! - ele respondeu.
- Não diria "perdida" mas uma pessoa homossexual já nasce homossexual, ninguém "vira" gay, pode até demorar a descobrir isso como foi o meu caso, mas já nascemos assim ou você acha que qualquer pessoa em sã consciência iria querer ser homossexual no país que mais mata LGBTQIA no mundo, correndo risco de ser expulso de casa, ser ignorado pelo resto do mundo, e encarar torturas como acontecem nesse lugar? Você realmente acha que alguém iria escolher isso? Sabendo dos riscos que corre, eu vou te dizer uma coisa eu me amo do jeito que eu sou, eu amo ser como eu sou, e tenho certeza de quase todos que estão aqui se amam também, mas nenhum de nós fez essa escolha, nenhum de nós escolheu sofrer todos esses riscos, quem escolhe ser "perdido" são vocês, que machucam pessoas apenas por elas serem quem são! E isso não vai ficar assim! - digo em tom firme com ele, e me sento de novo transbordando ódio, vejo Fernando me olhar.
- Eu vou reconsiderar sua atitude, já que você é novo aqui! Mas não toleramos esse tipo de atitude e sim vocês escolhem ser assim, se vocês sabem do risco, correm por que quer! Mas fique tranquilo iremos tirar isso de vocês! - ele diz, e eu me seguro pra não voar por todas essas poltronas, e dar um soco na cara desse idiota.
- Calma! - diz Fernando segurando na minha mão, me ajeito de novo na minha poltrona tentando me acalmar, não sabia que eu poderia ser tão explosivo, esse lugar coloca o pior de mim à mostra.
- Agora vocês verão um curta-metragem e vocês irão entender mais sobre o por que é tão imundo tais atos! - o homem fala.
A luzes se apagam deixando apenas a luz do data-show iluminando a tela onde irá passar o curta, aproveito para encontrar uma boa posição para tirar um cochilo, quando tento encontrar uma boa posição, vejo Fernando me encarando.
- O que foi? - sussurro.
- Você foi incrível, sério, desde quando entrei aqui, nunca vi ninguém batendo de frente com eles como você! - ele diz me fazendo abrir um sorriso.
- Eu apenas falei o qu-- - sou interrompido Fernando me roubando um selinho demorado, e incrivelmente bom.
- Fernan-- - digo quando encerramos o selinho, mas ele me interrompe novamente, agora com um beijo, sua língua pede passagem, e eu autorizo, fazendo nossas línguas suavemente dançar sobre nosso beijo doce e macio.
O beijo é singelo, perfeito, e por incrível que pareça me fizeram sentir borboletas no estômago, seria carência? Solidão? Estresse, me perco nos pensamentos até uma pessoa surgir em minha mente! GUSTAVO! interrompo o beijo na hora, Fernando me olha assustado apressadamente mas de uma forma silenciosa saio correndo do auditório deixando Fernando para trás.
No corredor, me escoro na parede e sinto as lágrimas surgirem nos meus olhos, eu não acredito que fiz isso, como eu posso ter deixado, agora só vem Gustavo na minha cabeça, e eu começo a me sentir muito culpado, como eu posso ter beijado outra pessoa e ter gostado disso, eu trai ele!
- Ei, por favor me perdoa! - diz Fernando se aproximando de mim - você nunca beijou outro menino? - ele pergunta.
- Fernando, eu namoro! - Digo e percebo pela expressão dele que foi quase um banho de água fria nele, será que ele está nutrindo algum tipo de sentimento por mim?
- E por que você nunca me contou? - ele perguntou.
- Eu não sei, eu acabei esquecendo! - digo confuso.
- Como é que se esquece que tem namorado!? - ele pergunta indignado.
- Eu não esqueci que tenho namorado, eu apenas esqueci de te contar, e não tem um dia que eu não passe pensando nele, você não faz ideia de como tá minha vida lá fora, tá tão horrível quanto aqui, você nem imagina tudo o que eu e o meu namorado tá passando, então não me critique, por que você me conheceu na pior fase da minha vida! - eu digo alterado e chorosos, e ele faz uma cara de espanto.
- Théo, me desculpa, eu não sab--
- Sem problemas, eu só preciso ir me deitar! Amanhã a gente se fala, boa noite! - digo e me retiro indo para o quarto, a sorte que numa freira nos viu.
Deito na minha cama desse lugar infernal, e começo a chorar que nem uma criança de cinco anos, o que eu fiz pra merecer tudo isso, por que minha vida tá esse inferno, além de tudo agora vem a culpa de ter traído o Gustavo, e eu nem sei se vou continuar falando como antes com o Fernando, minha vida é uma total desgraça, se eu não tivesse vivendo, poderia jurar que é uma fanfic do Spirit, mas não é, é vida real, e eu tenho que viver ela!
FELLIPE NARRANDO
Estou tomando banho, eu, Moreira e os seguranças vamos para Angra no início da madrugada, provavelmente no local onde ele fabrica as drogas que vende.
Pretendemos voltar ainda nessa madrugada, para não levantarmos suspeitas, se bem que de madrugada é bem suspeito, Moreira não é bem uma pessoa investigada, mas mesmo assim ele tem que tomar cuidado, pois a polícia sabe que ele estava junto no dia do assassinato, e o caso ainda não foi encerrado.
Enquanto estou lavando meu cabelo, escuto a porta abrir, e lembro que esqueci de trancar ela.
- tem gente! - grito de dentro do Box que é fosco e não dá de ver direito o outro lado.
- Eu sei! - quem responde é Moreira, provavelmente com segundas intenções.
- Então se retire! - digo.
- Vim tomar banho com você! - ele diz e a porta do Box e se abre, me viro e vejo Moreira nu, vindo na minha direção.
- É melhor você esperar eu sair! - digo e viro de costas pra ele para me enxaguar.
- Por quê, assim vai gastar mais água! - ele diz com ironia, e sinto um arrepio ao sentir ele encher meu pescoço com beijos molhados.
Sinto algo encostar em minha bunda, e percebo que é sua ereção, e eu já sei o que vem a seguir.
Ele passa sua mão na minha bunda, e em seguida seguida sinto seu dedo forçar minha entrada, ele lubrifica o local para o que vem a seguir, e em instantes o sinto dentro de mim com estocadas leves, ficamos por vários minutos assim até ele se esvaziar dentro de mim.
Após ele se retirar, tomamos banho em silêncio, e percebo ele observando meu corpo, sua ereção segue firme como uma rocha, será que existe a possibilidade dele estar gostando de mim?
Deixo meus pensamentos de lado e vou para o quarto me trocar, logo depois ele surge, dessa vez enrolado na toalha, nos trocamos e logo depois estávamos terminando de arrumar para ir para Angra dos Reis.
Já estamos na estrada, serão mais de duas horas e meia de viagem, e estou com sono devido já ser tarde, um dos seguranças está dirigindo, e o outro está no banco do passageiro, eu e Moreira estamos no banco de trás.
Estou quase cedendo ao sono sentado, tendo leves apagões e acordando do nada, Moreira ao perceber meu estado, me deita em seu colo, estranho a atitude, mas assim é melhor do dormir sentando, logo durmo em eu colo.
Moreira me acorda, percebo que já chegamos, quando vejo o local que aparenta ser uma fábrica, logo o portão se abre liberando a nossa entrada, quando descemos do carro Moreira é cumprimentado por um de seus funcionários.
Entramos num escritório, onde Moreira pega uns relatórios, e comemora o sucesso das vendas, pelo visto ele tá cheio da grana.
- Nós vamos nos mudar para o interior de Cancún no México, lá nós iremos fazer novos clientes e começar nosso império por lá, temos que levar tudo daqui pra lá! - Moreira diz para o gerente, e nem tô acreditando, nós vamos nos mudar para o México.
Começo a ficar um pouco com medo dessa ideia, mudar assim de uma hora pra outra, uma nova vida, um novo lugar, ser fugitivo pra sempre, será que realmente vai valer a pena, meus pais já estão loucos atrás de mim, mas pra eles não chamarem a polícia mandei uma mensagem dizendo que estou bem, mas eles não iriam me ver tão cedo pois tinha fugido de casa e não sei se voltarei.
Sinto falta deles, mas sei que se descobrirem tudo, não vão me perdoar, já iriam me odiar por ser gay, o resto da história vão fazer me odiar mais ainda.
- e como o senhor vai fazer pra fugir sem ser pego, para o México? - o gerente perguntou.
- Fiz um acordo com um outro amigo traficante de Minas Gerais, ele vai me emprestar um piloto e um avião clandestino dele, ele tem pistas clandestinas em quase todos os estados do país, esse avião que irá me levar até o estado do Acre, de lá irei de carro cruzar a fronteira com o Peru, e de lá, iremos de barco até chegar no mar de cancún! - Moreira respondeu me fazendo ficar em choque com todo esse trajeto.
- Quando o senhor irá? - perguntou o homem.
- Semana que vem, mas as coisas da fábrica tem que sair ainda essa semana, então começem a arrumar tudo, vocês irão de barco, sairão pela praia deserta daqui de Angra, irão de barco até o Peru, é o jeito mais seguro de não acharem as drogas! - Moreira respondeu - E eu preciso de um caminhão e um motorista agora! - completou ele.
- Ok, mas por que o senhor precisa de um caminhão e um motorista? - questionou o gerente.
- Para levar meu acordo para meu amigo de Minas! - ele respondeu.
- E qual é seu acordo? - perguntou.
- Gustavo e Daniel! - Moreira respondeu.
O QUE?? Ele vendeu o Gustavo para um traficante de Minas Gerais!
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