Xiumin entrou na sala de reuniões da delegacia, carregando as anotações e detalhes que havia recolhido nos últimos dias. A equipe já estava à sua espera, com olhares atentos e prontos para qualquer informação nova que pudesse trazer à investigação. Ele fechou a porta e organizou os papéis sobre a mesa, tomando um momento para escolher suas palavras com cuidado.
— Pessoal, temos algumas novidades que precisam ser discutidas — começou ele, lançando um olhar firme para cada um dos agentes presentes. — Depois de um trabalho de campo intenso, consegui finalmente localizar a residência da família Park.
Um murmúrio correu pela sala enquanto os colegas trocavam olhares de surpresa e interesse. Xiumin continuou:
— No entanto, preciso destacar algo estranho: a casa é cercada por uma segurança que vai além do comum. Eles têm uma estrutura comparável à de uma fortaleza, com guardas armados e até cães de vigilância na entrada principal.
— Isso é suspeito — comentou um dos agentes, franzindo o cenho. — Até mesmo para uma família de empresários tão rica como os Park, esse nível de segurança não é exatamente típico.
— Concordo — Xiumin respondeu. — A quantidade de seguranças, além dos próprios guardas pessoais que acompanham S/n em todos os lugares, sugere que eles estão protegendo mais do que um patrimônio financeiro. É como se estivessem escondendo algo que ninguém pode descobrir.
Os agentes tomaram nota, e o clima na sala ficou mais tenso. Xiumin fez uma pausa, passando as mãos pelo queixo enquanto refletia.
— Ainda assim — continuou ele — precisamos ser cautelosos. Qualquer tentativa de aproximação mais direta pode gerar desconfiança. Suho, o guarda-costas da herdeira, já pareceu notar meus movimentos.
— E quanto à garota? Ela pode ser uma porta de entrada para novas informações? — perguntou um dos colegas, num tom estratégico.
Xiumin hesitou por um momento, ciente da linha delicada entre sua profissão e a jovem envolvida.
— Sim, mas precisamos ir com calma. Qualquer passo em falso pode fazer com que fechem ainda mais as portas. Vou tentar manter essa conexão, mas precisamos de algo mais sólido para avançar.
Ele olhou ao redor da sala, o semblante dos colegas carregado de expectativa. As informações sobre a segurança reforçada e a localização da casa dos Park eram valiosas, mas ainda estavam longe de uma prova concreta para o "Projeto Eclipse" e o que ele realmente significava.
Ao final da reunião, Xiumin e sua equipe decidiram intensificar a vigilância, mas manter distância segura. Enquanto guardava seus papéis e desligava as luzes da sala, Xiumin sentia o peso de cada passo dessa investigação.
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S/n estava diante do espelho, o brilho do vestido refletindo a luz suave do salão de provas. A estilista ajustava o tecido delicadamente, alisando cada detalhe para que o caimento fosse perfeito em seu corpo. O vestido era uma obra-prima: tons neutros que refletiam o requinte e a elegância que sua mãe e avó tanto exigiam. Cada bordado, cada pequena pedra brilhante parecia ter sido pensado para exalar a perfeição que a jovem Park precisava representar no grande evento.
— Mantenha-se reta, querida — sua mãe disse em tom firme, observando cada ajuste com um olhar crítico. — Esse evento será essencial para a nossa imagem e para a empresa. Não podemos cometer erros.
Ao lado, sua avó assentia com um sorriso sutil, os olhos calculistas acompanhando cada movimento da estilista. S/n sentia o peso das expectativas crescendo a cada minuto que passava ali. Enquanto a estilista fazia os ajustes finais, ela tentou manter a postura ereta, mas não conseguia ignorar o cansaço emocional que aquilo lhe trazia. Ela sabia que deveria corresponder, que tudo precisava ser “perfeito”, mas parte de si desejava estar longe dali.
Finalmente, com um último ajuste, a estilista recuou, satisfeita com o resultado.
— Pronto, senhorita Park — disse a estilista, admirando sua criação. — O vestido está perfeito para o evento.
S/n forçou um sorriso, agradecendo gentilmente, enquanto sua mãe e avó se aproximaram para examinar os detalhes finais. Após o longo processo, as mulheres trocaram olhares de aprovação e seguiram com seus próprios ajustes, deixando S/n com um breve momento de respiro.
Mais tarde, aproveitando o calor da tarde, S/n caminhou até a piscina do jardim, onde a tranquilidade da água oferecia um refúgio. Ela deixou um robe leve escorregar de seus ombros, revelando o maiô simples e elegante, antes de deslizar para dentro da água fresca. Cada mergulho parecia aliviar um pouco do peso que carregava.
Enquanto nadava, os pensamentos de S/n flutuavam até o encontro recente com Xiumin. Havia algo intrigante naquele homem; uma presença que a fazia se sentir menos sufocada, como se ele enxergasse algo nela além do sobrenome Park. A lembrança do sorriso dele, da conversa casual, se repetia em sua mente.
Por que pensava tanto nele? Ele era apenas um estranho que encontrara algumas vezes, e, no entanto, a sensação era diferente. Talvez fosse a liberdade em falar sobre assuntos simples ou o fato de que ele parecia ser um escape, um desconhecido sem amarras à sua vida complicada.
S/n suspirou, deixando-se flutuar na água, desejando poder encontrar Xiumin novamente. Mas sabia que, por mais que tentasse negar, suas responsabilidades logo a chamariam de volta, e aquele momento de paz seria apenas mais um breve intervalo em sua vida cuidadosamente controlada.
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Era início de tarde, e S/n tinha acabado de sair de uma loja de livros raros, onde havia buscado um presente para sua avó, algo que pudesse surpreendê-la no evento que se aproximava. Com o presente delicadamente embalado, ela se preparava para seguir até o carro onde Suho a esperava quando, de repente, ouviu uma voz familiar.
— S/n? — Xiumin a chamou suavemente, a poucos passos de distância.
Ela se virou e, ao ver o delegado, um sorriso espontâneo surgiu em seu rosto, aliviando um pouco o peso da rotina. Parecia coincidência demais encontrá-lo novamente, mas parte de si se alegrava, e a outra não conseguia evitar a timidez que surgia quando o via.
— Xiumin! O que você está fazendo por aqui? — perguntou ela, a voz refletindo sua surpresa e, talvez, um pouco de curiosidade.
— Apenas cuidando de alguns assuntos — respondeu ele com um sorriso casual. — Mas parece que acabei esbarrando em alguém que tornaria meu dia um pouco mais interessante.
Ela riu, e os dois trocaram olhares por alguns segundos. O tempo pareceu desacelerar, e Xiumin percebeu que aquele era o momento ideal para estreitar o vínculo entre eles. Ele respirou fundo e decidiu ser mais direto.
— S/n, eu estava pensando... talvez possamos trocar números. Só para caso, você sabe... por acaso a gente não se encontre nas próximas vezes — disse ele, com um sorriso um tanto divertido.
S/n o encarou, surpresa com o pedido. Sua mente vacilou por um momento, mas a simpatia e a naturalidade de Xiumin tornavam difícil recusar. Ela abriu um sorriso e pegou o celular.
— Claro, acho que seria uma boa ideia — respondeu, repassando o aparelho para ele.
Xiumin digitou seu número com calma, percebendo o olhar atento de Suho, que permanecia dentro do carro, observando cada detalhe do encontro. Mesmo com a presença imponente do guarda-costas, ele sabia que estava conseguindo aos poucos alcançar seu objetivo.
Após salvar o contato, S/n voltou a pegar o celular, sentindo o coração bater um pouco mais rápido. Havia uma emoção desconhecida naquilo, um misto de ansiedade e curiosidade sobre o que esse contato traria.
— Obrigada, Xiumin. Quem sabe nos encontramos de novo por acaso — disse ela, tentando manter o tom casual.
— Eu espero que sim — respondeu ele, o olhar intenso. — Até breve, S/n.
Ela se despediu, voltando ao carro. Mesmo sob o olhar vigilante de Suho, S/n não conseguia conter o sorriso leve que surgia em seu rosto, enquanto imaginava quando e como seria a próxima conversa com Xiumin. Já ele, ao observar o carro se afastar, sabia que tinha dado um passo crucial para o desenvolvimento de seu plano — e, talvez, algo mais.
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Era uma noite silenciosa na cidade, mas o clima estava longe de ser tranquilo para Xiumin. Ele estava deixando o carro no estacionamento de um bar discreto, onde pretendia relaxar um pouco depois de mais um dia intenso de investigações. Ele mal fechara a porta quando ouviu passos pesados atrás de si. Virando-se, deu de cara com Suho, que trazia consigo dois homens altos e de expressão fechada, ambos vestindo roupas escuras e com uma postura que denunciava treinamento e experiência.
— Delegado — começou Suho, a voz fria e cortante. — Acho que você já recebeu alguns sinais para manter distância, mas parece que você não entendeu o recado.
Xiumin se manteve calmo, mas seu corpo estava em alerta. Ele olhou diretamente para Suho, sem baixar os olhos, enquanto mantinha o queixo erguido, sem recuar.
— É um país livre, não acha? — respondeu Xiumin, mantendo o tom profissional e tentando não demonstrar o incômodo.
Suho estreitou os olhos, o semblante sério. Ele deu um passo à frente, diminuindo ainda mais a distância entre eles, enquanto os outros dois homens se colocavam estrategicamente ao lado de Xiumin, bloqueando qualquer saída.
— Escute bem, delegado. — Suho disse, num tom de ameaça implícita. — Não me importa se você é da polícia ou não. Aproximar-se de S/n não é uma opção para você.
O silêncio entre eles era tenso e pesado. Xiumin sentia a gravidade da ameaça, mas sabia que demonstrar medo apenas reforçaria o controle de Suho sobre a situação. Em vez disso, ele manteve o olhar firme, aceitando o desafio de não recuar.
Suho, percebendo a resistência no olhar de Xiumin, deu um leve aceno para os homens. Um deles deu um passo à frente e empurrou Xiumin contra o carro, imobilizando-o pelos ombros. Embora Xiumin fosse um delegado experiente, ele sabia que precisava manter a calma e evitar uma escalada desnecessária. Afinal, ele estava sozinho contra três homens preparados.
— Se eu descobrir que você se aproxima dela de novo, nossa próxima conversa não será tão pacífica — avisou Suho, baixando a voz, mas deixando clara a seriedade de suas palavras.
Sem mais palavras, Suho e os dois homens se afastaram, deixando Xiumin encarando o vazio da noite, a mente a mil. Ele sabia que estava pisando em terreno perigoso, mas, mesmo assim, esse confronto apenas o motivava a continuar. A resposta que buscava estava perto, ele podia sentir, e esse obstáculo não o faria desistir.
Suho, ao se afastar com os homens, sabia que precisaria tomar medidas ainda mais drásticas para proteger S/n. Ele deu instruções firmes aos dois:
— Quero que avisem a equipe de segurança na mansão. Reforcem a vigilância, e ninguém entra ou sai sem o meu conhecimento.
Eles assentiram, prontos para cumprir as ordens. A segurança dos Park, especialmente de S/n, era uma prioridade para Suho, e ele não estava disposto a deixar ninguém interferir nisso — nem mesmo um delegado.
///
S/n estava sentada em uma almofada macia, enquanto o filhote de gato, agora bem mais confortável em seu novo lar, brincava com uma bolinha de lã que ela girava delicadamente para entretê-lo. A risada suave dela ecoava pelo quarto enquanto conversava com sua amiga pelo celular.
— Ele é tão fofo, sério! Nem acredito que sua mãe e sua avó deixaram você ficar com ele! — disse a amiga animada, referindo-se ao gatinho.
— Ah, foi uma batalha, mas acho que venceram por cansaço — respondeu S/n com uma risada.
O filhote rolou de barriga para cima, e ela passou a mão suavemente em seu pelo, apreciando o momento tranquilo. De repente, o celular vibrou com o som de uma notificação, interrompendo a chamada.
— Um segundo, tem outra mensagem aqui — ela disse à amiga antes de desligar a ligação. — Nos falamos depois!
Curiosa, S/n abriu o aplicativo e seus olhos se arregalaram ligeiramente ao ver o remetente: Xiumin. Ela não sabia por que seu coração acelerava um pouco ao ler o nome dele, mas ignorou essa sensação estranha e clicou para abrir a mensagem.
Mensagem de Xiumin: “Espero que esteja bem, S/n. Aproveitando sua noite para descansar?”
Do outro lado da cidade, Xiumin estava no mesmo bar onde Suho e os homens o haviam confrontado mais cedo. Apesar de todo o perigo que a advertência representava, ele não estava disposto a desistir. Conhecia bem o tipo de intimidação que criminosos usavam, mas Suho, de alguma forma, tinha habilidades incomuns, e Xiumin sabia que aquilo exigiria ainda mais estratégia e calma da sua parte.
Enquanto tomava um gole de sua bebida, esperou pela resposta de S/n. Ele sabia que seu contato direto talvez despertasse a atenção de Suho e possivelmente colocasse ambos em risco, mas a curiosidade por descobrir mais sobre a jovem e a conexão crescente que ele percebia entre eles o motivavam a continuar.
No quarto, S/n hesitou por um momento antes de responder. Ela mordeu o lábio inferior, perdida em pensamentos. Com o coração ainda acelerado, digitou cuidadosamente uma resposta, tentando disfarçar o nervosismo.
Mensagem de S/n: “Estou bem, obrigada. Sim, estou descansando depois de um dia intenso. E você? Não esperava sua mensagem, mas foi uma surpresa agradável. ��”
Ela enviou a resposta e, por alguns segundos, ficou encarando o celular, esperando ansiosamente pela próxima notificação.
///
Xiumin sorriu ao ver a resposta de S/n. Ele sabia que cada palavra deveria ser cuidadosamente escolhida, especialmente porque, para ela, ele era apenas um jovem universitário curioso. Cada detalhe que descobrisse sobre ela seria essencial para avançar em sua investigação, mas, ao mesmo tempo, ele se pegava mais interessado na personalidade genuína e calorosa dela do que imaginava.
Mensagem de Xiumin: “Um estudante universitário precisa de algo para fugir dos estudos, né? Achei que uma conversa com alguém interessante poderia ser bem melhor.”
Do outro lado, S/n riu discretamente da mensagem. A leveza do diálogo com Xiumin era uma brisa fresca em sua rotina cheia de cobranças e compromissos. Sem saber exatamente o porquê, ela decidiu compartilhar um pouco mais sobre si.
Mensagem de S/n: “Interessante? Acho que tem uma visão idealizada demais! Mas estou no penúltimo ano do ensino médio, então sei bem como é precisar de uma fuga dos estudos.”
Xiumin leu a mensagem com atenção, imaginando o cotidiano dela repleto de pressão. Era evidente, pelo tom das mensagens e pelo pouco que já sabia, que a vida de herdeira trazia pesos que ela raramente deixava transparecer. Ele decidiu continuar com o tom leve e casual.
Mensagem de Xiumin: “Acredito que seja interessante sim! Fuga dos estudos e… rotina intensa? Você parece ter muitas responsabilidades.”
Do outro lado, S/n hesitou por um momento antes de responder. Embora não quisesse parecer queixosa, não podia negar a atração de desabafar um pouco com alguém que parecia entender sem julgar.
Mensagem de S/n: “Digamos que minha rotina não é a mais comum… Mas, e você? O que faz além de estudar?”
Xiumin, com um leve sorriso, pensou em como responder sem comprometer sua real ocupação.
Mensagem de Xiumin: “Além de estudar, gosto de treinar, explorar a cidade, e, quem sabe, conhecer pessoas interessantes como você.”
S/n leu a resposta com uma mistura de surpresa e curiosidade. As palavras dele pareciam misteriosas, mas a agradavam de um jeito que ela não esperava. Mas, antes que pudesse responder, uma batida na porta a tirou do transe.
— S/n, querida, está na hora do jantar — a voz de sua mãe soou do lado de fora, interrompendo a tranquilidade do momento.
Ela suspirou, um tanto frustrada, mas rapidamente digitou a última mensagem antes de sair.
Mensagem de S/n: “Eu adoraria continuar essa conversa, mas vou precisar ir agora. Hora do jantar! Nos falamos depois?”
Xiumin viu a mensagem de despedida e, mesmo sabendo que ela estava ocupada, sentiu uma pontada de desapontamento inesperado. Mas se apressou em responder.
Mensagem de Xiumin: “Claro! Aproveite o jantar. Nos falamos depois, então. :)”
S/n guardou o celular e foi em direção ao jantar, mas um sorriso discreto permaneceu em seu rosto. A conversa com Xiumin, por mais breve que fosse, trouxera uma leveza que ela não costumava sentir. E, enquanto caminhava em direção à sala de jantar, já se pegava ansiosa para a próxima troca de mensagens.
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Xiumin guardou o celular no bolso e deu um longo gole em sua bebida, deixando que o líquido lhe proporcionasse uma breve sensação de relaxamento após a intensa troca de mensagens com S/n. Ele estava intrigado e, de certa forma, dividido. Sabia que, quanto mais se aproximasse dela, mais informações conseguiria para avançar na investigação. Porém, havia uma genuinidade na interação que o fazia questionar os próprios limites.
— E aí, sumido? — A voz familiar de Donghae, seu colega e amigo de longa data, soou logo atrás, o tirando dos pensamentos. Xiumin se virou e sorriu ao ver o amigo, que já se acomodava ao seu lado no balcão do bar.
— E aí, Donghae. Faz tempo, né? — Xiumin respondeu, oferecendo um aperto de mão firme e amigável.
Donghae examinou o semblante de Xiumin, notando algo diferente. Era como se ele estivesse mais pensativo, talvez até inquieto.
— Algo me diz que você não tá aqui só pra tomar uma bebida e relaxar… o que tá rolando? — perguntou Donghae, levantando uma sobrancelha, sempre perspicaz.
Xiumin riu baixo, sabendo que seu amigo era bom em ler as entrelinhas. Ele respirou fundo e deu de ombros, tentando parecer casual.
— Estou envolvido em uma investigação complicada, talvez a mais delicada da minha carreira. — respondeu, evitando dar muitos detalhes.
— E o que tem de tão complicado? Você é o delegado mais durão que eu conheço. — brincou Donghae, batendo nas costas de Xiumin.
Xiumin hesitou por um momento. Ele não podia falar muito sobre S/n, mas a pressão da situação estava pesando em seus ombros. — É complicado. Envolve pessoas… e algumas delas são mais próximas do que eu gostaria.
Donghae balançou a cabeça, entendendo que aquilo era algo pessoal para Xiumin, algo mais profundo do que um caso comum. Ele deu um gole em sua própria bebida antes de se inclinar um pouco mais, falando em um tom baixo, mas sério.
— Só tome cuidado, amigo. Se está tão pessoal, você precisa lembrar de manter as emoções no controle. Já vi gente se perder nisso.
Xiumin assentiu, o conselho de Donghae ecoando em sua mente. Enquanto tentava mascarar suas emoções com frieza e profissionalismo, sabia que aquela linha tênue que separava sua missão e seu interesse pessoal por S/n estava começando a desvanecer.
— Valeu pelo toque — ele respondeu, oferecendo um leve sorriso em agradecimento. — E, se eu precisar de alguma ajuda… posso contar com você, certo?
Donghae deu um sorriso confiante e fez um sinal afirmativo com a cabeça.
— Você sabe que sim. Tamo junto nessa, Xiumin. Seja lá o que for.
A conversa seguiu, e Xiumin aproveitou aquele raro momento de descontração. No entanto, a imagem de S/n, com seu olhar intenso e a conversa que ainda reverberava em sua mente, o acompanhava como uma sombra discreta. Ele sabia que, dali em diante, cada passo seria ainda mais cuidadoso e calculado.
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A noite avançava, e Suho movia-se pelo apartamento de Xiumin como uma sombra, meticuloso e silencioso. Ele já havia revistado o escritório, a sala e até os armários do quarto, mas Xiumin era cuidadoso. Não havia nada evidente, nada que expusesse o delegado ou revelasse informações comprometedoras. Suho, porém, estava convencido de que algo mais profundo motivava a proximidade de Xiumin com S/n. De pé no meio da sala, seus olhos escaneavam cada detalhe, e sua paciência permanecia intacta, esperando o momento do confronto.
O som da chave girando na fechadura fez Suho erguer o olhar, um leve sorriso aparecendo em seu rosto ao saber que Xiumin finalmente chegava. Assim que a porta se abriu, Xiumin sentiu a presença incomum e parou imediatamente, seus olhos cruzando com os de Suho. A tensão encheu o espaço entre eles, palpável e ameaçadora.
Xiumin deu um passo para dentro, mantendo-se firme, mas antes que pudesse falar algo, um estrondo cortou o ar. Suho disparou uma bala que cravou na parede atrás de Xiumin, o eco ressoando por todo o apartamento. A arma permanecia nas mãos de Suho, apontada de maneira a não deixar dúvidas sobre o quão sério ele estava.
— É assim que tratamos quem ignora avisos, delegado — disse Suho com um tom calmo, quase casual, como se o ato de disparar fosse um recado cotidiano. Seus olhos frios focavam-se em Xiumin, sem qualquer hesitação ou traço de medo. — Sua proximidade com S/n terminou. E não vou repetir.
Xiumin não recuou, mantendo sua postura firme, embora seus olhos estudassem cada movimento do outro. A tensão entre os dois homens, a ameaça latente, criava um ambiente quase claustrofóbico.
— Não sabia que a segurança de S/n agora inclui ameaças armadas contra policiais — Xiumin respondeu, a calma em sua voz desafiando a agressividade de Suho. Ele deu mais um passo à frente, ignorando o buraco recente na parede, sem desviar o olhar. — Você pode intimidar outros, Suho, mas eu não vou desistir. Vou descobrir o que preciso saber.
Suho apertou a arma com mais força, mas seu rosto permaneceu sereno, como se estivesse preparado para dar outro tiro a qualquer momento.
— Você parece não entender a gravidade — Suho retrucou, sua voz carregada de uma frieza cortante. — Não importa que seja um delegado. Não vou hesitar em fazer o necessário para proteger S/n, de qualquer um e a qualquer custo.
O confronto entre os dois era quase como uma guerra silenciosa, um embate de vontades inabaláveis. Xiumin sabia que Suho era muito mais do que um guarda-costas comum, e o poder que ele exibia agora só reforçava suas suspeitas. Porém, Xiumin manteve-se determinado, ciente de que recuar agora significaria perder tudo o que havia construído até ali.
— Pois eu também não vou hesitar em fazer o necessário — respondeu Xiumin, sua voz baixa, mas carregada de convicção. — A verdade sobre a família Park é minha prioridade, e se isso significa atravessar seu caminho, que seja.
Suho riu, um som frio e sarcástico, mas sem qualquer humor real.
— Boa sorte, delegado. A última pessoa que tentou se meter com a nossa família não viveu para contar a história.
Com um último olhar mortal, Suho guardou a arma e passou por Xiumin, saindo do apartamento sem dizer mais uma palavra. O eco de seus passos foi a única coisa que permaneceu, deixando Xiumin a sós no apartamento, a tensão ainda pulsando no ar. O aviso de Suho havia sido claro e direto, mas Xiumin sabia que nada o desviaria de seu objetivo.
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Suho entrou em seu carro e fechou a porta lentamente, seus olhos fixos na arma que ele agora segurava em suas mãos. A intensidade do confronto com Xiumin ainda ressoava em sua mente. O delegado não era um obstáculo qualquer; ele era audacioso, determinado e, o mais preocupante, estava obcecado em descobrir mais sobre a família Park.
Com um suspiro profundo, Suho recolocou a arma no paletó, o olhar permanecendo frio e concentrado. Não havia dúvidas de que aquilo precisava ser reportado ao avô de S/n o quanto antes. Xiumin não apenas ignorava os avisos, mas revelara sua intenção de investigar a fundo a vida dos Park. Esse tipo de ameaça precisava ser tratado com cautela e, talvez, de forma mais incisiva.
Enquanto o carro avançava pelas ruas da cidade, Suho refletia sobre o próximo passo. Cada detalhe teria que ser discutido com o avô de S/n, que, embora não demonstrasse externamente, mantinha um controle absoluto sobre a família e suas atividades. Assim que entrou na estrada particular que levava à mansão dos Park, Suho pegou o telefone, enviando uma mensagem breve para alertar o avô de que precisavam conversar em particular.
Do outro lado da cidade, Xiumin permanecia à janela de seu apartamento, observando as luzes traseiras do carro de Suho desaparecerem na noite. Sabia que o confronto daquela noite seria um divisor de águas. Tudo estava ficando cada vez mais intenso, mas ele também sentia que estava cada vez mais próximo de desvendar os segredos que cercavam a poderosa família Park.
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No salão privado da mansão dos Park, as luzes eram mais fracas, e o silêncio tomava conta do ambiente, exceto pelo som dos passos de Suho, que entrou com uma expressão grave. O avô de S/n, o patriarca da família, já estava sentado na ponta da mesa, acompanhado pelo pai dela e pelo irmão, Chanyeol, que trocavam olhares apreensivos ao notarem o semblante de Suho. Eles sabiam que, quando ele convocava uma reunião de emergência, algo realmente sério havia acontecido.
Suho se aproximou, mantendo a postura rígida enquanto relatava calmamente o que havia descoberto. Com uma voz firme, ele mencionou a persistência de Xiumin, o delegado determinado que, por algum motivo, tinha como objetivo descobrir os segredos da família.
— Ele quer informações sobre vocês. Já sabe da localização da mansão e claramente não se intimida com as barreiras que colocamos em seu caminho.
O avô de S/n manteve o rosto impassível, mas havia uma centelha de preocupação em seu olhar. Ele olhou para o pai de S/n, que apenas assentiu em resposta. Chanyeol, no entanto, demonstrou um misto de irritação e incredulidade. — O que exatamente ele quer? Não é comum um delegado ser tão ousado.
Suho ponderou por um segundo, as palavras cuidadosamente escolhidas. — Parece que ele acredita que há algo a ser descoberto na família. Mas até onde sei, ele ainda está longe da verdade. — Suho optou por não mencionar o contato do delegado com S/n. Algo lhe dizia que manter isso em segredo seria a melhor decisão, pelo menos por enquanto. Sua prioridade era protegê-la, e se os demais soubessem, poderiam tomar medidas que ela talvez não suportasse.
O avô assentiu lentamente, absorvendo cada detalhe.
— Então, ele continua sendo um problema a ser resolvido. — Com um olhar decidido, ele terminou: — Suho, faça o que for necessário. Não podemos permitir que qualquer ameaça avance.
E, com isso, a reunião foi encerrada, com Suho sentindo o peso da responsabilidade sobre seus ombros.
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Deitada em sua cama, S/n segurava o celular, trocando mais algumas mensagens com Xiumin. Mesmo não compreendendo totalmente o motivo, ela se sentia bem ao falar com ele, uma espécie de conforto que era raro em sua vida de regras e expectativas.
Quando a tela piscou com uma nova mensagem, ela sentiu um leve sorriso surgir, mas foi interrompida pela figura de Suho parado à porta. Ele parecia cansado, mas seus olhos demonstravam uma seriedade tranquila. Ele não precisava falar para que ela entendesse o que estava acontecendo; ela sempre soubera que podia contar com ele para cuidar de qualquer situação, mesmo que ela própria não soubesse o que precisava.
— Não vai dormir tarde hoje, certo? — ele disse, em um tom suave, mas com aquele toque protetor que sempre a fazia se sentir segura.
S/n largou o celular e o olhou com gratidão. — Eu sei que você sempre está cuidando de mim, Suho. Sei que tem muitas outras coisas para fazer, e às vezes… eu sinto que te prendo aqui.
Ele se aproximou, dando um leve sorriso, seus olhos transmitindo carinho e firmeza.
— Você não me prende, S/n. Esse é o meu trabalho, e eu faço porque me importo com você. — Suho sabia que ela precisava desse tipo de segurança, e ele se sentia responsável por garantir que ninguém a prejudicasse, não importava o que precisasse fazer para isso.
Por um breve instante, eles ficaram em silêncio, um entendimento profundo sendo transmitido sem palavras. Ele era mais do que um guarda-costas; era alguém que a protegeria até o fim. E S/n, olhando para Suho, sabia que enquanto ele estivesse ali, nada de mal a alcançaria.
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