No fim das contas, elas não encontram Hordack. O que não acaba sendo uma grande surpresa para as mulheres - apesar de deixá-las decepcionadas - afinal, falta um dia para a audiência e é domingo. Se ele quiser aparecer com antecedência no tribunal, faz sentido que já tenha saído.
Depois de verem o casebre vazio, Catra passa um longo tempo olhando para a construção, paralisada. Ela está percebendo o que terá que fazer a partir de agora. E mesmo que não pareça tão ruim quanto antes, ainda a assusta.
"Sinto muito" Adora sussurra, como se precisasse dizer isso, mas não tivesse certeza se devesse.
A escritora respira profundamente e depois se vira em sua direção, fitando olhos azuis-acinzentados tristes. Ela sorri para loira.
"Tá tudo bem. O importante é que você tá bem."
Adora não sorri como Catra esperava. Ao invés disso, ela desvia o olhar do seu para a casa, uma expressão de dor que, infelizmente a cacheada está ficando habituada, cruzando o seu rosto. Então, para o choque da mesma, a mão da advogada se move até perto da sua e seu dedo mindinho agarra o seu. Ela ergue a cabeça lentamente e seus olhos se encontram, os dela brilhando com determinação selvagem e inspiradora.
"Eu vou vencer esse caso. Eu juro" promete.
Catra aperta seu dedo no dela, sorrindo pela reação. "Eu acredito em você."
[...]
A escritora separa seu diário e todas as cartas que tem guardadas com o coração na mão, torcendo para que essas provas não precisem ser usadas. Ela veste seu único terninho de cor preta por fora e vermelha por dentro, prende o cabelo em um coque torto com fios soltos e faz um delineado preto, completando com um batom cor de vinho. Está insegura, mas se vestiu para vencer.
[...]
Catra entra no tribunal para encontrar Adora séria em um terno cinza segurando um copo de café para ela, como se adivinhasse que com a correria, a mesma tinha se esquecido de tomar o seu. A morena percebe que a loira a dá um discreto sobe e desce e logo em seguida suas bochechas ficam rosadas. Catra sorri, um calorzinho traidor se espalhando por seu peito com a atenção. É bom saber que ela ainda causa efeito sobre Adora, mas perigoso também. Pode levá-la direto para um lugar que ela lutou muito para conseguir sair.
"Confiante hoje?" a mais baixa brinca quando a mais alta estende o copo de na sua direção.
Adora sorri sem dentes, todavia não lhe chega aos olhos. "É o que vamos descobrir." A mesma olha para a pasta que Catra tem em mão. "Então isso é o que vai ser nosso cavalo de Troia?" brinca.
"É. Vamos esperar não precisar usá-lo" responde, receosa.
A lisa assente, entendendo o lado dela. A cacheada vê a mão da mesma se movendo em direção a sua, como se quisesse fazer a mesma coisa que fez no casebre, mas ela volta para o lado de seu corpo no meio do caminho. Ao invés do movimento, seus olhos encontram os seus e ela dá um sorriso ínfimo que parece dizer "vamos fazer isso". Catra sorri de volta, se aproxima e faz o que Adora não teve coragem, pegando seu dedo mindinho.
"Eu ainda acredito em você" sussurra.
A ex-namorada sorri de verdade dessa vez, emocionada, apertando seu dedo no dela. "Vamo acabar com esse cara!"
[...]
Recesso de 10 minutos, elas irão perder se não usarem as cartas. Adora fez de tudo o que podia, mas Hordack é bom demais. Era como se ele já soubesse de todos os argumentos que ela iria utilizar e tivesse programado respostas para eles.
Conforme Hordack dava o seu depoimento, Catra crispou os olhos várias vezes em sua direção. Era estranho, porque era como se ela pudesse se reconhecer em suas palavras. Como se ele soubesse exatamente o que ela iria dizer, mas dissesse primeiro. Como se ele realmente a conhecesse, sua forma de pensar. Mas como seria possível? Ela só viu esse homem uma vez em toda a sua vida e sempre foi muito cuidadosa com seus projetos de escrita. Não por achar que algo assim pudesse acontecer com ela, apesar de uma vez ou outra, fantasiosamente, isso já ter passado pela sua cabeça, mas por ser uma pessoa muito reservada em sua essência. Desse modo, por ele parecer pensar de modo similar à ela, tudo o que ela dizia a seguir ficava parecendo uma cópia mal feita do que ele tinha dito, porque, ao contrário dela, suas palavras eram sempre muito floreadas. Quando Adora pediu o recesso de 10 minutos, a escritora já estava muito irritada. Irritada não, irada.
Ao se encontrarem no corredor, Catra percebe pelo olhar que a advogada dirige a ela, que ela está preocupada. Então ao invés de discutir, tentar argumentar ou achar outra opção, a cacheada simplesmente dá a pasta nas mãos de Adora, determinação selvagem brilhando nos seus olhos. A mesma pega a bolsa com o mesmo brilho no olhar, abre, mas franze a testa ao encontrar dentro dela mais do que apenas as cartas.
Catra disse a ela. Ela tem como provar que está falando a verdade. Mesmo que para isso precise expor seus sentimentos mais íntimos e profundos ao tribunal e, consequentemente, para Adora.
"O que é isso?"
A mais baixa respira fundo. "Meu diário pessoal e a prova definitiva de que estou falando a verdade. De que esse livro é realmente meu."
"Você tem certe-"
"Só acaba com ele de uma vez!"
Catra passa por Adora e volta para o tribunal. Ela sabe que a loira terá que ler pelo menos um pouco antes de apresentar ao juiz, mas não quer estar ali para presenciar isto.
[...]
Adora não consegue acreditar no que está lendo. Não pode ser verdade. Precisa não ser verdade, porque se for...
"Ela é linda, doce e radiante como os primeiros raios da primavera. Ela aquece as partes mais frias do meu coração e me faz tão feliz que às vezes penso que estou sonhando. Acho que posso me queimar, mas como resistir, se é esse sol que dá luz a todos os meus dias?"
"Está ficando cada vez mais difícil estar perto dela e esconder o quanto eu a quero. Hoje eu passei 15 segundos inteiros olhando para os lábios dela e ela nem percebeu. Acho que ela não sente o mesmo que eu."
"COMO ELA PODE SER TÃO INTELIGENTE PARA ALGUMAS COISAS E TÃO BURRA PARA OUTRAS?! Ela acha mesmo que eu disse que quero passar o resto da minha vida com ela porque somos AMIGAS?!"
... isso significaria que ela é Isadora! Significaria que depois de terminarem, Catra escreveu um livro inteiro sobre elas. Sobre o que poderia ter acontecido se Adora não tivesse estragado tudo. Significaria, que Catra escreveu um livro inteiro sobre o amor dela por Adora baseado em todas as suas experiências da adolescência! Ou seja, a prova definitiva de que esse livro não é apenas dela. Ele é ela.
MEU DEUS!
Meu... Deus...
meu deus.
CATRA AINDA A AMA!
PUTA QUE PARIU.
"Então, por qual motivo uma pessoa inteligente tomaria uma decisão tão ruim de propósito?"
"Você não gostaria de ficar e sei lá, tomar uma xícara de café?"
"Você é mais importante."
"Mas você é você. Acho que é impossível te odiar."
"Não disse que é o que eu quero, disse que é o que talvez devêssemos fazer."
Ela até tinha insinuado que durante o sexo, pensou que Adora sentisse algo por ela. E Adora não disse nada!!!
A loira quer ser bater por ter sido tão idiota!
Porém, ela respira fundo, pensando mais calmamente, Catra ainda gostar dela não significa que ela quer consertar as coisas. Ela mesma tinha dito isso.
Mas foda-se se isso não fazia a lisa se sentir como se tivesse tocando o céu com as mãos.
Contudo, ao continuar a ler...
"Às vezes eu sinto que estou morrendo. É possível morrer de amor? Eu não sei se alguma vez na história isso já aconteceu, mas eu sinto que poderia. Sinto que perco um pedaço da minha alma todas as vezes em que ela me rejeita. Eu sei que já deveria ter ido embora, que é isso que ela quer, que Shadow Weaver sempre esteve certa, mas não consigo. Lá fundo, ainda tenho esperanças de que as coisas possam voltar a ser como eram antes. De que estamos apenas passando por uma fase ruim. E é essa esperança que está me matando."
"Se ela sentisse pelo menos um maldito terço do que eu sinto por ela, nunca me trataria dessa forma. Eu não vou desistir de novo. Estou indo embora hoje. Acabou. Ela não precisa mais de mim. Esse é o fim do meu sofrimento e a última vez em que escrevo aqui."
No entanto, a última frase do diário é: "Eu me odeio por ainda sentir falta dela."
Adora fecha o diário com os olhos marejados.
[...]
Realmente no final, elas ganham. Hordack é condenado a pagar indenização e a fazer uma retratação pública, mas para o susto das mulheres, ele não perece alguém que perdeu. Muito pelo contrário.
"Por que você fez isso?" Catra pergunta, ainda no tribunal, de frente para ele, porque ela precisa entender, ela precisa saber.
"Porque você acha que eu preciso de uma boa razão? Foi porque eu quis" responde, sem demonstrar remorso ou arrependimento.
A escritora balança a cabeça em descrença. "Sociopata!"
Hordack ri.
Catra faz uma carranca.
"Você ainda há de me agradecer." E sai, como se a merda que ele disse tivesse feito algum sentido.
A morena fica sem reação.
"Não dê ouvidos a ele" Adora a conforta, presente ao seu lado, parecendo abatida. "Ele só quis te tirar do sério."
Catra ergue a vista para ela. A advogada parece completamente desgastada, como se tivesse envelhecido 10 anos nas últimas horas. A escritora a entendia. Além dela ter ficado doente recentemente, ambas passaram por muito estresse ultimamente.
"Acho que é isso, então" fala gentilmente, colocando as mãos nos bolsos do terno. "Você devia ir pra casa e dormir um pouco, parece exausta." A loira balança a cabeça positivamente, como se mal tivesse ouvido o que a morena acabou de dizer por estar com a mente bem longe dali. "Adora, você tá bem?" Catra toca seu ombro e isso parece despertá-la.
Adora sorri falsamente. "Só um pouco sobrecarregada, eu acho." Apesar de o que fala ter sentido, ela coça a nuca denunciando a mentira.
A mais baixa franze a testa, mas honestamente, se a mais alta não quer falar, ela não tem nada a ver com isso.
"Ok. Boa tarde, então. Você tem meu número, se precisar conversar" oferece e se vira para ir embora sem esperar por uma resposta. Alguma coisa a diz que algo está errado, mas passou-se o tempo em que isso era sua responsabilidade.
Elas ainda tem mais uma reunião com Angella, então essa não é a última vez em que se verão.
[...]
Catra abre a porta de casa aos tropeços apenas para ser invadida por um sentimento abrupto de solidão. Não percebera que nos últimos dias, com Adora, não vinha mais se sentindo tão sozinha. Ela olha ao redor do seu apartamento recém adquirido, vazio e mal decorado, e respira fundo, se perguntando onde Melog está e o que ele está destruindo desta vez. E ao pensar no bichano, percebe duas coisas: a chuva ficando cada vez mais forte lá fora e que precisa ligar para Tallstar para agradecer por ter vindo cuidar do filhote nestes dias em que esteve fora.
Enquanto se dirige ao banheiro com o barulho das trovoadas servindo de trilha sonora, reflete consigo mesma que pensou que estaria mais feliz depois de vencer o processo. Então, pensa que talvez seja porque ela ainda não contou a ninguém, desse modo, faz uma nota mental para ligar para Scorpia e Entrapta depois do jantar.
Vestida confortavelmente com seu pijama mais ridículo de ursinhos, depois do banho, ela coloca uma música lenta para parar de sentir a casa tão vazia e vai botar comida para Melog, que descobriu recentemente, estava se lambendo em sua cama e espalhando pelo de gato por todo o local, quando escuta a campainha tocar.
Com o cenho franzido em confusão, a escritora se dirige até a porta. Ao abri-la, encontra uma Adora toda molhada e tremendo até os dentes.
"Jesus, Adora!" Catra guincha, antes de puxar para dentro pelo terno cinza uma mulher toda molhada. "Que porra é essa, o que deu em você?" Mas a mesma não consegue responder, tudo o que faz é tremer de frio. E nesta situação, só tem uma coisa que a mais baixa pode fazer a respeito. "Vêm" ordena. "Vamos esquentar você."
[...]
Catra ajuda Adora a se despir depressa e coloca ela dentro da banheira, ligando a água quente em seguida. Depois de deixar a mesma no banheiro, separa uma toalha e uma camisola que pensa que servirá e leva para ela, junto de alguns casacos. Após isso, vai até a cozinha e começa a preparar um chocolate quente, já que por não gostar, não tem chá em casa. Ela já terminou quando vê Adora passar pelo corredor e se sentar no sofá. Então ela vai até ela com as duas canecas na mão e deixa uma em cima da mesa, dando a outra na mão da loira, percebendo que apesar de terem ficado meio pequenas, as roupas serviram, já que eram grandes nela.
"Obrigada" Adora agradece, segurando a bebida com as duas mãos, inspirando o vapor que sai dela.
"Não tem de quê" Catra responde, pegando seu próprio achocolatado e bebendo, se encostando no outro sofá, e dando espaço para a advogada se aquecer.
Passado um tempo silencioso, a caneca da cacheada quase vazia, ela ouve Adora começar a rir.
"O que é tão engraçado?" Catra faz uma carranca, ficando na defensiva, com raiva pela lisa estar sendo tão inconsequente com sua saúde. Poxa, fazia pouco tempo que ela tinha ficado de cama e agora tinha chegado no apartamento da mesma naquele estado.
"É que... Eu pretendia subir e fazer um baita discurso, mas acabei vestindo suas roupas no sofá da sala."
A escritora dá um sorriso ínfimo de lado. Tudo bem, talvez fosse um pouco engraçado. Só Adora mesmo para fazer uma coisa dessas.
Catra revira os olhos e se endireita no assento. "Bom, já que você já tá aqui de qualquer forma, estou ouvindo." Vai direto ao ponto.
A mais alta arregala os olhos. "Você quer dizer agora? Você... escutaria?"
"Aham. Não é como se eu tivesse coisa melhor pra fazer mesmo." Além de terminar de escrever a continuação de um livro que não estava nem na metade.
Adora passa uns bons 15 segundos olhando para ela e depois ao redor antes de respirar profundamente, fechar os olhos e depois abrir. Quando seus olhos realmente se encontram, Catra perde o fôlego e sente seu estômago afundar. A lisa está dando a ela aquele olhar. Aquele olhar que significa que nem se esse apartamento pegasse fogo, o mundo acabasse, o diabo ou Jesus descesse na terra, isso iria mudar sua motivação.
Todavia, o que ela diz é: "Eu li seu diário." E apesar desse fato deixar a morena meio desconfortável, é bastante óbvio que isso tenha acontecido.
Catra revira os olhos, tentando fingir que não se sentiu afetada pela "confissão". Foi o preço que ela pagou pela vitória e não se arrependia. "Eu sei, idiota, eu que dei ele na sua mão."
"Não, Catra..." ela sussurra e a mesma sente calafrios. Nossa, péssima hora. "Na estalagem, quando eu perguntei o que deveríamos fazer, eu... Na verdade, eu sabia exatamente o que eu queria fazer a seguir, eu só... eu fiquei... eu tô com medo. Eu tô morrendo de medo" ela ri sem humor.
A mais baixa arregala os olhos, seu coração zumbindo nos ouvidos e as mãos suando. "Não fique" murmura inutilmente, tentando parecer causal, terminando sua bebida, a da loira abandonada em cima da mesa.
Adora ri de verdade dessa vez, a voz rouca. "Tô tentando. Escuta..." ela fecha os olhos, mordendo o lábio inferior em receio. "Nesse momento, eu sei de muitas coisas que eu quero. Mas existe só uma coisa que eu definitivamente não quero. Nunca mais."
Adora abre os olhos e Catra engole em seco. "E o que é?" sussurra.
"Perder você novamente."
A escritora suspira alto. "Adora, nós já-"
"Eu sei! Eu sei, ok? Eu sei que a gente errou pra caralho e que parece que estamos a uma vida tentando acertar e que dessa perspectiva, a solução mais óbvia é cada uma seguir o seu caminho, mas Catra..." A loira joga as mãos pro alto, os olhos cheios de lágrimas não derramadas e a voz rouca pelo choro eminente. "Eu simplesmente não estou viva sem você. Você entende isso?"
"Adora, isso pode significar tantas coisas diferentes..."
"Mas é exatamente como me sinto. Você pode achar que eu tô exagerando, que eu tô louca ou que eu preciso de terapia, e sim, essa parte muito provavelmente é verdade" Catra ri, emocionada, "mas é exatamente o que eu sinto agora sem tirar nem por um grama. Não tô querendo dizer que se você não me aceitar de volta minha vida tá acabada, longe disso. Apesar de não parecer agora, sei que em algum momento, lá na frente, eventualmente, estarei bem sem você, a questão... é que eu não quero. Eu não quero ficar sem você, eu não quero tá bem sem você, eu simplesmente não quero mais nada se você não estiver comigo. E-e não me importo de parecer patética ou desesperada, só não posso aceitar perder você novamente quando eu não preciso! Então, a não ser que você me desencoraje totalmente agora, me diga que não sente nem um pingo de afeto por mim, que eu não tenho nenhuma chance nem hoje e nem nunca, eu não vou desistir de você! Porque você, Catra Applesauce, é a melhor coisa que já aconteceu na minha vida" Adora fala rapidamente, por algum milagre, sem chorar.
Castanho-mel e azul-bebê encaram-na marejados. A cacheada está visivelmente abalada quando diz, quase inaudível: "Eu não quero que você se sinta dependente de mim."
"Eu não estou. É só que... veja, aparentemente eu tenho esse apartamento enorme não decorado com coisas que até hoje não desempacotei." Catra sorri infimamente, se identificando. "Um bom salário numa carreira sólida, uma fila de garotas correndo atrás de mim. E eu tive que alcançar tudo isso para perceber que era muito mais feliz dividindo aquele apartamento minúsculo com você" a lisa respira fundo, trêmula. "Depois do que conversamos naquele casebre, tinha decidido que era isso" Adora engole em seco. "Tava pensando em me mudar pra Plumeria assim que esse caso tivesse concluído. Ajudar as pessoas como eu sempre quis, viver uma vida simples. Seguir em frente, como você disse. E se essa conversa aqui der errado, muito provavelmente é isso que vou fazer. Sei que tínhamos concordado em continuar nossa amizade, mas você precisa saber que não existe maneira no inferno de eu ficar tão perto de você e ser apenas sua amiga. Então eu li seu diário e juntei o resto das peças no livro. Foi aí que percebi que se existisse pelo menos uma chance de você ainda sentir algo por mim, eu tinha que tentar. O problema é que eu fiquei uns bons cinco minutos parada em frente ao seu prédio tomando coragem pra entrar. Porque se eu não entrasse... Se eu não olhasse no fundo dos seus lindos olhos incompatíveis" a loira olha no fundo dos olhos da morena, "e dissesse que eu ainda te amo da mesma maneira que amava quando tinha 14 anos e da mesma forma que sempre amei, se não dissesse que se você me der mais uma, apenas mais um chance, vou passar o resto da minha vida provando a você que a gente pode sim dar certo, e se não prometesse que eu nunca mais vou te machucar da forma que eu fiz novamente, eu iria me arrepender pelo resto da vida."
Agora Adora está chorando e Catra também, que tem as mãos sobre o rosto tentando conter os soluços.
"Eu não sei se consigo confiar em você novamente" a escritora fita a advogada com íris temerosas e molhadas.
"Tudo bem. Eu não me importo de esperar. Cinco, dez, quinze anos, o quanto você precisar! Eu só preciso de uma chance, preciso saber se ainda dá tempo de ficarmos juntas."
Olhos heterocromáticos se fixam no azul-acinzentado por um longo tempo. Adora mantém o mesmo como se estivesse balançando na corda bamba, o coração ameaçando sair pela boca, as mãos trêmulas, suadas, o estômago doendo de medo, ela tentando passar para Catra toda a sinceridade que há na sua alma.
Então a mais baixa fecha os olhos e as mãos em punhos e lentamente se levanta, surpreendendo a mais alta. Em pé, ela respira profundamente, abre os olhos e relaxa as mãos, caminhando até Adora em seguida, sentando-se em seu colo desajeitadamente, fazendo a mesma arregalar os olhos.
"Uma chance" sussurra, olhando para a lisa que abre o sorriso mais brilhante de toda a sua vida.
Exitantemente, ela passa os braços ao redor da cacheada e fica encantada ao perceber que ela praticamente se desmancha em seus braços. "Eu só preciso de uma."
"E estamos indo devagar!"
"Não tenho pressa."
"E fazendo terapia, separadas e juntas."
"O que você quiser."
Catra sorri e passa os braços ao redor de seu pescoço, se aconchegando no mesmo. Adora a aperta mais forte, respirando em seu cabelo.
"Senti sua falta" ela murmura por fim.
"Eu também. Você não imagina o quanto."
Aconchegadas, ambas as mulheres pensaram juntas, apesar de não saberem, em como era bom voltar para casa.
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