“Confiava neles e eles em mim’’.
— Zumbilândia.
KARIN
Sempre gostei de pensar que tudo na minha vida fluía no mesmo sentindo, o tempo todo, na mesma direção. Sabia o que faria todas as manhãs, as tardes e as noites. Assim, fui ensinada desde cedo, as leis, as regras, e o principal, minha posição.
Gostava de pensar que minha vida era mais real que qualquer outra, que não sabia como de fato as coisas funcionavam na sociedade. Como era andar entre o certo e o errado. Ou conhecer cada esquina como de fato era, ou ainda melhor, conhecer as pessoas e suas verdadeiras faces.
Meus dias eram quase todos iguais, como a maioria das pessoas, só que muito mais arriscado e excitante. E agora, estava nas ruas, num jogo de gato e rato, cujo objetivo era vencer e, de preferencia, não morrer. Excitante.
E ao invés de acabar com todos os nossos inimigos, estava indo ajudar a livrar, dois inimigos, da morte. Uma situação que nada me agradava.
- Pode me explicar do porque resolveu fazer o oposto do que devíamos fazer? - finalmente perguntei.
Sakura me olhou nervosa.
- Ele será fundamental para vencermos.
Franzi o cenho.
- Ele irá mentir. - disse o óbvio, e ela continuou a caminhar escada a baixo como se nada fosse faze-la mudar de ideia.
- Qual é o seu problema? Ele atentou contra sua vida e do Sasuke!- argumentei.
Silencio.
- Voce ficou meses em coma. - lembrei.
Ela parou de andar.
- Deviamos meter uma bala na cara dele, isso sim. - continuei a dizer.
Ela suspirou.
- Se não for me ajudar, irei sozinha.
Bufei.
Sakura voltou a andar, e depois de observa-la longe, voltei a andar, contrariada. Ela era minha melhor amiga. Como e quando não saberia dizer, mas aconteceu.
Indo contra meus princípios, estava indo contra a maré pela primeira vez na vida.
Só esperava não me arrepender.
Meu tio Tobirama, estava de pé, do lado de fora ao lado de meu tio Nagato, irmão caçula de Minato.
Ambos trajavam o conjunto de roupa da máfia, estavam com as máscaras sob a cabeça, mostrando os rostos.
Nagato morava nos Estados Unidos a muitos anos, e quase não vinha ao Japão, administrando os negócios da familia com corruptos e da pior espécie por trás, com acordos vantajosos para as familias principais.
Não foi dificil alcançar Sakura, que conversava com meus tios. Assim que me aproximei, Tobirama sorriu de canto e me abraçou de lado.
Sorri.
Olhei Nagato que me olhava sério e indiferente, sua própria característica dentro da normalidade. Seus cabelos ruivos lisos e comportados ate a nuca o deixava mais jovem.
- Bem-vindo, Tio. - cumprimentei-o.
Ele assentiu e deu uma leve repuxada de canto de boca rapidamente.
- Voces, juntos, estou com um mal pressentimento. - comentei humorada.
- Nagato vai me ajudar numa missão especial. Viemos colher algumas informações com o Nara. - contou Tobirama.
Assenti.
- Tenho pena dos infelizes. - sussurrei.
Se havia uma coisa que ambos eram bons, era a brutalidade com que matavam. Boatos eram que havia muitas cicatrizes por seus corpos, que não se podiam contar.
- Não tenha. - murmurou Nagato. - Melhor seguirmos.
E assim, os dois se despediram e seguiram na direção em que viemos.
Olhei Sakura que me olhava, receosa.
- Posso contar com voce, então? - arqueou a sobrancelha.
Respirei fundo.
- Sim.
- Vamos para Konoha.
- Só nós duas?
Assenti.
Caminhamos em direção aos carros. Assumi o volante do ranger rover, quando dei partida o walk-talk tocou.
Sakura sacou e atendeu.
- Sofremos um atentado, estamos no West, com a Lua. - falou Hinata.
Eu e Sakura nos entreolhamos, em choque.
Não, não, não... Ino.
~~~~~~
- Isso é loucura. - comentei, apertando com força o volante do carro, enquanto Sakura olhava pra rua que dava para a saída da cidade.
Fazia quinze minutos que estavamos esperando Hidan. Tudo podia dar errado, e ser uma armadilha para nós. Mais não podia deixar Sakura encontra-lo sozinha.
- Ele podia ter nos matado. - sussurrou Sakura.
Virei-me em sua direção, sentada no banco do passageiro com o rosto voltado para fora.
- O que?
- Ele podia ter nos matado. - repetiu, e continuou a dizer. - Apenas nos deixou lá, sem conferir se estavamos mortos ou não.
Balancei a cabeça, sem acreditar.
- Voce podia ter morrido se o Sasuke não tivesse te segurado, e sem falar que não morreu por um milagre, e isto, não foi graças ao Hidan. - sibilei.
- Não foi isso que disse. Estou dizendo que ele não terminou o serviço, só forjou o acidente no centro da cidade, onde fomos socorridos rapidamente.
Suspirei.
- Acha que ele não queria matar voces?
- Acho que vou ter minha resposta agora. - acenou com a cabeça a frente.
E um carro com o farol desligado se aproximando lentamente. Ajeitei o coldre com a arma, e ocultei com o sobretudo preto, e olhei Sakura colocar a máscara sob o rosto e fiz o mesmo.
Hidan saiu do carro, com as mãos para cima.
Saimos do carro e nos aproximamos cautelosamente, frente a frente.
- Meu filho esta bem? - perguntou cauteloso.
- Vai ter seu filho, quando me dar as respostas que preciso. - respondeu Sakura.
Ele engoliu em seco, e assentiu.
Seu rosto pálido e com profundas olheiras, era a imagem de alguem quebrado.
- Como sabia que estavamos no Havai?
- Um aliado contou. Fui mandado para segui-los e mata-los. - confessou.
- Quem é esse aliado?
Ele balançou a cabeça.
- Não sei, mas é alguem próximo a voces. - acrescentou. -Acredito que so há uma pessoa que poderia saber.
- E essa pessoa seria? - perguntei curiosa.
- Konan.
Prendi a respiração, e olhei de soslaio a Sakura.
- Não tenho como contata-la mais. - murmurou ela.
Ele assentiu lentamente, compreendendo.
- Imaginei que não. Mais ela tinha anotações que era passada por essa pessoa nos últimos anos. - contou.
Franzi o cenho.
Konan havia nos traido. E sabia de um traidor, e se manteve em silencio ate sua morte. Pensei em Suigetsu, e na vergonha que isso traria a sua familia.
- Onde está essas anotações? - perguntou Sakura.
- Eu não sei. - admitiu em tom baixo. - mas suponho que deva estar com alguem de sua familia.
Eu e Sakura nos entreolhamos.
Só podia estar com Ino. Mas ela estava incomunicável no momento. E nada poderia fazer para nos ajudar.
Senti um arrepiou percorrer minha espinha.
- O traidor sabe que Konan tinha em mãos essas anotações? - balbuciei, temendo o pior.
Hidan estreitou os olhos, pensativo.
- Não sei, mas faria de tudo para se proteger, talvez esteja procurando. - coçou o queixo. - Eu lembro de vê-la nas visitas em minha casa com Pain, e escrever num diário pequeno a cada ligação dessa tal pessoa misteriosa.
Engoli em seco.
Com a mente a mil, pensei se de fato Ino estaria na posse de diário, ou se estaria em mãos de outra pessoa. Afinal, Konan sabia que Ino participaria ativamente na batalha e não teria tempo para ficar lendo, então só poderia estar com outra pessoa.
Será Konan capaz de ter entregado isso nas mãos de um dos nossos afim de reparar suas ações? Mais quem?
Só de pensar que ela estava trabalhando para Orochimaru esse tempo todo, agindo com o inimigo... seria esse diário o suficiente para saldar seu débito e limpar seu nome e de sua familia?
Desejo de coração que ao fim da guerra, isso fosse o suficiente.
- Então ela realmente trabalhava com Orochimaru. - comentou Sakura.
- Ela se envolveu para ajudar Pain a fugir da máfia, e então essa pessoa do lado de voçes a descobriu e mantivera contato desde então. - revelou. - não sei como se sucedeu, eles nunca contaram, não havia permissão, e eu não precisava de mais problemas.
- Acha que essa pessoa suspeita que possa estar com Ino? - minha voz falhou.
Silencio.
- Caso saiba que existe esse diário, imagino que vá atrás das pessoas mais prováveis de o possuir, mesmo que.... - Hidan pigarreou. - mesmo que seja para eliminar de uma vez por todas.
Sufoquei um rosnado de ódio.
- Não precisamos nos preocupar, estamos sob forte proteção familiar. - disse Sakura com tranquilidade.
Sim.
Hinata e Tenten estavam ao lado de Ino, junto com um esquadrão de membros em cada canto do hospital. Estava segura.
- Então, o que voce tem a nos dar pela vida do seu filho? - perguntou Sakura.
- Sei de uma parte do plano de Orochimaru. - confessou. - Há mais de um dele.
Franzi o cenho.
Mais de um? Que diabos.
- Do que esta falando? - perguntei confusa.
- Bom tivemos uma última reunião antes da guerra, e Orochimaru deu a entender que havia mais de alguem parecido com ele. - ele suspirou e passou a mão nos cabelos.
- O que diabos significa isso? - rosnei.
Ele deu de ombros.
- Não sei bem, mas acho que seria útil a voces.
Respirei fundo.
- Quem é a pessoa que pode fazer Kabuto entregar o esconderijo de Orochimaru? - perguntou Sakura.
Hidan sorriu de canto.
- Tobirama.
Arfei.
- Como assim? O que meu tio tem que faria Kabuto abrir a boca? - não conseguia imaginar uma razão que envolvesse meu tio e aquele traidor.
- Tudo. - respondeu. - ele é apaixonado pelo Senju.
Abri a boca em choque.
Não. Não podia ser verdade. Hidan estava armando contra nós, só podia. Meu tio e Kabuto mal se conheciam, e jamais os vira juntos nas raras vezes que meu tio vinha ao Japão.
- Está mentindo. - acusei. - eles nem se conhecem.
- Eles se conhecem, não possuem amizade alguma, mas já se esbararam algumas vezes. - contou ele. - E não estou mentindo, ou inventando. - afirmou.
- Só tem um jeito de tirarmos a prova. -disse Sakura me olhando. - E para isso, - ela se virou para Hidan. - voce se encarregará de convence-lo a vir até nós.
- Agora mesmo. - concordou.
- Antes disso, preciso ligar para Hinata e a alertar. - me afastei e caminhei até o carro pegando meu celular, encarando os dois conversando enquanto ele segurava o celular.
Saquei o celular e disquei o contato de Hinata. Precisava a alertar para tomar cuidado com Ino, que havia um traidor entre nós.
No quarto toque, ela atendeu.
TEMARI
Troquei de roupa rapidamente, após tomar um banho apressado, enquanto nos preparavamos para seguir até a casa de Kakashi, antes de revelarmos com certeza sua traição a toda a familia.
Com aliados de Orochimaru, e o próprio aqui em Konoha, não podiamos permitir que se livrassem das provas, então teríamos que agir o mais rápido possível.
Calcei as botas, e saí do quarto, e desci a escada, encontrando Hanabi e Konohamaru limpos e vestidos com roupas pretas, do conjunto militar, calça, camisa e jaqueta.
Eles discutiam em voz baixa, e pararam assim que me aproximei.
- Vamos de carro. - ele disse. - assim vai ser rápido para chegar na casa do sens...- interrompeu-se constrangido. - Kakashi.
Assenti.
Seguimos a garagem, e Konohamaru pegou o mercedez sedan preto, sentei-me no banco de trás, e deixei os dois se concentrarem no percurso, enquanto voltei a folhear pagina por página do livro atrás de mais alguma anotação.
Até que encontrei um rabisco, circulando a palavra “serpente” e com um traço estava escrito “MEGAUTAT ACUN”
“tatuagem nuca.”
Franzi o cenho.
O que poderia ser isso? O que Konan queria dizer com isso?
Voltei a vasculhar as páginas atrás de uma resposta, que pudesse complementar a vaga citação. O que uma tatuagem poderia significar a final?
Até que achei outro rascunho. “ÁRACIFITNEDI O ORIEDADREV”
“identificará o verdadeiro.”
Suspirei em derrota.
- Achou mais alguma coisa, Temari-san? - perguntou de repente Hanabi.
Assenti.
- A palavra serpente esta circulada com a descrição de tatuagem na nuca.
Hanabi se virou para trás e me encarou.
- Uma tatuagem?
Assenti.
Ela olhou para Konohamaru, que prestava atenção ao volante.
- Kakashi teria uma tatuagem?
Ele balançou a cabeça.
- Nenhuma. Nunca gostou.
- Imaginei que não seria sobre ele. - murmurei. - mais a frente diz algo sobre “identificará o verdadeiro”.
- Verdadeiro. - repetiu Hanabi, pensativa.
- Não sei de quem ela se refere. Ou o porque isso seria importante. - divaguei.
Voltei a procurar pelas páginas, enquanto os dois falavam sobre quem poderia ter tatuagem e sobre haver mais de um traidor.
Até que encontrei o nome. “IHCORO”
“Orochi”
Abri a boca em choque.
Orochimaru? Ah, meu Deus. Ele haveria de ter uma tatuagem. Mais qual seria a relevancia disso?
Voltei a procurar por mais alguma informação e achei algo, que nada era sobre o que eu precisava.
“ARAP IUS, OD ROP OD LOS, AEDIUQRO, K”
“Para Sui, do por do sol, 302, orquidea, K.”
Konan....
Vasculhei as páginas, e não havia mais nenhuma anotação. Não havia mais nada. Minha visão embaçou, e sequei rapidamente as lágrimas que insistiam em surgir.
Respirei fundo tentando me acalmar.
O apelido “Sui” só poderia ser para seu irmão Suigetsu, que deveria saber onde era esse por do sol numero 302. Imaginei que seria uma carta pessoal. Provavelmente uma despedida.
- Esta tudo bem, Temari-san? - perguntou Hanabi.
Assenti.
- É Orochimaru.
Hanabi estreitou os olhos, e Konohamaru virou um pouco o pescoço para o lado.
Silencio.
- Chegamos. - anunciou Konohamaru.
Estacionou o carro na frente de uma casa comum e no tom azul escuro.
Guardei o livro pequeno no bolso interno do casaco, e abri a porta do carro.
A casa era pequena, toda de um azul claro desbotado e duas janelas na frente de cor branca, sem muro, não havia porta. Pelo menos não na fachada da frente.
Konohamaru rodeoou a casa e desceu na lateral comigo e Hanabi em seu encalço, e uma pequena varanda aguardava a porta branca. O Uzumaki tentou abrir a porta e conseguiu.
Adentramos rapidamente, e cada um começou a revirar um canto da casa, afim, de achar alguma prova contra Kakashi.
Não havia quase móveis no interior, e estava tudo muito organizado, segui para o quarto, era o maior repartição da pequena casa, havia uma cama de casal grande no centro, um baú enorme colado a cama, um armario embutido na parede e uma porta que devia dar ao banheiro.
Abri as portas do guarda-roupa e comecei a revistar por ali. Revirei bolsos de casacos e calças e nada. Revirei o colchão e os forros da cama e nada. Abri o maldito baú e so tinha alguns documentos e um pequeno album de fotografia.
Sentei-me na cama, e comecei a folhear as páginas com poucas fotos. Escutei passos se aproximando.
- Não tem nada na sala e lavanderia. - informou Hanabi.
- Não encontrei nada aqui.
- Tem certeza? - perguntou de repente.
Levantei o rosto em sua direção sem entender o que quis dizer.
Ela suspirou, e caminhou para dentro do quarto, parando ao meu lado de pé.
- Confia que Konan disse a verdade? - sussurrou.
Mordi o lábio.
Deixei as lembranças de tantos anos inundarem minha mente com um flash. Conhecia Konan há uma década, e sua aparição se entregando e morrendo pela máfia, era só mais uma demonstração que a pesar de ter se envolvido com inimigo e traído sua família por um breve momento, voltou atrás, e sacrificou sua vida para honrar sua família, e deixará um diário com instruções, que não havia dúvidas que eram muito importantes.
- Completamente.
Ela me fitou em silencio, e por fim, assentiu.
- Não imaginava Kakashi com album de fotos. - murmurrou olhando-o sob meu colo.
Suspirei.
- Não há nada aqui. Se tivesse, ele deve ter escondido em outro lugar.
- Acha que ele sabia que corria risco? A Konan morreu, não teria com que se preocupar. - ela pediu licença e entreguei o album.
- Talvez não tivesse nada aqui, talvez Konan só queria dizer onde o traidor morava. - disse como se fosse o óbvio. - Talvez, nem Konan soubesse quem era, e só onde morava.
Hanabi arfou.
Olhei para ela que encarava uma das fotos. Era Kakashi e Sasori Akasuna mais jovens. Arregalei os olhos.
- Este não é filho do governador? - perguntou.
- Sim.
- Não sabia que Kakashi conhecia alguem tão poderoso. - sussurrou.
Nem eu sabia.
Ele sempre fora tão reservado, mal saia de Konoha, e jamais participava de qualquer evento, festas em Tóquio. E como é que ele conhecia Sasori? Os dois abraçados lado a lado sorrindo.
Passos apressados se dirigiam aonde estavamos.
- Nada. - disse Konohamaru.
- Tem uma foto de Kakashi com Sasori Akasuna. - contou Hanabi afobada.
- O que? - Konohamaru franziu a testa.- Eles se odeiam.
Hanabi virou o album de fotos na direção de Konohamaru, que em dois passos largos, alcançou o album e encarou perplexo a foto.
- Mais o que....
Franzi o cenho.
Seria possivel Sasori estar envolvido com nossos inimigos? Não havia sido ele a ajudar a libertar os membros da família há quase um ano atrás.
Era um inimigo muito perigoso. Orochimaru conseguiu bons aliados dessa vez. O filho do governador e talvez até o próprio governador queria nos derrubar.
- O que faremos? - perguntou Hanabi.
- Vou ligar para minha mãe agora. - Konohamaru sacou o celular e ligou para Kushina.
- Está fora de área. - sussurrou após alguns minutos.
- Deve ter ido até a mansão na floresta. - eu disse, pensando na equipe que deve ter ido lá atrás de Orochimaru.
Sera que era mesmo Orochimaru?
HINATA
Caminhei apressada pelos corredores vazios do hospital, após tomarmos conta, e deixarmos os acompanhantes dos pacientes em uma ala amontoados, e permitindo que tudo funcionasse de acordo, sobre o monitoramento nosso.
Entradas e saídas fechadas.
A cada corredor havia dois membros em posição. O comando era meu e de Kakashi, após Naruto-kun ter que ir apoiar Sasuke em outro lugar.
Enquanto Tenten não saia da porta da ala cirúrgica em que Ino se encontrava, e que já se encontrava estável e não havia sido nada tão grave, por um milagre, na hora que ela foi atingida a arma foi desviada por um dos nossos que atirou ao mesmo tempo que o inimigo, e assim pegou de raspão na cabeça, fazendo um pequeno estrago.
Senti meu celular vibrar no meu bolso da calça, e o peguei e atendi, ao ver nome de Karin na tela.
- Alô.
- Hina, tenho informações que há um traidor entre nós.
Arregalei os olhos.
Mais o que?
- Como assim?
- Não sei quem é, mas Konan sabia, e deixou anotações com alguem, que presumo ser Ino. - explicou.
Oh.
- Espera, como soube disso? E porque Ino não disse nada?
- Não posso explicar os detalhes agora, mas se isso tudo for verdade, acredito que Ino corre risco de vida. E é provavel que o traidor esteja ai no hospital.
Prendi a respiração.
- Ela esta estável. - sussurrei.
- Então corre mais risco ainda.
Mordi o lábio.
- Eu cuido disso, qualquer coisa eu aviso.
- Tome cuidado, e não confie em ninguém, não sabemos quem pode ser. - advertiu.
- Acredite, esse traidor não vai sair daqui vivo. - prometi.
Desliguei a chamada e bloqueei a tela, guardando o celular no bolso interno da jaqueta.
Respirei fundo.
Não sabia em quem confiar no Hospital, então, só me restava procurar por qualquer pista suspeita.
Comecei a vagar pelos corredores, me deparando com membros da máfia, em postos estratégicos, e me distanciei do centro cirúrgico, e segui para outro bloco.
Após quarenta minutos procurando nas alas mais distantes, voltei pelo lado oposto que segui, retornando para a ala onde Ino estava.
Ao atravessar um corredor vazio, escutei o som de uma porta se fechar devagar. Virei na direção do som. Não havia nada no corredor branco.
Por esse lado não havia encontrado nenhum membro da máfia. Comecei a andar em direção ao som, e abri uma porta atrás da outra, com movimentos calculados e fazendo o mínimo de barulho possível.
Segui para a última porta ao fim do corredor. Abri-a devagar e sem fazer nenhum ruído, o que só me fez pensar que a pessoa que entrou por aqui não havia me visto entrar no corredor e por isso não tentou ser mais discreto.
A sala estava escura, com as luzes apagadas. Era uma sala com pilhas e mais pilhas de caixas, parecia ser um depósito de materiais médicos, caminhei lentamente pela trilha que havia entre as caixas, até ver um feixe de luz do outro lado, e segui a luz, que iluminava apenas uma parte onde havia um balcão no centro.
Me ocultando entre as caixas e na escuridão, pude ver quem estava ali. De costas para mim, estava Kakashi Hatake.
Quase suspirei de alivio.
Mais optei por continuar o observando até ele me notar, o que não devia demorar muito. Ele mexia em sua arma encaixando um supressor para abafar o som.
Sorri de canto.
Eu havia feito o mesmo no momento em que Karin me ligou. Afinal, havia pacientes sendo tratados aqui, e não queríamos causar maior alvoroço.
Ele guardou a arma em sua jaqueta, no bolso interno, e retirou o walk-talk e ligou.
- Cambio, soldado peça que TT vá o mais rápido ao laboratório se encontrar com a Hyuuga o mais rápido possível. - mandou dizendo o codinome de Tenten que estava pessoalmente fazendo a segurança de Ino.
Estreitei os olhos.
- Cambio, desligo. - disse e guardou o walk-talk no bolso.
E ficou imóvil com ambas as mãos apoiadas sob a mesa.
Uma onde de náusea tomou meu corpo, e agradeci por estar com o estomago vazio, e deixei o mal estar que me atingiu de lado, e respirando fundo e focando na raiva, me recuperei do choque.
Antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, saí do me esconderijo após sacar minha arma e mirar em sua cabeça.
- Acho que se enganou ao dar uma ordem a só uma de nós, e não a outra. - comentei, próxima de seu corpo.
Ele se manteve na mesma posição.
- Não se mexa. - alertei.
- Não tome atitudes precipitadas, Hinata. - sussurrou com a voz calma.
Rangi os dentes.
- A única conduta precipitada aqui é a sua, Traidor. - cuspi as palavras em tom baixo.
- Não sou traidor. - retrucou. - está enganada. Sabe que sempre fui leal as familias principais, e não um traidor!
- Vai ser um quando eu meter essa bala no seu crânio. E todos irão saber o merda que achou que passaria as familias principais para trás. - destravei a arma.
E me conhecendo, sabia que não falaria mais nada além de o matar. Apertei o gatilho e mais rápido que pode, ele agachou e deu uma rasteira me levando ao chão. Meu tiro foi para o teto.
Ignorando a dor da queda, tentei me levantar e mirar a arma nele, que pulou em cima de mim, segurando meu braço direito com a arma e antes que a tomasse de mim, a joguei para longe.
Com os olhos fuzilando o outro, e a outra mão, saquei do bolso um canivete e o cortei no braço e o perfurei no abdome que estava desprotegido do colete.
Ele urrou de dor, e socou minha cara, e se afastou um pouco, que foi o suficiente para que eu o empurrasse de cima de mim, e o soquei no peito, e com as pernas enrosquei na dele e virei-o ficando sob ele. Tentei o atacar com o canivete no pescoço, e ele me impediu, segurando minha mão. Com a mão livre tentei pegar sua arma no bolso da jaqueta, e num sobressalto ele me empurrou para longe.
Ele sacou a arma e mirou, levantei e corri atrás de uma pilha de caixa.
- Se renda, Hinata.
Massageei minha face que ele socou.
Eu precisava fazer alguma coisa, e tinha que dar um jeito de pegar minha arma no chão, que estava do outro lado de onde ele estava.
E so me restava uma alternativa. Era tudo ou nada.
Ele se aproximou de onde eu estava, e me virei ficando de frente para as caixas na direção dele, e empurrei aquela pilha em sua direção. Escutei seu xingamento. E corri para cima dele o derrubando no chão.
Subi em cima dele, e o soquei no rosto. E bati seu braço no chão, quando tentou mirar a arma e mim, a derrubando no chão, e a empurrei para longe com o pé.
Ele me tirou de cima dele, e puxou meu braço com força me prendendo no chão com seu corpo. Não parei de me debater até achar uma brecha para escapar, e quando ele tentou pegar no meu queixo, consegui morder sua mão com força. Ele urrou de dor.
- Sua desgraçada. - gritou.
Joguei a cabeça para tras com força, chocando contra seu rosto, e ele se afastou me dando a chance de empurrar os quadris e rolar para o lado, escapando de si.
Peguei a primeira caixa que vi, e joguei em sua direção, que tentava levantar e vir em minha direção.
- Não vou ser mais bonzinho. Vai se arrepender. - ameaçou partindo para cima de mim.
Corri e direção de minha arma, mas ele me alcançou ainda no chão se jogando contra mim, e segurando minhas pernas, comecei a desferir chutes em sua direção, acertando um em seu rosto, e num salto alcancei minha arma, me levantando cambaleando.
Mirei em sua direção, mas ele já estava em cima de mim, e desviou num tapa minha arma que atingiu outro alvo que não o homem a minha frente.
E num impulso ele chocou o corpo contra o meu, empurrando uma pilha de caixas que caíram no chão nos levando juntos.
Perdi o ar com um chute no estomago que ele me deu, e tentei engatinhar para longe de si. Mais ele foi mais rápido e já estava de pé ao meu lado. Num movimento rápido, quando ele agachou, enrosquei minhas pernas em seu pescoço e girei, ficando por cima dele.
Desferi socos contra seu rosto, mas ele conseguiu me bloquear, prendendo minhas mãos e me jogando no chão, e subindo em cima de mim.
Protegi com os braços meu rosto, enquanto ele tentava socar minha cara, de canto de olho enxerguei não muito longe dali minha arma. Com esforço consegui soltar um dos braços, e estiquei todo o braço até a alcançar a arma.
Atirei em sua perna, antes que ele tentasse tomar a arma de mim. Ele gritou de dor e me soltou. Aproveitando sua distração, empurrei seu corpo para o lado. Levantei cambaleando, e mirei novamente nele.
Antes que disparasse novamente, dessa vez certeiro, senti algo duro de chocar contra mim. Cai no chão novamente. Olhei por cima do ombro, e cabelos cacheados de tom preto e um rosto feminino conhecido se revelou.
Perfeito.
Mais um traidor.
Ela tentou pegar minha arma, mas peguei em seu pescoço, e a puxei com força em direção ao chão. Ela grunhiu. Com a arma em mãos soquei seu rosto, e empurrei seu corpo de cima do meu. Ela cuspiu sangue e partiu para cima de mim com uma kunai, chutei sua mão com a faca e mirei sua face a atirei.
Seu corpo caiu ao chão, com o sangue jorrando. Desviei o olhar para onde deveria estar Kakashi, e não o encontrei.
Rangi os dentes.
Levantei, ofegando, conferi a munição, só havia mais uma bala. Teria que bastar.
Caminhei depressa pelo mesmo caminho que fiz ao entrar naquela sala. Com os braços estendidos com a arma a frente a cada vez que virava entre as pilhas de caixas.
Ele já havia saído da sala.
Abri a porta e nenhum sinal, além de um rastro de sangue que ele deixou para trás.
Pensei em pedir ajuda, mas me detive sem saber em quem confiar. Sabia que ele iria atrás de Ino e so me restou ir atrás dos seu rastro.
Não demorou muito para o encontrar. Sorri ao pensar que a idade era mais um fator a meu favor, se fosse uma década atrás eu estaria mais fodida.
O rastro de sangue terminou em uma das portas. Respirei fundo e abri a porta com a arma apontada. A sala estava escura. Liguei a luz, e um meu rosto virou para o lado com força. Ignorei a ardencia e a dor, enquanto tentava me situar, e antes de qualquer coisa algo duro se chocou contra mim.
Bati as costas na porta. Arfei em busca de ar. E só tive tempo de me abaixar e desviar de mais um ataque. O som do seu soco ecoou contra a porta. Num movimento rápido, peguei em sua cintura, e o levantei levando seu corpo ao chão.
Mais ele me chutou no peito com força, e me jogou em direção a uma mesa.
Dor.
Ar.
- Vou chorar no seu enterro, Hyuuga. - escutei sua voz abafada, próximo de mim.
Tentando reunir forças, foquei o olhar nele, que estava se colocando de pé, e sua perna com um torniquete improvisado com sua camisa.
- Direi ao meu pupilo que voce lutou bravamente, mas não foi o suficiente. - murmurou citando meu marido.
Meu sangue ferveu de raiva. Se eu tivesse que morrer, iria leva-lo comigo.
Ele veio em minha direção com uma kunai na mão. Ao se aproximar, chutei no meio de suas pernas. Ele se curvou de dor. Me levantei vacilante, e num giro chutei seu rosto o fazendo cair. Vaguei pela sala onde estava minha arma. E a encontrei perto da mesa.
Corri em direção a ela e a alcancei, me virei em direção a ele e não o encontrei. Encarei cada canto da sala.
Havia dois sofas, e tres raquis.
- Saia dai, seu covarde. - gritei.
Arranquei o supressor da arma e o joguei no chão, que se dane, queria que todos escutassem o som do tiro.
Me afastei dos poucos móveis ali, dando passos para trás. Quando uma raqui, encostada em um dos sofás, voou em minha direção. Por reflexo, me joguei para o lado. E o som de passos se aproximando, me virei com a arma apostada, mas ele correu em direção a porta, fugindo.
Tentei atirar novamente e não havia mais munição. Levantei num pulo, avancei com a arma atingindo no rosto. Ele sorriu. Um embate corpo a corpo.
Ele se colocou em posição com os braços em frente ao rosto, com os punhos fechados, e eu fiz o mesmo.
Ele avançou contra mim, e eu desviei. Ele tentou novamente, impaciente, e eu agarrei seu braço, e o puxei contra meu corpo, segurando pelo pescoço com a arma destravada pressionando seu pescoço.
Mais ele foi mais rápido, socou meu abdome, escapando do meu agarre.
Veio para cima de mim, e com a arma em mão, soquei seu rosto, marcando-o. Ele pulou em mim, jogando meu corpo do outro lado.
Ignorei a dor da queda. Me levantei, mas ele me empurrou agarrando meu pescoço, apertando-o. Senti minhas costas chocarem contra algo, num baque ruidoso, e ceder levando nós dois.
Com falta de ar, agarrei seu pescoço, com toda força que eu tinha.
Escutei um grito feminino longe.
E de repente as mãos que me asfixiavam sumiram. Meus braços foram para o meu pescoço, enquanto tossia sem parar, e o som de um tiro ecoou.
Quando enfim me recuperei, alguem se prostou ao meu lado, perguntando se eu estava bem. Com dificuldade enxerguei Tenten ao meu lado.
Respirando rápido, me dei conta de onde estava. Haviamos atravessado uma porta num corredor.
- Hinata...minha nossa! Kakashi-sama e voce .... - Ela balançava a cabeça em negação.
- O..o-nde..e-ele..e..esta? - perguntei entre uma tosse e outra.
Ela arregalou os olhos.
- Foi para a direita. - informou.
- Me dá o...o walk...talk.
Rapidamente, ele me passou o walk-talk. Respirei fundo, e sintonizei a frequencia.
- Matem Kakashi Hatake!! - gritei.
Me levantei com ajuda de Tenten.
- Ele quer matar a Ino. - contei.
Ela arregalou os olhos.
Me virei e antes que desse um passo, Tenten segurou meu braço, e eu me virei e a encarei.
- Vá para a enfermaria e receba alguns cuidados, e deixe o resto comigo.
Balancei a cabeça, negando.
- Eu vou mata-lo.
Ela suspirou.
- Vamos logo, mais a frente tem a cozinha, pegamos um gelo para voce colocar no seu rosto. - pediu.
Bufei.
Devia ta com uma aparência péssima, sem falar na dor que sentia. Assenti, e a segui na direção em que Kakashi sumiu.
~~~~~~
VINTE ANOS ATRÁS...
Os sons de sirenes tanto de policia quanto de ambulancia dominavam o silencio da madrugada em Tókio após três dias de uma completa guerra entre grupos de máfia.
Dias de terror.
Carros queimavam nas ruas, lojas destruídas, e prédios com paredes perfuradas por balas. A cidade em estado de emergência, ordenando a todos que ficassem em casa.
Choque.
Medo.
Pânico.
Caos.
Quem era os responsáveis? Nada. Nunca houve nomes. Todas as provas haviam desaparecido. Não havia uma digital sequer, ou um rastro que houvesse ficado para trás.
Só alguns corpos semicarbonizados foram reconhecido. O resto virou pó. Não havia mais nada. Até que as investigações enceraram.
Quando as ruas foram liberadas, e só o fogo e o silencio dominaram a capital, e centenas de bandeiras brancas com o símbolo da letra U em cada canto da cidade, foi o sinal que a guerra havia acabado.
Todos nós membros sabíamos que as famílias principais haviam vencido. Tinham se mantido no poder. Mesmo com uma grande baixa.
Fugaku Uchiha morreu.
Para a mídia havia sido um infarto fulminante, mas a verdade era que havia sucumbido contra Orochimaru, numa perseguição sangrenta, por uma kunai envenenada.
Seu enterro paralisou o país. A mídia não falava em outra coisa, e os tiros em todas partes efetuados romperam o silencio pós-massacre.
Os civis não sabiam o que significava, mas nós sim.
Observei o céu estrelado da janela de casa. Tudo estava calmo novamente. Fiquei de pé, segurando firme a sacada da janela.
- Filho. -chamou a voz de minha mãe.
Me virei e a encarei.
- Cade o pai? - perguntei.
Havia dias que papai não havia voltado para casa desde o fim da guerra. E mesmo com meus 22 anos, ainda não fazia parte da máfia, e minha familia era so eu, minha mae e meu pai.
Minha mãe com seus longos cabelo loiros claro, e o rosto inchado de tanto chorar escondido, caminhou e segurou nos meus ombros e fitou os meus olhos.
- O papai se foi. E não vai mais voltar. - confidenciou.
Senti como se não houvesse chão, e minhas pernas não pudessem sustentar meu corpo, porque quando me dei conta, estava de joelhos, chorando com minha mãe me abraçando.
- Pai, não...
- Eu sinto muito. - disse mamãe.
- Onde ele está?
- Não o encontraram. - mentiu.
Mais alguns anos depois descobri a verdade. Meu pai havia sido queimado, já que não podia deixar rastros para trás, após morrer lutando pela máfia.
Houve um grande funeral para todos os que morreram.
Nunca pude enterrá-lo. Não havia um lugar especifico para sequer visita-lo. Não havia nada. Só havia a saudade e o vazio.
Cresci e segui os passos de meu pai.
As familias principais ajudaram minha mãe pelos serviços de meu pai, que era um dos melhores membros, como se dinheiro fossem o trazer de volta.
E eu me tornei sensei dos filhos dos líderes das familias principais. Me tornei alguém importante assim como meu pai. Com uma posição respeitável, apesar de não possuir um sobrenome e um clã importante.
Os anos passaram, e a sensação de vazio se manteve, mas o desejo de vingar a morte de meu pai permaneceu em meu coração, o qual soterrei por muitos anos.
Até o dia que Kabuto me procurou. E vi a chance de não acabar esquecido como se fosse nada.
~~~~~~
Adentrei o quarto hospitalar.
Ino estava deitada, com um cobertor grosso e branco cobrindo seus braços, com os olhos fechados. Me aproximei devagar.
Sabendo que a China se revoltaria com o Japão por não serem capazes de proteger a sua líder, e uma guerra interna começaria.
Apertei minha mão com a arma, e mirei a loira a minha frente. O som de uma arma sendo destravada atrás de mim rompeu o silencio.
Com um toque suave na minha cabeça, sabia que quem quer seja estava com a arma encostada em minha cabeça.
- Larga sua arma. - sussurrou Hinata.
Sorri de canto.
Garota difícil.
- Voce não morre mesmo, Hyuuga. - murmurei.
- Se fizer isso, é um homem morto. - ameaçou.
Continuei apontando a arma no meu alvo, com o dedo no gatilho, só precisava soltar, e....
- Estou morto há muito tempo. - sussurrei a minha verdade.
- Não faça... - ela começou a dizer, mas foi interrompida.
POW.
Um tiro certeiro, e um silencio esmagador em seguida.
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