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História Anne with an e- continuação da série - Dias de Primavera - História escrita por roalves - Spirit Fanfics e Histórias
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História Anne with an e- continuação da série - Dias de Primavera


Escrita por: roalves

Notas do Autor


Olá. Espero que gostem deste capítulo. Tentei colocar a emoção no tom certo que o capítulo exigia, mas, não sei se realmente consegui. Vocês vão me dizer por meio de seus comentário o que acharam, pois eles são muito importantes para que eu saiba o que estão achando da história..Obrigada por tudo. Beijos

Capítulo 100 - Dias de Primavera


Fanfic / Fanfiction Anne with an e- continuação da série - Dias de Primavera

ANNE
 

Andando pelos corredores do hospital, Anne tentava não pensar na última vez em que estivera em um lugar assim, mas sua mente brincava com suas emoções e a fazia pensar em todos aqueles meses em que Gilbert lutara pela vida e para se livrar da amnésia que dolorosamente os afastara, e sentiu um medo terrível.

Sua cabeça girava, o cheiro de antisséptico no ar lhe dava náuseas e suas forças estavam no limite, e a cada passo que deva seu coração ia falhando. De repente, ela achou que não conseguiria chegar no fim do corredor onde o quarto em que Gilbert estava se localizava, e Anne parou, encostando a testa na parede branca a sua esquerda, fechou os olhos e tentou acalmar o pânico que podia sentir em todos os seus poros.

- Anne, está passando mal? - Carlos perguntou.

Ele e Jonas a tinham acompanhado até ali, e embora fossem um tremendo apoio para ela que não tinha nenhum parente em Nova Iorque, não sabiam de tudo o que ela passara antes em um lugar parecido como aquele, e a ruivinha se sentiu afundar em sua solidão tão amarga naquele momento.

Diana não estava ali para segurar em sua mão. Matthew estava tão longe dela que contar com suas palavras consoladoras era impossível. O único que se mantinha por perto era Cole, porém, Anne não tivera como avisá-lo sobre sua atual situação.

- Acho que preciso apenas me sentar um pouco.  Estou tonta. - ela respondeu com a voz fraca.

- Sente-se aqui então. - Jonas disse ajudando-a a se sentar na poltrona mais próximas enquanto Carlos ia buscar um copo de água que ela tomou devagar, sentido o sangue aos poucos voltar a bombear em suas veias.

- Está se sentindo melhor? - Jonas perguntou observando com apreensão o rosto pálido de Anne e seus lábios trêmulos.

- Sim. Desculpe-me esse drama todo. Eu sei que devia ser mais forte, mas no momento eu não consigo. - ela escondeu a cabeça entre os braços e Carlos sentou -se a seu lado segurando-lhe as mãos frias.

- Anne, você não precisa ser forte o tempo todo. Está tudo bem se nesse momento você não se sente em condições de enfrentar toda essa situação sozinha. Estamos aqui para garantir que você tenha todo o apoio necessário. O Gilbert é mais que um amigo para nós, ele é nossa família, e não te abandonaremos um minuto sequer até que tudo isso passe.

- Obrigada.  Eu não sei o que fazer, como agir ou o que pensar. Já passei por isso no ano passado e achei que nunca mais teria que experimentar algo assim de novo, e agora me vejo no meio de outro pesadelo, e nem sei o que vou encontrar no meio dele.- a voz dela falhou e seu corpo estremeceu. Anne sabia que tinha que ser forte mais uma vez por ela e por Gilbert que estava atrás daquela porta no fim do corredor à sua espera, porém seu corpo se recusava a se levantar e ela sentia as pernas tão bambas que se colocar de pé era quase impossível.  

Por que era tão difícil ir até Gilbert e dizer que estaria ao lado dele para o que desse e viesse? Por que se sentia incapaz de cruzar a linha do corredor que os separava e correr para os braços dele que era onde deveria estar naquele momento, e não sentindo piedade de si mesma?

A ideia de encarar Gilbert naquelas condições lhe era insuportável. Como esconder dele que estava apavorada? Que sentia sua cabeça latejar só de pensar que poderia perde-lo para algo invisível sobre o qual não tinha controle?

Ela sequer sabia o que se passava com ele, ainda teria que falar com o médico que o atendeu no hospital para saber a causa do desmaio, mas por instinto sabia que tinha a ver com as dores de cabeça, e que não seria nada simples e seu coração lhe dizia que ela sofreria mais uma vez.

- Anne, se não se sente em condições de falar com o Gilbert agora, por que não deixa para mais tarde? Talvez fosse bom você colocar a cabeça no lugar, se preparar internamente e quando achar que está pronta, você vai até aquele quarto e fala com ele. - Jonas aconselhou, mas Anne o olhou quase zangada. Ela nunca abandonaria Gilbert naquele hospital sozinho. Ele sempre estivera a seu lado e ela faria o mesmo por ele.

- Eu consigo fazer isso agora, Jonas. Gilbert precisa de mim e não vou deixá-lo aqui imaginando por que sua noiva não veio lhe dar o apoio que ele merece. Já me sinto melhor. - ela estava mentindo. Seu corpo estava mole e ela sentia as náuseas voltarem, mas estava disposta a ir até o fim com aquilo e era o que faria.

Corajosamente, ela se levantou e terminou de caminhar os passos que faltavam até o quarto de Gilbert. Quando chegou na porta, ela respirou fundo tentando aparentar uma calma que realmente não existia dentro dela e entrou no quarto.

Gilbert estava deitado de olhos fechados e parecia dormir, mas quando ouviu os passos dela, ele abriu os olhos e a encarou. Olhos azuis e castanhos se misturaram, enxergando dentro de cada um o seu próprio coração que se falavam mesmo que nenhuma palavra verbalmente fosse anunciada, porque era assim que juntavam suas forças, que se uniam   nos mesmos sonhos, eram assim que seu amor se tornava inabalável capaz de sobreviver até um tornado que ainda assim permaneceria em pé com seus alicerces fincados firmemente no chão.

Gilbert estendeu seus braços e Anne mergulhou neles sentindo o cheiro delicioso dele em suas narinas. Ela o abraçou tão forte que poderia até fundir seus corpos como se assim pudesse proteger a si mesma e Gilbert da nova tormenta que se aproximava. Ela queria falar, mas não conseguia dizer nada, somente conseguia ouvir a própria respiração e a de Gilbert que parecia relutante também em dizer qualquer coisa. Por que tudo tinha que ser tão doloroso? - Anne se perguntou. Por que quando tudo parecia estar bem, a vida vinha e lhe dava outro tombo?

Ela sempre aguentara tudo até ali porque sua determinação e fome de viver nunca a deixara desistir de nada que quisesse realmente, porém, tudo que envolvia Gilbert era sempre mais intenso. Com ele a seu lado ela enfrentava tudo, sem ele seu mundo não valia nada.

Anne se desprendeu do abraço e olhou para o rosto de Gilbert quase colado ao seu, e tocou-o com carinho, enquanto ele mantinha as mãos nas costas dela de onde ela podia sentir um calor reconfortante a aproximando ainda mais de dele.

- Como você está? - ela perguntou feliz por sua voz soar firme não deixando Gilbert perceber o quanto estava perturbada com toda aquela situação.

- Estou bem. Eu quero saber como você está? - o olhar dele parecia examiná-la inteira buscando uma evidência concreta de seus reais sentimentos.

- Estou bem. - Anne respondeu simplesmente. Não podia falar mais ou acabaria revelando seu infortúnio interior.

- Não minta para mim, Anne. Eu não estou vendo aquele brilho incrível em seus olhos quando olha para mim, e esse sorriso forçado não me convence de nada. - Gilbert disse colocando uma mecha do cabelo dela atrás da orelha. Era um carinho comum que ele costumava fazer, mas Anne estava tão sensível que até aquele gesto simples a fez ter vontade de chorar, mas engoliu em seco para afastar o choro que se avolumava em sua garganta.

- Eu estou com medo. - ela por fim confessou deitando a cabeça no ombro dele.

- Eu também. - Ele sussurrou. - Mas, não podemos deixar que o que quer que esteja nos esperando atrás da próxima porta do nosso destino nos vença. - Anne levantou a cabeça e olhou para Gilbert admirada. Como ele era forte, e quanto amor ela sentia por aquele rapaz que mesmo na própria fragilidade tentava poupá-la da dor. Gilbert Blythe era um ser humano incrível.

- Eu prometo que estarei aqui com você.  Eu nunca vou te deixar, Gilbert. - ela disse desejando que seu noivo soubesse que nada a arrancaria do lado dele, mesmo que aquele temor que sentia dentro de si a fizesse tremer inteira.

- Eu nunca pensei o contrário.  Se lembre que somos um T.I.M.E.- ele disse brincando, e pela primeira depois de horas de tensão, Anne sorriu. - Assim está melhor. Gosto mais quando está rindo assim.

- Te disseram se é sério, Gilbert? - ela não queria tocar no assunto, mas, não podia continuar evitando-o indefinidamente.

- Não. Tenho que esperar os resultados dos exames que foram feitos, e isso pode durar uns dois dias. - ele disse enterrando os dedos nos cabelos de Anne até alcançar sua nuca onde ele massageou por um longo tempo. Anne fechou os olhos por dois segundos. Como amava aquele toque, o jeito com que Gilbert conseguia acalmá-la com seus dedos suaves, fazendo com que seu coração alcançasse um estágio de êxtase puro. Nunca poderia viver sem aquelas carícias, seria como lhe tirassem o próprio ar. Anne abriu os olhos, e tocou as têmporas de Gilbert com carinho ao perguntar:

- Sua cabeça ainda dói?

- Não. Me deram um analgésico quando cheguei e já me sinto quase normal de novo. - ele respondeu pegando na mão de Anne e levando-a a seus lábios. - Não quero que se preocupe. Vai ficar tudo bem. - Anne assentiu, mas pôde ver a incerteza nos olhos de Gilbert que ele se esforçava para esconder dela. Nenhum dos dois sabia como seria aquilo, e Anne apenas rezava para que chegassem ao fim disso inteiros.

- Quando você vai poder ir para casa? - ela perguntou deitando a cabeça no peito de Gilbert de novo. Ela queria ficar o mais perto possível dele, precisava senti-lo, precisava tocá-lo, precisava ter certeza de que enquanto estivessem assim, nada no mundo o tiraria dela.

- Eu não sei; O médico me disse que terei que ficar aqui até que os exames que fiz sejam conclusivos. - ele beijou o topo da cabeça de Anne e deixou que suas mãos se aninhassem na cintura dela. – Que ironia. Quis tanto você de volta comigo no apartamento, e agora você vai ficar lá´ sozinha até que eu consiga sair daqui.

- Eu não me importo. Meu lar é onde você está, meu amor. E também não pretendo deixá-lo aqui sozinho, Eu vou ficar com você nesse hospital tanto quanto eu puder. - Anne disse se agarrando ao pescoço dele. Queria ficar presa naquele abraço para sempre.

- Anne, não quero que se sacrifique por mim. Você precisa ir para a faculdade, e trabalhar na monitoria. Não pode deixar de fazer suas coisas por minha causa. Você já se sacrificou demais por mim na época da minha amnésia, e não quero que perca mais nenhuma oportunidade em sua vida. É o seu sonho, e lutou para conseguir entrar na faculdade de Nova Iorque. Não vou deixar que desista novamente por mim. - ele falava com firmeza e Anne sentiu seus olhos marejarem. Não podia se afastar dele. Ela tinha medo do que podia acontecer se não estivesse ali com Gilbert. Talvez fosse um receio bobo, mas, era forte o bastante para fazê-la desejar ficar ali até que ele voltasse para casa. Ele não podia lhe pedir para que continuasse em sua rotina sem ele.

- Por favor, Gilbert. Não me peça para ir embora. - uma lágrima saltou de seus olhos quando ela disse isso, e teve que se segurar para não deixar que mais algumas se seguissem àquela.

- Amor, eu não estou te pedindo para ir embora.  Quero apenas que faça as coisas que faria se eu não estivesse aqui. Por favor, Anne, não chore. Eu detesto ver você triste. – ela enterrou a cabeça no ombro dele sem coragem de encará-lo, ou ele veria seu desespero. Era para ela estar dando força ao seu noivo e não o contrário.

- Eu não consigo sem você. Gilbert. Por favor, só me deixa ficar aqui com você. - ela disse baixinho, sua voz saindo trêmula, e seu peito doía tanto que até respirar parecia um esforço inútil.

- Você consegue sim, amor.  Eu sei que dentro dessa garota linda que eu amo existe uma leoa, e ela vai lutar por si mesma assim como vai lutar por nós. Olha para mim, Anne, por favor. - Gilbert pediu e ela não teve outra alternativa senão obedecer. Quando levantou seus olhos azuis tão tristes para ele, Anne ouviu Gilbert suspirar ao mesmo tempo em que levava suas mãos ao rosto dela, E o puxava em sua direção.

- Ah, Anne. Como eu queria não te fazer sofrer desse jeito de novo. Eu te amo tanto que faria qualquer coisa para que seu sorriso nunca se apagasse.

- Você é tudo o que importa para mim, e só me faz sofrer quando quer me afastar de você. Quando vai entender que eu somente sou feliz porque você existe? Por que não me deixa cuidar de você? - Gilbert tocou de leve os lábios dela, e depois a beijou, e Anne se entregou àquele momento com toda a sua alma. Seu corpo queria se perder no dele, e suas mãos queriam tocá-lo até que o tempo parasse e eles pudessem se amar sem que o sofrimento pudesse atingi-los em seu mundo particular. Quando se separaram, ele a beijou na testa, e depois a abraçou mais uma vez, fazendo Anne se deitar ao seu lado na cama.

- Eu não quero que se afaste de mim. Na verdade, eu te quero tão perto onde os meus olhos possam sempre te alcançar. Eu não consigo imaginar um dia de minha vida sem você, porque você é meu raio de sol. - Anne se agarrou mais a Gilbert, deixando que as palavras dele amenizassem sua agonia. Ela sabia que teria que ir embora dali a pouco, pois o horário de visitas estava acabando, mas, ela não queria ter que voltar para o apartamento deles enquanto Gilbert ficava ali sem ela.

- Promete para mim que vai ficar bem. - Anne disse olhando-o nos olhos.

- Eu estou bem, Anne, e não vou a lugar nenhum sem você.

- Não posso ir para casa sem você. Será que não me deixam passar a noite aqui? - ela disse com a voz chorosa. Estava cansada de se controlar, não tinha mais forças para se impedir de chorar na frente de Gilbert.

- Eles não permitem que as visitas passem a noite. Mas, eu também não quero que você fique aqui, porque não vai descansar e precisa dormir para poder se concentrar na aula amanhã.

- Gilbert...- ela quis protestar. Ele ia mesmo insistir naquilo?  Será que ele não percebia que ela não conseguiria estudar sabendo que ele estava ali naquele hospital esperando por um diagnóstico que não faziam a menor ideia do qual seria? Seria perda de tempo, um enorme desgaste de energia.

- Por favor, Anne. Faz isso por mim. Eu vou me sentir melhor se souber que você voltou à rotina. Depois do seu expediente na monitoria se não estiver muito cansada a gente pode se ver aqui. Eu vou ficar te esperando, morrendo de saudades. - ele disse brincando com os cabelos dela, e Anne não conseguia se conformar com aquela ideia. Como podia voltar para sua rotina se ele não estaria nela?

- Por que insiste nisso, Gilbert? – ela perguntou sentindo-se imensamente triste por dentro.

- Porque você precisa dessa normalidade. Eu não quero ver você deprimida ou chorando pelos cantos. Anne, você não sabe como me mata por dentro te ver assim. – ele entrelaçou seus dedos nos dela, e Anne respondeu:

- Está bem. Se isso te faz se sentir melhor, prometo que volto para minha rotina, mas, quero que saiba que nada disso é importante para mim a não ser você. Eu posso perder tudo na minha vida, mas não posso perder você. Se eu tiver que escolher entre você, a faculdade e o mundo inteiro, eu escolho você. Eu consigo viver com muito pouco, mas, não posso viver sem você, então, desista dessa ideia de que devo seguir em frente, viver normalmente enquanto você está aqui, porque eu sei que só vou me sentir normal quando você estiver em casa comigo novamente.

Naquele momento a enfermeira entrou anunciando o fim do horário da visita. Anne se despediu de Gilbert com um aperto no coração, e quando ia sair pela porta, ela olhou para trás e viu os olhos castanhos dele sobre ela, e teve que se controlar para não voltar correndo para o lado dele.

Enquanto caminhava pelo corredor em direção a saída, ela deu de cara com Dora, e ela sentiu todo o seu corpo enrijecer e teria mudado de caminho se tivesse outa saída por ali, porém, como não podia evitar, ela continuou a caminhar cruzando com Dora e tentando ignorá-la completamente. Contudo, quando ia virar à esquerda, ela ouviu a amiga de Gilbert dizer:

- Anne, eu sinto muito pelo Gilbert. - Anne parou por um instante, mas, não se virou para responder, ela continuou de costas quando disse:

- Obrigada. - e assim continuou seu caminho até a recepção onde Jonas e Carlos a esperavam, não conseguindo se livrar da sensação desagradável de saber que Dora estava por ali tão perto de Gilbert, mas, depois resolveu não se importar com isso, pois tinha coisas mais importantes com as quais se preocupar.

Anne chegou em eu apartamento exausta e sem condições sequer de comer o próprio jantar que preparara antes de ir para o hospital. Ela olhou ao redor sentindo a ausência de Gilbert pesar como nunca, e sua agonia começou a aumentar a ponto de atormentá-la mentalmente. Foi naquele instante em que sentia que estava à beira de um colapso emocional que ouviu a campainha tocar, e quando abriu a porta e viu Cole parado do lado de fora, as lágrimas explodiram em um soluço dolorido, e com carinho Cole a trouxe para seus braços.

 

 

GILBERT
 

Assim que Anne saiu, Gilbert se afundou em seus pensamentos, com os olhos grudados no teto e seu coração pesado no peito. Avaliando a própria situação, ele não conseguia pensar no que exatamente suas dores de cabeça e tonturas significavam, pois poderiam ser milhares de coisas diferentes e ele não queria encher sua cabeça de teorias que não o levariam a lugar nenhum.

Sua preocupação não era consigo mesmo, e sim com Anne. Era injusto demais que ela tivesse que passar por algo tão duro de novo justamente por causa dele, mas, infelizmente era algo que ele não pudera evitar.

Ele se virou na cama e seu olhar se prendeu na parede branca do quarto, e todos os últimos acontecimentos passaram por sua cabeça rapidamente até o desmaio que o trouxera aquele hospital, e fora em Anne que pensara no instante em que seu mal-estar o fizera cair em cheio no meio da escuridão do seu íntimo arrastando o para o inconsciente. Ele poderia lutar contra um mal súbito, uma doença séria, uma enfermidade longa e desgastante, mas Anne podia fazer o mesmo?

Gilbert não tinha dúvidas da fortaleza que Anne tinha dentro de si, mas já tinha sido desafiada tantas vezes, suas estruturas abaladas, sua fé testada a um ponto em que se ultrapassava qualquer limite, por isso Gilbert tinha medo que ela desabasse não suportando a pressão do que viria sendo simples ou não.

Como estudante de Medicina, ele entendia que o cérebro humano era um mistério, e havia muitas coisas ainda para serem estudadas e compreendidas, porém, Gilbert esperava que seu caso não fosse muito difícil de se resolver ou tratar . Ele era jovem e poderia se recuperar rápido como da outra vez, o problema era se fosse algo fatal que vinha se desenvolvendo dentro dele todos aqueles meses.

Esse era o medo de Anne também.  Ela não lhe dissera nada sobre isso, e sequer discutiram o problema de fato, como se as palavras pudessem trazer a tona uma realidade que somente se distinguia em suas cabeças, e por isso mesmo poderia ser descartada quando quisessem, porém se fosse dita com toda as letras, ela poderia se materializar e. uma verdade com a qual nenhum dos dois queria ter que lidar.

Gilbert nunca tivera medo da morte antes, e ainda não a temia. O que o apavorava era deixar Anne sozinha com suas inconstância emocionais, pensando no quanto aquilo poderia facilmente levá-la de volta para a escuridão. Ele sabia que Anne o amava. Não duvidava disso um minuto sequer, porque seu amor por ela era na mesma medida e por tudo isso suas almas se reconheciam como parte uma da outra, e ele tinha consciência do quanto ela sofreria se o pior acontecesse com ele.

Gilbert se virou para o outro lado, agora seus olhos fitavam a janela. A tarde começava a dar passagem para a noite que se aproximava devagarinho e ele sentia a solidão de uma noite sem Anne invadi-lo. Seus pensamentos continuaram a torná-lo refém de suas neuroses, e ele não conseguia se libertar deles, fazendo-o sentir uma tristeza infinita ao pensar que talvez o fim estivesse próximo.

Se Bash estivesse por ali o acusaria de estar sendo dramático ou exagerado, mesmo sabendo que Gilbert nunca fora assim. A praticidade das coisas sempre fora sua companheira em tudo, e ele nunca se deixara levar por coisas que não provassem serem muito concretas. A única coisa que o fazia perder a cabeça era sua paixão por Anne, e nisso ele nunca conseguira colocar coerência e uma medida certa. Era selvagem como tudo acontecia dentro dele quando seus pensamentos estavam com ela, e profundo demais para ser explicados pela ciência.  Gilbert deixara de raciocinar sobre isso a muito tempo quando descobrira que era melhor sentir, se deixar levar por cada emoção, porque era dessa maneira que Anne e ele se completavam.

Contudo, analisando seu caso friamente como um homem da ciência, a possibilidade de perder sua vida por conta de algo grave não era tão absurda assim. A morte nunca escolhia suas vítimas pela idade, e a fatalidade dela poderia acontecer a qualquer um.

Por essa razão, se sentia apavorado, porque deixar Anne daquela forma nunca estivera em seus planos. Gilbert sabia que sua noiva tinha pessoas ao seu lado que lhe apoiariam se algo assim acontecesse, mas, ele sabia que ninguém cuidaria dela como ele, porque Gilbert conhecia todos os seus medos, e sabia de cor cada mudança de humor dela. Ninguém a abraçaria como ele, quando Anne chorasse de desespero pelo filho perdido que sempre seria uma dor em seu coração. Ninguém seguraria suas mãos como ele mostrando-lhe tudo o que o futuro deles juntos poderia ser. Ninguém a faria sorrir quando ela se afundava em sua mágoa como só ele conseguia fazer, e ninguém a amaria como ele a amava, porque a vida de ambos estava entrelaçada por milhares de sonhos, sentimentos, desejos e um laço tão forte que pessoa nenhuma no mundo conseguiria construir com ela um elo tão perfeito.

Gilbert sentiu seu peito se apertar ao pensar em tudo o que tinham planejado, esperava que se sua vida estivesse se findando nesse mundo, ele tivesse tempo de realizar algumas da coisas que Anne desejava. Ele queria casar com ela em Paris e ter uma lua de mel incrível em qualquer lugar do mundo que ela sonhasse. Ele queria que pudessem terminar a casa que estavam construindo em Avonlea, e ver o sorriso dela quando por fim pudessem pôr os seus pés dentro dela. Ele desejava apertá-la ainda em seus braços algumas vezes, e ver o brilho das estrelas com ela sentada a seu lado, e queria poder fazer amor com Anne tantas vezes mais até que tudo desaparecesse e se resumisse em apenas seus olhares e corações batendo no mesmo ritmo, com a mesma emoção e com a força do mesmo sentimento. Gilbert queria tantas coisas, mas, será que teria tempo? Ele não era de ser pessimista ou ver tragédias em qualquer surto ou doenças, mas, ele não podia negar que um certo sentimento negativo estava tirando o   seu sossego.

- Boa noite, Gilbert. - uma voz conhecida chegou em seus ouvidos, e surpreso, viu Dora parada na porta olhando-o daquele seu jeito inquisidor.

- Boa noite, Dora. O que faz aqui? - ele não foi duro, e nem sarcástico, o tom que usou foi neutro apesar das circunstâncias. O rapaz não estava a fim de brigar ou discutir, Queria ficar sozinho com seus pensamentos e a noite insone que com certeza seria sua companhia principalmente naquela noite

- Eu terminei meu expediente no estágio, e vim te fazer uma visita. Mas, não se preocupe, estou aqui como a amiga que sempre fui, e não como a mulher que se apaixonou por você. - ela se sentou em uma cadeira perto da cama dele, mas, cuidou para deixar uma boa distância entre eles. – Como você está?

- Estou bem, Dora.  Vou ter que ficar aqui até que os resultados dos exames atestem o que eu tenho. - ele a observou melhor enquanto falava e teve a nítida impressão que ela era a mesma garota que ele conhecera quando viera para a faculdade, e não aquela estranha que se apossara do corpo dela  nos últimos meses  levada por uma paixão louca que dizia sentir por ele, porém, ele não iria confiar tão fácil nela de novo, principalmente em respeito à Anne.

- Eu fiquei sabendo do seu desmaio na faculdade. É a primeira vez que sentiu algo assim? - ela parecia sinceramente interessada em sua saúde, sem aquele olhares insinuantes e ousados que o deixavam desconfortável.

- Eu tenho tido enxaquecas a um bom tempo, mas, nunca tinha sentido tontura ou desmaiado, por isso, o Dr. Byron quer me manter aqui por alguns dias até que eu tenho certeza do mal que me afeta.

-Você tem alguma ideia do que pode ser?

-   Não faço a menor ideia. - Gilbert respondeu com sinceridade.

- Será que não pode ter alguma coisa a ver com sua amnésia? - Dora disse levando Gilbert a traçar a mesma linha de pensamento de momentos atrás.

- Eu cheguei a considerar isso, mas, não quis ficar me martirizando com algo que ainda não sei do que se trata. - ele se sentou na cama e encarou Dora de frente que olhava para as próprias mãos pensativa.

- Eu não sei se devia mencionar isso, mas, eu vi a Anne quando ela saiu daqui hoje. - Gilbert sentiu certa apreensão em ouvir isso. Ele mesmo não contara para Anne que Dora estava trabalhando no hospital, pois não queria que ela ficasse aborrecida, mas, também não esperara que fosse ficar internado logo ali, causando inevitavelmente o encontro das duas.

-E?- ele perguntou preocupado pelo que viria.

- Ela não me pareceu nada bem, Gilbert. Talvez fosse bom pedir para o meu tio dar uma boa olhada nela. - Gilbert a fitou espantado.

- Por que se importa, Dora? Pensei que a odiasse.

- Gilbert, eu não a odeio. Temos nossas diferenças por sua causa, mas, eu sei que a maior parte da culpa é minha. Não sei o que me deu, me desculpa. Agi feito uma louca e nunca fui assim. Anne me magoou sim com tudo o que me disse, mas, se eu estivesse no lugar dela teria feito a mesma coisa. - ela percebeu o olhar de dúvida de Gilbert e se apressou em dizer. - Não me olhe assim, Gilbert. Eu estou sendo sincera. Você tem todas as razões do mundo para não confiar em mim, porém, quero dizer que sinto falta da nossa amizade, e quando digo amizade, é isso mesmo.

- Eu não sei. Anne não vai gostar de saber que nos aproximamos de novo, e eu não quero vê-la sofrer de novo por desconfiança e ciúme.

- Eu quero consertar isso, eu juro. Ela não terá mais motivos para duvidar das minhas intenções, e também não penso em você mais desse jeito. Eu estou saindo com outra pessoa e estamos nos dando muito bem. Não quero mais confusão, e nem me sentir culpada por tudo que fiz. Tive bastante tempo para pensar sobre cada burrada que fiz, e sei que não é muito e nem conserta nada entre nós, mas quero dizer que sinto muito por tudo. - Gilbert assentiu, pois não havia nada para dizer. Ela parecia estar sendo sincera, porém, ele não queria ter que lidar com aquilo naquele momento enquanto tinha uma espada suspensa sobre sua cabeça.

- Vou deixá-lo descansar.  E acredite, vai dar tudo certo. - Dora. disse com um sorriso saindo do quarto e deixando Gilbert sozinho

Aquilo tinha sido uma surpresa e tanto. Quando ele imaginaria que sua antiga amiga apareceria por ali para lhe dar uma força? Se ela estava sendo sincera ou apenas blefando ele não sabia, mas, em uma coisa ela estava certa. Anne não estava bem, e talvez o suporte do Dr. Spencer fosse importante naquele momento, ele também tinha pedido para Jonas ir até o apartamento de Cole, e pedir que ele viesse falar com ele. Naquele instante, ele era o único amigo dela que estava mais próximo, e como sabia que os dois se amavam como irmãos, Gilbert achava que Anne se sentiria melhor se Cole ficasse por perto enquanto ele não pudesse voltar para casa.

 A enfermeira da noite apareceu com seu jantar, e depois de tomar um banho quente, ele se sentou perto da janela para engolir a sopa sem gosto, e poder olhar para a paisagem lá fora que já se encontrava na mais pura escuridão, mais ainda assim não deixava de ser encantador ter o céu cheio de estrelas em seu campo de visão enquanto todo o resto permanecia no escuro. Ele se lembrou de seus dias no navio quando tinha por companhia esse mesmo céu, e se deu conta admirado de quantas coisas haviam acontecido desde então ao garoto que fugia de sua mágoa, e que queria apenas ir o mais longe que pudesse e nunca mais retornar ao lugar onde não lhe sobrara nada pelo que voltar.

Entretanto, ele voltara com sua mala vazia de sonhos, mas, com uma vontade ferrenha de fazer a diferença em mundo onde muito pouco havia a seu favor, e ele fora longe, até onde seu coração o levara como Anne lhe dissera uma vez, que se ele deixasse sua imaginação à solta poderia alcançar tudo o que quisesse, porque era para isso que serviam os sonhos. E ele chegara mais longe do que tinha sonhado um dia, e só não queria perder tudo aquilo cedo demais;

Gilbert terminou o seu jantar e se deitou na cama, pensando no que faria para passar o tempo até que o sono chegasse. Ele tinha direito a mais uma visita à noite, mas, ele sabia que Anne não voltaria naquele dia, porque ele mesmo havia pedido a ela que descansasse, e quando pensou que amargaria horas vazias sem uma viva alma para conversar com ele, Cole apareceu  

O amigo de Anne chegou sorridente, com aquele seu rosto de traços agradáveis e olhos simpáticos. Coe Mackenzie era um rapaz muito simples, mas, com uma alma tão nobre que fazia Gilbert se admirar como alguém que sofrera tantos abusos na vida conseguia ser alguém tão leve daquela maneira.

A escola de Avonlea nunca foi um lugar agradável para ele que desde pequeno tivera que aguentar as crianças maiores zombarem de seu jeito afeminado, porém, Gilbert nunca o vira revidar. O rapaz não sabia se era porque Cole se sentia fraco e incapaz de se defender, ou se ele ficava quieto pensando que assim todos se esqueceriam dele deixando-o finalmente em paz. Era tão triste ver uma pessoa que tinha tanto a oferecer ao mundo ser humilhado daquela maneira. Billy Andrews era sempre o primeiro da fila para fazer Cole passar pelas piores experiências, e no fim, quem riu por último fora o amigo de Anne, pois pôde colocar sua arte em prática se tornando um artista completo enquanto que Billy estava perdido para o mundo, e totalmente fracassado.

- Boa noite, Gilbert. Você pediu para me ver? - ele lhe perguntou se aproximando da cama com seu andar calmo e gestos agradáveis.

- Oi, Cole. Esperava encontrá-lo em melhores condições totalmente diferente dessas, mas, nem sempre podemos contar com a sorte. - Gilbert riu tristemente.

- Seu amigo me contou o que aconteceu. Como está a Anne? - ele perguntou preocupado.

- Se aguentando como pode. Você a conhece. Ela precisa estar no chão para confessar que precisa de ajuda. –

- Quando saberá ´o resultado dos exames? - Cole disse puxando a cadeira para perto da cama de Gilbert.

- Em dois dias, e não terei alta enquanto não souber o diagnóstico. - ele suspirou. Não queria ficar ali, na verdade, ele queria ir para casa ficar com Ane e aproveitar todo o tempo que pudesse com ela caso não pudesse fazer isso mais tarde.

 - Você tem ideia do que pode ser, Gilbert? Anne me disse que você andava tendo dores de cabeça. Acha que pode ser sério? - Cole perguntou com o queixo apoiado nas mãos.

- Sim, Cole pode ser sério como também pode não ser. Para você eu vou dizer porque não tive coragem de falar com a Anne sobre isso. Pode ser sequela do meu traumatismo craniano quando levei o tiro e bati a cabeça. – ele admitiu em voz alta o que o vinha preocupando.

- E você não acha que a Anne tem direito de saber? Esconder as coisas dela não vai fazer nenhum bem. - Cole disse em tom de reprovação.

- Ela vai saber no momento certo. Quando eu tiver o resultado em mãos poderei dizer algo de concreto para ela, porque por enquanto são só suposições e não quero vê-la desesperada sem ter certeza de nada.

- Eu entendo. Mas, por que me chamou aqui?

- Porque quero te pedir um favor. Eu sei o quanto ama a Anne, e sempre a apoia em tudo, e por isso, eu pensei que você seria a melhor pessoa para ajudá-la. – ele parou de falar um instante, tentando colocar toda coerência possível em suas palavras. Como era difícil pedir aquilo, mas tinha que ser feito ou ele não teria paz. - Eu não sei como serão as coisas daqui para frente, e até que eu saiba qual é o problema em minha cabeça, não tenho como programar ou planejar nada.  Portanto, eu queria te pedir que se qualquer coisa acontecer comigo, cuida da Anne para mim? Eu sei que ela é muito forte, mas, eu tenho medo do que pode acontecer com ela se eu não estiver mais aqui. Eu posso suportar qualquer coisa, menos vê-la sofrer ainda mais por minha causa. – sua voz tremeu um pouco ao pensar naquela possibilidade, porém, ela existia e Gilbert não tinha como escapar daquilo.

- Gilbert, você não está´ pensando que pode morrer, não é? – Cole disse incrédulo sobre o que acabara de ouvir.

- Eu não sei o que pode acontecer, Cole, e me apavora pensar em Anne sozinha. Por favor, me prometa que vai fazer de tudo para que ela fique bem.

- Olha, eu não sei o que se passa na sua cabeça, e também não sei se quero saber. Mas, é algo terrível de me pedir. É lógico que eu cuidarei dela em qualquer situação, porém, você não pode me fazer vir até aqui e jogar essa bomba em cima de mim. Você tem consciência do que significa para Anne? Tem noção do quanto ela te ama? Você é o mundo dela, e se algo te acontecer, eu tenho certeza que vai carregá-la junto. Por que ao invés de se apegar a esse sentimento negativo, não se empenha em sair daqui e ficar bom, não importa qual seja o diagnóstico?  Você deve isso a si mesmo e a Anne. - Gilbert nunca vira Cole alterado, mas naquele exato momento, ele estava.

- É lógico que vou lutar para ficar bom. Anne é meu mundo também, e não há nada que eu não faria para vê-la feliz. Porém, e se não depender de mim? E seu meu destino já estiver traçado? Existem coisas que não podemos prever e nem mudar, por isso, Cole, me prometa que vai cuidar dela para mim. - sua garganta estava doendo, e ele não queria chorar, pois  não poderia sucumbir a sua própria fragilidade naquele momento.

- Está bem. Se é tão importante para você, eu prometo, mas, também faça um favor a  si  mesmo e a Anne. Conte a ela tudo o que me disse, pois ela merece saber por mais dolorido que seja, pelo menos, ela vai entra nisso sem grande ilusões.

- Vou tentar. Obrigado, Cole. - Gilbert disse assim que viu o rapaz se levantar e se encaminhar para a porta.

- Por nada, e por favor, fique bem.- o rapaz disse ao se despedir.

E assim que Gilbert o viu sair para o corredor e fechar a porta ele chorou todas as lágrimas do seu coração.

 

GILBERT E ANNE

 

Nunca os braços de Cole pareceram tão convidativos como naquele momento, e Anne estava grata por ele estar lá mais um vez em um momento de sua vida tão delicado.

Ela se deixou ficar agarrada ao amigo, seu único apoio naquele instante, e chorou todas as lágrimas possíveis. Anne sentia que precisava colocar aquilo tudo para fora, antes que se perdesse na mais negra escuridão.

 - Calma, Anne. Tudo vai passar. Você já enfrentou coisas piores antes, só precisa ter um pouco mais de fé desta vez. - Cole disse tentando acalmá-la, mas as palavras de Gilbert ainda queimavam em seus ouvidos. Ele não queria nem pensar no que seria da amiga se algo acontecesse com Gilbert.

- O que eu faço, Cole? Estou perdida e tão cansada. - ela queria acreditar nas palavras do amigo, mas era tão difícil ser otimista quando sua força sempre viera de Gilbert, e agora ele não estava ali, e ela perdera seu apoio incondicional.

- Eu sei, meu amor. Você tem todo o direito de se sentir assim. Mas, lembre-se que o Gilbert precisa de você, e para ele também deve estar sendo terrível lutar contra tudo isso. - Cole disse lembrando-se de toda a conversa que tivera com o rapaz.

- Eu sei. Eu queria ficar com ele no hospital, mas, ele me fez voltar para casa   Ele disse que era para eu ir para a Faculdade, e fazer todas as coisas que costumo fazer, pois não era justo eu perder dia de aula por causa dele. Como ele pode se preocupar comigo nessa hora, quando todos os pensamentos deveriam estar apenas em si mesmo? - ela se sentia inconformada com aquilo.

- Ele te ama, por isso se preocupa com você. - Cole disse se sentando com ela na sala.

- Eu também o amo, e preciso dele, e não vou abandoná-lo de forma nenhuma nessa situação. - ela tinha lágrimas rolando pelo rosto, mas não se importava.  Ela queria Gilbert de volta em casa e pensar que teria que suportar dois longos dias sem ele doía demais.

 - Fazer suas coisas normalmente não quer dizer que vai abandoná-lo. Está apenas se fortalecendo por dentro. Você não pode ficar em volta dele vinte quatro horas por dia, Anne. - Cole disse com carinho. Ele sabia que ela estava apavorada, podia ver em seus olhos.

- Cole, eu não posso perdê-lo. Juro que estou tentando ser forte, mas, sinto que falta-me o ar, uma parte de mim que está com Gilbert e que sem ele não vai sobreviver. - Cole se ajoelhou do lado dela e tocou-lhe as mãos.  Precisava tirar Anne daquela linha de pensamento ou ela surtaria a qualquer momento, e isso não faria nenhum bem a ela ou a Gilbert.

- Pare de pensar assim, Anne. Vai ficar tudo bem. Você ainda nem sabe qual é o diagnóstico do problema de Gilbert. Está fazendo suposições antes da hora. - Internamente Cole rezava para que fosse algo simples, senão Anne entraria em um processo de sofrimento novamente que ela não merecia. Quanta dor ela já tinha suportado, será que teria que lutar contra mais uma?

- Queria não me sentir assim, porém, tenho tido esses pensamentos já faz dias, desde que ele começou com essas dores de cabeça.  Tem algo dentro de mim que não me deixa ficar tranquila.  Eu não quero pensar nisso, mas meu coração se aperta. Sem contar que odeio imaginá-lo sozinho naquele hospital. - ela se levantou do sofá e ficou em pé no meio da sala, seu peito cheio de apreensão.  Ela odiava essa impotência, essa sensação de querer fazer algo e não poder.

- Por que não vamos para a cozinha e fazemos um chá. Você está precisando de uma boa xícara. - Anne não tinha vontade de fazer nada.  Tudo o que queria era voltar para o hospital, mas, pela hora não permitiriam que ela entrasse, assim, aceitou a oferta de Cole, e o levou até a cozinha onde prepararam chá de camomila acompanhado de rosquinhas.
Quando o amigo foi embora, ela sentiu o peso do que seria aquela noite sem Gilbert, e se deitou na cama sem esperanças nenhuma de que conseguiria dormir. Sua cabeça girava com tantos pensamentos causando lhe ainda um pavor pior do que já estava sentindo antes.

Ela foi para a faculdade no dia seguinte sentindo -se doente, sua cabeça pesava, seu estômago doía e seus nervos estavam em frangalhos.
Foi difícil entrar naquele lugar imenso sabendo que não ouviria o riso de Gilbert ao implicar com ela por algum motivo , ou esperaria ansiosa pelo horário do intervalo sabendo que ele estaria lá esperando por ela, e os olhares de compaixão de outros alunos sobre ela que sabiam o que tinha acontecido com Gilbert a fizeram se sentir pior. Sharon veio a seu encontro assim que a viu chegar.

- Pensei que não viria hoje. O Jonas me contou. Sinto muito, minha amiga. - Anne apenas balançou a cabeça. Não tinha condições de falar nada. Sharon compreendendo sua vontade de ficar em silêncio, disse. - Vamos entrar. - ela pegou no braço de Anne e a guiou até seu lugar habitual, e assim permaneceram por algum tempo até que o professor de literatura iniciou sua aula sobre clássicos, e escolheu Romeu e Julieta como obra para discussão.  Anne sentiu seu coração palpitar. De todos os trabalhos de William Shakespeare, ele tinha que escolher justo aquele? Aquela história significava muito para Anne, e ela sempre se lembrava com carinho de sua apresentação com Gilbert na escola de Avonlea, mas, naquele dia específico, quando suas emoções estavam alteradas ela sequer conseguia pensar direito. Então, seu professor, depois de alguns segundos exaltando os pontos mais interessantes da história, se virou para Anne e disse:

- Querida, Srta. Cuthbert.  Poderia nos dar a honra e ler a parte em que Romeu e Julieta se encontram no balcão?   Eu gosto muito de sua paixão quando reproduz as falas dos personagens. -

Anne quis recusar, mas sentiu sobre si todos os olhares dos outros alunos, bem como o   do seu professor que esperava cheio de expectativa por mais uma de suas grandes performances. Assim, ela se levantou, clareou a garganta e começou a ler. Sua voz arranhou sua garganta e soou estranha aos seus ouvidos, mas mesmo assim, ela continuou em um ritmo lento sem grande paixão, mas, de repente, conforme as linhas familiares iam saindo pelos seus lábios, ela se lembrou daquele dia em que ela e Gilbert disseram aquelas mesmas palavras, para várias pessoas, mas fora como se não existisse mais ninguém naquele palco onde seu amor era declarado nas falas de dois amantes fictícios  que se perpetuavam pelos séculos. Então, ela engasgou, sua voz silenciou enquanto muitas lágrimas molharam seu rosto suave, ela não conseguiu continuar, e abaixou a cabeça derrotada.

- Srta. Cuthbert. Está se sentindo bem? - ela ouviu a voz do professor preocupado, e logo sentiu Sharon ao seu lado:

- Eu cuido dela, professor. Venha comigo, querida. - e ela se deixou levar pelas mãos de Sharon como se fosse uma criança perdida que a puxou para fora da sala, e se sentou com ela em um banco no corredo9r.

- Anne, diga-me o que está sentindo. - a ruivinha enterrou a cabeça nas mãos, e balançou a cabeça com força. Depois, ela a levantou novamente e fitou Sharon com seus olhos enormes e avermelhados e disse:

- Eu não devia ter vindo.  Fui teimosa demais em insistir.

- Então, por que não ficou em casa descansando?  Eu podia te levar a matéria depois. -  Sharon disse acariciando os cabelos de Anne.

- Gilbert me fez prometer que viria. Ele não quer que eu seja prejudicada por conta da enfermidade dele, e foi por isso que vim, mas, eu não consigo ficar aqui sem ele, Sharon. Eu fico pensando o tempo todo nele sozinho naquele hospital. Eu quero estar perto, abraçá-lo, beijá-lo, protegê-lo de qualquer coisa que possa feri-lo de verdade.

- Anne, você está’ se martirizando por algo sobre o qual ainda não sabe nada. Precisa ter paciência e esperar que os resultados dos exames te mostrem a realidade dos fatos. - Sharon disse tentando fazê-la raciocinar com clareza.

- Eu sei que posso estar parecendo dramática demais, mas, eu sinto algo dentro de mim que me diz que ele não está bem. Eu não sei bem como explicar, mas sempre tenho esses sentimentos quando algo   ruim está perto de acontecer, e quando é relacionado a Gilbert, esta sensação é ainda pior. - ela disse passando a mão na testa nervosa.

- São presságios. Minha mãe sempre me falou sobre isso. Ela tinha esses mesmo tipos de sentimentos em relação a sua irmã. As duas eram muito unidas, e talvez por isso a conexão fosse tão forte, assim como é entre você e Gilbert. Porém, nem sempre significam tragédias, às vezes são apenas emoções confusas vindas da vibração do outro no momento em que precisa de nós. Eu não sei se você acredita nessas coisas. Apenas estou te contando porque é isso que acontece com minha mãe.

- Eu acredito sim, e sei que lá´ no fundo é verdade. Gilbert está precisando de mim agora, mesmo que ele diga que não. - Anne disse passando a mão várias vezes pelas suas coxas cobertas por uma calça jeans.

- Então, porque não faz o que seu coração manda, e vai vê-lo? Eu me encarrego de avisar o professor.

- Mas, eu tenho monitoria. - Anne disse em protesto.

- Não se preocupe com isso. Você não está em condições de trabalhar hoje. Vou falar com Susie, sua coordenadora, tenho certeza que ela vai entender. - Sharon disse se levantando do banco junto com Anne.

- Obrigada, Sharon. - ela disse abraçando a amiga

- Não precisa agradecer. Você não está sozinha. Vou estar aqui se precisar.

Logo Anne estava em um táxi em direção ao hospital. Ainda não era hora de visita, mas, ela daria um jeito de ver Gilbert. Não sairia daquele hospital enquanto não enxergasse o rosto de seu noivo na sua frente. Por sorte, quando chegou lá, ela encontrou Jonas que está seu turno de estágio e deu um jeito de lhe facilitar a entrada. E assim que chegaram na porta, ele disse:

- Não se preocupe. Vou dar providenciar para que não sejam perturbados e possam ficar juntos o tempo que quiserem.

- Obrigada. Eu nem sei o que dizer. - ela disse beijando a mão dele.

- Não precisa dizer nada. Apenas vá lá e faça meu amigo feliz. Ele me pareceu muito triste esta manhã. - Anne assentiu e entrou no quarto fechando a porta sem fazer muito barulho, e logo viu Gilbert deitado na cama olhando em direção a janela.  Ao primeiro ruído dos passos dela, e se virou encarando-a surpresa enquanto dizia:

- Anne, o que está fazendo aqui? Não devia estar na faculdade? - ela abaixou a cabeça sabendo que ele iria se zangar.

- Não pude. Eu fiz o que me pediu, mas, não consegui ficar lá. Por favor, não fica bravo comigo, Gilbert. -  A voz dela tremeu e ela sabia que estava a ponto de chorar. Odiava essa sua versão de sentimental, se derretendo a toda hora, mas, não conseguia se controlar aquela cachoeira que transbordava quando menos ela esperava.

-  Chega mais perto de mim. - ele disse, e Anne levantou seu olhar para ele, e percebeu como no outro dia que ele lhe estendia os braços, e se envolveu neles suspirando de alivio.  Deus! Como ele lhe fazia falta. Era ali que deveria ficar sempre. Não ia deixar que a vontade de Gilbert a fizesse prometer coisas que não conseguiria cumprir. Era ali que iria ficar, ele querendo ou não.

- Eu não estou bravo. – ele falou baixinho beijando-lhe os cabelos. - Só te pedi para ir para a faculdade porque pensei que você poderia se distrair longe desse ambiente deprimente de hospital. Você passou muito tempo dentro dele da outra vez, e não queria que tivesse aquelas lembranças desagradáveis de volta. - ele afagou o rosto de Anne com carinho e com um sorriso suave ele disse:- estou feliz que tenha vindo. Estava com saudades. - ele a atraiu para ele e seus lábios se colaram calorosos, apaixonados e saudosos. Então, eles se separaram pesarosos pela falta de ar que não deixou que continuassem sentindo o sabor um do outro.

- Eu te amo. - ele disse acariciando-lhe as bochechas.

- Eu também amo você. - Anne disse dando um selinho simples em Gilbert e depois deitou sobre o peito dele, onde ficou por horas sem se mover, e só deixando-o realmente quando precisou ir para casa, mas, prometendo voltar no dia seguinte para esperar com ele elo diagnóstico do médico.

Naquela noite, o sono lhe veio mais fácil, talvez porque seu coração estivesse mais sereno pelas horas passadas com Gilbert. Ele tinha o dom de fazê-la melhorar, mesmo que estivessem em uma situação tão delicada e não soubessem o que esperar dela.

Na manhã seguinte ela não foi para aula, pois estava ansiosa demais e não conseguiria se concentrar em nada, por isso, preferiu ficar em casa se ocupando de alguns afazeres até a hora da visita de Gilbert, e quando o momento chegou, ela deu um beijo em Milk, trancou o apartamento e seguiu até o hospital de táxi, onde desceu e se dirigiu apressada para o quarto de Gilbert,

Ao entrar lá, o médico já falava com ele enquanto Gilbert exibia uma fisionomia pálida, mas calma. Quando ele viu, Anne na porta, ele lhe estendeu a mão e ela se aproximou dele entrelaçando os seus dedos, e olhando fixamente para o médico que lhe sorria com simpatia.

- Você deve ser a noiva de Gilbert. Muito prazer, sou o Dr, Byron e estou cuidando do caso de seu noivo. - eles apertaram as mãos e Anne perguntou:

- Já tem um diagnóstico, doutor? - ela se sentia ansiosa demais pela

- Sim, eu estava conversando com ele sobre isso agora mesmo.

- E? - Anne perguntou prendendo a respiração, e esperando pela resposta do médico.

- Seu noivo tem um coágulo no cérebro, Srta, causado por um trauma que ele teve a meses atrás pelo que ele me contou. Esse problema é muito comum em casos assim.

- E é grave? - Anne tentando entender o que tinha realmente de errado com Gilbert.

- Não vou mentir, para você. É grave sim, justamente por estar em um local próximo da lesão que ele sofreu. E como Gilbert teve um caso de perda de memória, isso piora mais ainda a situação dele.

- Tem cura? - o peito dela começava a se apertar e uma falta de ar tomou conta de seus pulmões que se comprimiam em agonia, mas, ela lutou bravamente para não deixar que o mal-estar que subia por seu corpo tomasse conta dela naquele momento.

-  Isso depende muito do caso, Na situação de seu noivo, eu expliquei que existe um medicamento em fase experimental que podemos tentar, mas, se não resolver somente uma cirurgia poderia corrigir o problema. - Anne tentava se concentrar em cada palavra do médico, mas, estava cada vez mais difícil controlar o pânico e a ansiedade que se instalava dentro dela.

- Ele corre o risco de perder a memória ou morrer? - ela perguntou sem rodeios. Ela precisava saber de tudo de uma vez, para poder compreender contra o que teriam que lutar dessa vez. Não queria ser pega de surpresa como da outra vez.

- Tudo é possível, Srta.  Estamos falar de uma cirurgia no cérebro que por menor que seja é sempre um risco.

- Entendo. - ela disse, mas, no fundo não entendia. Não queria aceitar que um rapaz maravilhoso como Gilbert pudesse passar por tudo aquilo, e ainda por cima poderia perder a memória novamente ou morrer. Ela queria gritar, espernear, socar a parede por saber que poderia perder o homem de sua vida para sempre. Aquilo era horrível, injusto e completamente irracional.

- De qualquer forma. Estou dando a ele alta para ir para casa. Gilbert deve começar a tomar a medicação ainda hoje, daqui a um mês faremos novos exames e se tudo estiver bem descartamos a cirurgia. - o médico concluiu, e assim apertou a mão de Anne e de Gilbert, e saiu deixando-os sozinhos.

Eles pouco se falaram depois que o médico saiu, cada um perdido em seu próprio pensamento. Anne ajudou Gilbert a arrumar as poucas coisas que levara para o hospital, pegaram um táxi, passando primeiro na farmácia para comprar a medicação que o médico prescrevera e depois foram para o apartamento.

Assim que abriram a porta, Anne olhou para Gilbert e perguntou:

- Quer que eu te prepare algo para comer?

- Não. Acho que vou me sentar aqui no sofá e brincar um pouco com Milk. Estou com saudades desse pestinha. - Gilbert disse sorrindo enquanto o cachorrinho pulava para o seu colo.

- Nesse caso vou tomar um banho e já ‘volto para te fazer companhia. - ela disse beijando-o no rosto e se apressando em ir para o banheiro. Ela precisava de um momento sozinha para desabar longe dos olhos de Gilbert, pois controlara o choro até ali por causa dele, mas, necessitava de um minuto de descontrole, para depois se recompor e se preparar para mais uma batalha.

Assim, ela fechou a porta do banheiro, abriu o chuveiro, para que Gilbert não a ouvisse chorando, e depois se encostou na porta e deu vazão ao seu desespero que durou cerca de dez minutos, só então ela tomou um banho, se vestiu e voltou para a sala.

Assim que Gilbert a viu, ele sorriu com aprovação para o vestido azul simples que ela usava. Estravam quase na primavera, e os dias eram agradáveis não sendo necessário vestir roupas tão pesadas. Para sua surpresa, ele se levantou, foi até o aparelho de som, colocou uma música suave, e estendeu a mão para ela dizendo:

- Vem dançar comigo.

- Desculpe-me, Gilbert. Não estou no clima para dançar. - ela disse se aproximando dele.

- Por favor, Anne, por mim. Faz tanto tempo que não dançamos juntos.

- Não sei se consigo. Não posso simplesmente fazer o jogo do contente de Polyana e esquecer o momento que estamos vivendo. - ela respondeu segurando na mão dele, mas se recusando a se mover ao sabor da música.

- Querida, eu sei que é difícil, mas, por favor, tente deixar   qualquer sentimento ruim para fora desse momento e se concentre apenas em mim- Anne o olhou já sabendo que cederia, nunca conseguia dizer não para Gilbert, principalmente quando ele sorria para ela daquele jeito. Assim, ela o enlaçou pelo pescoço ao mesmo tempo em que Gilbert segurava em sua cintura, e começaram a dançar no ritmo lento da música.

- Você se lembra a primeira vez que disse que me amava. - ele perguntou perto do ouvido de Anne causando-lhe arrepios.

- Sim. Foi logo depois de você ter caído daquele cavalo na viagem que fizemos com a escola. - ela disse sorrindo das lembranças.

- Você me disse que eu era o príncipe encantado de qualquer garota e eu nunca me esqueci disso, porque eu não respondi naquele momento, mas, queria ter falado que não queria ser o príncipe de qualquer garota mas, sim apenas o seu príncipe. - ele beijava seu rosto, a testa, o pescoço, e Anne já estava entrando naquele clima sensual que somente Gilbert Blythe conseguia provocar.

- E quando fizemos amor pela primeira vez, e eu te perguntei se você tinha certeza de que era aquilo mesmo que queria, e você se lembra do que me respondeu? - as mãos dele estava em suas costas e alcançavam o zíper do vestido, mas, Anne ainda conseguiu responder:

- Eu disse que a vida era muito curta para que eu quisesse desfrutá-la sozinha, e que queria passar cada dia que me restasse nesse mundo ao seu lado. - ele desceu o zíper e afastou a alça do vestido, beijando o ombro dela, e Anne começou a sentir seu corpo amolecer junto ao de Gilbert.

- Então, agora é a minha vez de te dizer que não importa se teremos dez anos ou dois dias juntos, que quero passá-los todos com você.

- Gilbert, eu...- ela ia protestar. Não queria pensar que restava tão pouco tempo assim para que vivessem aquele amor. Ela queria uma vida inteira e até a eternidade para que Gilbert nunca se separasse dela.

- Não, Anne. Não diz nada. Eu te amo, e você sabe disso. - ele pegou a mão dela e a colocou em cima do próprio coração e disse:- Vê como meu coração bate por você? Como meu corpo queima em contato com o seu? – ele atirou o vestido dela no chão junto com a sua própria camiseta que ficou jogada no tapete, e puxou Anne para mais perto, colando suas peles ardentes. - Eu quero você, Anne desse jeito para sempre. Nenhuma mulher no mundo seria capaz de me fazer quase explodir de desejo como você me faz.- ela não respondeu ao que ele dissera, pois não precisava. Suas próprias reações a denunciavam, e quando a boca dele cobriu a dela ela já estava em chamas.

Ele se deixou no sofá e a puxou para ele, e antes que os quadris dela encostassem nos dele, Gilbert já tinha tirado sua lingerie e todas as suas próprias roupas. Suas pernas se enroscaram, e Anne beijou Gilbert inteiro até fazê-lo gemer por ela. Ela deixou a inibição de lado e foi muito além do limites que estava acostumada, e tocou Gilbert de todas as formas que imaginou, se sentindo plenamente satisfeita ao ver os olhos dele tão escuros e o rosto em êxtase enquanto estremecia pelo contato da boca dela em sua pele. Gilbert também tocou cada parte dela , e a cada toque ou beijo, ele dizia que a amava e Anne sentiu a plenitude daquelas palavras dentro dela, enquanto ele deslizava os lábios pelo seu pescoço, provocando os seus seios  sempre prontos para receber as carícias dele, descendo pelo seu abdómen até chegar em sua intimidade úmida que implorava para ser possuída, e quando ele a tornou sua mulher novamente, ela não pôde evitar de deixar escapar um gemido alto ao sentir Gilbert dentro dela mais uma vez. Eles se movimentavam lentamente em perfeita comunhão de seus sentidos como se não quisessem que aquele momento acabasse. Gilbert olhou para ela com seus olhos castanhos quase translúcidos pela paixão e disse:

- Sinta como meu amor por você se multiplica toda vez que te faço minha. Eu jamais quis alguém assim, e nunca mais vou desejar ninguém. Você está em minha pele, em minha cabeça e meu coração, e vou amar você para sempre dessa mesma maneira. - Anne ia responder, mas, não teve tempo porque uma onda de prazer tão intensa a tragou com sua energia, e ela se agarrou a Gilbert flutuando naquela onda de volúpia que compartilharam juntos até o final, quando seus corpos cansados permaneceram ainda colados, sem vontade nenhuma de se separarem.

- - Eu nunca mais quero te ver chorando. - ele disse beijando o rosto dela.

- Eu não estava chorando. - ela protestou mantendo os olhos fechados, sentindo o corpo de Gilbert ainda no seu.

- Estava sim, Pensa que não sei que se trancou no banheiro para que eu não te visse chorando? - Anne riu baixinho ao pensar que nunca conseguia esconder nada de Gilbert, ele sabia ler cada expressão do eu rosto sem fazer muito esforço.

- Desculpe. Eu estava nervosa demais e precisava desabafar.

- Pois daqui para frente quero apenas vê-la sorrindo, porque o seu sorriso é a coisa mais linda que eu já vi, e o mundo merece ter acesso a essa maravilha.

- Prometo que vou tentar. - ela disse beijando o peito dele várias vezes.

- Quero apenas que saiba que não importa o que vamos enfrentar, eu não estou mais com medo porque você está comigo, e eu posso passar por qualquer coisa se estivermos juntos, - ele acariciou as costas dela e Anne respondeu:

- Eu prometo que estarei com você a cada passo do caminho, e nada no mundo vai tirar você de mim de novo. Eu te amo e é assim que vamos estar sempre juntos. - ela entrelaçou suas mãos nas dele e então o beijou, sabendo que os dias que viriam não seriam nada fáceis, mas acreditando no fundo de seu coração que depois daquela nova tempestade dias de sol viriam e eles poderiam viver aquele amor  do jeito que mereciam, cheios de flores de primavera e manhãs iluminadas de esperanças.

 

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Notas Finais


Boa leitura


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