— Nos respondam agora! — Alice levantou a voz para uma tonalidade mais severa.
Katie e Luke os olharam com nervosismo. Alice chamou a atenção de quase toda a cafeteria. Jonas e Kim se olharam, percebendo que pediram para que seus pais não os pegassem na escola para ver uma Alice irritada. Iriam fazer os irmãos Queen abrirem a boca. O nervosismo na cara de Katie passou e tomou a mesma expressão que Alice.
— Não somos obrigados a nada!
— Fiquem calmos... Só te perguntei se queria jogar algo ou ficar com a gente — Luke aos olhos dos três se passou de inocente.
— Ah, tem pôquer no espaço sideral? Ou tem uma sinuca virtual? — a loira de batom sempre cor de rosa, destacando seus lábios carnudos, não ligava se meio mundo podia ouvi-la.
— Fale baixo!
— BAIXO!
— Chega, Alice! Você não está ajudando! — Kim falou seriamente. — Quem realmente são vocês?
— Nós... Não podemos te falar! Já falamos isso...
— Não vem com essa, Katie! — foi a vez de Jonas — Cara... Tem tanta coisa acontecendo...
— Eu sei, Jonas! Essas... Coisas...
— Não, Katie! Vocês dois não entendem! Não sabem que aconteceu com a gente!
— Jonas, vai por mim, sabemos o que é passar por loucuras... — Luke também falava em uma calma. Mas aquilo só o irritou, fazendo-o bater mão contra a mesa deles, as canecas dando uma tremida, dizendo:
— NÃO! VOCÊS NÃO SABEM! PAREM DE FALAR ISSO!
Todos olharam para Jonas. Uma raiva subiu a cabeça de dele junto a sua sanidade. O indignava quando eles falavam isso. Jonas compreendeu que são filhos de um vigilante mascarado. Claro que iriam ver coisas impossíveis acontecerem. Mas a raiva é muita.
— Jonas...
— EU ESTOU FICANDO LOUCO! COMO POSSO CONFIAR EM VOCÊS? EU POSSO SER MORTO A FACADAS ENQUANTO DURMO...
— Para Jonas! — Kim tentou impedi-lo.
— QUEREM VER A MARCA NAS COSTAS? QUEREM VER? JÁ RECEBERAM UMA MARCA NAS COSTAS?
— Para que está feio, Jonas! Todo mundo está olhando! — Alice empurrou Jonas para longe.
— VOCÊS NÃO SABEM O QUE SENTIR MEDO! NÃO SABEM COMO É PENSAR SE PODE MORRER NA HORA SEGUINTE!
Kim ajudou Alice. Jonas as empurrou e apontou o dedo aos dois irmãos.
— NENHUM DE NÓS TEM UM PAPAI RICO, MILIONÁRIO E UM VIGILANTE...
Alice tapou sua boca.
Katie e Luke se entreolharam receosos. Se levantaram e caminharam para fora da cafeteria.
— Vamos segui-los — disse Alice em voz baixa. Kim e Jonas a seguiram.
Os dois irmãos andaram conversando apressados. Provavelmente temiam as anomalias que poderiam acontecer. Nenhum deles sorria, apesar de umas provocações de Luke sobre Katie. A raiva de Jonas diminuía a cada passo.
Eles chegaram até um restaurante. Não estavam na mesma rua. Esconderam-se atrás de uma árvore e reconheceram Mick de longe. Ao lado, uma mulher loira. Supuseram que fosse outra alienígena.
— Não dá para escutar nada daqui! — resmungou Alice.
— É o máximo que dá! Como se algum de nós três tivesse super audição — Kim reclamou de volta. — Dá para escutar um pouco...
Kim escutava apenas poucas palavras dali, não considerando o quanto que estavam longe.
— Venham comigo... Ou melhor, fiquem aí até eu dar o sinal.
Alice segurou as alças da mochila e correu para outra árvore mais próxima. Fez um sinal e Kim e Jonas a seguiram.
— Quantas vezes vocês vão fugir dos seus pais?
— Até eles concordarem com a gente! — Katie respondeu a Sara. — Eles querem que nós viremos as costas para a verdade... É assim que Jonas, Rae e Kim vão viver? Sem conhecer os pais?
— Você fala como ele... Chega a ser irritante — murmurou Mick.
— Quantos deles devem existir? — Alice perguntou em relação a eles.
— Eles deviam entender isso! — resmungou Luke — Fala sério! Rip Hunter está bem na cidade onde Jonas está!
Ele engasgou de susto. Kim bateu as costas do amigo e tapou sua boca para não tossir alto.
— Vocês acham mesmo que ele acredita nisso?
— Jonas ou Rip?
— Os dois? — corrigiu Sara. — Como pode estar escrito em um relógio Rip Hunter?
— Kim... — Jonas a chamou — Você...
— Eu também ouvi — mesmo assim, Jonas achava estar louco ou sonhando.
— Alice...
— Eu não sou surda, querido!
— O filho dele está vivo e ele não sabe... Eu não aguento drama!
Um homem alto se aproximou deles.
— Tem certeza de que está escrito Rip Hunter?
— O que está escrito meu nome? — ele ouviu Mick perguntar.
— Kim, Kim, Kim, Kim... — chamava Jonas cutucando seu braço nervoso.
— Eu estou ouvindo, Jonas! Calma!
— Se você falar o meu nome mais de duas vezes eu faço você não ter mais voz! — ameaçou Alice sem tirar os olhos da cena.
— O que há com vocês? Por que não me responderam? — indagou Rip.
— Nada. Besteira — mentiu Sara.
— O que estão escondendo? Que coisa tem o meu nome?
— Ele falou mesmo Rip Hunter? Será que a pronúncia do nome que está no relógio é diferente?
— Jonas, se está escrito Rip Hunter, então a droga da pronúncia é Rip Hunter — murmurou Alice. — Cara... Não há quem possa enganar. É o seu pai.
Jonas se encostou na árvore brevemente tonto. Kim o apoiou nela.
— Jonas? Jonas... Não desmaia...
— Não pode ser... Tão fácil assim? Não...
— Foi isso o que ouvimos. Está claramente óbvio...
— Por que teria algo escrito Rip Hunter? — Mick mentiu.
Ele pegou seu relógio e leu o nome.
— Kim... É o meu pai...
— Mas como... Meu pai é um alienígena?
— Você é um alienígena? — surgiu brilho nos olhos da loira.
— Revelações... — falou Alice.
— Me contem depois. Temos que voltar para a nave dos caras lá. — o homem chamado Rip Hunter olhou para seu copo com café. — Já bebi melhores...
Enquanto caminhavam, ele jogou o copo no lixo e sumiram de vista. Jonas não tirou os olhos dele e tentou decorar cada detalhe. Ele correu em disparada para a lixeira e enfiou os braços nela. Dentre o lixo, apenas um copo de café.
— Tem como fazer teste de DNA com isso?
— Sim. Se eu fosse você, já logo! — Alice sorriu.
Jonas olhou para Kim.
— Ele é mesmo meu pai...
— Rip Hunter não é um nome conhecido...
Ele sorriu ainda mais.
— E-Eu tenho que fazer isso.
***
— Valeu por ter me pegado, Kelly — Rae agradeceu se aconchegando no banco de carona.
— Não tem problema.
O silêncio havia voltado. Com ele, teorias do porquê Snart ter falado aquilo com ela e o porquê de Joel ter mandado Kelly buscá-lo. O carro de polícia estava estacionado também em frente à casa. Se despediu de Kelly e andou hesitante. O que Joel estaria fazendo?
Quando o carro de Kelly sumiu da rua, Rae estava prestes a abrir a porta, mas com o dom de Joel de nunca abaixar a voz enquanto está em uma briga nunca falha, parou e ouviu a discussão.
— Por que você insistir em falar disso? Não vê que estou...
— Eu também estou ocupada Joel. — ouviu os passos de Amanda andando até ele — Eu seu que está havendo algo estranho por aqui e não vou abrigar aquela garota nessa casa. Eu e Emilly iremos para outra cidade. Uma bem longe dessa.
Rae não ouviu mais nada. A porta foi aberta e Joel a puxou para dentro. Os instintos dele devem ter ouvido seus passos. Ele fazia isso quando estava nervoso, os ué intrigou mais Rae.
— Já falei que não a quero mais nessa casa...
Quando Amanda viu o rosto de Rae, ela e Joel se calaram. Rae deixou a mochila ainda nas costas. Não queria que ninguém suspeitasse da escopeta que carregava.
— O que pensa que está fazendo ouvindo...
— Ouvindo que ela não me quer em casa — retrucou ela.
Amanda, mesmo se mostrando abalada, resolveu falar logo a verdade.
— Você acabou com todos os meus calmantes e mal para em casa. Francamente, eu sei que tem algo sobrenatural acontecendo.
Os corvos saíram dos galhos da velha árvore em frente ao quintal, não sendo silenciosos.
— E eu quero isso longe de mim e de Emilly! Quero ela longe!
— Que jus você está fazendo a Samuel?
— Samuel não está mais aqui! Samuel se importava mais com ela do que com a própria filha!
— Você sabe que não é verdade!
Rae olhou para as escadas com a grande vontade de subir e socar o travesseiro, depois usá-lo como conforto para chorar. Mas viu o perfil de Emilly ouvindo a briga. Ela subiu correndo de volta.
— Como tem coragem de jogar ela para a rua?
— Ela fica com você, Joel! Ela já tem um quarto lá, vocês dois já se entendem...
— Isso é inadmissível...
— Nós dois sabemos o que ela quer!
Ela cerrou os punhos enluvados irritada. Odiava quando falavam por ela.
— Samuel prefere que ela fique com você do que comigo!
— Eu não vou ficar com ela!
— Mas por quê? — perguntou Rae dessa vez — Eu ouvi você e meu pai falando sobre isso! Ele queria que você ficasse comigo!
A atenção se volta para ela.
— Você não gosta de mim como eu gosto de você? Se for isso, fala logo e pode tirar esse peso das suas costas.
— Essa não é a questão, Raven. Eu não sou pai.
— Eu não ligo para isso. Só queria morar com você.
Joel levou a mão a testa, olhando para o chão enquanto deixa sua mão na cintura.
— Rae, eu gosto de sua companhia. Mas eu não... Como posso dizer isso, não quero você 24 horas por dia comigo.
— Eu também não. Você tem seu trabalho e eu fico o tempo inteiro no meu quarto.
— Mas não vou fazer isso, Rae! Eu não tenho paciência para isso! — ele falou mais alto fixando seus olhos nela. Rae não teve coragem de falar nada, pois a perplexidade não a deixava. — Eu não te quero morando comigo!
Rae se sentiu a garota mais idiota do mundo. É claro que ele não quer. Quantas vezes Joel deixou bem claro que a relação entre eles não é a esse ponto? Para Rae, ele era um pai para ela. Mas ela não pensou se ele a vê da mesma forma.
— Já entendi! — murmurou irritada — Devia ter se esquecido disso...
— Rae...
— Tudo bem, Joel! Você não gosta de mim como filha! Podia ao menos ter falado antes..
— Eu não sou obrigado! E o que isso iria mudar?
— Me faria parar de me iludir! — gritou Rae.
— Eu não estou querendo brigar Raven — ele falava aquilo, ironicamente, gritando.
— Você não faz ideia do tempo que perdi sonhando em isso acontecer! Você podia ao menos ter me falado...
Seus olhos lacrimejaram.
— Me deixe em paz, Joel.
— Raven...
— Pare de me chamar de Raven e saia daqui! Ninguém está te obrigando a fazer isso!
— Não é que eu...
Joel olhou Rae enxugar uma lágrima antes que esta caísse. Rae desviou seu olhar dele, mesmo sabendo que era perceptivo a sua tristeza.
— Rae...
— Saia daqui!
Ele a encarou por um tempo e saiu batendo a porta. Rae correu para seu quarto com um grande aperto no coração. Por um minuto pensou se seu destino era não ter nenhum pai. Pensou nos seus pais biológicos e surgiu uma vontade de saber quem são, seguindo os passos de Kim e Jonas. Talvez revele muita coisa sobre ela e sua radiação.
Ou não. Rae não sabia mais. Só queria pôr os fones de ouvido.
***
Jonas acabou de comprar mais remédios para sua ansiedade. E precisava muito disso depois do que teve ontem.
Era hoje que iria fazer o teste de DNA. Jonas pensava em inúmeras coisas. E sempre que pensava no seu pai, ele via o homem esguio, vinha um chiado e desaparecia. Seria mesmo algo comum de um proxy?
Enquanto digeria seu sanduíche, ele pensava no que faria se der positivo. O que iria fazer? Contar? Poderia atrair mais anomalias e principalmente o Slender Man. Jonas sentiu medo de que ele fizesse algo. Ele nem sabe o que fazer para desproxyzar. Como deixar de ser um seguidor de um monstro que poucos sabem como é?
Quando levantou o olhar, ele o viu de novo. O rosto curvado, as mãos não aparecendo por fontes dos braços longos. Os tentáculos aos poucos aparecendo. Jonas balançou a cabeça e ele desapareceu. Se perguntou se isso aconteceu com Ticcy-Toby também.
— Não pode nem comer um sanduíche e continua parecendo estranho?
Jonas olhou para Christopher, procurando algo que lhe agrade na geladeira. Em um dia normal Jonas retrucaria. Mas o nervosismo o impedia. Hannah foi até as gavetas de cima e Edward comia também.
— Edward — era sim que Jonas o chamava.
— O que foi garoto?
— Você ainda tem os papéis da minha adoção?
Os olhos severos observaram os tensos de Jonas.
— Sim, mas não sei onde estão.
— E... A minha mãe já chegou a saber algo sobre meus pais? Os biológicos?
Edward olhou para Hannah e Christopher. Jonas percebeu uma troca de olhares diferente. Como se fosse um assunto delicado e eles compreendessem isso.
— Você foi apenas encontrado no meio da estrada, Jonas. — Edward falou de um modo mais delicado.
— Por que está curioso? — perguntou Hannah.
— Só perguntando — ele deu de ombros.
Como será que Katie e Luke se envolveram com isso? Será que eles conhecem sua mãe também? E os pais de Kim? Será que sabem também? Será que é por isso que estão aqui?
Mandou mensagem para Kim e eles foram fazer o teste de DNA.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.