Taehyung parou em frente à porta de madeira, se perguntando como o loiro deveria estar. O moreno bateu na porta e ajeitou o sobretudo vermelho que vestia, depois de alguns segundos, uma mulher ruiva abriu a mesma, a mulher espantou-se pela beleza do moreno a sua frente e o Kim sorriu discretamente.
— Boa tarde senhora, eu vim ver Jung Hoseok, você deve ser a mãe dele, certo? - A ruiva assentiu um tanto atordoada e pediu para que o moreno entrasse.
— Amor tem um menino aqui querendo ver o nosso filho. - A mulher gritou, enquanto olhava para cima das escadas.
Do topo da escada, um homem gordo e barbado estava descendo, enquanto segurava a latinha de cerveja numa mão e um charuto na outra.
— Desde quando aquele imundo tem amigos? - A fala do homem fora totalmente miserável aos ouvidos do Anticristo. — HOSEOK DESÇA TEM UM HOMEM AQUI. - O pai do garoto levou o charuto até a boca e olhou para o Kim, que devolvia a encarada. — Aí você paga para transar com o meu filho né? Ele deve ter virado um prostituto. - A risada saiu azeda, a voz do homem era, totalmente ferrada pelo charuto que tragava, seu bafo era de cachaça.
Kim repudiou o homem.
O barrigudo saiu dali enquanto ria de seu próprio comentário, a mulher da casa olhava para o moreno constrangida, Taehyung a estudou rapidamente, percebeu que ela não se importava com as coisas sujas que o marido fazia. Nos pensamentos da mulher, ela só queria que o filho sumisse de uma vez, para deixar ela e o marido livres.
O anticristo se sentiu mal pelo Jung, que família mais desgraçada.
— A-anjinho? - A voz doce, fez o filho do Diabo virar-se rapidamente, estudando a face alarmada do garoto.
Taehyung observava o loiro ir apressadamente até ele, parando em sua frente, um pouco constrangido, as mão estavam juntas, enquanto brincava com os próprios dedos, um sorriso ladino estava nos lábios do Kim.
Mesmo que apenas tivessem se visto um dia na floresta, Hoseok sabia que, aquele homem não era um humano qualquer, por incrível que parece, mesmo sabendo da verdade, ele não sentia medo algum. Pela primeira vez na vida, o menor sentia esperança, algo que, ele nem ao menos acreditava mais, única coisa que tinha certeza, era que, confiava no moreno. Gostaria que ele estivesse sempre ali, para lhe abraçar apertado e dizer que poderia o tirar dali, afinal, ele podia não é? Tinha poder e mesmo que, fosse o filho de Satanás, poderia lhe mudar a vida. Pelo menos Hoseok pensava.
Ele pensava que, teria que fazer algum tipo de pacto, como aqueles de filmes, que as pessoas fazem para se dar bem na vida, porém, o loiro estava totalmente enganado, não era assim que as coisas funcionavam na vida real. Ele não poderia pedir para o Kim mudar sua vida, em troca de outra coisa.
A mãe de Jung apenas olhava a cena, com cara de nojo, a mulher bufou negando, bagunçou os próprios cabelos, retirando-se dali, deixando ambos sozinhos. Kim a encarou, enquanto sentia o tronco ser abraçado pelo mais baixo, ele observava cada gesto, expressão e reação que ambos tivessem ali.
— Anjinho, senti saudades. - O rosto do loiro tornou-se vermelho, pela fala envergonhada.
Taehyung sorriu.
— Eu disse que viria, como você está loirinho? - Pós uma mecha, que caia nos olhos do garoto, atrás de sua orelha. Ergueu-lhe o queixo, para que, tivesse uma visão melhor, do rosto bonito a sua frente.
— Eu estou bem ... - A fala saiu incerta, trêmula. Kim sabia que ele estava mentindo. — Só pensei que, não fosse lhe ver mais.
Jung pensava que, o Kim fosse bastante ocupado, não deveria gastar seu tempo com ele. Seus próprios pensamentos rondavam-lhe, o deixando pirado.
— Não pense demais, não deixa que os pensamentos lhe perturbem, estou aqui. - Assegurou.
Hoseok olhou-lhe, encarando as orbes negras, eram fundas, diferentes, mais negras do que, de um humano normal, As íris eram maiores, oque dava-lhe um olhar felino, era lindo. Kim sentiu-se estranho, por estar sendo observado, mas, manteve-se ereto, sem esboçar reação.
O clima silencioso fôra cortado, Éric surgiu na sala, encarando os dois desorientado. Hoseok não estava agarrado com o Kim, o moreno apenas fazia-lhe carícias nos cabelos, mas, na visão do homem, os dois estavam se atracando, no meio de sua sala.
Claro, por conta do ciúmes doentio, que sentia de seu filho.
O Kim soube quando o homem chegará ali, sentiu, porém, ele apenas não ligou, continuou ali, entretendo-se com os cabelos claros de Hoseok. Já o menor, não percebeu quando o pai chegou ali, se tivesse visto, provavelmente estaria tremendo de medo.
Bem, dito e feito, o loiro acordou do transe, quando ouvirá o som da garrafa de vidro, estraçalhando-se no chão. Ele pulou assustado, afastando-se minimamente do Kim, Éric estava com uma expressão irritada no rosto, encarando diretamente Taehyung. Hoseok sentiu medo, medo de que o seu pai fizesse algo contra o Kim.
O Anticristo notou o desespero alheio e sorriu fechado, abraçando de verdade o garoto, Jung petrificou-se no lugar, olhando desesperado para o pai. Um parte estava feliz pelo abraço e outra estava com medo.
Kim estava provocando o homem, agora sim eles estavam realmente juntos, ali, na sala do gorducho.
— QUE PORRA É JUNG HOSEOK? SE AGARRANDO COM UM HOMEM, COMO SE FOSSE UMA PUTA? - Éric explodiu enraivado. Hoseok arregalou os olhos negando, estava tremendo nos braços alheios. Taehyung apenas observava a cena com escárnio.
Éric aproximou-se com passos pesados de ambos, quando fôra tentar puxar o braço do filho para ele, acabando por cair, batendo com o rosto no piso gélido e duro. Kim ouvirá o palavrão que o homem soltou, ele sorriu, fechando os olhos.
O fez cair, nojento estupido.
— Senhor Éric, não deveria gritar assim com o seu filho. - A fala era divertida. Kim poderia rir altamente do homem, que levantava-se com dificuldade, pela grande barriga.
— E você é quem para dizer como eu devo falar com o meu filho? - Perguntou ríspido, a voz era irritada. Kim negou com a cabeça. Não gostava quando alguém dirigia-se a ele, com aquele tom rude. Deixava-lhe chateado. — Sei muito bem como falar com o meu filho, temos uma ótima relação, não é meu amor? - Hoseok manteve-se calado, e o homem lhe lançou um olhar cortante, o fazendo esconder-se mais atrás do Kim.
Parecia uma gatinho assustado.
— Bom senhor Éric, vou sair com o seu filho, lhe de permissão para ir. - Éric arregalou os olhos, descrente com tamanha ousadia. O sorriso sínico que aquele moreno tinha nos lábios, faziam-lhe tremer de raiva.
Jamais permitiria que Hoseok saísse com qualquer homem, o garoto era seu. Taehyung sabia oque o homem estava pensando.
Sentia nojo.
— E-eu não posso .. Taehyungie ... - Jung estava com medo, acuado, atrás do moreno, ele disse baixinho, cauteloso, não queria envolver o Kim em problemas com o seu pai. Kim não ligou para a fala medrosa do loiro, ele apenas gravou a fala manhosa do garoto, seu nome soou tão bem daquele jeito.
— MEU FILHO NÃO VAI A LUGAR NENHUM COM VOCÊ, SAIA DA MINHA CASA MARGINAL! - A voz do homem era carregada de íra, Hoseok sentiu as pernas tremerem pelo olhar irritado que o pai lhe mandava. — VENHA AQUI AGORA JUNG HOSEOK! - O garoto negou, escondendo-se mais atrás do Kim.
Éric só ficou ainda mais irritado, daria uma bela surra no filho, para ele lhe obedecer, pensará que as cintadas e as surras de antes haviam feito efeito, mas, percebeu que não. Hoseok sempre seria um malcriado, sem vergonha e vagabundo.
Enquanto observava a cena, Taehyung sorriu irritado e estalou o céu da boca, mirando os lumes completamente negros para o homem a sua frente.
— Claro que ele pode, não pode senhor Éric? - As palavras foram cortantes, o olhar queimava-lhe o cerne. Éric paralisou no lugar, tremendo. Kim sorriu, achando graça do estado atual que o homem se encontrava.
— V-você pode. - A fala saíra temerosa, num murmúrio baixo.
Hoseok levantou a cabeça em choque, encarando a face sacana do Kim, o moreno sorriu lhe tranquilizando, porém, o loiro não esperou mais nada, agarrou na mão de Taehyung e saiu dali, as pressas.
†
Jung seguia o outro em silêncio, vendo o Kim apertar o botão e destravar o veículo, um Rolls cor de vinho.
— Você tem um carro? Céus que lindo! - O bico pensativo era fofo, o olhar curioso, que fôra direcionado para o Anticritsto quebrantou-lhe, por vez assentiu.
Taehyung preferiu ignorar os derivados ao céu que o loiro disserá.
— Pode entrar. - Kim tinha um timbre duro, e logo foi obedecido.
Hoseok, parecia facilmente manipulável, submisso demais, talvez por criação, mas Taehyung não achou de todo ruim. Parou o veículo ao lado de uma grande sorveteria, o ruivinho não estava muito adaptado em ter um amigo com ele e sair, muito menos para tais locais, visto que eram finos. Não era acostumado aquela luxúria que o Kim esbanjava, na realidade até achava desnecessário, de todo modo sua comida preferida continuaria sendo sorvete, e o mesmo se perguntava como Taehyung sabia.
O moreno desceu, sorrindo para Hoseok e rapidamente segurou a sua mão, que resultou num pequeno choque por parte do loiro, mas o mesmo não se desgrudou, ao contrário, o segurou mais forte.
— Não está com vergonha? - Kim questionou, referindo-se às mãos, enquanto ambos adentravam o lugar movimentado.
— Porque eu teria? - Sorriu, olhando para baixo, inocente, disfarçando o corado e deslizando a outra mão pelos fios.
Oh, como o Anticristo se perdia na áurea limpa que o loirinho tinha, era um dos únicos com face angelical que não sentia repulsa.
— Realmente me trouxe a uma sorveteria? Isso é tão fofo. - Prendia o riso, visto que o Kim não aparentava ser alguém cuidadoso. Sem contar que ninguém nunca tinha levado-o para tomar sorvete.
— Você está com fome e gosta de sorvete. - Kim sabia, podia sentir e não que ele quisesse cuidar de Hoseok, apenas estava tentando parecer legal.
— E como sabia? - Ergueu a sobrancelha, usando de uma fala inibida, porém curiosa e desafiadora.
— Eu sei de tudo. - Os olhos negros, o sorriso de canto, ele ditava aquilo de uma forma serena, parecia ser verdade, e era.
Hoseok fez pouco caso, apenas assentiu.
Andavam pelas ruas de Londres, o Anticristo ainda segurava a mão de Jung, o que na realidade tornou-se uma tática para não perdê-lo de vista. O loiro havia comido um sorvete de casquinha na sorveteria e agora estava sugando o milkshake pelo canudinho que o Kim comprou para si. Passavam por uma praça pública conhecida, existia todo tipo de arte no lugar, o que Kim sabia apreciar com destreza.
— Olha Tae, um rapaz espalhando a mensagem do senhor. É tão bonito. - Hoseok dizia com admiração.
De fato havia um homem, ele pregava algo, a dúvida só ficou se eram mesmo palavras do divino. Kim conhecia muito bem, somente mais um charlatão ganhando dinheiro as custas de pobres coitados, inocentes que acreditavam em suas palavras sujas.
Que perdem-se da essência de Cristo.
— Você precisa vigiar, o Diabo está em todos os lugares. Ele almeja nossas almas. - As palavras com pouco nexo, saiam cuspidas provando toda a ignorância do falsário.
Taehyung não evitou gargalhar, não conseguia entender como a humanidade tinha a esplêndida capacidade de sentir-se especial o suficiente para que o seu pai perdesse seu, valioso tempo, caçando-os.
Seres humanos são nojentos, repugnantes.
Se de fato seguissem a ideologia imposta todos cairiam em cima do pau de Satanás.
O Kim por vez fitou os olhos do homem, e nada precisou ser dito, ele calou-se e paralisou assustado.
— Taehyung.. - A voz doce e o puxar de sua palma arrancou-lhe do transe.
— Diga. - Sorriu, fazendo Hoseok exercer do mesmo ato.
— Eu realmente tenho que ir agora, não quero que o papai fique mais bravo. - Ao fundo o loirinho desejava ficar mais tempo, passear mais, porém, a noite já havia caído.
Fôra tão bom divertir-se com o Kim. Mas ele estava com medo do que lhe esperava em casa.
— Claro, vamos. - Taehyung sabia o momento de insistir e o momento de compreender.
— Se quiser pode ficar comigo, só se você quiser.. - Aquilo definitivamente era um convite, vexado, mais era um.
Hoseok desejava tanto ficar mais tempo com o Anticristo, sentia-se bem.
†
Quando Jung chegou em casa, os pais não estavam, ele soltou o ar que prendia e respirou aliviado, não queria ter que ouvir os gritos de Éric novamente, não queria ter sua mãe contra si novamente, ele estava cansado.
Taehyung seguia o humano escada acima, as mãos grandes eram guiadas pelas pequenos do garoto, Kim observava as mãos juntas, sentia a garganta arder, mas, ignorou tal fato.
O loiro retirou os sapatos rapidamente, enfiando-se embaixo das cobertas, pós a cabeça para fora, como uma criança, o sorrisinho divertido fazia-se presente em seu rosto, pela primeira vez, sentia-se em euforia. O humano dava ao Anticristo, a visão de sua cabeleira clarinha, ele sorriu verdadeiramente, pela expressão genuína que o loirinho fazia. Parecia mesmo um anjo.
— V-você pode deitar aqui? Até eu cair no sono. - Hoseok sentia-se idiota e contraído por perguntar.
Kim não podia acreditar em tal convite, ele imaginou inúmeras coisas com aquela pequena frase, mas, sabia que a frase saíra puramente, sem quaisquer segundas intenções, ele nem sabia se o loiro, podia pensará tal coisa. Apenas sorriu ladino e deitou-se ali.
Kim encarou o teto branco do quarto, seu demônios perguntavam-lh oque estaria fazendo, em sua mente.
— Anjinho, como é o seu pai? - A pergunta fôra totalmente do ingênua, curiosa, em meio a escuridão.
Kim pensou na resposta e virou-se para encarar o loiro, que lhe encarava também, os olhinhos brilhosos eram lindos. Jung sorriu tímido, fazendo o moreno acompanhar-lhe no ato, antes de responder, ele levou uma das mãos até os cabelos aloirados, afagando o local.
— Meu pai não fôra compreendido, ele é julgado por todos, sem ao menos lhe conheceram, ele é firme e responsável. Sabe, não é como se ele fosse uma pessoa santa ou boa, até porque ele é o Diabo. - Jung assentiu meio incerto e o Kim riu fraco. — Apesar de tudo, ele é um bom pai.
O moreno lembrou-se de quando Lúcifer carregava-lhe nas costas, em meio a floresta do tormento. o Kim era bem pequeno, deveria ter no máximo uns 6 mil anos, agora ele tinha 23 mil. Parece irônico e engraçado, as idades de seres de outros planos, acrescentava-se mil anos no número sozinho.
O inferno nunca virá o senhor das trevas cuidar tão bem de alguém, que não fosse o próprio filho. Taehyung amava Satanás com toda sua força. Seu pai não era estupidamente mal, como era visto, na verdade, ele só seguia a própria natureza.
Taehyung ouvirá um ressonar baixo ao seu lado, ele observou mais o rosto do loiro por alguns minutos, antes de balançar a cabeça, afastando os próprios pensamentos, foi embora dali, esperando que pudesse voltar em breve.
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