Alex acordou meio confuso. Fora um sonho ou ela esteve mesmo em seu quarto? Impossível! Decerto não estivera ali! Levantou e foi tomar um banho, pois sua cabeça estava latejando, depois se arrumou, colocando o uniforme da escola. Abriu a porta, tentado escapar de fininho.
– Filho?! –
Tarde demais!
– Mãe? Acordada tão cedo? –
– Queria conversar com você antes de ir trabalhar –
– É que eu tô meio atrasado... –
Deu uma desculpa.
– Não vai demorar –
O menino deu-se por vencido.
– Já que é assim então pode falar –
– Ouvi você gritar ontem à noite e fui ao seu quarto ver se você estava bem, mas ouvi vozes dentro do quarto e quando entrei não tinha ninguém, com quem estava falando? –
Alex empalideceu. Não fora um sonho! Inês...quarto...não...
– Eu estava falando comigo mesmo! Acordei um pouco assustado por isso falei sozinho –
– E com o que sonhou? –
– Alice –
Recitar aquele não lhe doía o coração, ainda mais depois de um sonho como aquele, mas aquilo, na verdade, não era um mero sonho e sim a lembrança mais sombria que ele tinha da morte de Alice.
– Voltou a ter os mesmos sonhos que tinha quando ela morreu? –
– Sim –
Ele já tinha tido esse sonho muitas e muitas vezes. Eles o atormentavam toda noite quando a morte de Alice ainda era recente. Eles não o deixavam esquecer que a morte de Alice era culpa dele.
– Não quero ter que te dar remédios para dormir novamente, mas se você começar a ter esses sonhos novamente terei que fazer isso –
– Eu estou bem, foi só um sonho ruim, isso não vai se repetir –
O garoto odiava tomar sonífero, pois passava a maioria do tempo dormindo por causa deste remédio. Porém, quando não tomava, não deixava ninguém dormir com os seus gritos e sua mãe passava a noite em claro para lhe ajudar a dormir.
– Bom, já que você esta atrasado eu vou te deixar em paz, vá antes que você fique mais atrasado –
Alex de casa e refez o mesmo caminho que fazia todos os dias para ir a escola. Ele estava realmente atrasado, mas para sua sorte o portão estava aberto e ainda tinha alunos entrando.
– Oi! –
A voz de Inês o pegou de supetão.
– Você me sustou! –
– Se assusta muito fácil –Ela respondeu dando uma risadinha e andando ao seu lado. -Ah! Mais como você demora, hem?! Estou te esperando aqui faz desde muitas horas! –
– Não deveria vir para cá tão cedo –
– Não tinha nada para fazer então vim para cá te esperar –
Ela disse com um sorriso ingênuo no rosto.
– Por que você esta sempre rindo? –
Perguntou ele. Inês estava sempre alegre e desde que a conheceu nunca tinha visto-a sem um sorriso no rosto.
–Por que eu estou sempre feliz, não vejo motivos para não estar. E você, por que é sempre tão ranzinza ? –
– Por que estou sempre triste, não vejo motivo para não estar! –
Ele deu uma resposta contraria a de Inês que em resposta aumentou o sorriso. Entraram e bateram de frente com Bruno.
– Ora, olha quem esta aqui –
Bruno disse em tom de sarcasmo para sua irmã que estava ao seu lado.
– Olá Inês, eu sou Catherine e ... –
Tentou se apresentar, mas foi cortada por Inês
– Sei quem você é –
Inês respondeu de imediato.
– Queria convida-la para sair com as lideres hoje à noite, topa? –
– Não –
Alex olhou para Inês com um misto de confusão e admiração no olhar. Catherine não gostou de sua resposta, mas, como sempre, só mostrou isso com o olhar, coisa que Inês não ligou ou não viu.
– Bom, o que você tem de tão importante para fazer que não posso ir com agente? –
– Tudo é melhor do que sair com pessoas vazias que só se sentem bem rebaixando os outros a sua volta –
Os olhos de Inês continuavam calmos e seu tom de voz era o mesmo, o que fazia com que suas palavras fossem cortantes, Alex segurou uma risada. Catherine saiu revoltada com a afronta e Bruno olhou Inês com certa admiração.
– Você tem personalidade, não é como as outras. Bom, nós nos vemos no intervalo e não ligue para Catherine, é que ela nunca achou uma menina que não fizesse suas vontades – Ele olhou para Alex com desdém – Até mais –
E saiu rindo da situação.
– Por que fez aquilo? Metade das garotas deste colégio se matariam para sair com Catherine! –
Perguntou confuso.
– Por que vejo o coração dela. Ela só queria se aproveitar de minha beleza –
– Ahm? –
– Posso ver o coração das pessoas e os sentimentos que os rodeiam. –
Ale riu e mesmo sem acreditar perguntou
– E como é o coração dela? –
– Deformado, a ganancia o envolve –
– E como é o meu? –
O sorriso voltou ao rosto de Inês e ela corou.
– É triste, cheio de magoa e rancor –
– E por que eu acreditaria neste papinho ? –
– Você pode acreditar ou não,a escolha é sua –
Continuaram a andar, sem dizer uma palavra. Até que Alex quebrou o silêncio quando estávam quase entrando na sala .
– Sei que pode parecer estranho, mas você esteve no meu quarto ontem a noite? –
O garoto sabia que aquilo era ridículo e quase se arrependeu de ter feito a pergunta.
– Sim –
O menino ficou boquiaberto com a resposta de Inês, porém não podia mais falar nada, pois ela adentrou a sala e ele entrou em seguida. Alex passou a aula toda olhando-a de cinco em cinco minutos, ela que não tirava um sorriso simpático e convidativo do rosto. De repente um pensamento peculiar o invadiu: Como seria beijar aqueles lábios que estavam sempre curvados em um sorriso? Tratou de apagar tal pensamento de sua mente.
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