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História Aqueça-me - "Não se impossibilite de viver" - História escrita por flowers_lk - Spirit Fanfics e Histórias
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História Aqueça-me - "Não se impossibilite de viver"


Escrita por: flowers_lk

Capítulo 8 - "Não se impossibilite de viver"


William Bonemer

– Vou te mandar a localização do sítio, ela passa o final de semana inteiro lá, então, você pode ir buscá-la no domingo as sete da noite.

– Certo, ela não vai sair de lá durante esse tempo?

– Não, ela não vai precisar do carro, lá é uma área bem segura, ela se sente bem. A mãe dela veio para almoçar, a velha é carranca tá – riu.

– Se for igual a filha, estou ferrado!

– Eu já vou indo, qualquer dúvida me liga tá.

– Bom final de semana, Helena.

Eu sigo para a cobertura, observando aquele hotel luxuoso.

Outra coisa que observei também é que Renata parece afastar as pessoas dela. Como me afastou, não trocou nem sequer uma palavra comigo. Ela parece ter medo de algo.

Passando pela porta do apartamento, começo a ouvir o que parecia uma discussão.

– Renata, já disse que tem que se cuidar, para de ser irresponsável...

– Eu não sou irresponsável, só o que me falta agora é ter que ouvir sermão depois de velha.

– Ouve sermão porque ainda age como uma criança – grita.

– Não grita comigo, mãe, tente entender, eu sou muito ocupada e...

– Que ocupada, Renata! Você usa o trabalho para fugir da realidade.

Eu ouço um silêncio, a discussão estava calorosa pois do hall de entrada eu conseguia ouvi-las discutindo da sala de jantar.

– É, é verdade, mãe, eu uso o trabalho pra isso sim, mas olha, qual é a minha realidade? Me diz mãe, eu sou uma mulher de 38 anos, bem sucedida, rica e bonita, mas, o que eu tenho além disso? Nada, eu não tenho nada.

Outro silêncio se forma e dessa vez Renata parece machucada demais, admitindo aquilo.

– Eu já te disse que tudo tem o seu tempo, talvez se você tentar deixar de ser assim...

– Assim como? – se exalta.

– Fria, tirar esse bloqueio que você coloca nos outros, minha filha, você precisa ser feliz e pra isso acontecer, você terá que deixar muitos medos para trás.

– Eu não consigo, eu sempre volto pro mesmo lu...

Ela para de falar quando meu celular toca alto, e me desespero para desligar para o que barulho parasse. Mas já era tarde.

–, William? – seu tom de voz mudou, agora era firme.

Não tenho outra opção a não ser ir até lá. Meus passos são pequenos e indecisos, o medo de sua reação me corrói.

– Sim? – digo, encarando seus olhos que não mentiam, ela estava chorando até poucos segundos.

– Já almoçou? Vou precisar de você em quarenta minutos então seja rápido.

– Sim senhora – ia me virar para sair mas...

– Não vai me apresentar o rapaz, Renata?

A vejo olhar desconcertada para mim.

– Mãe, esse o William, meu motorista – cruza os braços –, e William, essa é a minha mãe, Fernanda.

– Prazer em te conhecer, William – a senhora de cabelos brancos sorri e acena.

– O prazer é todo meu, Fernanda! – aceno de volta –, bom, com licença.

Saio dali, impressionado com a forma como Fernanda me tratou, me pareceu bem diferente do que Helena falou.

Renata Vasconcellos

Depois de William sair, volto a me sentar ao lado da minha mãe, pegando os talheres.

– Ele é bonito né – mamãe comenta.

A olho por alguns segundos e sem dar resposta volto a encarar o prato.

–, Eu sei que acha ele bonito, da pra ver nos seus olhos, os quais brilham quando você o vê.

– Aí mamãe, para com isso.

– Só você não enxerga, Renata, ele é bonito, pareceu gentil e educado.

Ele era tudo aquilo mesmo, eu assumo.

– É meu motorista, mãe – afirmo pra ela, mas era quase pra mim também.

– Tudo bem, mas lembra do que eu falei, não se impossibilite de viver, caso contrário, irá morrer infeliz.

O que eu iria responder para ela? Nada, ela estava certa.

Demoramos um pouco mais do que o normal para sair de casa, já que eu adicionei mais roupas na mala e troquei algumas. Depois, no hall, William pegou minha mala pequena de mão e levou consigo. Minha mãe e ele engataram em um assunto, e eu só pensava em quanto tempo aquilo não acontecia.

Dona Fernanda é carranca, não gosta de qualquer um, e gostou do William, o homem que acabou de conhecer. Saímos do elevador e fomos até o carro, ele abriu a porta para nós duas, porém, eu precisava dizer a ele onde ficava a casa da minha mãe.

– Vamos deixar minha mãe na casa dela, fica no Recreio, naquele edifício quase na entrada do bairro.

– Acho que sei qual é.

Sinto seu cheiro com o vento.

– Quando chegarmos perto, eu aviso.

Dou as costas e entro no carro, enquanto ele termina de guardar a mala no porta malas.

– Renata não perde tempo, minha filha – alertou.

Lancei um olhar para ela e sorri balançando a cabeça.

– Lanza e a senhora quando colocam alguma coisa na cabeça não descansam né. – revirei os olhos.

– O tempo vai nos dar razão – Ela para de falar quando William entra no carro.

Balanço minha cabeça negando e depois encosto na janela do carro. O sol estava forte e incomodava meus olhos.

– William, acho que vamos precisar voltar, esqueci meus óculos de sol.

Ele me olha pelo retrovisor e tira do porta luvas os meus óculos, me entregando, e é impossível não sorrir.

– A senhora me entregou quando entrou no carro ainda na clínica.

– Não lembrava, obrigada! – seguro o sorriso de canto.

– Ela é sempre folgada assim, William? – minha mãe pergunta.

Minhas bochechas coram de vergonha.

– Quase sempre, dona Fernanda.

Os dois riram e eu me sinto indignada.

– William! – digo seu nome e caio na risada como há muito tempo não fazia.

– Ela é folgada e dengosa, William, tome cuidado! – riram.

Devia estar tão vermelha, percebo o olhar do homem em mim e ele sorria largo. Já era difícil de esconder quando vivíamos esses momentos.

E eu nem sei ao certo o que sinto.

Chegamos em frente ao prédio da minha mãe, eu me despeço e claro, ela também se despediu de William dizendo que adorou conhecê-lo.

– Renata, pense no que eu te falei! Até mais.

– Tchau, mamãe!

Depois disso, seguimos caminho para o interior, viagem essa que duraria no máximo duas horas. Agora, aquele tempo todo dentro de um carro com o William, com a tensão que os nosso olhares exalavam, não sei se vou aguentar.

Quando estamos quase chegando, começo a ver pingos da chuva caindo sobre as janelas do carro, logo me da a sensação de arrepio, mas tento ficar calma pois eram chuviscos.

Não demora muito e ela começa a engrossar, me assustando um pouco, percebo que William desacelerou o carro e se inclinou para a frente tentando ver a estrada de chão.

– William, o que aconteceu?

– Não consigo ver a estrada, a chuva está forte demais.

Me encolho no banco de trás, arrepiada e com medo.

– Não quero ficar aqui – sussurro.

Ele me olha.

– Nós estamos perto, vou tentar ir as cegas, tudo bem?

Balanço a cabeça, mesmo sabendo que era arriscado, eu confiava nele e não queria passar nem mais um segundo naquele carro. Ele dirigi devagar, tentando enxergar, o que dava para ver pouco, até que o carro parece não sair do lugar. Ele acelerou mais e não saiu do lugar novamente.

– O carro atolou na lama – murmura.

– O que? Aí meu Deus – meu coração dispara e começo a ficar vermelha e nervosa.

– A porteira está ali na frente, vamos deixar o carro aqui e vamos correr até lá, é a melhor opção – sugere, se virando para mim.

– Não William, eu não gosto de chuva, ela está muito forte e...

– É mais perigoso ficar aqui, Renata, confia em mim, vamos chegar lá molhados mas você vai estar segura – conectamos nossos olhares –, não duvide da sua coragem!

Ele abre a porta do carro e desce, abre o porta malas e eu não consigo me mexer, só de sentir o vento em meu rosto e ouvir o barulho forte da tempestade. Depois, ele fecha o compartimento e vem até mim, abrindo a porta.

– Use isso – me entrega uma capa de chuva.

– Mas... William, eu estou de salto e eu tenho medo, eu não vou conseguir... – me desespero.

– Confie em mim, vista isso enquanto abro a porteira...

– Não! – grito, o impedindo de sair –, não me deixe sozinha! – peço.

– Vai se molhar ainda mais...

– Eu vou com você, não vou ficar sozinha.

Jogo meus saltos no chão do carro e coloco a capa, ele já estava ensopado e eu seria a próxima. William segura em minha mão, fecha o carro e nós corremos pelo caminho molhado e cheio de lama, sua mão estava o tempo todo na minha e quando eu ameacei cair, ele me apoiou e me segurou firme. Passamos rápido pela porteira e logo corremos pra debaixo da varanda, nos jogando no chão e rindo a beça.

– Aí William, você me mete em cada uma hein! – dou risada, tentando respirar.

– Era o único jeito – riu –, pelo menos estamos vivos!

– Você me salvou, obrigada. – sorrio.

Ele sorri também e me olha.

– Vamos entrar, a gente se seca e toma um banho quente.

Nos levantamos e entramos, William estava mais encharcado do que eu por não estar usando capa de chuva.

– Vou buscar uma toalha e depois você pode entrar para não molhar tudo.

– Ok!

Vou na minha suíte e procuro uma toalha, depois, volto até a varanda e William estava sem camisa, somente de calça, era uma verdadeira perdição aquele abdômen másculo e... ai Renata, chega!

– Aqui! – entrego, e saio.

Vou até meu quarto novamente e troco de roupa, tento achar alguma coisa que sirva em William, mas pelo visto não tinha nada ali. Volto para a sala.

– Tem um banheiro na última porta do corredor, só não tem roupa que te sirva aqui, há não ser que você use vestido! – digo e tento não encarar ele somente de toalha na cintura.

– Certo, já volto.

Depois que ele sai, vou até a varanda, pego suas roupas e coloco pra lavar e depois secar, ele teria que ficar ali até o fim daquela tempestade. Numa tentativa de me esquentar, preparo um chá.

– Eu achei esse roupão, era mais descente do que ficar só de toalha – ele diz, aparecendo com os cabelos molhados.

– Verdade, não sei como não pensei nisso – pego mais uma xícara –, quer chá?

– Sim – ele se senta –, essa chuva não vai passar tão cedo.

– Verdade, só é mais agoniante pra mim.

– Posso te fazer uma pergunta?

– Pode! – confirmo, sem medo.

– Por que tem medo da chuva?

Passo as mãos nos cabelos, não conseguindo lhe olhar.

– Ah, uma vez, eu estava saindo da faculdade e começou a chover, muito forte, o carro da minha mãe estava do outro lado da avenida e eu precisava ir até lá, porém, a correnteza me arrastou e eu fui parar debaixo de um carro, por sorte, umas pessoas conseguiram me ajudar a sair. Desde então, eu tenho medo de tempestades.

– Você teve sorte em ser salva. Agora tudo faz sentido.

– O que?

– Bom, todos os nossos medos tem uma história por trás.

– É, talvez.

– Você tem medo de algo? – pergunto, me perdendo na imensidão de seus olhos, completamente envolvida.

– De perder o meu filho, esse é o meu maior medo, porque Henry é uma parte de mim.

– Você é um paizão, William, em um mundo onde tantos abdicam dessa função.

– Eu escolhi ficar, ter o Henry é um motivo pra respirar.

O encaro em silêncio, o homem em minha frente era um verdadeiro homem.

– Muito bonito esse sentimento, é raro! Seu filho é sortudo. Eu ainda duvido de que possa sentir isso um dia.

– Claro que vai, é só ter paciência, todos nós um dia vamos deixar de ser solitários.

– No meu caso, William, não tem solução! – me levanto –, vou por sua roupa na secadora.

Evito o assunto saindo dali. Provavelmente eu estava começando a gostar dele, não é normal meu coração bater tão rápido perto dele, não é normal.

William é quase uma perdição.

Tento repetir como um dogma, que não posso me envolver com ele, não posso.

– Está tudo bem? – sua voz me assusta.

Me viro e ele está perto.

– Tá sim, eu só me perdi nos pensamentos – digo, desconcertada.

Sem querer, pouso meu olhar em seus lábios, os desejando como a abelha deseja o pólen das flores.

William tocou minha cintura e eu engoli seco, mordi os lábios e de repente tudo fica em câmera lenta e eu sinto sua respiração em meu rosto.

Eu devo beija-lo?

Seria certo beija-lo?

– Não faz isso, William – digo, quase sem voz.

Ele se afasta e passa a mão no cabelo, eu permaneço parada, em um arrependimento instantâneo.

– Desculpa, eu passei dos limites, achei que... desculpa!

Não consigo encara-lo, e nem sei o que dizer, nós dois queremos a mesma coisa mas... maldita paixão.

– Tudo bem.

É o que consigo falar, saio dali o mais rápido possível, o deixando para trás, entro em meu quarto e sinto raiva de mim mesma por ter estragado um momento tão único.

Ele também quer, e deixou bem claro isso hoje.

“Tudo bem, mas lembra do que eu falei, não se impossibilite de viver, caso contrário, irá morrer infeliz.”

Lembro da frase de minha mãe, estou fazendo tudo errado. Mas agora já é tarde.

– O jeito é fugir, fugir e fugir. Tentar encerrar o que nem começou.


Notas Finais


Um capítulo extra pra quem adivinhar o que vem no próximo capítulo.

Promessa da autora🌹


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