A jornalista avistou a fachada do bar, ouviu a música alta e isso a incomodou. William se pôs ao seu lado, antes de entrarem no local. Renata a olhou em negação.
– Não vou demorar aqui, quero ir pra casa ficar com o Henry.
– Eu também, meu amor, quero ir ficar com vocês dois, além dos mais, parece que vai chover – olha para o céu escuro e cheio de nuvens.
– Pois é, então vamos logo – começou a caminhar, mas ele a puxou –, que foi?
– Me dá um beijo!? – eles sorriem e William a puxa pelo braço, colando seus corpos e enlaçando os lábios em um beijo gostoso.
Se afastaram e entraram no bar, de longe, viram uma mesa grande repleta de conhecidos, alguns fizeram uma cara desagradável ao ver Renata ali, mas sorriram para Bonner. A jornalista não se acanhou diante dos olhares, cumprimentou a todos e migrou para o lado de Maju que estava em um canto da mesa.
– Você por aqui? – sorriu, abraçando.
– É, eu vim acompanhar o William – se sentou, mas logo mirou Daniela.
– Você roubou o meu redator – fez graça, fazendo a outra rir.
– Pois é, ele é tão bom que não pude deixar passar – riu baixo.
– Mas acredito que ao seu lado é o lugar certo pra ele. Fez uma boa escolha.
– Kamel me deu esse presente, ele sabia que Miguel viria e que não teria muitas chances de escolher alguém.
– Miguel – revirou os olhos –, nem assumiu e já se acha o bom, acredita que esses dias ele veio pagar sapo pro pessoal na redação? Eu o enfrentei sem medo.
– Miguel é um covarde, o odeio tanto. Além de não me respeitar fica me chantageando.
– Compartilho da mesma raiva, quero ver quando ele cair, porque pessoas miseráveis como ele nunca acabam bem.
Renata iria responder mas sentiu o perfume de William e sua voz sussurrar em seu ouvido.
– Que beber alguma coisa?
Ela sorri sentindo um arrepio e olha para ele.
– Só um suco, e não quero que você beba! – ordena.
– Sim senhora! – sussurra para ela, e saiu rindo.
Ao se virar, Renata encontrou o olhar da amiga que dizia:
– O que tá rolando? – proferiu em voz alta o suficiente para só Renata ouvir.
– Estamos juntos, mas quase ninguém sabe. Miguel não pode saber, por isso tentamos manter discrição.
– Entendo, são um casal lindo. Até isso Miguel quer estragar?
– Sim, ele odeia o William e a mim, pelo simples fato de que na época ele ter tentado algo comigo mas eu escolhi ao William, que era meu motorista nesse tempo.
– Que canalha! Homem com ego ferido são os piores que existem.
– Pois é, chega a ser ridículo, nós tentamos chegar a um acordo mas na cabeça dele eu pertenço a ele.
– Doente, ele é um doente, e você toma cuidado viu.
– Estou tentando, William também está se cuidando, nosso principal objetivo é proteger o Henry. Você já o viu?
– O filho do William? Sim, ele mostra foto todo orgulhoso. Parece ser tão educado e lindo.
– Ah o Henry se tornou a minha vida, ele é educado, um gentleman igual o pai. Tão fofo, Maju.
– Você está feliz e é perceptível.
Renata estranha a demora de William, observa ao redor e não encontra nem ele e muito menos Daniela.
– Licença, Maju! – pede, se levantando e atravessando um mar de pessoas.
Com William, ele havia ido pegar as bebidas, enquanto esperava no bar Daniela apareceu.
– Oi William – se apoiou no balcão –, me dá duas tequilas, o William vai beber comigo.
– Não dessa vez, Daniela. Eu estou dirigindo e não vou beber – ele segura os dois copos com sucos.
– Ah, deixa de ser careta. Só um pouco vai – pegou o copo e se colocou na frente dele, tentando forçar ele a beber.
– Não, para com isso, já disse que não vou beber – se irritou.
– Oh Bonemer, desculpa, era só pra você se soltar um pouco mais.
– É, mas já disse que não quero.
– Tudo bem, então se a gente for dançar – passou suas mãos pelo ombro dele, grudando seu corpo ao dele.
– Melhor não tá – tenta a empurrar mas suas mãos estavam ocupadas com os copos –, minha namorada não vai gostar nada disso, eu respeito muito ela, então se afasta.
– Ela ao menos está aqui? – percebe a dificuldade de William se soltar e aproxima o rosto do dele, mesmo que ele se esquivasse –, sabe, eu sempre te achei atraente, nunca te vi com essa tal namorada, e eu prometo que se algo acontecer, ela não vai saber.
O homem engoliu seco, ajeitou a postura e com dificuldade deixou um copo sobre o balcão, tendo liberdade para tentar afastar a mulher, mas ela não desgrudava dele, parecia usar uma força maior.
– Olha Daniela, você é legal e simpática, mas como eu disse, eu respeito a minha namorada e é melhor me soltar – endureceu o tom, finalmente a afastando dele.
Daniela pareceu se sentir ofendida de verdade, ser recusada daquela maneira feriu seu ego. Ela o empurrou com força no balcão.
– Cansei de ser rejeitada por você dessa forma, só age assim porque nunca me deu uma chance.
– E nem vou dar, você não é o tipo de mulher a qual eu me relacionaria – jogou sujo, saindo dali.
Daniela foi atrás e nesse momento viu de canto de olho Renata vindo da lateral do salão, William não tinha a visto mas ela sim. Então, resolveu agir de forma dissimulada. Puxou William pelo braço e quando ele se virou para soltar seu braço ela segurou firme o colarinho de sua camisa e o beijou.
William se soltou rápido fazendo ela cair no chão, assim que levantou os olhos viu Renata há poucos metros lhe olhando. Ele nem se importou e até passou por cima da mulher ao chão, seguindo Renata que saiu como foguete do bar.
– Renata, meu amor, espera! – correu.
Ela só parou na porta do carro lembrou que esqueceu as chaves em cima da mesa dentro de sua bolsa. Evitou olhar para ele pois estava chorando muito.
– Meu amor, eu não quis nada daquilo, meu deus, você entendeu errado.
– O que eu entendi, William? Eu vi, vi com os meus olhos vocês se beijando – ele se aproximou e ela disparou murros contra seu peito.
– Ela me beijou a força, eu não queria, eu estava indo procurar você pra gente ir embora porque ela estava me incomodando.
– Me poupe! – grita –, sabe lá Deus o que aconteceu antes de eu ter chegado porque a liberdade e facilidade que ela teve para te beijar, olha... canalha, você é igual a todos os homens. – chora.
– Não, ela me pegou desprevenido, eu jamais iria te trair ou te trocar. Eu te amo, Renata, você é o amor da minha vida.
– Mentira! – grita, tentando abrir o carro mesmo sem as chaves –, você é um mentiroso canalha e desgraçado, como eu pude pensar que estaria finalmente feliz com um homem que me amasse de verdade e que me respeitasse. William... Eu não esperava isso de você.
– Eu não quis beijar ela.
– Mas correspondeu o beijo que eu vi. Eu vi, ninguém me contou, eu vi.
Ela se escorou no carro, perdendo as forças, ele se aproximou.
– Eu não vou admitir uma coisa que não fiz, eu não correspondi e sim a afastei os mais rápido que pude. Renata, acredita em mim amor.
– Eu quero ir embora daqui – passou por ele, andando até a avenida, ele foi atrás.
– Amor, Renata, eu te levo em casa, não precisa fazer isso.
– Me deixa sozinha, William Bonemer, por favor – tentou secar as lágrimas com a manga da camisa –, eu esqueci a chave do meu carro lá dentro e não vou voltar lá, me dá a sua. – estende a mão.
Ele entrega sem pensar duas vezes, mas toca a mão dela.
– Amor... não faz assim, acredita em mim!
– Eu vou pra casa ficar com o meu filho, amanhã você pode ir vê-lo. – entrou no carro e deu partida.
As cenas não saíam de sua cabeça, tudo aquilo cortava seu coração que já estava em pedaços. O pior era sentir que William era como todos, como seu ex, que a trocou por uma qualquer. Todo o medo e angústia vieram a tona novamente.
O sentimento agora era de que tudo foi uma mentira, horas antes ele estava dizendo que a amava, que queria tentar e arriscar as escondidas com ela, mas, seus atos confirmaram que era tudo mentira.
Daniela jogou sujo, e Renata sabia disso, mas o que a jornalista achava que tinha visto era o que tinha como base, era a sua conclusão. O que ela viu foi Daniela segurando William pela camisa e o beijando, enquanto ele tinha as duas mãos em seus ombros, foi então que ao perceber a presença dela, ele a empurrou.
Muito diferente do que William contou, mas ela não sabia se deveria confiar.
Chegando no hotel, ela subiu direto para a cobertura, abrindo a porta e encontrando Helena dormindo com Henry nos braços, deitados no sofá, ela foi até lá, acordou silenciosamente Helena, conversaram um pouco sobre Henry e depois a assessora foi embora.
– Meu príncipe – sussurrou, pegando ele nos braços –, a mamãe te ama, meu amor – deixou uma lágrima correr –, te amo, filho, te amo! – o pega no colo, levando Henry pela primeira vez ao seu quartinho que ainda estava do mesmo jeito.
O colocou na caminha, depois foi até seu quarto para trocar de roupa e tomar banho. Então, voltou para a cama de Henry, abraçando o filho que dormia. Ele dormia serenamente, mas ela estava longe de sentir tranquilidade. Sua cabeça fumegava em problemas e dor, o coração parecia se quebrar a qualquer momento.
A cena não saía de sua cabeça, a todo momento vinha a decepção e a raiva.
Já com William, ele estava em casa, totalmente arrependido de ter aceitado ir naquele bar, se achava tão burro por não ter ao menos o discernimento de entender o que viria a acontecer. Dessa vez ele sabia que tinha perdido Renata de vez e se arrependia amargamente.
No dia seguinte
Renata Vasconcellos
“Mamãe, acorda, mamãe” – senti mãozinhas me balançando.
Ainda de olhos fechados eu o abracei e puxei ele para deitar em meu peito.
“Seu coração tá batendo assim ó, tu, tu, tu, tu!”
Eu sorri com sua fala.
– Só você pra me trazer alegria, meu amor! – abri os olhos, ele sentou na cama novamente –, você viu onde está?
“No meu quartinho, é meu mamãe?”
– É todinho seu, filho, só pra você. – olhei ao redor e já tinham alguns brinquedos espalhados pelo chão, sinal que ele estava acordado há tempos –, acordou cedo?
“Cedinho, aí eu fui brincar, mamãe tava mimindo”
– Hum, mas agora eu acordei – ouvi o estômago dele roncar.
“Opa!” – pousou a mão sobre a barriga e gargalhou.
– Parece que alguém está com fome – rimos –, vamos procurar algo para comer.
Ele correu pela casa, fui o seguindo. Chegamos na cozinha e abrimos a geladeira, procurei por uma coisa leve para comer mas só tinha coisas de adulto. Henry não come nada que tem aqui.
“Quero o tetê”
– Ih meu amor, acho que não tenho nada pra fazer o tetê aqui. Já sei, vamos tomar um banho, trocar essa roupa e descer para tomar um super café da manhã do hotel.
“Vai ter o tetê?” – abraça minhas pernas.
– Ah bom, acho que sim! Vamos nos arrumar.
Corremos para o banho, o arrumei primeiro, deixei ele sentadinho no sofá e corri pro banho, terminei o mais rápido que pude e quando voltei ele estava brincando com alguns brinquedos.
Ele estava tão lindo, os cabelos cortados e o sorriso contagiante, fora as roupinhas que eram a cara dele.
– Mamãe demorou porque estava procurando uma roupa pra ficar tão bonita quanto você está. – disse, assim que entramos no elevador e o peguei no colo.
“É verde também, mamãe” – se refere a cor das nossas roupas.
Beijei sua bochecha, as portas se abriram e saímos, indo até o restaurante do hotel, Henry era tão simpático que dava bom dia pra todos que passavam, exalando educação e carisma, de cara, conquistou as meninas que trabalhavam no café da manhã do hotel.
Sentamos em uma mesa perto da janela, levei ele até a grande mesa posta com guloseimas. Ele foi apontando e escolhendo o que queria. Depois, nos sentamos.
– Cuidado pra não sujar a roupinha. – aviso, enquanto ele se lambuza com um iogurte.
Avistando ele assim, tão tranquilo e calmo. Me lembro de seu pai, que traz a mesma estrutura emocional do filho. Isso se não fosse um canalha, ainda sinto raiva só de lembrar da cena, que tormenta. Ele também tinha culpa, foram muitas as vezes em que avisei sobre a índole daquela mulher, mas claro, ele não me ouviu.
“Mamãe, o papai foi trabalha? Ele não tá aqui” – fez bico.
– Não, ele tá em casa, mas já já nós vamos ver ele tá?
“Tá bom, sabe o que eu queria?”
– Hum, fala meu príncipe! – o olhei.
“Volta pra escolinha, joga bola e vê a Lulu.”
Passei a mão seu cabelo, depois limpei sua boca com o guardanapo.
– Vou conversar com o seu pai pra você voltar para a escolinha, prometo!
“Agora a mamãe pode me levar na escola e eu vou mostrar pra todo mundo que eu também tenho uma mamãe”
Sorri largo com o peito saltitante de felicidade. Beijei sua testa.
– Vou te levar sempre que eu puder! Te amo meu filho.
“Que mais iogurte, mamãe”
– Me espera aqui que eu vou pegar. – digo, me levantando.
Passo pelas mesas e chego ao outro lado do salão, procurando pela mesa o tal iogurte, mas não encontro.
– Com licença, pode me arranjar mais um iogurte de morango?
– Ah claro, já volto.
Aproveito que ela se afastou e sirvo mais algumas coisas para nós. Logo iria levar ele para casa do pai e ter que enfrentar William de uma vez.
– Aqui senhorita.
– Obrigada – pego da mão dela e começo a me dirigir até a mesa.
Mas meus olhos fitam Miguel tocando Henry e meu corpo se arrepia inteiro. Corri deixando a bandeja na mesa. Miguel me viu e sorriu, ele estava sentado ao lado do meu filho.
– Olha, essa é a sua mamãe, Henry? – ele pergunta para o menino
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.