Giovanna
Ao abrirmos a porta nos deparamos com o que fez o barulho: um jovem completamente bêbado. Ele está deitado sobre o próprio vômito e em meio a garrafas de bebidas. Olho para Nero esperando que ele diga algo.
– Fica tranquila, – sussurra enquanto pega em minha mão – ele não viu nada.
Andamos pelos corredores sem pressa e até quase nos perdemos pelos cômodos. Seguimos a música que se tornava mais alta a medida que nos aproximávamos da escada principal. O salão que antes estava cheio, agora só tinham algumas pessoas espalhadas nos sofás e no chão.
– Olha lá – Nero aponta o dedo rindo. Era o namorado de Amora, ele estava no mesmo sofá e quase do mesmo jeito que o vimos ontem. Seguramos o riso e passamos em silêncio para não correr o risco de acordarmos alguém.
Saímos por uma porta que dava para uma piscina. Lá tinham algumas (pouquíssimas) pessoas que pareciam conversar. Gelo quando vejo Amora em uma espreguiçadeira tagarelando com uma senhora. Ela nos vê assim que saímos.
– Ei, gente – ela grita, e eu olho para o lado. – Genteeee! – Ela abana os braços como uma louca e, ao perceber que estávamos sem graça, vem até nossa direção.
– Onde cês tavam? – Quando a olhamos com estranhamento, ela começa a gargalhar na nossa cara. – Aaaahh, entendi! – diz com ar sátiro. Nero ri maliciosamente e eu fico entre os dois aguentando ser o motivo da chacota. No fundo também queria rir, mas preferi fingir que estava brava.
– Parô os dois – digo levantando as duas mãos, e eles gargalham ainda mais. Nero vendo minha expressão, fica sério e passa um braço sobre meu ombro.
– Tá, parei – ele diz, e Amora também para. Agora é a minha vez de rir, mas só um pouco, pra eles verem que eu estava zoando.
– Amora, cê viu seu namorado lá no... – ela me interrompe no meio da frase.
– Nem fala nada – ela ri. – Só sai de lá arrastado.
– Bom, gente, tenho que ir – digo ainda rindo um pouco.
– Não, fica, aproveita um pouco a piscina – Amora diz.
– Mas olha como eu estou – seguro a alça do meu vestido.
– Qual é o problema? – Nero tira o calçado, se senta na borda da piscina e coloca os pés na água.
– Ah... eu não tenho biquíni, ué!
– Fica aqui na borda, pelo menos – me puxa pelo braço, me obrigando a sentar.
– Tá bom, só um pouco.
– Vou deixar vocês aí – Amora dá as costas. – Fui, amores.
Enquanto tiro minha sandália, ele praticamente me devora com os olhos, deve estar se lembrando no que ela esteve envolvida.
– Quer saber? – Ele tira a camisa. – Tá um calorão, vou entrar. – Repentinamente ele se joga dentro da piscina, fazendo com que a viessem gotas de água em minha direção.
– Nãooo – dramaticamente grito.
Assim que emerge, vem em minha direção com olhar brincalhão. – O que foi? – pergunto. Ele segura meu pé sem dizer nada e dá leves puxõezinhos. – Tu nem é doido. – Ele começa a me arrastar para mais pra borda. – É sério. – Tento ficar séria, mas não consigo. Por um momento ele distrai e consigo me soltar. Afasto-me da borda e ele sai da piscina vindo até mim.
– Me dá um abraço – diz de um jeito travesso. – Vem cá, Gio. – Dou passos pra trás, sempre olhando pra ele. – Anda. – ele ri.
Quando chego até uma parede, ele me agarra e me levanta do chão. – Nãooo! – grito. Balanço minhas pernas no ar para que ele me solte. Ele corre comigo nos braço e se lança dentro da piscina.
Nero
Pensei que ela ficaria brava, mas assim que retorna a superfície, já está sorrindo.
– Eu vou te matar. – Nada em minha direção e eu me afasto. – Vem cá, vem. – Ela mergulha e, ao chegar até mim, circula os braços em volta do meu pescoço.
– Eu adoro esse seu jeito. – digo, e ela me olha curiosa.
– Que jeito? – ela roça a ponta do seu nariz na minha bochecha.
– Não sei, tudo – seguro seu rosto. – Você é uma boa amiga, companheira, mãe. Eu gosto tanto de você...
– Eu também – diz indiferente.
– Mas eu gosto muito de você. – digo de modo divertido..
– Eu também gosto muito de você. – Parece refletir sobre algo.
– Mas eu gosto muito, muito, muito... – Colo minha testa com a dela.
– Eu te amo. – Fico estático. Apesar sentir o mesmo, não pensei que fosse recíproco.
– Eu também... te amo – nos beijamos.
Amora
De onde estou, não posso ouvir o que eles dizem, mas posso ver que eles estão se divertindo bastante, pois escuto suas risadas. Tanto Giovanna, quanto Nero estão radiantes, faz tempos que não os via assim.
Depois de algum tempo brincando, eles saem da piscina e veem até mim.
– Amora, meu amor, – Nero segura minha mão – já estamos indo – me levanto.
– Ah, não, gente, fiquem mais um pouquinho – faço biquinho – Vocês nem me deram atenção.
– Oh, gente! – Giovanna vem pra me abraçar – Que pessoa carente. – Nero também me abraça e ficamos os três unidos por um tempo.
– Vocês fazem um casal tão bonito. – digo assim que nos soltamos. – Fiquem assim pra sempre, viu?! – aperto suas bochechas, como as tias fazem.
– Tá. – dizem juntos.
Nero
Vou para o carro e ligo em uma emissora de rádio qualquer, só para me manter alerta. Por todo o caminho fico pensando na noite maravilhosa que tive. Dirijo normalmente até me dar conta da minha própria figura no espelho retrovisor, eu estava rindo feito um idiota.
Quando chego no meu prédio, desço do carro, assobiando, e subo o elevador. Abrindo a porta do meu apartamento, rapidamente desfaço o meu sorriso e não consigo esconder meu descontentamento.
– Karen?! – Digo, sem entender o que ela fazia lá.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.