Uma semana depois...
- Bom dia, meu bebê! Como vai? – Samantha ouviu a voz do pai antes mesmo de chegar à cozinha. Ele sentiu a presença da garota devido ao ruído de passos pelo corredor do apartamento e também pelo barulho dos bocejos. A cantora entrou no cômodo e encontrou o pai fazendo um café da manhã típico americano: ovo com bacon. Samantha não estava de cara boa. Lambertini abriu um sorriso. – Dormiu bem, querida? Quer alguma coisa especial para o café...
- O senhor pode incorporar ai a Paola do masterchef, me preparar o melhor café da manhã das galáxias que eu não vou perdoar você! – Afirmou ressentida para o susto do pai. – Como o senhor é capaz de me acordar a essa hora da madrugada para buscar sei lá que amigo seu em aeroporto?
Lambertini deu uma risada. Quando na noite anterior contou seus planos para Marina, a ex-delegada e atual namorada garantiu que Samantha ficaria uma fera. Ele apostou que não. Tinha se esquecido durante aquele quase um ano da filha morando longe de seu endereço, o quanto sua garota podia fazer um dramalhão digno de novela das oito por uma coisa mínima. Marina estava certa, ela estava irritadíssima.
- Vai, Sam... Seis da manhã nem é tão cedo assim... Você anda muito preguiçosa...
- É lógico, pai... O senhor não vê Discovery Chanel, Animal Planet? Até os ursos que tem 20 vezes a minha força e o corpo cheio de pelos hibernam... Por que eu tenho que resistir ao frio e a neve para buscar o seu... – Ressaltou a palavra seu. – Amigo no aeroporto?
- Porque eu mandei você fazer isso, talvez? – Disse enquanto servia o café da manha à garota com um sorriso nos lábios. Desanimada, Samantha começou a comer.
- Odeio esse argumento.
Lambertini sorriu.
- Eu adoro...
O homem olhou no relógio. A previsão de chegada do voo vindo de São Paulo era para as oito. Se Samantha enrolasse muito acabaria atrasando o cronograma, a garota precisa ir para o distrito do Queens, onde ficava localizado o imponente Aeroporto Internacional J. F. Kennedy. O apartamento onde moravam era no Brooklin, as linhas de metrô e ônibus ajudavam a se locomover pela cidade, mas ainda assim era um bom pedaço de chão que Samantha precisava percorrer para chegar ao seu destino. Apesar de estar há apenas três meses na cidade, Samantha conseguia se virar bem nos trajetos. A família de Marina morava em Williamsburg, no mesmo bairro que Samantha e Lambertini. Caio, o sobrinho de Marina conhecia Nova Iorque muito bem e andava com Samantha para cima e para baixo. Juntos exploravam boa parte da metrópole.
- Como ele é? – Samantha questionou.
- Quem?
- Seu amigo que vai ficar aqui... – Lambertini deu um meio sorriso. – Como ele é?
- O Hélio é super gente boa... Você vai adorar ele...
- Pelo nome deve ser chato... – Afirmou fazendo o pai gargalhar. – Super xarope e coroa...
Lambertini se fez de ofendido.
- Que preconceito é esse com coroas, eu posso saber?
- Você que só tem amigo chato...
- Tem a Marina e você a adora...
Samantha riu.
- A Marina é moderna, gente boa e só tem 37 anos, não é coroa... E é diferente, ela é sua namorada...
- Ainda estamos conversando sobre o veredito final... A definir... – Samantha fitou o pai surpresa. – Ué... Só você tem direito a ter um lance? – Brincou. – Modern Times...
- Modern Times, com sotaque e tudo, arrasando no inglês, hein seo Lambertini?! Show! – Samantha devolveu a brincadeira. Lambertini saiu da cozinha para ir se arrumar, ele também ia sair, tinha compromisso e com essa desculpa conseguiu convencer a filha de buscar seu amigo no aeroporto. Samantha olhou pela janela da cozinha. Não estava nevando, mas em parte da rua ainda havia resíduos de gelo derretendo misturado com lama. Pela vestimenta dos transeuntes estava bem frio. Até sentiu saudade do inverno de 15, 18 graus de São Paulo. Em Nova Iorque se sentia como se morasse em um daqueles cartões de Natal que mostram o Papai Noel completamente encapuzado, bem distante do verão brasileiro. – PAI...
- OI? – Lambertini disse da sala. Pelo tom de voz, ele estava ocupado.
- Eu tenho mesmo que ir? – Perguntou manhosa.
- SAMANTHA, LEVANTA OU EU FAÇO VOCÊ IR DE PIJAMA PRA CONGELAR ESSE TRASEIRO BRANCO DE UMA VEZ! – Lambertini afirmou. Ouviu “já vou, apressado” e riu. Pelo jeito Samantha tinha pulado da cadeira. O homem deu um meio sorriso, mas continuou se fazendo de bravo. – VOCÊ TEM UMA HORA PARA CHEGAR NESSE AEROPORTO!
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Apesar de ter se enrolado para sair de casa, Samantha chegou no aeroporto J.F. Kennedy em uma hora exata. O voo do tal Hélio ainda não havia chegado. Samantha aproveitou para entrar em um Starbucks e pediu um café.
Enquanto tomava seu expresso, distraia-se com o celular. Passou quase quarenta minutos conversando com Caio. Ele era filho de brasileiros, mas vivia em Nova Iorque desde pequeno. Às oito horas em ponto os autofalantes do aeroporto anunciaram a chegada do voo vindo do Brasil. Ela decidiu se despedir do garoto e mandou um áudio.
- Are you going to see my show? ( Você vai ver o meu show?)
- I want to go, but I do not know if it will... (Eu quero ir, mas não sei se vai dar...) - Caio se explicou. - I have a lot accumulated to study (Tenho muita coisa acumulada para estudar)
- This is not a question, it's an order!(Isso não é uma pergunta, é uma ordem) – A garota brincou. - It's the first time my first time singing outside Brazil, it's important to me. I want to see you there! (É a minha primeira vez cantando fora do Brasil, é importante pra mim. Eu quero te ver lá!)
Samantha esperou alguns segundos e então ouviu a seguinte resposta do garoto.
- Okay, I'll make it possible to see you! (Ok, vou fazer o possível para te ver!)
Samantha deu um gritinho animada.
- Ah, my baby, you are the love of my life! I love you! (Ah, meu bebê, você é o amor da minha vida mesmo! Eu te amo!) – Se declarou imaginando a careta de Caio ao ouvir suas palavras. Riu. - I have to disconnect, my father's friend's flight will disembark in a moment. Goodbye! (Eu tenho que desligar, o voo do amigo do meu pai vai desembarcar daqui a pouco. Tchau!)
Samantha guardou seu celular, terminou o café e seguiu caminhando pelo aeroporto. Não foi direto para a área de desembarque pois sabia que aqueles trâmites demoravam, se perdeu tanto entre as vitrines que apenas deu conta que havia feito hora demais quando seu telefone tocou. Atendeu.
- Oi...
- Oi, Samantha... – Lica disse do outro lado da linha. – Tudo bem?
- Tirando o sono, tudo...
- Sono?
- Eu vim buscar um amigo do meu pai no aeroporto... Eu posso te ligar mais tarde... Preciso encontrar esse cara e nem sei como é a cara dele.
Lambertini ficou de enviar uma foto de Hélio para Samantha, enrolou, enrolou e no final disse que ela não ia precisar da foto que Hélio a reconheceria. O tom que Lica respondeu a garota não foi dos mais amistosos.
- Porra, você vai desligar na minha cara?! Tem uma semana que a gente não se fala direito.
Era verdade. Há uma semana se falavam apenas por mensagens e bem curtas. Samantha que sempre tomava a iniciativa de procurar por Lica. A garota dizia que estava ocupada, ultima semana do colégio, encerramento de notas. Ela tinha muito trabalho para fazer, precisava se dedicar.
Primeiro Samantha acreditou mesmo que as notas tomavam o tempo de Lica, mas depois começou a desconfiar de algo maior. Tentou assuntar com os amigos, todos falavam a mesma coisa, com eles Lica estava normal, o problema poderia ser um só então: ela. Samantha estava preocupada com Lica. Tinha sonhado a noite com ela, assim que tivesse tempo ligaria para a mais velha. Só não ligou antes porque sabia que ela devia estar ocupada.
- Você que está fugindo de mim... O que eu te fiz?
- Eu? – Lica questionou surpresa. – Pô, é só trabalho... Aí você reclama que eu não te ligo... Quando eu ligo você quer desligar... Não dá pra entender, mano... – Samantha fechou o cenho, odiava quando Lica a tratava como se estivesse falando com MB, Anderson ou um garoto e Lica sabia muito bem disso. Quando queria irritá-la chamava de mano ou de brother. Samantha ouviu a risada da garota e continuou. – Calma, não precisa fica de cara fechada, tá de TPM?
- Lica, não enche o saco, eu já tive que sair nesse frio da porra pra buscar uma pessoa que eu não conheço... Eu fico com a cara que eu quiser e... – Refletiu. – Espera, como você sabia que eu fiz cara feia? Não é chamada de vídeo....
Lica riu.
- Eu falei que você fechou a cara. – Lica retrucou. – Você não consegue ficar de cara feia nunca, até com raiva você é linda... – Samantha mordeu o lábio sem graça. – E quando fica sem jeito dá uma mordidinha assim no lábio, no canto esquerdo...
Por mais que Lica a conhecesse, aquilo ela loucura. Não era uma chamada de vídeo. Como Lica podia adivinhar seus movimentos?
- Lica, eu não te disse que fechei a cara...
- Eu adivinho as coisas... Eu aposto que quando você olhar na vitrine dessa loja de lembrancinhas aí atrás de você, você vai sorrir... – No mesmo instante, Samantha deu um giro, se deparou com a loja de lembrancinhas que havia sido citada e Lica parada junto a porta da loja, em uma pose displicente, com o celular no ouvido. Seus olhos transbordaram comovidos e um sorriso de orelha a orelha cresceu em seu rosto. A emoção em ver que Lica cumpriu sua palavra e foi visitá-la era tanta que a garganta chegou a trancar. Ela estava linda. Usava o sobretudo preto que Marta e Luís havia lhe dado de presente, uma calça da mesma cor que contornava seu corpo e por dentro uma camisa de tricô marrom clara de gola alta. Botas, cachecol e gorro. Ela sorria abertamente, seu rosto estava com uma aparência boa, se não fosse os olhos levemente inchados e o café preto sem açúcar que trazia não mãos para espantar o sono, ninguém diria que enfrentou mais de dezesseis horas de viagem para cumprir sua palavra e ver a ex namorada em Nova Iorque. – Eu falei que você ia sorrir...
Samantha abriu ainda mais o seu sorriso. Ao ver Lica parada em frente aquela loja de lembrancinhas, mais uma vez se apaixonou pela garota. Lica estava apenas alguns passos dela, mas a saudade era tanta que Samantha sentiu como se tivesse em câmera lenta e precisasse de alguns minutos para encontrar Lica. Cada segundo de espera valeu a pena ao sentir o abraço confortável da garota em torno de seu corpo. Até o clichê delicioso de ser erguida e rodopiada no ar, Lica fez questão de fazer tirando os pés de Samantha do chão. Sentiu o nariz da garota afundando em seu pescoço e seus cabelos. Quando a colocou de volta no chão, Lica deu um passo para trás apenas para admirá-la melhor.
- Garota... O que eu faço com você? – Samantha questionou agitada. – Meu Deus, você é o Hélio! – Lica riu. – Como você veio parar aqui?!
- Me atura! Você me convidou pra ouvir você tocar, eu vim, ué... – Lica disse em um tom divertido. Fingiu-se assustar. – Puta que pariu, você me chamou só por educação?
- Claro que não... É que você... – Riu. Fez um carinho no rosto de Lica. – Eu estava com tanta saudade de você... – Seus dedos tocaram as feições da mais velha e contornaram cada traço. – Eu sonhei com você a noite toda... Parece mentira ...
Lica sorriu. Suas mãos envolveram o rosto de Samantha.
- Eu pensei em você o voo inteiro, essa semana toda... Você tá cada dia mais linda, Samantha... E o que eu ando sentindo não tá cabendo mais dentro de mim... – Respirou fundo. – Eu pensei em todas essas coisas durante esse tempo, eu estou quase enlouquecendo... E se você e esse Caio estiverem juntos, eu prefiro saber agora, por mais que eu sofra do que ficar com essa dúvida eterna que é saber se você tá sentindo o mesmo que eu ou seguiu em frente...
Samantha arregalou os olhos surpresas.
- O Caio e eu? - Samantha franziu o cenho com a ideia estapafúrdia de Lica. Riu. - Você tá pensando... – Lica ouvia tudo atentamente. Samantha segurou sua tentação de rir da cara de Lica e então disse calmamente. – O Caio e eu não tem nada ver... Eu te garanto... – Fez uma pausa. Se aproximou de Lica. – Lica... Outra pessoa e eu não tem nada ver agora porque só tem uma pessoa no mundo inteiro que eu estou interessada atualmente... E essa pessoa está aqui, na minha frente! – Os olhos de Lica se prendiam aos seus. Jogou uma das mechas da garota para trás da orelha de um modo carinho. – Eu não sei onde isso vai dar, mas eu também não estou nem aí...
O sorriso tímido de Lica foi a última imagem que Samantha viu antes de beijar os lábios da outra apaixonadamente. Ela não sabia dizer se era por conta da saudade, mas o beijo de Lica parecia ainda mais macio, doce e abrasante do que suas lembranças registravam. Mordeu os lábios da maior e sentiu os dedos de Lica e sentiu os dedos firmes da mais velha se afundarem em seus cabelos rebeldes e as unhas desceram suavemente pela nuca. As mãos de Samantha enlaçavam Lica pelas costas. Trocaram alguns selinhos enquanto recuperavam o ar.
- Eu amo você... – Samantha afirmou a Lica.
As duas voltaram a sorrir e mais uma vez as bocas se tocaram intensamente. Apenas interromperam quando ouviram a voz de algum engraçadinho gritar “"get a room", sugerindo que elas deixassem os beijos apaixonados para um local mais apropriado. Lica não compreendeu perfeitamente pois estava desacostumada com a língua, mas Samantha entendeu e morreu de rir. Lica sentiu o rosto se avermelhar.
- Aqui eles são mais reservados... A gente tem que se comportar mais...
Ganhou um selinho de Lica.
- Assim é bom, aí ninguém se mete com a minha namorada.
- Lica... – Samantha sorriu. – Você falou namorada?
- Você tem alguma dúvida?
Samantha fez um gesto negativo.
- Nenhuma...
As duas sorriram e trocaram um novo beijo. Esse mais tímido que os outros dois. De mãos dadas seguiram o caminho para durante o trajeto do Queens para o Brooklyn, Samantha foi mostrando alguns pontos interessantes da cidade para Lica e a namorada explicava a ela como foi parar ali.
- Então o tio Luís e a tia Marta te deram a passagem de presente? – Lica fez um gesto afirmativo. – E você combinou tudo isso com meu pai? – Outro sim. – Nossa, estão tão amiguinhos assim?
Lica riu.
- Seo Lambertini é parceirão... E folgado, fica direto me mandando vídeo com pegadinha do gemidão do zap... – Samantha deu uma risada. – Ele tá todo felizinho com a Marina, né?!
- Tá... Ela faz muito bem pra ele, ao contrário do que era com a Vivian... Tem nem comparação, sabe? Nunca vi meu pai tão feliz...
Lica sorriu.
- To muito feliz por ele e por vocês também...
- Ele não diz abertamente, mas a história deles tá ficando séria... A gente até passou a Ação de Graças com a família dela. – E admitiu. - Eu super apoiaria a Marina como madrasta... – Samantha percebeu um desconforto na namorada. – Tá tudo bem?
- Tá... É que... Eu precisava te contar um negócio envolvendo madrasta... A minha madrasta e o meu pai... Essa semana...
- Foi marcado o julgamento deles e do Rafa, né?! – Lica fitou a outra surpresa. – Tia Marta me contou... – Samantha brincou. – Não é só você que é amiga dos sogros não...
- Que danadas vocês...
As duas trocaram selinho e seguiram viagem até o Brooklyn. Encontraram a casa de Samantha vazia. Apesar das 16 horas de viagem, Lica não quis dormir. Aceitou um sanduíche que Samantha lhe ofereceu e aproveitou para contar as novidades dos amigos que não eram poucas. Ao finalizar o lanche entregou o prato para Samantha.
- Você ainda tá com fome? Eu posso preparar outro sanduíche...
- To sim... – Samantha se levantou para ir até a cozinha. Lica a puxou fazendo-a cair sobre seu colo. – Eu não disse que a minha fome é de sanduíche...
A menor sentiu o olhar malicioso da mais velha. Ela também experimentava daquela fome que Lica se referia, apenas não tinha tomado qualquer atitude porque queria deixar a namorada descansar. Como Lica levou a conversa para aquele rumo, ela não iria recuar. Roçou seus lábios sobre a boca da garota e sentiu a língua invadir suavemente sua cavidade bucal. Enquanto Lica conduzia o beijo, Samantha se acomodava sobre suas pernas.
As mãos de Samantha bagunçavam os cabelos escuros em uma tentativa de amortizar a tensão que estava sentido. Lica dedicou em sugar seu lábio inferior em um compasso lento, baixou com os beijos pelo queixo e começou a explorar o pescoço deixando uma trilha férvida sobre a garganta da garota. As mãos de Samantha desceram por suas costas e retiraram a blusa de frio que Lica usva deixando apenas com a roupa térmica. Lica fez o mesmo com a peça de roupa de Samantha, a mais nova sorriu. A mão de Samtnha tocou Lica intimamente sobre e a calça e apesar das camadas de tecido, conseguiu capturar toda a efervencencia que Lica emanava. Roçou seus lábios sobre os da namorada.
– - Eu sei que o protocolo manda você descansar, mas eu não vou aguentar... - Jogou o corpo levemente para trás e abriu o botão da calça de Lica e desceu o zíper. - Eu preciso te sentir...
– - Foda-se o protocolo... - Lica disse provocando um sorriso na menor.
Os lábios da outra se derramaram sobre os seus de maneira apaixonada e prontamente foram correspondidos com intensidade. Lica necessitava sim de uma cama, mas a última coisa que pensava naquele instante era em dormir. Em sua cabeça não existia ser humano que conseguisse pensar em dormir com uma mulher como Samantha a beijando e tocando daquela maneira tão especial. Suas mãos passaram a viajar pelo corpo de Samantha, desceram pelas costas, ultrapassaram a blusa térmica , subiram pelas costas provocando um gostoso arrepio em todo o organismo e se fecharam sobre um dos seios em uma massagem gostosa, Lica ouviu a outra gemer contra sua boca e tratou de aprofundar mais o beijo. Estava pronta para retirar a camisa térmica de Samantha quando sentiu a garota se afastar e caiu para o acento a seu lado. A principio Lica não entendeu, mas quando os passos de Lambertini pelo corredor externo se tornaram mais fortes ela compreendeu o gesto da namorada. Aquela foi por pouco. Em segundos o homem e Marina chegavam no apartamento. Ele tinha esquecido um documento importante que ia precisar no decorrer daquele dia, sua sorte foi que Marina o alertou antes de atravessarem a ponte e irem para Manhattan .
– - Fez boa viagem, Lica? - Marina questionou ao cumprimentar a garota com dois beijos de comadre. - Foi tudo bem?
– - Tudo certinho, graças a Deus...
– - Que bom... - Lambertini disse puxando a mão estendida da garota para um abraço deixando Lica tímida. - Eu fico muito feliz em te receber em casa... - Disse dando um tapinha nos ombros de Lica, mediu a garota de cima abaixo. - Vou ficar mais feliz ainda se você fechar a braguilha dessa calça... - Disse fazendo Marina gargalhar e deixando as jovens sem graça. Lica estava cor de vinho, rapidamente subiu a braguilha da calça. - Samantha, deu tempo de oferecer alguma coisa para a menina comer antes de você agarrar ela no meu sofá...
– - Seo Lamnertini, sem comentários... - A Marina. - E você dá jeito nesse teu namorado que ele está impossivel!
Marina fitou Lambertini apaixonada.
– - Miguel, deixa as meninas...Vai pegar sua pasta que já estamos atrasados! - Deu um selinho no pai de Samantha. - Vai...
Lambertini sorriu de um jeito carinhoso para a ruiva.
- Já volto, querida... - Resolveu obedecer a ordem da ex delegada. Antes de sair da sala disse a a Lica e Samantha. - A sorte de vocês é que ela pediu com jeitinho, senão ia torrar o saco de vocês... - Diretamente a Samantha. - Como é aquela história do meu amigo Hélio? - Deu uma piscadinha cúmplice a Lica. - Chato, super xarope, coroa...
As duas garotas riram, quando Lambertini se afastou, Samantha garantiu a Marina.
- Quando vocês casarem ele é todo seu... - Marina enrubesceu. Era cedo para falar sobre aquele assunto, mas Samantha não se importou. - E eu não aceito devolução! - Puxou Lica. - Vem conhecer o resto da casa e o meu quarto.
As duas garotas estavam no corredor quando ouviram Lambertini gritar que esperava que a nora saísse viva do quarto de Samantha. Lica riu. Era bom ver um clima tão amistoso entre os dois depois de tantos desentendimentos. Samantha cumpriu o que prometeu, lhe apresentou o resto da casa e seu quarto. O apartamento não era grande, possuia dois duas sala, dois quartos com suite, uma pequena cozinha, lavabo e varanda Em pouco tempo estavam no quarto de Samantha.
– - Meu pai é foda, viu...
– - Deixa ele, você sabe que eu nem ligo... Até gosto das brincadeiras dele...
Samantha fez um gesto negativo e riu.
– - Eu tô perdida, né? Vocês tão assim... - Lica riu. - Eu mereço...
Lica deixou sua mochila ao lado da cama e se sentou.
- Faço a minha média com o sogrão, né?! Ele e a Marina deram mesmo certo, né?
- Não é?
- Como diria a Tina, Love's in the air... - Lica disse fazendo a namorada rir. Estava morrendo de saudade dos amigos. - Falando nisso, ela e a Clara fizeram uma lista de coisas para comprar, seu não aparecer com as copisas que las me pediram é melhor nem aparecer no Brasil, por que elas me encheram o saco...
Samantha riu.
- Tudo bem... Depois a gente resolve isso... O que você acha agora de um banho ?
- Agora! - Lica se levantou no mesmo ato. - Tô precisando mesmo descansar!
A mais nova se levantou, foi ate a porta do quarto e trancou. Lica estava distraindo, separando as roupas que ia usar, Samntha deixou as roupas de lado.
- Eu vou usar essas roupas, Sammy...
Lica foi agarrada por trás. Samantha deixou um beijo quente na lateral de seu pescoço fazendo-a estremecer.
– - De acordo com os meus planos, você não vai precisar de roupa nenhuma... Por um bom tempo...
Lica sorriu. Virou de frente para Samantha fazendo a garota se encaixar seus braços.
– - Eu presumo que a última coisa que eu vou fazer nesse banho é descansar... Tô certa?
Samantha fez um gesto afirmativo e disse de maneira sensual.
– - Garota esperta!
Os lábios de Lica foram tomados em uma cadencia lenta e apaixonada. Lica deixou que Samantha conduzisse todo o ato e matou sua saudade de todos aqueles três meses. Apenas descansou de fato quando seu corpo caiu exaurido sobre o corpo de Samantha após fazer a mais nova se derreter em suas mãos. Foi um dos melhores sonos que tirou na vida. Samantha não estava tão cansada quanto Lica, mas também adormeceu. Acordou por volta de meio dia com seu celular. Era Edson, um dos caras da banda que queria confirmar o horário que iam ensaiar o repertório que apresentariam mais tarde. Todos estavam preocupados pois Samantha ia encaixar uma música inédita no repertório.
A vontade de Samantha era desmarcar todos seus compromissos, mas não o fez. Ela tinha que ser profissional, no final daquele dia seria sua estreia, queria que tudo saísse perfeito. Com muita suavidade, a garota saiu da cama e deixou Lica dormindo agarrada em seu travesseiro. Tomou um novo bnaho, se trocou e saiu de casa. Lica acordou duas horas mais tarde, encontoru um bilhete de Samantha explicando que teve que sair, mas que estaria próximo de casa já que o local de ensaio era apenas algumas quadras de seu prédio. Deixou o endereço da onde ensaiaria caso Lica quisesse encontrá-la e deixou sua chave caso Lica quisesse sair. A garota de franja mandou uma mensagem para namorada e Samantha a convidou para buscá-la no ensaio. Apesar de nunca ter atravessado a ponte de Manhattan para o Brooklin, Lica não teve dificuldades em se localizar em Williamsburg.
O bairro era bem simpático e a vizinhaça tinha um “quê” de alternativo, o que Lica achou a cara de Samantha. Em seu trajeto passou por uma ferinha gastronômica e alguns artistas de rua que tocavam violino e um rapaz que fazia grafites. O endereço que Samantha havia lhe passado dava em um hotel e a garota a esperava na porta. As duas se cumprimentaram com um selinho.
– - Fiquei com medo de você se perder...
– - Não, qualquer coisa eu perguntava... Me viro bem no inglês. - Lica disse. - E aqui eu ouvi muito espanhol também...
– - Aqui é bem diversificado... E super badaladinho... Você vai adorar...
– - Cadê o resto do pessoal?
– - Ficaram na casa do Edson onde a gente ensaia... Eu trouxe você aqui pra gente comer um brunch... Você não almoçou, né? - Lica fez um gesto negativo. - O brunch daqui é delicioso... Meu pai gosta de vir pra cá nos domingos... O Caio está lá em cima esperando a gente...
Lica fez um gesto afirmativo. Ela parecia desconfortavel.
– - Você chamou esse cara? Porque você não me disse...
– - Ele não vai conseguir ir na minha apresentação e combinamos de almoçar juntos pra ele me dar uma força. Lica, ele é legal, é meu aluno de violão e é super fofo e é meu amigo... Deixa de ciume bobo...
– - Não é ciúme! Eu não sou assim! - Garantiu. - É que é estranho, esse cara andando pra cima e pra baixo com você...
– - Ele é meu amigo! - Samantha argumentou. - Quer saber... Vocês até são parecidos... - Lica fez um bico. - Deixa de ser chata e pelo menos tenta ser amiga dele... Por mim! Você está com todos os nossos amigos no Brasil, eu to praticamente sozinha aqui...
Lica refletiu e acabou dando razão para Samantha. Ela estava sendo infantil.
– - Tudo bem! - Lica concordou. Samantha sorriu. - Se ele é importante pra você, eu vou tentar ser amiga dele, mas eu não prometo nada...
Em respota ganhou um beijo apaixonado. Ansiosa, Samantha a puxou pela mão e entraram no hotel. O brunch era servido no últmo andar. Ao chegarem na sala de refeições encontraram o refeitorio quase vázio. Apenas um grupo de homens de terno conversavam em uma mesa, duas senhoras comiam ovos com bacon em outra mesa e um garoto franzino, de uns doze anos lia um mangá solitariamente. Lica olhou em volta a espera de Caio. Samantha deu um meio sorriso.
– - Acho que ele deu bolo, hein?! Ele costuma atrasar?
– Samantha fez um gesto negativo.
– Ele está bem ali... - Disse apontando o garoto do mangá com o queixo. Lica fitou o garoto e depois a encarou confusa. Samantha riu. - Aquele é o Caio, meu amigo super fofo, meu aluno e sobrinho da Marina...
Como se ouvisse seu nome, Caio levantou a cabeça e acenou animadamente a Samantha. Lica não acreditava.
– - Você tá dizendo que o Caio... - Lica imaginava um garotão loiro de quase dois metros, metido a jogador de basquete dando em cima da sua garota. Caio não passava de um molequinho. - É o Caio... - Samantha fez um gesto afirmativo entre risadas. - Mas... Por que você me escondeu a idade dele?
– - Eu não escondi nada, sua doida... Quando a K1 me perguntou como era o Caio eu falei pra ela, mostrei a foto dele e tudo... Pra Tina e a Clara também... - Lica ia matar as três quando chegasse ao brasil, tinha pedido que as meninas sondassem Samantha, elas botaram mais pilha estimulando ela a viajar sabendo que Caio era um pirralho. - Você que nunca me perguntou nada...
– - Você tá me dizendo que eu tive uma crise de ciúmes de um moleque de dez anos?
– - Ciumes? - Samantha tentou imitar a voz de Lica. Se divertia. - Não é ciumes... Você não é disso... - Riu. - E ele tem doze anos...
– - Por que você não falou isso no aeroporto, quando a gente se encontrou?
– - E perder essa sua cara de agora? Jamais! - Lica fechou a cara. - Você prometeu que ia tentar se dar bem com ele... - Riu. - Eu disse que vocês eram parecidos...
– - O que eu tenho a ver com um nerdizinho americano viciado em mangás?
– - As vezes parece que vocês dois tem doze anos! - Afirmou deixando Lica aborrecida. - Vem, minha marrentinha!
A carranca de Lica não durou dois minutos. Em pouco tempo ela deu a mão a palmatória quando viu que Caio lia um mangá que ela também acompanhava no Brasil. Apesar da pouca idade, o garoto era maduro e tinha sim alguns assuntos do mesmo interesse de Lica. No final do passeio Caio e Lica até deixaram Samantha um tanto de lado pois se perderam em uma conversa interminavel sobre grafitagem e cantores de rap.
– - Vocês tão prontas? - Lambertini questionou Lica e Marina. A nora e namorada o esperavam na sala. Ele foi o ultimo a se arrumar. - Não é melhor a gente pegar um táxi?
– - Não precisa... Sempre atrasa...
Samantha já havia ido para o bar de Greg antes para um ultim o ensaio com a banda. O bar também não era muito longe de sua casa. Lica, Marina e Lamberini foram caminahndo. Conforme iam passando pelo bairro, Marina mostrava a Lica alguns pontos interessantes. Chegaram no bar brasileiro e havia uma mesa especial para eles. Pelo tratamento recebido, Lica percebeu que Lambertini e Samantha eram frequentadores do local. Na hora do show, Bruna, a amiga de Cíntia que havia encaixado Samantha na banda se juntou a eles. Ela recebeu Lica com muita simpátia. Logo Greg apareceu e anunciou o inicio da apresentação.
Samantha dividia o vocal com Edson que também cantava muito bem, as primeiras músicas foram cantadas por ele. A quarta música Samantha tomou o vocal para si. Cantou dois sucessos da MPB e depois chegou a hora mais critica da noite. Ia arriscar uma musica autoral, mas não qualquer música. Uma que tinha toda ua história especial. Nas coisas que Bruna havia entregado a Samantha havia uma fita k7 que Samantha demorou quase duas semanas para char um lugar para ouvir. Era uma música autoral de Cíntia. Ela tinha trabalhado todo o arranjo da musica, mas não colocou letra. Samantha foi procurar Bruna que explicou.
– - Ela chegou a gravar o arranjo, a gente sempre falava que tinha que arranjar um tempo fazer a letra, mas acabou que a gente enrolou, enrolou e não saiu...
Era um desperdicio um arranjo daqueles sem letra, Samantha pensava. Ficou dias com a música na cabeça. No meio de uma conversa com Lica encontoru inspiração necessária e começou a trabalhar na letra da música que em poucos dias ficou pronta. Primeiro apresentou a Bruna, a cantora a ajudou com alguns ajustes e convenceu Samantha a colocar a canção no repertório.
– - Eu não sei se devo... E se eu estraguei tudo?
– - Tá maluca, garota?! Ficou linda! E a música lembra muito duas pessoas que são especiais pra você... Sua mãe e a Lica...
– - Não sei...
Após gastar um bom tempo com palavras, Bruna enfim conseguiu convencer Samantha a inserir a música no repertório e agora seria a primeira vez que executaria a música para um público grande. Estava nervosa.
– Essa música é autoral e muito especial para mim porque ela tem uma história incrivel por trás dela... - Olhou para Lica que estava em uma mesa próxima e sorriu. - Especialmente pra você amor... Então com vocês, com o arranjo de Cíntia Lambertini, O que seria...
Quem sabe nem era pra ser nossa
Aquela lua aquele céu azul
Quem sabe nem era pra ser nós
E o sei lá
Quem saberia o que seria de nós dois
Sem nós dois
A nave, o cais e mais nossas vidas
A nossa escola a destilar
O trago amargo dessa bebida
E depois
Quem saberia o que seria de nós dois
Sem nós dois
Neve esfria e eu sem ninguém
I will never say goodbye again
Se já não tens lar
Eu posso te dar o céu
Te dou luar
When you come back home
I’ll never be alone
Anymore
Quem sabe nem era pra ser nossa
Aquela lua aquele céu azul
Quem sabe nem era pra ser nós
E o sei lá
Quem saberia o que seria de nós dois
Sem nós dois
A nave, o cais e mais nossas vidas
A nossa escola a destilar
O trago amargo dessa bebida
E depois
Quem saberia o que seria de nós dois
Sem nós dois
Neve esfria e eu sem ninguém
I will never say goodbye again
Se já não tens lar
Eu posso te dar o céu
Te dou luar
When you come back home
I’ll never be alone anymore
Anymore
When you come back home
I’ll never be alone anymore
I’ll never be alone
When you come back home
Anymore
Se já não tens lar
Eu posso te dar o céu
Se já não tens lar
Eu posso te dar o AR?
Se já não tens lar
Eu posso te dar o céu
Ao terminar a música, Samantha sentia sua barriga quase congelar de tanto frio. Se a temperatura ambiente do Brooklin era de dois graus negativos, se estamos devia estar uns dez graus abaixo disso. Por fora ela gostava de manter pode de garota presunçosa, mas por dentro era bem insegura, principalmente se tratando de música. As vezes quando assistia os vídeos das apresentações dos Lagostins, Samantha não compreendia da onde tirar a forças para animar a plateia. Como diria o poeta, uma força estranha a levava a cantar. O primeiro aplauso de sua recente apresentação se espocou no ar alguns segundos depois do término da música. Segundos levaram uma eternidade no tempo de Samantha. Mas ao ver que Lica era a primeira pessoa que a aplaudia, qualquer medo ficou para trás e muitos aplausos, gritinhos. E assobios de aprovação vieram depois fazendo sua expressão de medo se tornar alívio. Sua nomeação música “O que seria?” , composta junto do arranjo da mãe era um sucesso. Cíntia estaria orgulhosa se estivesse ali.
O show continuou e até o término Samantha foi muito aplaudida. Greg, o dono do espaço fez questão de ir elogia-la assim como os amigos mais próximos e até clientes. Samantha ainda levou uma meia hora desmontando o equipamento com o pessoal até estar realmente livre de qualquer trabalho. Pouco antes da uma da manhã ela se despedia dos seus amigos da banda e de Lambertini e Marina que seguiriam para casa. Samantha ainda queria aproveitar um pouco da companhia de Lica. A sós não resistiu e perguntou a namorada:
- Você gostou mesmo?
- Claro que eu gostei... Eu nem sei se eu sou merecedora de uma música tão linda... Você é tão talentosa... – Sorriu. – Eu imagino o pessoal ouvindo “ O que seria?”... O Anderson ficaria louco e insistiria...
- Pra produzir um clipe... – Samantha completou. – Foi a primeira coisa que ele me disse quando ouviu...
Lica riu.
- Eu não sabia que você tinha mostrado pra ele...
- É... Eu até já fechei o preço com ele... – Lica olhou pra namorada. – Que foi?
- Você vai produzir com ele?
- Você não tá com ciúmes do Anderson?!
- Claro que não... Só quero entender como vocês vão fazer pra produzirem esse clipe... Você aqui, ele lá...
Samantha parou de caminhar e fez um sinal para que Lica fizesse o mesmo. Ela precisava da atenção da namorada.
- Eu tenho que falar com você sobre um negócio... – Fez uma pausa. – Você sabe que por causa dessa história toda de eu vir pra cá, eu perdi o último ano da escola e vou ter que fazer de novo, não sabe?
- Sei... Mas por que você tá falando disso agora?
Samantha sorriu.
- Lica, você não acha estranho eu não ter procurado uma escola aqui.
- Não, o ano está acabando e... – Lica se cortou. – Se bem que aqui o ano letivo começa no final de agosto e começo de setembro... – Olhou para Samantha. – Você não vai voltar mais a estudar?
- Vou... Mas não aqui. Eu já conversei com o meu pai e ele acha que eu devo fazer o que o meu coração pede. – Fez uma pausa. - Esses dias eu falei com a sua mãe... Eu pedi que ela reservasse a minha matrícula para o ano que vem... – Lica arregalou os olhos surpresa. – Depois que acabar as apresentações que eu tenho pra cobrir aqui... Eu vou voltar para o Brasil, eu vou voltar pra Vila Mariana, eu vou voltar... – Lica parecia perplexa para a surpresa de Samantha. – Que foi? – Decepcionada. – Você não gostou? Eu...
- Claro que eu gostei, amor! Claro que eu gostei é que... Eu também tinha uma coisa pra te dizer... Eu... Eu andei pesquisando umas faculdades por aqui... E achei algumas bem interessantes...
- Aqui? – Disse uma Samantha chocada. – Mas... Lica... – Buscou as palavras certas. – Aquela vez que a gente foi pra casa da sua vó e depois a gente acampou... Você disse que não pensava em ficar quatro anos longe de São Paulo...
- Eu nunca disse isso.
- Disse sim. – Samantha afirmou. - Eu comentei que você amava São Paulo e você disse que quatro anos é tempo demais para quem ama...
Lica fez um gesto de acordo.
- E eu acredito nisso.
- Então...
- Mas não estava me referindo que amava São Paulo... Estava falando sobre você. – Lica se explicou deixando uma Samantha boquiaberta. – Claro que eu amo São Paulo, mas eu amo São Paulo porque as pessoas que deixam São Paulo especial estão lá... E se você não tiver lá... Ela não é tão especial assim... – Samantha sorriu encantada. – Eu não vou ficar 4 anos te esperando porque eu quero passar esses anos e muito mais do seu lado, Sammy... – Estendeu as mãos a Samantha que a segurou de modo carinhoso. Eu posso ser policial em qualquer lugar do mundo... Agora amar, só vai ser do seu lado.
A garota sorriu desarmada.
- Você ainda não perdeu o costume de falar coisas que as mulheres gostam de ouvir, né?! – Lica sorriu e fez um gesto negativo.
- Agora é aquela hora do filme que você me beija, não é?!
- Besta... – Samantha ia encostar em seus lábios, mas parou de repente. – Espera... Se eu volto para o Brasil no começo de janeiro, você vai começar a faculdade você vai fazer lá ou aqui? E depois quando eu começar a faculdade? Onde a gente vai ficar afinal?
Lica deu os ombros.
- Não faço ideia... – Admitiu. – Mas também, não tem problema... Você não fez uma música pra mim em português e inglês? A gente estando em Nova Iorque, São Paulo ou em qualquer lugar do mundo, as pessoas vão saber que a gente se ama...
Samantha sorriu e se entregou ao beijo com a plena certeza de que estando em Nova Iorque ou São Paulo estaria feliz ao lado de sua namorada. Williamsburg ou Vila Mariana que se preparassem pois aquele não era o fim, mas um recomeço de Limantha. E como diria o grande pensador MB, aquelas meninas não eram para amadores.
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