– CAPÍTULO SEIS –
A rainha demônio
Dois dias haviam se passado desde o término da guerra, uma derrota amarga para Junichiro e seu reino, cujo o vitorioso fora Muzan e Glicínia. O rei Junichiro chegou de volta ao seu reino após dois dias de viagem após a derrota,ao retornar à sua terra, ele carregava o peso da perda e da desolação. No entanto, agora não era momento para lamentações pessoais; ele tinha o dever de honrar os soldados que sacrificaram suas vidas por ele, incluindo Giyu.
A cerimônia ocorria num campo campo florido com várias espadas cravadas no solo com o nome do falecido escrito no aço, e com uma flor de lutas a frente delas emoldurando o cenário, pois Lótus Simboliza a pureza espiritual e a ressurreição devido à sua capacidade de florescer em águas lamacentas, emergindo imaculado.
Várias pessoas estavam presentes no local, muitas soluçavam diante aqueles espadas, pois sequer conseguiam recuperar os corpos dos que se foram.
Junichiro estava diante de uma espada em particular, com o nome "Giyu Tomioka" gravado nela. Ao seu lado, estava Shinobu, que detinha uma expressão impassível e fazia, enquanto Sabito exibia um semblante de lamento.
– Ele foi importante para vocês ? – perguntou Junichiro.
– Nem tanto, não tínhamos uma relação tão boa assim, brigávamos constantemente, mas, acho que ao mesmo tempo, ele era quem mais me entendia no fim – respondeu Shinobu.
– Ele era meu melhor amigo – acrescentou Sabito, sentindo a mão de Makomo apertar a sua, encorajando-o a permanecer forte
Sabito em seguida retirou do interior de suas vestes a máscara que Giyu utilizava para praticar furtos no beco do verme.
Ele prendeu a máscara no cabo da espada para honrar a memória de seu falecido amigo.
Observando o gesto, Junichiro ponderou se deveria revelar a Shinobu a verdade sobre a identidade de Giyu e o fato de ser seu meio-irmão, fruto de um adultério no beco do verme.
“ A espada que você me deu, saiba que eu ainda pratico com ela todos os dias, desde o dia em que você se foi “ pensou Shinobu.
Sabito colocou sua máscara em seus rosto, olhando para cima observando a imensidão estrelada da Morada dos insetos.
– Eu não conversei muito com ele, mas pude notar que vocês eram como irmãos – disse Makomo.
– É verdade – disse Sabito.
– Ele nem sequer poderá participar do nosso casamento – disse Makomo num tom sussurrante para que Junichiro não a escute.
Sabito cerrou os punhos, enquanto sua respiração abafada por debaixo da máscara parecia pesada.
Makomo ao perceber isso, colocou-se nas pontas dos pés, esticando suas delicadas mãos até a máscara de Sabito, retirando-o e se deparando com o mesmo, com uma expressão infeliz no rosto, quase se afogando em suas próprias lágrimas, seus olhos encontraram os dele, refletindo o sofrimento compartilhado.
Makomo trouxe o rosto molhado de Sabito até seu ombro, este que envolveu seu braço em volta de sua cintura para trazê-la mais para si.
Nesse momento, ela já não se importava mais em demonstrar esse afeto e intimidade com Sabito diante aos olhos de todos, ela só queria consolar aquele que era o amor de sua vida.
Glicínia
Muzan observava imperturbável os corpos dos soldados inimigos sendo consumidos pelas chamas ao longe. Sua expressão impassível refletia a convicção de sua vitória na guerra, reafirmando para si mesmo seu direito e competência como rei de Glicínia.
Subitamente, a tosse que o assolava nos últimos dias retornou, fazendo-o cobrir a boca com a mão. Observou o sangue manchar sua pele pálida, um lembrete constante de sua doença hereditária para a qual os médicos ainda não encontraram cura.
Passos apressados soaram do lado de fora de seus aposentos. A porta foi aberta bruscamente, revelando a figura arfante de Hantengu.
– Mestre Muzan! – exclamou Hantengu, visivelmente perturbado.
– O que foi, Hantengu? – inquiriu Muzan.
– Meu senhor, há alguém... alguém que deseja vê-lo – disse Hantengu, mal conseguindo recuperar o fôlego.
– E quem seria essa pessoa? Você parece ter visto um fantasma – ironizou Muzan, diante da agitação do servo.
– Meu senhor, a pessoa em questão é... – começou Hantengu.
Antes que pudesse completar a frase, passos lentos ecoaram pelo corredor em direção aos aposentos do rei. Com o passar do tempo, outros passos pesados se juntaram, ecoando como o som de placas de metal.
Adentrando o quarto, a figura que apareceu corroborou o estado de pânico de Hantengu, como se visse um espectro.
– Espero não estar interrompendo algo importante – disse a recém-chegada.
– Tamayo?! – Muzan indagou, incrédulo.
Guardas do reino logo chegaram, empunhando lâminas em direção à mulher, clamando por sua captura.
– Chega! – ordenou Muzan, fazendo com que os guardas cessassem, surpresos com a ordem do rei.
– O que faz aqui? – perguntou Muzan, intrigado.
Tamayo permaneceu serena, segurando um guarda-chuva para se proteger do sol.
– Preciso falar com você – disse ela.
– Como consegue manter a mesma aparência jovial desde a última vez que nos encontramos? – indagou Muzan.
– Suas dúvidas serão sanadas em breve, mas para isso, devemos estar a sós – disse Tamayo.
Muzan encarou a mulher com seriedade. Ele a conhecia há anos, desde seus dias de juventude, e mesmo após tanto tempo, sua aparência permanecia inalterada.
– Todos vocês, saiam – ordenou Muzan aos guardas.
– Mas, senhor... – protestou Hantengu.
– Não ousem desobedecer-me, Hantengu – advertiu Muzan, com um olhar ameaçador.
Hantengu engoliu em seco e, junto com os guardas, deixou o quarto do rei.
Para garantir que não seriam interrompidos, Muzan fechou a porta atrás deles, deixando-os totalmente sozinhos.
– Agora, pode me dizer por que veio até aqui? – pediu Muzan.
– Vim pedir sua ajuda – disse Tamayo.
– Com o quê, exatamente? – indagou Muzan.
Tamayo sentou-se na enorme cama do rei, retirando um amuleto de papel com um olho vermelho no centro de seu kimono.
– O que é isso? – questionou Muzan, intrigado.
– Um amuleto. Com ele, você poderá compartilhar sua visão com os animais – explicou Tamayo.
– Que patifaria é essa ? Você veio até aqui para brincar comigo se passando por uma bruxa, é isso ? – perguntou Muzan irritado
Muzan estava muito próximo de Tamayo, ele cerrava os punhos e a olhava de baixo para cima com intimidação.
– Eu não sou uma bruxa... – começou Tamayo.
De repente, uma força invisível empurrou Muzan para trás, fazendo-o cair no chão.
– Eu sou uma oni – revelou Tamayo, calmamente.
Atônito, Muzan se lembrou da criatura que viu aprisionada no calabouço do castelo durante sua busca pelo segredo deixado por seu pai.
– Você visitou o calabouço do castelo, não é mesmo? – deduziu Tamayo.
– Sem chance, aquela criatura que vi é muito diferente de você – disse Muzan.
– Aquela criatura é o meu marido – explicou Tamayo.
Muzan ficou chocado com a revelação. Ele se levantou, questionando-a.
– Como você sabe que visitei o calabouço? E como assim aquela criatura era seu marido? – indagou, perplexo.
– Visitei o calabouço antes de vir até aqui e percebi que haviam marcas de abertura – disse Tamayo – Quanto ao meu ex-esposo isso é verdade, aquela criatura era meu esposo –.
– Mas como ? –.
– Seu pai sofria de uma terrível doença, ele me pediu para criar uma cura para ele, então eu criei, usei meus conhecimentos sobre alquimia e desenvolvi uma possível cura, mas que nunca tinha testado antes. Até que um dia, meu esposo sofrou de uma doença mortal, semelhante a mesma doença que o rei sofria, eu não tive outra escolha a não ser testar meu medicamento nele. A princípio ela fez efeito, curando depois de um dia, mas com o tempo, ele passou a sentir desejo por carne humana e passou a se transformar em uma criatura selvagem. Minha única escolha era aprisiona-lo ainda vivo naquele calabouço para que eu pudesse transforma-lo em humano outra vez –.
– É inacreditável – disse Muzan.
– Eu fiz alguns experimentos depois disso, eu criei uma versão melhorada da minha fórmula de transformar humanos em oni, nossos corpos se tornam mais fortes e podemos viver por vários anos, porém nos alimentamos de carne humano e não podemos sair sobre o sol – disse Tamayo – Eu me tornei uma oni para viver vários anos e me dedicar a minha pesquisa –.
– Espere… – disse Muzan chocado, como se acabasse de pensar em algo surpreendente – Significa que você tem conhecimento sobre o segredo que meu pai deixou, você sabe do artefato que é capaz de conquistar o sol ? –.
– Sim – respondeu Tamayo.
– Então me responda, por favor – disse Muzan que, pela primeira vez, ficou de joelhos para alguém.
Muzan dedicou um boa parte de sua vida em busca dessa informação, o segredo que seu pai deixou, algo que reis dos quatro reinos buscavam encontrar para poder governar todos o país de Sagiri.
– O segredo está bem aqui – disse Tamayo apontando para sua cabeça – Esse tal artefato é todas as informaçõe das minhas pesquisas para que onis pudessem andar durante a luz do sol, eu as escrevi em um livro, mas que acabou sendo destruido por Yoriichi Tsugikuni –.
– Por que meu pai queria essas informações, ele não era um oni… – Muzan pareceu perceber algo – Ele procurou curar sua doença se tornando um oni e obrigou você a criar uma fórmula para que ele pudesse andar sobre a luz do sol –.
– Exatamente – disse Tamayo – Mas não consegui criar a fórmula para que pudessemos andar durante o dia, aquele livro só detinha as informações sobre como se transformar em oni e nada mais –.
– Entendo –.
– Sente-se. Há algo que você precisa ver – disse ela.
Muzan obedeceu, assistindo enquanto Tamayo realizava um ritual para compartilhar sua visão. Muzan foi transportado para um deserto gelado, onde uma cabana solitária se destacava. Dentro dela, um poço levava a uma vasta caverna congelada.
Muzan testemunhou a presença de uma enorme criatura, o rei oni.
O demônio percebeu a presença de Muzan, e o esmagou impiedosamente, encerrando a visão abruptamente.
De volta à realidade, Muzan estava atordoado, tentando assimilar o que acabara de testemunhar.
– Aquilo era... – começou, sem conseguir concluir a frase.
– O rei oni. E é por isso que estou aqui. Precisamos nos unir para deter essa ameaça e salvar nosso reino – explicou Tamayo, com seriedade.
– Fique ao meu lado – disse Muzan – Você será uma grande aliada para que eu possa conquistar os quatro reinos –.
– Eu estou do lado da humanidade, não me importa esse jogo que vocês reis praticam – disse Tamayo em negação se levantando.
– Espere – disse Muzan.
Muzan pegou sua mão a jogando na cama, Tamayo gesticulou suas mãos como se estivesse prestes a lançar um feitiço. Muzan colocou suas mãos sobre a cabeça, enquanto mantinha seu corpo em cima do corpo de Tamayo.
– Eu posso lhe arremasar para trás assim como fiz antes – disse
Muzan fixou seu olhar nos profundos olhos cor de lavanda de Tamayo, sua atenção gradualmente descendo para os lábios vermelhos dela.
Tamayo correspondeu, desviando seu olhar dos penetrantes olhos vermelhos de Muzan para focar nos lábios pálidos dele, enquanto seu corpo cedia ao desejo crescente.
Sem perder tempo, Muzan capturou os lábios de Tamayo, sua perna esquerda, se encaixando entre as dela com firmeza.
Suas línguas se entrelaçaram com fervor e urgência. Não era a primeira vez que se entregavam a essa paixão; Tamayo havia sido sua mentora no passado, uma mulher mais velha, mas isso não diminuía o ardor que sentiam um pelo outro.
Muzan afastou-se momentaneamente, despojando-se de suas vestes, revelando seu corpo esculpido para Tamayo.
Ela não hesitou, movendo-se para cima dele, seus lábios e dentes explorando os contornos dos músculos e a pele de Muzan, marcando-a com beijos ardentes.
Muzan desfez o laço que prendia o kimono de Tamayo, deixando suas roupas caírem ao chão, expondo sua intimidade.
Despidos sobre a cama, Muzan colocou Tamayo de costas para ele, unindo suas mãos com os lençóis como se fossem algemas e prendendo-a à cama.
A bunda alva e macia de Tamayo arrebitou em direção a ele, enquanto Muzan explorava cada centímetro dela com beijos e carícias intensas entre as pernas da mulher, enquanto chupava sua buceta.
Quando confirmou que ela estava lubrificada, ele a penetrou, os corpos se movendo em uníssono, gemidos escapando de seus lábios enquanto se entregavam ao prazer inebriante.
Muzan intensificou o ritmo, entregando-se ao êxtase junto com Tamayo, perdendo-se nas horas de paixão e entrega mútua.
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