– CAPÍTULO DEZ –
Casamento
Após alguns dias de preparação, finalmente chegara o momento de celebrar o casamento entre Sabito e Makomo. A cerimônia seria realizada em um local afastado do castelo real, durante a madrugada, para permanecer oculta do reino.
Enquanto todos os preparativos estavam praticamente finalizados, Sabito ponderava encostado em uma janela, ansioso pela cerimônia e desejando a presença de seu falecido amigo. Entre os convidados estavam Kanae, Shinobu, Mitsuri, Obanai, Hakuji, um padre convocado para guiar a ocasião e músicos para animar a festa.
– Está pensando nele? – uma voz meiga derreteu o coração de Sabito.
Ao olhar para trás, viu Makomo, deslumbrante em seu vestido de casamento adornado com renda delicada e um cinto de pérolas na cintura. A saia longa fluía suavemente até o chão, enquanto um véu de tule complementava seu visual. Seus cabelos estavam elegantemente arrumados, e ela irradiava felicidade ao lado de Sabito.
– Eu estou… apresentável ? – indagou Makomo, levemente envergonhado pelo olhar fixado de Sabito.
Sabito se aproximou dela com um sorriso caloroso, envolvendo-a em um abraço e aproximando seus lábios. Makomo permitiu o gesto, selando seus lábios com os de Sabito.
– Não deveríamos deixar o beijo para o altar? – brincou Makomo.
– Eu não pude resistir – confessou Sabito.
De repente, ouviram batidas na porta.
– Espero não estar interrompendo algo – disse Mitsuri, do outro lado.
– Não se preocupe, Mitsuri – respondeu Makomo.
– Ótimo, estamos todos ansiosos. O padre disse que já podem comparecer ao altar – informou Mitsuri, antes de se retirar.
Makomo encarou Sabito, seus olhos transbordando felicidade.
– Está preparado? – perguntou Makomo.
– Sempre – respondeu Sabito.
Ambos seguiram para o local da cerimônia, maravilhados com a decoração e a música que preenchia o ambiente. Cumprimentaram os convidados e se dirigiram ao altar, onde o padre os aguardava com um livro nas mãos.
Após subirem ao altar, Sabito e Makomo trocaram olhares cúmplices e sorrisos emocionados enquanto se posicionavam diante do padre. O clima estava repleto de amor e expectativa, enquanto os convidados aguardavam ansiosamente pelo início da cerimônia.
O padre começou a cerimônia com palavras de bênção e amor, celebrando a união de Sabito e Makomo. Ambos ouviam atentamente cada palavra, sentindo seus corações transbordarem de emoção.
Enquanto as promessas de amor e compromisso eram trocadas, uma sensação de serenidade e plenitude envolvia o ambiente. Os votos sinceros e as juras de amor eterno ecoavam pelo salão, tocando os corações de todos os presentes.
Ao final da cerimônia, Sabito e Makomo se olharam nos olhos, selando sua união com um doce e apaixonado beijo. Os aplausos calorosos dos convidados preenchiam o ar, celebrando o amor e a felicidade do casal.
Após isso, todos começaram a festejar, bebendo e conversando em voz alta.
– Onde está Hakuji? – questionou Kanae, buscando por uma resposta entre os presentes.
– Você sabe onde ele está, Iguro? – Mitsuri dirigiu a pergunta a Obanai.
– N-Não... eu não sei – respondeu Obanai, visivelmente desconfortável.
– Eu gostaria que nosso pai estivesse aqui. Acho que ele não se importa tanto quanto o lord Kanjori, por Sabito ser um plebeu – acrescentou Shinobu.
– Isso é verdade, mas ele está mais ocupado do que nunca agora que a guerra que perdemos lhe trouxe prejuízos – explicou Kanae.
– As bebidas já acabaram?! – lamentou Mitsuri, cujo humor pareceu cair junto com a escassez de bebidas.
– Podemos ir buscar mais no armazém, se desejar – ofereceu-se Obanai, em um gesto de gentileza.
– Obrigada, Iguro – agradeceu Mitsuri, aceitando a proposta.
Juntos, eles se dirigiram ao armazém. Enquanto Mitsuri escolhia as bebidas com entusiasmo, Obanai permanecia recostado na porta, perdido em seus próprios pensamentos. Sua expressão era melancólica, como se estivesse sendo atormentado por algum peso invisível.
Percebendo a inquietação de Obanai, Mitsuri se aproximou dele.
– O que tanto anda pensando? – indagou, com uma dose de curiosidade e preocupação em sua voz.
– Não é nada demais, são apenas obrigações demais que tenho de lidar – respondeu Obanai, tentando disfarçar suas emoções.
– Mesmo usando essa faixa, eu consigo perceber quando você realmente fala a verdade – afirmou Mitsuri, gentilmente tocando o rosto de Obanai.
Mitsuri passou a retirar aquele pano branco que envolvia sua face, se livrando das diversas camadas que havia.Obanai segurou as mãos da garota a impedindo, mas o sorriso reconfortante de Mitsuri o incentivou a permitir que ela continuasse.
Ao retirar aquelas faixas, Mitsuri viu aquelas enormes cicatrizes em sua boca, um corte profundo como um largo sorriso de Orelha a orelha.
Ao ver as cicatrizes, Mitsuri não demonstrou repulsa ou aversão; pelo contrário, parecia fascinada. Ela beijou Obanai com desejo, expressando seu amor e aceitação por ele.
– Como eu estava com saudades de sentir você – disse Mitsuri.
Mitsuri continuou o beijando, traçando beijos molhados por seu pescoço.
– Me desculpe – murmurou Obanai quase inaudível.
Mitsuri fora abaixando seu corpo enquanto distribuía beijos pelo abdômen de Obanai, em seguida retirou seu cinto, abaixando levemente sua roupa íntima. Mitsuri começou a atisfazer Obanai, envolvendo seu membro com seu lábios e sua lingua, enquanto ele latejava em sua boca.
– Já está tarde, vamos continuar no meu quarto – disse Mitsuri.
Enquanto isso, Shinobu e Kanae se despediam de Sabito e Makomo.
– A noite foi maravilhosa, mas precisamos ir embora – disse Kanae, expressando gratidão.
– Desejo a vocês toda a felicidade do mundo – complementou Shinobu, com um sorriso caloroso.
– Eu até iria com vocês agora, mas tenho que tirar este vestido e ajudar a desmontar tudo – explicou Makomo.
– Até mais então – despediu-se Kanae.
Sabito e Makomo observaram as irmãs partirem. Enquanto Makomo se dirigia à cozinha para ajudar na limpeza, Sabito permanecia no altar, refletindo sobre os acontecimentos da noite.
De repente, um homem se aproximou dele, era o padre que auxiliara na cerimônia.
– Ainda por aqui? – perguntou o padre.
– Muito obrigado, padre – respondeu Sabito, sincero em sua gratidão.
– Pode me chamar de Enmu – apresentou-se o padre.
Enmu era um jovem esguio, aparentando estar em seus vinte e poucos anos. Ele possuía uma estatura média e uma aparência peculiar, com as pontas de seu cabelo com a cor vermelha.
Enmu abriu seu livro lentamente, revelando uma adaga oculta entre as páginas.
Sabito não percebeu de imediato, distraído com os afazeres de limpeza.
– Algum problema? – indagou Sabito, percebendo a expressão estranha de Enmu.
De repente, Enmu lançou um golpe em direção a Sabito, apunhalando-o no abdômen e pegando-o de surpresa.
Sabito gritou de dor, sentindo o calor do sangue escorrendo de seu ferimento.
– O que está acontecendo?! – exclamou Sabito, confuso e atordoado pela dor.
– Sinto muito, não é nada pessoal, são apenas ordens de Muzan – explicou Enmu, avançando para continuar o ataque.
Sabito, desarmado e desesperado, conseguiu agarrar o livro que Enmu segurava, impedindo-o de desferir outro golpe. Em um ato instintivo, Sabito desferiu um soco no rosto de Enmu, atordoando-o temporariamente. Aproveitando a oportunidade, Sabito contra-atacou, desferindo golpes rápidos e precisos até que Enmu desmaiasse, derrotado.
Sabito lutava para controlar sua respiração enquanto buscava uma maneira de estancar o sangramento em seu abdômen. Ele correu até o armazém próximo, procurando por suprimentos que pudessem ajudá-lo. Com habilidade rápida, Sabito improvisou um curativo simples para deter o fluxo de sangue, enrolando uma faixa firmemente ao redor de sua ferida.
Em seguida, lembrando-se de que Makomo havia ficado para ajudar na cozinha, Sabito se apressou em direção ao local. No entanto, ao chegar lá, encontrou a cozinha vazia e o coração apertado de preocupação se apoderou dele.
De repente, a porta da cozinha se abriu, revelando três homens armados com espadas.
– Onde está ela?! – Sabito questionou, sua voz carregada de irritação e preocupação.
– Foi você quem derrotou Enmu? – um dos homens perguntou, ignorando a pergunta de Sabito.
– EU PERGUNTEI, ONDE ELA ESTÁ ?! – vociferou Sabito, lançando a adaga que havia pego de Enmu.
A lâmina encontrou o crânio de um dos homens, que portava uma espada, e Sabito aproveitou a oportunidade para se apoderar dela.
– Eu vou acabar com todos vocês! – Sabito proclamou, sua determinação inabalável enquanto se preparava para o confronto iminente.
Enquanto era arrastada pelos capangas de Muzan, Makomo chorava e tentava em vão se libertar.
– Quem são vocês e por que estão fazendo isso? – Makomo implorava enquanto era agarrada pelos braços.
– Cale a boca! – um dos homens a esbofeteou.
Makomo continuou a chorar, suas lágrimas uma mistura de medo e desespero, enquanto secretamente rezava para que Sabito estivesse a salvo.
De repente, passos se aproximaram, e Makomo ergueu a cabeça com esperança, mas a figura que se materializou diante dela não era a de Sabito.
– Conseguiram capturar as duas irmãs? – indagou Hakuji.
– Enviamos alguns de nossos homens para pegá-las – respondeu um dos capangas.
– Hakuji? – Makomo perguntou, incrédula.
– Olá, Makomo. Que triste nos encontrarmos sob essas circunstâncias. E, a propósito, meu verdadeiro nome é Akaza – disse Hakuji, ou melhor, Akaza.
– Por que está fazendo isso? – Makomo perguntou, chocada.
– Porque sirvo a Muzan. Venho passando informações de dentro para ele há anos. Por que você acha que o ataque à Glicínia falhou tão miseravelmente? Foi porque eu avisei Muzan sobre o seu plano – explicou Akaza.
– Como pôde fazer isso? Confiamos em você, convidamos você para o nosso casamento – Makomo disse, entre soluços.
– Isso tornou as coisas ainda mais fáceis. Agora, podemos usá-la, bem como às irmãs Kocho, como reféns para forçar o rei a entregar o reino para nós, sob ameaça de matá-las – revelou Akaza.
De repente, a porta foi violentamente chutada, e Sabito emergiu, coberto de sangue, mas não era o dele, era o dos homens que havia matado.
– Você não é um plebeu comum – observou Akaza.
– Solte-a – exigiu Sabito, sua voz carregada de raiva.
– Não posso. Ela ainda me será útil – respondeu Akaza.
– Ela não é uma ferramenta para ser usada por você! – Sabito bradou, apontando sua espada na direção de Akaza.
– O senhor deseja que lidemos com ele? – perguntou um dos capangas.
– À vontade – concedeu Akaza.
Os três homens avançaram em direção a Sabito, empunhando suas espadas com intenção assassina. Sabito os encarou com determinação, sua espada pronta para o combate.
O primeiro homem partiu para cima com um golpe horizontal, mas Sabito habilmente desviou do ataque, girando em torno dele e retalhando sua garganta com um movimento preciso de sua espada. O homem caiu ao chão, sangue jorrando de seu pescoço.
O segundo homem avançou com um golpe vertical descendente, mas Sabito bloqueou o ataque com sua espada, e com um movimento rápido, perfurou o peito do homem com um golpe certeiro. O homem cambaleou para trás, emitindo um gemido agonizante antes de cair sem vida.
O terceiro homem, percebendo a rapidez e habilidade de Sabito, hesitou por um momento. Foi o suficiente para que Sabito aproveitasse a oportunidade e avançasse.
– Shi no kata: Uchishio! – gritou Sabito cortando-o com um golpe horizontal preciso, que atravessou seu peito.
Os três homens jaziam no chão, sem vida, enquanto Sabito permanecia de pé, respirando pesadamente, sua espada ainda empunhada. Ele olhou para Akaza, cuja expressão era uma mistura de choque e raiva. Sabito estava determinado a proteger Makomo e a si mesmo contra qualquer ameaça que se colocasse em seu caminho.
– Segurem a garota – ordenou Akaza.
Um homem a agarrou a impedindo de fugir.
– Eu mesmo resolverei isso – disse Akaza, sério.
Akaza envolvia suas mãos com uma espécie de luvas de ferro cortantes envolta de seus dedos.
Sabito avançou com determinação, sua espada empunhada e seus movimentos fluidos como a água que dominava. Akaza, por sua vez, parecia confiante, balançando seu soco inglês com espinhos na ponta, pronto para o confronto.
Os dois se chocaram com força, trocando golpes rápidos e precisos. Sabito usava sua respiração da água, o que deixava cortes profundos no corpo de Akaza, mas não o suficiente para detê-lo. Enquanto isso, Akaza desferia golpes brutais com seu soco inglês, deixando feridas sangrentas em Sabito a cada acerto.
– Acha que pode me derrotar, plebeu insignificante? – debochava Akaza entre os golpes, sua voz cheia de desdém.
Por mais que Sabito tentasse, não conseguia encontrar uma abertura para derrotar Akaza. Seus ataques, apesar de causarem dano, não eram suficientes para superar a resistência do adversário.
Finalmente, após uma série de golpes devastadores, Sabito cai de joelhos, exausto e ferido. Akaza se aproxima dele, seu sorriso debochado ainda presente em seu rosto.
– Você é fraco demais, Sabito. Uma decepção completa – zombou Akaza, levantando seu soco inglês para o golpe final.
– SABITO ! – grita Makomo conseguindo escapar dos braços do homem.
Com um grito de determinação, Makomo corre em direção a Sabito, seu coração transbordando de desespero para proteger o homem que amava. Seus passos eram rápidos e decididos, seu olhar fixo em Sabito, sua única preocupação no momento. Porém, no instante em que estava prestes a alcançá-lo, uma dor lancinante atravessou seu peito.
Um som horrível ecoou no ar quando a flecha perfurou cruelmente o corpo frágil de Makomo. Seu grito de agonia foi abafado pelo impacto, seus olhos se arregalaram em choque enquanto ela cambaleava para trás, uma mão instintivamente indo em direção à flecha que agora se alojava em seu peito. O mundo parecia girar ao seu redor, o ar escapando de seus pulmões em suspiros entrecortados enquanto ela lutava para compreender o que acabara de acontecer.
Com um último esforço, Makomo ergueu seu olhar para Sabito, seus lábios se movendo em uma tentativa silenciosa de chamar por seu nome. Seu coração estava em agonia, sua mente inundada de arrependimento por não poder chegar até ele. Mas antes que pudesse articular uma palavra, a escuridão a envolveu.
– Que merda, o que você fez ?! – gritou Akaza.
– Foi um acidente – disse o homem.
A visão de Makomo caindo sob o golpe mortal da flecha foi como um punhal cravado no coração de Sabito. Seus olhos arregalados testemunharam a tragédia se desenrolar diante dele.
– NÃO !!! – Um grito desesperado rasgou seus lábios, uma mistura de raiva e desamparo que ecoou pelo ar, ecoando nas paredes vazias da sala.
Sabito correu em direção a Makomo, seu corpo tremendo de agonia e impotência. Ele ajoelhou-se ao lado dela, segurando sua mão fria e sem vida, os olhos úmidos de lágrimas que se recusavam a cair.
A sensação de vazio que tomou conta dele foi insuportável, uma ferida aberta que jamais cicatrizará.
Sabito brandiu sua espada com fúria descontrolada, avançando em direção a Akaza com determinação cega, guiado apenas pelo turbilhão de emoções que consumiam seu ser.
Com um movimento ágil e preciso, Akaza desviou habilmente do ataque de Sabito, sua expressão impassível enquanto lançava um soco devastador direto no estômago já ferido do jovem guerreiro.
O soco atravessou sua barriga fazendo seus órgãos sujarem o chão do salão, Sabito cuspiu sangue, e fitando por uma última vez o rosto de Akaza, ele caiu próximo a sua amada. Sua última ação antes do seu mundo apagar, foi olhar para o rosto de Makomo.
Sabito já não estava mais vivo, e Akaza não estava feliz com isso, afinal, matar Makomo não fazia parte de seus planos. Agora só o que lhe restava era capturar Shinobu e Kanae Kocho.
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