Bem, como eu não pude me transformar em humano nesses dois últimos dias por culpa daquela maldita câmera, vou ter de elaborar um plano para conseguir beber meu leite extra e sair do apartamento, porque ninguém merece ficar trancado o dia todo e só sair no final da tarde. Argh!
Humano, acorde logo!
Pulei na cama do meu dono e me esfreguei nele para acordá-lo, mas ele só resmungou e virou para o lado.
Ah, mas ele vai acordar, sim! Não mandei ficar até tarde na casa do Sehun e me abandonar nesse apartamento!
Comecei a miar alto para perturbá-lo, mas ele colocou o travesseiro em cima da cabeça.
Humano idiota, acorde!
Continuei a me esfregar nele, a miar e até dei tapinhas em seu rosto, mas nada... ele até me puxou para dormir junto, mas não estou com sono!
Ele vai ver só!
Livrei-me dos braços dele e sai do quarto, fui para a cozinha e subi no balcão. Procurei pela minha inimiga torradeira e a encontrei no canto.
Muhahaha! Terei a minha vingança!
Não sei se Junmyeon leu a minha mente, mas só sei que ele surgiu correndo na entrada da cozinha com uma cara de desespero e ficou parado como se não quisesse me assustar.
— Chen, nem pense nisso! — miei pra ele. — Não faça isso, por favor! — coloquei a pata atrás da torradeira. — Já te avisei antes, não foi? Se você fizer isso, irei te mandar pra adoção! — hahaha, o dia que ele tiver coragem disso, o mundo acaba. — Chen, estou falando sério! Eu faço o que você quiser! — como vou falar pra ele que quero que tire a câmera, que me dê peixe, que me leve pra passear? Hunf! Azar o dele, não mandei me trocar pelo namorado! Empurrei a torradeira e ouvi o grito do Jun, mas nem dei bola e...... espera ai! Por que não fez barulho? — Graças a Deus!
Junmyeon respirou fundo e pareceu relaxar.
POR QUE ESSA MALDITA TORRADEIRA NÃO FEZ BARULHO AO CAIR?
Aproximei-me do balcão e vi o motivo. Argh! Ela estava pendurada pelo fio que estava na tomada.
Argh, que ódio!
Junmyeon se aproximou e a pegou para colocar no lugar, e olhou bravo pra mim.
— Você é um gatinho muito mau!
Desculpa?
Quero deixar bem claro que eu tenho um amor e ódio pelo meu dono!
Ele não me deu leite por eu ter tentando derrubar a maldita torradeira!
Tudo bem, sem problemas, dizem que a vingança é um prato que se come frio, não é?
Junmyeon me deixou de castigo, quando digo isso, significa que ele me botou na coleira e me deixou preso num canto da sala com água, ração e a caixa de areia. Argh!
O meu dono idiota ainda ficou me chamando pra me provocar na hora que ele foi assistir televisão, mas me virei para a parede e o ignorei.
Sehun chegou um pouco antes do almoço e me deu atenção. Fiquei miando tristemente pra ele — vai que ele fica com dó e me solta —, mas ele não me soltou, só brincou comigo. Será que ele não está vendo que tem uma maldita coleira no meu pescoço? Está cego agora, Sehun?
— Ah! Você achou o nosso baderneiro. — Junmyeon disse ao sair da cozinha e vir pra sala para cumprimentar o namorado.
— Por que ele está preso?
Sehun parou de me dar atenção e levantou-se.
— Ele anda destruindo tudo! — Tudo? Foi só o alarme e uma tentativa falha de destruir a torradeira! — Ele quebrou o meu alarme e hoje tentou quebrar a torradeira.
— A torradeira? Por quê?
— Não sei, mas acho que ele é um gato meio vingativo. No primeiro dia que viu a torradeira, ele se assustou e até se escondeu debaixo cama. — tinha que contar mesmo? Idiota! Vou contar os seus podres também! — Ai, hoje ele tentou me acordar, mas como não dei atenção, veio quebrar a torradeira. No outro dia foi a mesma coisa com alarme, ele sempre se assustava com ele.
— Você já montou o meu presente pra ele? Caso ele fizer barulho e assustar o Chen, eu posso trocar.
— Ainda não tive tempo de montar, desculpa.
— Bem, hoje é sábado e não trabalhamos, vamos aproveitar pra montar. Amanhã não é o aniversário dele?
Aniversário? Hoje é dia vinte de setembro?
— Sim, amanhã.
Mas, já? Até parece que foi ontem que eu roubei o brinquedo daquele projeto de rato... não, espera, realmente foi ontem.
— Ah! Vai a algum lugar hoje?
— Não. Por quê?
— Não posso falar perto do Chen.
Não pode falar perto de mim? O que é tão importante que não pode falar perto de mim? Ei! Humanos, voltem aqui! Idiotas!
Os dois foram para a cozinha e me deixaram sozinho. Odeio aqueles dois!
Sim, estou mega revoltado! Odeio ser deixado de castigo!
Junmyeon só me soltou na hora do almoço porque achou que eu já tinha ficado tempo suficiente na coleira. Idiota, irei lhe ignorar o dia todo!
Para a surpresa dos dois humanos, eu ignorei Junmyeon e fiquei dando total atenção para Sehun.
Por volta de duas horas da tarde que eu descobri qual era o grande segredo que Junmyeon não podia falar perto de mim. Ainda bem que ele sabia disso, mas não adiantou de nada, já que na hora que ele foi me pegar, eu sai correndo feito um louco tentando fugir dele.
ELE QUERIA ME LEVAR AO VETERINÁRIO!
Por acaso ele não me ama? Só me deixar na coleira já é castigo o suficiente para uma vida toda, não precisa exagerar ao ponto de me levar ao inferno!
Eu poderia recorrer ao Sehun para me salvar, mas ele era outro que estava tentando me pegar.
Corri por toda parte, subi nas estantes, corri para debaixo da cama, fiz de tudo para tentar me livrar dos dois, mas eles me cercaram quando corri para me esconder na banheira.
Como eu sou burro! Na onde eu estava com a cabeça ao pensar que a banheira era lugar de me esconder?
Fiz drama, unhei meu dono, unhei o Sehun, os mordi, mas nada adiantou!
Junmyeon me colocou na caixa de transporte porque eu estava machucando eles.
Sehun estava afobado quando entrou no carro com meu dono.
Eu fui colocado no banco de trás, e Jun sentou-se no banco do motorista.
— Toda vez é assim? — Sehun perguntou.
— Sim. Às vezes eu ainda consigo enganá-lo, mas quando ele descobre para onde estamos indo, fica louco.
— Achei que ele fosse calmo.
Junmyeon deu uma risadinha e ligou o carro.
— Ele odeia ir ao veterinário.
Odeio mesmo!
Fiquei miando, irritado, o caminho todo para perturbá-los, o que deu certo. Muhahaha!
Quando chegamos ao veterinário, Junmyeon idiota me colocou em cima do balcão e nem me tirou da caixa! Que audácia!
Não demorou muito para que Yixing, o veterinário, viesse nos receber e se surpreender por eu estar preso!
— Boa tarde. Qual o problema com o fabuloso Chen? — pelo menos alguém enxerga a minha fabulosidade. O problema, querido Yixing, é que meu dono é do mal!
— Boa tarde. — meu dono idiota respondeu. — É exatamente isso o que vim descobrir. Deve ter algo de errado com esse gato maluco.
Maluco? MALUCO? VOCÊ QUE ME COLOCA DE CASTIGO E ME TRAZ AO VETERINÁRIO, E O MALUCO SOU EU?
— Maluco? — o veterinário se surpreendeu e deu uma risadinha. — O que houve?
Junmyeon respirou fundo antes de responder.
Vamos! Quero ver o que vai dizer, humano ingrato! Eu te liberto do alarme, tento te livrar das garras da torradeira, e eu que sou o problema!
— Ultimamente ele anda meio agressivo. — o quê? Que ousadia! — Ele tentou morder o Sehun, mas acabou... — deu um pigarro — me mordendo. — queria ver ele falar pro Yixing que eu tinha mordido a bunda dele. — Quebrou meu alarme e hoje tentou quebrar a torradeira.
Yixing arqueou uma sobrancelha e me tirou da prisão, vulgo caixa, pegou-me no colo e me acariciou.
— Vou dar uma olhada nele. Trouxe a carteirinha?
— Sim. — Jun procurou na bolsa e entregou o papel pro veterinário. — Vai demorar?
— Não muito, podem ficar à vontade.
— Ok. Iremos dar uma volta e já voltamos, ok?
— Está bem.
Sério mesmo, humano? Além de me trazer no inferno, irá me largar sozinho? Te odeio!
— Ah! Pode dar banho nele também.
— Ok.
Yixing entrou na sala de exame comigo e me colocou em cima da mesa fria, analisou a minha carteirinha e pegou alguns equipamentos.
— Parece que você tem uma vacina faltando. — paralisei na hora! Vacina? Injeção? Agulha? NÃO! — Chen? — ele me cutucou e nem me mexi. — Chen! — me abaixei na mesa e fiquei olhando para um ponto fixo. — Ah! Já entendi. Acalme-se, é só uma picadinha.
PICADINHA? Você fala isso porque não é em você, humano idiota!
Assim, Yixing, realmente gosto de você, de verdade, mas te odeio com todas as minhas forças quando você vem com uma vacina pra cima de mim!
Fiquei paralisado enquanto ele me examinava e o encarei quando se aproximou com a vacina. Nem vem! Some com isso de perto de mim! Você já tem sorte de não ser o veterinário que me castrou!
Quando ele aproximou a agulha perto de mim, sai correndo feito louco pela sala. Me escondi debaixo da mesa dele, mas ele veio atrás e tentou me pegar. Depois de vários minutos tentando me pegar, ele desistiu de fazer sozinho e foi pedir ajuda.
Duas mulheres vieram ajudá-lo, mas dei trabalho para elas também.
Depois de vários e vários minutos, eles conseguiram me pegar ao me encurralarem contra a parede. Ódio! Tentei mordê-los, mas eles me seguraram em um ponto onde eu não conseguia fazê-lo. Após muita dificuldade, eles conseguiram me dar a injeção e eu fiquei muito puto da vida com eles!
As duas mulheres saíram da sala e Yixing me deixou na mesa e foi anotar alguma coisa na minha carteirinha. Eu estava muito bravo com ele!
Todo o amor que eu tinha por ele, se foi!
— Eu realmente estou muito bravo! — é impressão minha ou meus miados saíram em forma de palavras humanas? Olhei para minhas mãos. — Ops!
Acabei me transformando sem querer!
Ok, estou num momento muito vergonhoso!
Eu estou numa mesa de exame e nu na frente do meu veterinário!
Yixing levantou-se assustado e apontou a caneta para mim. O que ele pensava que iria conseguir fazer com aquilo? Se proteger?
— Q-quem é você? — ele olhou ao redor. — Chen! Cadê o Chen? — vendo que EU não estava na sala, ele voltou a olhar para mim. — Quem é você? O que está fazendo aqui? Como entrou? E... por que está... nu?
— Já sossegou? — perguntei e o vi se assustar com a minha calma. — Relaxa que eu estou bem, digo, o Chen está bem, o que seria eu. Entendeu? — é, vi que ele não entendeu nada do que eu falei. — Escute, é melhor você se sentar.
— Q-quem é você?
— Primeiro senta e depois eu falo! — ele se sentou e eu descia da mesa para me aproximar da dele. — Eu sou o Chen, entendeu?
— O Chen é um gato preto peludinho de olhos verdes e não um cara de cabelo preto e olhos... verdes. — arqueei uma sobrancelha pra ele. — Você é o Chen? Impossível!
Respirei fundo.
— Você já ouviu falar sobre metamorfos?
— Sim.
— Já viu algum?
— Não, eles nem existem!
Bufei. Cara, como é difícil explicar a situação!
— Escute, eu sou um metamorfo e sou o Chen, o gato preto, peludinho e de olhos verdes. Sou o gato do Junmyeon, que namora o Sehun. Você é meu veterinário desde que eu fui dado ao Jun. Você e o Jun foram colegas do ensino médio e frequentaram a mesma universidade, mas ao contrário de você, ele fez Direito.
— Se você é mesmo o Chen, me responda: qual era o nome que o Junmyeon queria te dar antes de escolher “Chen”?
— Ele estava em duvida entre “Gato” e “Bichano”, vê se pode! Nomes horríveis! Aliás, obrigado por compreender a minha fabulosidade.
Yixing ficou em silêncio, parecendo estar pensando, e me encarando.
— Por que está nu?
— Quando eu me transformo, eu fico nu.
— Acontece o mesmo com outros metamorfos?
— Acho que sim, só conheci um até hoje e não conversei muito com ele.
Ele respirou fundo e passou a mão no rosto.
— Ok, irei acreditar no que você disse, mas... o Junmyeon ou o Sehun sabe disso?
— Não, e peço para que não conte, por favor.
— Certo, hmm... — percebi que ele estava tentando desviar os olhos de mim. Vi que tinha um jaleco perto da porta e o vesti. — Aproveitando que você é humano agora, irá me facilitar algumas coisas.
— Tipo?
Sentei-me na mesa dele.
— Poderia descer da mesa? Se quiser sentar, sente-se na outra. — fiz careta pra ele e fui para a outra mesa. — Junmyeon disse que você estava agressivo, mas não tem nada de errado com você. Poderia me dizer qual é o problema?
— Ah... — ok, fui pego de surpresa. — Não há problema algum.
— Então, por que você tentou morder o Sehun? Por que quebrou o alarme e por que tentou quebrar a torradeira?
O que é isso agora? Estou me sentindo naqueles filmes policiais onde a pessoa é levada para uma sala escura para responder perguntas cabulosas.
— Eu tentei morder o Sehun porque... ele deu um tapa na bunda do meu dono.
— Ele deu um... Ok, deixa pra lá. — pigarreou. — Prossiga.
— Eu não gostava do alarme porque ele sempre me assustava, até que me irritei e o derrubei da mesa.
— Certo, e a torradeira?
— A mesma coisa, só que deu errado. Ela estava com o fio na tomada, o que a segurou, e o idiota do Junmyeon me deixou de castigo.
— Você não gosta do seu dono, Chen?
— Gosto, por quê?
— Você o chamou de idiota.
— Ah, o chamo assim quando estou bravo com ele, mas eu o amo.
Ops! Falei demais.
— Quando você diz que o ama... como é?
— Não entendi.
— Você o ama que nem o Sehun o ama, ou sente um carinho por ele?
Abria boca para respondê-lo, mas parei para pensar, porém, alguém bateu na porta e, rapidamente, me transformei.
Uma das funcionárias abriu a porta e perguntou se eu já poderia ser levado para o banho, e Yixing concordou. A moça me pegou no colo e me acariciou até chegarmos no... no... não sei como chama isso, mas é onde dão banho em mim.
Uma coisa que eu odeio no banho é que eu não fico bonitão quando estou encharcado, fico parecendo um... um... não sei, um troço muito feio e magrelo, mas depois que sou secado e mimado com perfumes e sei lá mais o quê, nossa... ai sim eu arraso na vida.
Depois dos mimos, fui levado para a área de espera onde tinha brinquedos e outros gatos esperando os donos voltarem para buscá-los.
Para a minha sorte, vi que tinha um conhecido esperando o dono e ele parecia com tédio.
— E, ai!
Ele me olhou com certo tédio. Credo, gente, que povo mais desanimado.
— Chen.
— Faz tempo que está aqui?
Sentei-me do lado dele.
Zitao é um gato de duas cores, mas já faz um tempo que parei de pensar se ele era preto e laranja, ou laranja e preto. É que nem zebras, não sei se são pretas com listras brancas ou brancas com listras pretas, isso me dá dor de cabeça de tanto pensar.
Por preguiça, eu chamo o Zitao de “Tao”. Já o dono dele às vezes o chama de “Taozi”, o que o deixa com vergonha quando é chamado assim perto de outras pessoas, digo, gatos, aah, desisto!
— Uma hora. Yifan me trouxe para tomar banho porque é meu aniversário e ele queria me deixar lindo.
— Sério? O meu é amanhã! — falei feliz. — O que o seu dono te dá para comer no aniversário?
— Ele me dá salmão defumado feito por ele mesmo e alguns petiscos caros, e o seu?
Por que o Junmyeon não me dá umas coisas dessas?
— O máximo que ele me dá é algum peixe que encontra em promoção no mercado e um pouco mais de leite.
— Ah.
Eu tinha me esquecido que Tao tem um dono rico que é chefe de cozinha, só não sei se isso influência na personalidade fresca e pomposa dele. Às vezes eu posso parecer metido, mas Zitao é muito pior.
Para a minha sorte, o dono do Tao apareceu para buscá-lo, caso contrário, eu iria ter de aguentar a metideza e tédio dele.
Vi que Junmyeon também chegou e... como é bom o momento em que vou para casa! Dá uma sensação de liberdade do inferno.
Yixing apareceu para me pegar e me levou até o meu dono maravilhoso que eu ainda estou com raiva. Fui colocado em cima do balcão e Junmyeon me acariciou.
— Ele deu muito trabalho?
— Um pouco, mas é normal ele não gostar de vacina. — Yixing entregou a minha carterinha pro Jun. — E, quanto a ele estar agressivo, não se preocupe, não há nada de errado com ele, mas evite de usar coisas que o assuste e mostre pra ele que não há perigo.
— Está bem.
— E sobre ele ter tentado me morder? — Sehun perguntou. Eu nem tinha percebido que ele estava junto.
Yixing pensou um pouco antes de responder.
— Ele pode ter tentado brincar com você, não sei o que houve no momento, então não posso falar muito.
O que houve foi que o Sehun deu um tapa na bunda do meu dono e eu quis protegê-lo, mas, pra variar, deu errado.
Junmyeon pegou o dinheiro para pagar ao veterinário e foi pegar a minha caixa de transporte.
— Tchauzinho, ciumento. — Yixing falou baixinho perto do meu ouvido e eu assustei e quase cai do balcão. — Acho que não vai ter necessidade de levá-lo na caixa.
— Ele está calmo?
— Sim.
— Ok. Obrigado, Yixing!
Jun me pegou no colo e subi para o seu ombro, e me esfreguei em sua cabeça. Percebi que o veterinário estava me olhando com uma cara suspeita e mostrei a língua pra ele.
Meu dono me colocou no banco de trás do carro e vi que tinha um pacote grandão e me aproximei para cheirá-lo, mas o Jun viu e chamou a minha atenção.
— Não mexe!
Qual o problema de eu cheirar o maldito pacote?
Emburrado, fiquei no meu lugar até o carro começar a se mover. Entediado, pulei na cabeça do Sehun, ele estava sentado no banco do passageiro, e fui pro colo dele.
— Parece que alguém está de bom humor. — Sehun comentou enquanto me acariciava, e o encarei. — Será que ele entendeu? — sim, eu entendi, humano!
— Me pergunto isso todos os dias. — Jun me acariciou no queixo. Humano, dá pra prestar atenção na rua? Obrigado! — Às vezes ele me acompanha quando estou cantando, ou mia quando faço alguma pergunta. Só falta ele começar a falar.
Se quiser, eu falo contigo, mas primeiro tenho que me transformar.
Argh! Tédio! Tédio! Tédio!
Pulei pro ombro do Sehun e depois pro banco do Jun, mas ele me colocou de volta no colo do namorado. Argh!
Quando chegamos em casa, antes de entrarmos no prédio, Junmyeon me colocou no chão e fez sinal para eu ir passear. Que milagre é esse?
Dei uma volta no jardim do prédio e fui pra rua ver se Chanyeol ou Baekhyun estavam por perto, mas não os vi.
Fiz minhas necessidades e fui para o apartamento, a porta só estava encostada e bastava eu empurrá-la, mas comecei a miar para alguém abrir pra mim.
Junmyeon abriu a porta e ficou me encarando com os braços cruzados. O que foi? Eu sei que sou lindo, não precisa ficar me olhando.
— Folgado.
Sou folgado também.
Miei pra ele e me esfreguei em suas pernas.
Jun me pegou no colo e fomos pra sala, e eu vi o pacote grandão em cima do sofá. Mas que diabos tem dentro dele?
Sabe o ditado “a curiosidade matou o gato”? Na frase, o gato sou eu mesmo.
Sehun estava sentado no chão e montando alguma coisa que não consigo entender o que é. Junmyeon deitou no sofá e ligou a televisão e me deixou em cima dele.
Depois o folgado sou eu. Vá ajudar o seu namorado a montar aquela coisa!
Por incrível que pareça, Sehun não reclamou.
Quando eu estava quase dormindo, Junmyeon me tirou de cima dele e levantou-se. Não tinha hora melhor pra levantar? Tinha que ser na hora que eu estava adormecendo? Humano idiota!
Ele tinha levantado para ir ao banheiro e arrumar o café da tarde.
Para eu ter um pouco de sossego, fui para o quarto e dormi na cama dele.
Pouco antes do jantar, ouvi meu dono me chamar e, morrendo de preguiça, fui ver o que ele queria. Sehun estava do lado dele e os dois sorriam enquanto me observavam. Sentei-me e encarei eles.
— O seu presente de aniversário, Chenzinho.
Junmyeon apontou para um troço grande que estava do lado da janela, mas não tenho nem idéia do que seja aquilo e..... AAAAAAAH, UMA CAIXA GRANDONA!
Corri, alegre, pra caixa e pulei dentro dela, e fiquei mordendo os isopores, mas os cuspi ao ver que tinham gosto ruim e os joguei pra fora.
Ouvi meu dono bufar, mas nem dei atenção porque EU TENHO UMA CAIXA GRANDONA!
Ouvi Sehun rir e depois passos dos dois se distanciando.
Só parei de brincar e destruir a caixa quando a fome apertou.
Corri para a cozinha e vi que os dois já estavam comendo SEM A MINHA ILUSTRE PRESENÇA!
Pulei na mesa e olhei a comida. Andei entre as travessas e sentei de frente ao Jun, e fiquei balançando minha cauda, o que fazia ela ficar batendo no prato do Sehun.
— Chen!
Sehun chamou a minha atenção e olhei pra ele e depois para o prato dele e, só de maldade, coloquei meu rabo em cima dos talheres dele. Eu ia colocar dentro do prato, mas ele iria jogar a comida fora e é feio desperdiçar comida, além de que depois o Jun iria me lavar.
Junmyeon me pegou e colocou-me no colo, e começou a me dar pedacinhos de algumas coisas que comia.
Ao ver que eles não iriam comer mais e que eu não ganharia mais nada, fui comer da minha ração.
Depois que eles lavaram a louça, foram para a sala e eu fui atrás para ficar de olho neles, pelo jeito o Sehun irá dormir aqui.
Os dois deitaram no sofá e vi que não tinha espaço pra mim, então fui ver o presente que o meu dono me deu.
O presente que Sehun me deu era um comedouro automático, que me dava ração quando eu me aproximava, mas prefiro não chegar muito perto daquilo por enquanto. Já o presente que Junmyeon comprou pra mim é um arranhador com casinha no topo e uma rede embaixo. Fiquei brincando por algum tempo até que resolvi dormir na rede, quem sabe é melhor que a minha cama ou a do meu dono.
Pulei na rede, mas fui direto pro chão. Tentei subir de novo, mas ela virou e me derrubou. Ouvi os dois humanos rirem e olhei bravo para eles, mas Junmyeon só me motivou a tentar subir de novo.
Encarei a rede e pensei num plano!
Subi por uma coluna que ela era presa e pulei nela, mas o destino foi o chão de novo. Pulei na plataforma em frente da casinha e olhei pra baixo, calculei a distância até a rede e, por vias da duvidas, até o chão também. Pulei e..... bem, chão de novo.
Ódio! Não irei desistir!
Fiquei de pé nas patas traseiras e apoiei as patas dianteiras na rede, e pulei sem me mexer muito. A rede ficou quieta, venci!
Quando me mexi para deitar, ela virou e me derrubou.
Desisto!
Olhei para os dois humanos que riam do meu desastre e miei bravo pra eles.
Junmyeon, por acaso você me odeia?
Humano, idiota!
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.