Relato Henry
Ao sair da sala ao lado da professora que me olhava de cima por ser maior que eu. Ela repentinamente me faz uma pergunta.
- lembra de mim? - ela perguntou enquanto olhava para frente, no corredor.
- lembro, mesmo já fazendo bastante tempo que não sai mais com minha mãe. Não sabia que você também era professora aqui. - eu a olho buscando ter um contato visual, entre tanto desviovo olhar quando percebo que ela seguia olhando para frente, parecia estar um pouco estressada hoje. Talvez esteja com muito trabalho hoje.
Depois disso não falamos mais nada e eu corro para o pátio. Tentei fazer como minha mãe disse ontem a noite, sobre me enturmar e achar coisas em comum com meus colegas de classe. Me observando eles, chegando em uma conclusão, iria brincar com as meninas de pular corda, é uma coisa que gosto de fazer e elas parecem mais receptivas que os garotos que estam jogando bola e espirobol, eles pareciam um tanto agressivos, pelo menos foi a primeira impressão da qual tive.
- Oi, vocês se lembram de mim? Eu sou o aluno novo. - estava um pouco acanhado, com medo de que me achassem estranho, como na última escola, porém foi surpreendido com vários sorrisos, delas para mim que logo me convidaram para participar da brincadeira.
Eu estava na fila, esperando minha vez, quando uma garota puxou assunto comigo.
- Oi meu nome Clarice, mas pode me chamar de Clara. - disse com um sorriso, que retribui instantâneamente.
- Eu sou o Henrique, mas pode me chamar de Henry.
- então Henry, por quê não está com os meninos? Normalmente os meninos me excluem das brincadeiras porquê sou menina, mas você sendo menino, podia se divertir jogando bola com eles. - percebi um pesar em seu olhar pela exclusão, era evidente que ela estava deslocada, enquanto todas as meninas conversavam entre si ela ficava quieta, ela parecia comigo.
- é porquê, ahm, como não conheço ninguém... É...
- à, entendi, acontece o mesmo comigo... tive uma ideia, quer brincar de pênalti comigo, a gente pode pedir uma bola pra professora e uns conis para improvisar um gol. - ela parecia entusiasmada com a própria idéia, porém fiquei um pouco relutante.
- será que as meninas não vão achar ruim? - ela olhou para mim e riu, como se eu tivesse dito algo muito engraçado.
- olha em volta, elas não tão nem aí pra nós, só te convidaram porquê você é o menino novo e bonitinho. - corei arregalando os olhos. "Bonitinho? Elas me acham bonito?"
-vem vamos. - ela me pegou pelo braço, sem ao menos eu dar uma resposta e me arrastou para longe dali.
Regina nos observava brincar no pátio, com um sorriso no rosto, olhava para Clara e eu, e vibrava a cada gol que eu fazia, isso me fazia eu me sentir importante, mas afastado de nós, tinha um grupinho brincando e do nada ouço uma gargalhada de minha mãe 2, quando a Samantha ganhou uma bolada na cara no três cortes. Tentei segurar o riso também admito, Clara também riu, porém discretamente.
Brincamos até a hora do recreio. Quando fomos liberados ela me convidou para lanchar com ela, questionei sobre seus amigos, entretanto não quis falar sobre isso, pelo contrário, ameaçou chorar e eu a entendo perfeitamente, rapidamente mudo de assunto, indo para o refeitório comer.
- escola pública é tudo de bom. - falei com a boca cheia de arroz com feijão, era a primeira vez que comia comida de almoço na escola, até porque na particular eles não dão lanche. Estava divino.
- Come rápido para a gente repetir. - também falou com a boca cheia. Ela era uma ótima companhia.
- Tô comendo o mais rápido que posso. - era divertido lanchar com ela, era como se estivéssemos em um campeonato para ver quem come mais rápido.
'TER-MI-NEI. - falou vitoriosa em quanto eu estava na minha última colherada.
Nós rimos e fomos pegar mais. Logo após sentarmos meu celular toca. Era minha mãe 1. Olhei para Clarice pedindo licença com o olhar e atendi a chamada.
-Alô. Mãe?
-Oi, filho. Liguei pra avisar que hoje eu não vou poder ir te buscar na escola e como eu sei que o Guilherme estuda na mesma escola que você, pensei que você poderia pedir uma carona pra ele. - ela falou do outro lado da linha. ( Guilherme era meu primo por parte de mãe)
-Pode deixar mãe, eu vou arrumar uma carona. - "só não vai ser com o Gui" penso com um sorriso, já mirabolando um plano INFALIVEL.
-Tá bom, filho. Se comporta, viu? Qualquer coisa me liga, eu saí muito rápido, não deu tempo de fazer almoço, faz um miojo, que quando eu chega faço comida para nós, prometo não demorar. A mamãe te ama.
- Tá bom. Eu também te amo. Tchau. - assim que desliguei, o sinal para as duas últimas aulas bateu e toda minha turma entrou na sala. Clara e eu comemos bem rápido, quase nos engasgamos, porém não podíamos demorar, Clarice parecia horrorizada só de pensar em se atrasar um minuto para aula, realmente, minha mãe 2 colocava medo em todo mundo. Terminamos e corremos para sala. A porta já estava fechada, Clara arregalou os olhos e eu bati na porta. Abri com cuidado, para ver se havia alguém dentro.
-podemos entrar? -Regina Alice já estava passando coisa no quadro, quando me olhou com uma cara de pouco amigos.
- não tolero atrasos de ninguém. - falou continuando a passar a matéria no quadro, em quanto a turma inteira fazia "Uhuuuu"
- SILÊNCIO. - ela gritou impaciente, assustando até a mim.
- entrem, mas que não se repita o atraso. - entramos, cada um foi para seu lugar, calados, ajeitando os materiais, para começar a escrever.
As aulas se passaram, o sinal bateu e a escola foi se esvaziando, me despedi da minha mais nova amiga, que iria pegar o ônibus e não podia se atrasar e fiquei ali com a minha professora/mãe. Ela estava corrigindo as provas, e quando levantou e viu que eu estava ali, não ficou surpresa, de novo.
-Sua mãe vem te buscar daqui a pouco? - ela não parecia estar preocupada com a hora. Deve estar acostumada com os atrasos de minha mãe.
-Não. Hoje ela não vem me buscar. - fui franco e direto.
-Então quem vai te levar para casa? - ela perguntou batendo o pé contra o chão inúmeras vezes, parecia ansiosa, talvez preocupada.
-Eu pensei que você poderia me levar pra casa. - ela fez uma cara de surpresa com a minha resposta. Aparentemente não a esperava, dava para ver pela cara de confusão que seu rosto transparência.
-Bom, eu não sei onde vo...- não a deixei terminar. Não podia dar tempo para ela pensar, ou desistiria.
- Eu te ensino o caminho. - falei com um enorme sorriso no rosto. Vento sua expressão, percebi que ela se deu por vencida.
-Tá bom, você venceu, mas avisa para tua mãe que, da próxima vez eu posso não te levar, até porque tenho que trabalhar a tarde. - ela falou divertida. Vou ter um almoço decente ao lado da minha mãe 2.
Relato Regina.
- Eu confio em você, mãe. - o garoto disse confiante e retribui sua segurança em mim com um sorriso. Pelos deuses, eu tenho um filho... Nunca pensei que o veria outra vez.
O levei então para casa. Como não sabia o caminho Henry foi me instruindo.
Nós conversamos muito, rimos, brincamos, até que ele me contou de um livro. Um livro onde tinha histórias sobre mim, Malévola, Ursula, Cruella e a própria Emmanuella, cujo qual era chamada de senhora das trevas. Eu achei que ele estava brincando, se não até é provável que a própria Emmanuella tenha escrito e ele esteja fazendo uma mega promoção, só para mim ler.
Quando ele acabou de falar sobre o livro chegamos em sua casa, que ficava do outro lado da cidade, bem longe da minha... "felizmente, seria insuportável trombar com Emmanuella por aí", a casa era um tanto longe da escola, sorte que eu tenho um carro.
Chegando lá ele me convidou para entrar, entrei a contra gosto, por causa da sua insistência. Ele morava em um apartamento, no décimo andar, pra ser exata. Ele me disse que Emmanuella iria demorar e ele não queria ficar sozinho em casa. Contou uma história mirabolante de como morria de medo de ficar sozinho no apartamento, dava para enxergar em suas feições que era mentira, porém me deixei levar, afirmando que eu também teria medo se fosse ele. É claro que ele me questionou, eu do geito que sou, rapidamente inventei uma história macabra, que o deixou com os olhos arregalados, enquanto eu comentava alguns fatos fictícios, porém ele achava ser real. "Tadinho hahaha".
Ele abriu a porta e entramos. Era um apartamento pequeno comparado ao tamanho da minha casa, mas era bem aconchegante. Ele me mostrou todo o apartamento e eu não deixei de reparar no teclado que estava em cima da cama do garoto "Será que Henrique sabe tocar?" Emma nunca se interessou por estrumento algum, à não ser quando eu tocava. "Como eu fui boba de escrever todas aquelas músicas para ela? Será que ela se lembra de alguma? Não, acho que não."
- Você toca? - perguntei indo até o instrumento.
- Sim, mas é da minha mãe, ela que me ensinou a tocar. - falou orgulhoso
- Ensinou? - eu fiquei pasma, ela nem se quer sabia o que era um dó, quando ainda éramos próximas.
(...)
Fomos para cozinha, que também era sala e Henry perguntou se eu estava com fome. Eu claramente disse que sim, afinal não tinha almoçado ainda. Porém tinha que ir, visto que ainda teria que passar no restaurante pegar meu almoço, pois as 2 horas teria que estar na escola, para dar início as aulas vespertinas. Ele fez uma cara amarrada quando ouviu meu argumento, me contrangendo para ficar mais um pouco, não consegui resistir ao seu olhar tão carente e fofo, pela primeira vez em anos me senti em casa, não que aquele apartamento parecesse com a minha, mas ao lado de Henry, é como se eu houvesse encontrado um lar.
Ele então falou para eu me sentar no sofá, que se eu quisesse assistir TV era pra ficar a vontade, porque iria fazer o almoço para nós dois. Ele era tão gentil e educado, Emmanuella estava criando um verdadeiro príncipe.
-Você sabe cozinhar? - fiquei surpresa, eu só aprendi a fritar um ovo depois dos 15 anos de idade.
-É claro! Minha mãe é muito ocupada e eu acabo fazendo o que eu quero, então aprendi a cozinhar. Mesmo não sabendo fazer muita coisa dá para o gasto - falou brincalhão, por sua expressão parecia estár feliz por eu ter ficado. Eu realmente estava convencida de que a Emma era um pouco desleixada com o meu menino.
-Emma não cuida bem de você? - perguntei um pouco indignada, porém não deixando parecer muito minha preocupação.
-Ela cuida. Só que às vezes trabalha demais. - falou enquanto pegava alguns ovos na geladeira.
-E no que ela trabalha, mesmo? Acho que você já me disse, porém acabei esquecendo. - "mãe que trabalha demais... Com quem está parecendo essa história?" Fico pensando, lembrando de como era ruim ser criança e ter que se virar porquê sua mãe estava ocupada demais com sua carreira. Isso me deixa um pouco desconfortável, será que ela está cuidando bem dele? Será que não está agindo como nossas mães quando éramos pequenas? Porquê até mesmo Mary era uma mãe muito ausente, nosso único consolo é que tínhamos uma a outra.
-Ela é escritora. No fim minha mãe realmente trabalha no que gosta. - "então ela conseguiu mesmo."
-Mudando de assunto, você não quer que eu faça a comida? - Henry balançou a cabeça negando. Garoto insistente, cabeça dura igualzinho a mãe dele.
-Não precisa. Deixa comigo, mãe. - ele falou confiante. Parecia mesmo saber o que estava fazendo.
-Então eu posso ajudar?
- Isso sim. - ele sorriu, abrindo espaço na bancada para eu ficar ao seu lado.
-E no que eu posso ajudar? O que você está preparando para nós?
- Eu pensei em fazer umas panquecas. - ele olhou para mim com o rostinho mais fofo do mundo.
- No almoço, meu menino? - normalmente nós comemos panquecas no café da manhã ou às vezes no jantar, mas como almoço...
- É. Você não gosta de panquecas não? - ele perguntou um tanto confuso, como se pensasse, "quem não gosta de panquecas?".
- Eu gosto sim, mas… - ele nem ao menos me deixou terminar a frase.
- Então vai ser panquecas. - ele abriu um sorriso novamente. Mesmo contratiada não resolvi protestar, ele claramente estava querendo me agradar, então se ele quer panqueca, vamos comer panquecas!
- Mãe, você bem que podia fazer o molho, né? -a eufória estava estampada em seu rosto, vê-lo feliz e entusiasmados, me deixava do mesmo jeito. Depois de muito tempo eu estava me sentindo bem com um pequeno momento fraternal.
- Sim, mas eu não sei onde pegar as coisas. - aquela casa era desconhecida para mim, consequentemente não sabia onde estava nada.
- As panelas estão no armário de baixo, ao lado da geladeira, alguns ingredientes estão dentro da geladeira e outros estão no armário de cima. É só pegar. - eu não sei se devo. Pensando bem, mexer nas coisas de Emmanuella assim é muita intimidade, intimidade que não tenho.
- O que foi, mãe? - perguntou porque eu tinha paralisado na frente do armário pensando sobre isso.
- É que... Na verdade não é nada. - respondi. Dane-se Emma, eu quero construir lembranças felizes com meu filho.
Depois disso peguei as coisas, coloquei na mesa e comecei a preparação do molho. Peguei tomate, pimenta, cebola... Tudo o que eu precisava para fazer um molho delicioso estava ali.
Henrique e eu conversamos sobre tudo, ele me fazia muitas perguntas e com prazer respondia todas, mas um pequena pergunta me abalou.
- Eu tenho irmão? - perguntou querendo saber se eu tinha filhos. Sem querer desfaço o sorriso desconsertada, triste.
- Eu não posso ter filhos. Você é o único filho que eu tenho. Henrique Nolan Mills. - falo com pesar, não que eu não o amasse, porém o que eu mais queria, um filho com meu sangue, eu nunca vou ter, mas logo desfaço o olhar triste sorrindo e bagunçando seus fios de cabelo liso, mesmo ele não tendo meu sangue tem meu sobrenome, nós duas o registramos, ele conforme está escrito no cartório é meu filho um Mills também, quer minha mãe queira ou não.
Talvez ele tenha percebido que isso me abalou um pouco, porque apenas sorriu e não tocou mais no assunto.
Quando terminamos de preparar o nosso almoço, organizamos tudo e deixamos a louça para o final. Henry colocou nossas porções de panquecas no prato e colocou o molho por cima. Depois de nos servir ele sentou no sofá, ligou a TV e começou a comer, enquanto passava desenho.
- Ei, mocinho. Pra mesa. - falei como uma verdadeira mãe e ele me respeitou.
- Tá bom mãe, mas a mãe Emmanuella me deixa comer vendo TV. - disse, provavelmente queria ver se eu voltava atrás, mas não isso é um mal hábito que não irei admitir quando fizermos nossa refeições juntos.
- Que bom, querido, mas eu não sou outra mãe e filho meu tem que ser bem comportado. - articulei com as mãos, ficando extremamente satisfeita quando ele sentou ao meu lado. Por um momento me senti como Cora Mills.
Na mesa nós conversamos sobre o tal livro que ele disse que continha nossas histórias, histórias de outra vida, que ainda não havia tido um ponto final por causa de ... de "por zeus é difícil levar a sério" por causa de uma maldição.
Ele me contou que estava mexendo no celular quando de repente chegou um e-mail para ele de uma pessoa que ele não sabia quem era, o nome do remetente era, Senhora das tribos, um nome um tanto estranho. O e-mail dizia "Sei que você adora contos de fadas, tenho certeza que vai adorar esse livro”. Ele simplesmente baixou o PDF sem saber o que era. Achei muito imprudente, poderia ser qualquer coisa, mas por sorte era o que dizia ser, um livro de contos. Henrique disse que estava no começo do livro, mas o que eu vi foi que os personagens só tinham nosso nome. Não tinha nada a ver com a nossa vida, mas não deixou de ser estranho saber que aquilo tinha o nome de todos, sem exceção. "Talvez a pessoa que escreveu isso tenha sido realmente Emmanuella, é isso ou é um stalker. Prefiro pensar que seja Emma atuando para o menino".
- Quer que eu leia a introdução? Ela é um pouco diferente das outras, mas é bem legal. - ele largou o garfo, pegou o celular que estava em seu bolso e leu.
(Livro- leitor Henrique Nolan Mills)
Olá, meu nome é Emma Swan. Tenho 17 anos e sou uma princesa, não que isso seja grande coisa, não suporto esses frufrus e pompas. Minha mãe é a Branca de neve e meu pai, o Príncipe Encantado. Eu não tenho irmãos e meus pais querem que eu me case com um homem que eu nem conheço, tudo para fazer uma coligação com os reinos, não quero me casar, muito menos por interesse de outros.
Cresci ouvindo histórias sobre uma mulher que odiava minha mãe, e tentara matá-la diversas vezes, pelo simples fato de ela ser a mais bela... "não que eu acredite nisso, caso contrário essa tal Regina é patética", entre tanto não teve Vitória, pois a magia poderosa do amor verdadeiro a venceram todas as vezes. Eles a chamavam de Rainha Má, mas uma vez quando ainda eu era muito pequena minha mãe me disse como ela verdadeiramente se chamava. Seu nome era Regina Mills, ela era uma monarca de fato, filha de um príncipe e de uma poderosa feiticeira chamada Cora. Ninguém sabe de seu paradeiro, uns dizem que ela morreu, outros dizem que ela é uma grande rainha de um outro mundo...
Eu sei que por muito tempo meus pais tentaram de todos os jeitos proteger o reino das garras da rainha, mas eles acabaram me deixando de lado por causa disso. Sei que o reino é importante e que as pessoas precisam deles, mas o problema é que eu também preciso, eu seria egoísta por querer um pouco de atenção? Cresci como se não tivesse pai ou mãe, os criados me cuidaram, pois meus pais estavam ocupados demais com o reino. Sempre fui a última na vida deles. Acho que nunca foi por mal todo esse afastamento, mas não deixo de ficar triste com isso, foi então que eu conheci um senhor chamado Rumpelstiltskin, ele me ensinou a arte da magia e disse que tudo poderia ser diferente, contanto que eu conseguisse lançar uma pequena maldição que a última aluna dele não conseguiu lançar, e essa aluna por acaso era a Rainha Má, Regina Mills, o terror do nosso povo, mas não o meu! - ele terminou de ler e disse empolgado: - Legal, né? - realmente parecia ser uma ótima leitura.
- Eu gostei muito, meu querido. De fato parece bem interessante. - respondi passeando meus dedos por seus fios finos de cabelo. Como gosto do gênero de fantasia, realmente gostaria de ler esse livro.
- Se quiser eu posso te passar. - disse querendo compartilhar a aventura que estava tendo ao ler aquele livro comigo.
Quando eu estava prestes a responder, a porta abre, e ele pede pra eu não dizer nada pra Emma, disse que esse era o nosso segredo, eu nada falei, somente assenti com um gesto de minha cabeça.
Emma já entrou contando como foi na editora, feliz da vida. Ela estava prestes a publicar o livro "A casa", que é um terror infantil que começou a escrever quando estávamos no oitavo ano escolar. Até que demorou bastante para publicar. Ela tirou os sapatos vermelhos de salto na porta e quando me viu ficou claramente surpresa e parou de falar. Ela usava um vestido igualmente vermelho, colado em seu corpo, realçando todas as suas lindas curvas, na muito vulgar, estava bem social na verdade, com seus cabelo amarrados em um rabo de cavalo e uma maquiagem leve. É incrível Como os anos puderam a deixar ainda mais linda? Seus traços se tornaram mais marcados e firmes, já não era tão delicados como antes, toda via combinava mais com ela, passando um ar de seriedade. Fiquei perdida em meus pensamentos até que Emma me chamou.
- Regina? - ela não entendeu por que eu estava na casa dela, talvez nem porquê eu a estava olhando daquele jeito, mas percebi que ela ficou um pouco com vergonha.
- Oi. - respondi claramente sem graça, saindo do meu transe.
- A que devo a honra de ter sua majestosa presença em minha humilde casa? - falou em um tom de deboche, já bem conhecido por Regina Alice. "Algumas coisas nunca mudam"... É como se nada tivesse acontecido. É como se ainda fossemos amigas. É como se estivéssemos voltado no tempo, no tempo em que eu era feliz ao seu lado.
- Henry disse que você ia demorar, e que não queria ficar sozinho. Acabei acreditando, desculpe pelo incômodo. - eu estava um tanto envergonhada, mal conseguia olha-la.
- Henry, o que eu disse sobre mentir pra sua outra mãe? - quê? Ela sabe que ele me contou? Não acredito. - Peça desculpas. - ela falou cruzando os braços.
- Desculpa, mãe. Eu não vou mais mentir, mas se eu mentir eu peço desculpas de novo. - disse entre risos, Emma ficou furiosa com o que o garoto disse, dava para ver em seu rosto avermelhado e seus olhos semicerrados. Me deu vontade de rir, admito, mas consegui me conter e fiquei bem quietinha, só observando.
- Henry, não de uma má impressão para a Regina. - disse com um tom de repreensão.
Ao terminar de falar, deu para perceber que se conteve bastante. Se aproximou da mesa e puxou uma cadeira para se sentar. Ela começou a conversar conosco, contando como tinha reagido ao saber que a sua obra tão querida ia ser lançada.
Terminando de comer eu retirei os pratos e fui lavá-los. Emma não queria deixar, mas eu não suportava comer na casa de outras pessoas e deixar o anfitrião fazer tudo sozinho. Ela então se ofereceu para secar a louça e Henry ficou vendo TV.
- A gente nem se conversou direito ontem. - falou concentrada no prato que estava secando, sem desviar seu olhar dele, mesmo eu tendo me virado brevemente para responder.
- Eu sei. - foram as únicas palavras que consegui falar.
- A... - antes que ela começasse qualquer frase, a interrompi. Havia uma pergunta em mim que não queria se calar, venho remoendo há anos e agora tenho a oportunidade de saber a verdade. Por mais que doa, eu preciso saber.
- Por que você desistiu de mim, Emma? Você disse que iríamos ficar juntas, disse que me amava, eu acreditei em você. O que aconteu, por quê me afastou do nosso filho? Você sabia que eu esperei você ir me procurar? mas você simplesmente sumiu. Você sabia que eu estava disposta a ir embora com você se fosse preciso? Você ao menos se importou? Sentiu minha falta? - falei baixo e segurando o choro de anos de sentimentos reprimidos, não queria que Henrique ouvisse todo meu desabafo. Senti meu peito apertar a cada palavra dita, e um nó se formou em minha garganta. Era inexplicável o que eu sentia por ela. Quando ela se aproximava de mim era como se nada tivesse acontecido, eu perdia o chão, esquecia qualquer palavra. Por mais que me doesse pensar que tinha sido abandonada, era só aqueles olhos verdes me fitarem que eu sabia a verdade, todo o meu amor pertencia à ela, meu amor por Emmanuella Nolan nunca morreu. Talvez ele tenha ficado aprisionado pela mágoa que sentia, mas nem sequer diminuiu. "Malditos sentimentos! Como eu queria arrancar meu coração, para não sentir mais isso."
- ... - ela não falou nada por um momento, somente me abraçou. - Eu sempr te amei... - foi só o que disse. Eu precisava ouvir isso, como eu precisava dessas palavras. Foi a mesma coisa que eu falei quando ela estava desesperada por estar grávida. Eu a abracei e apenas disse “eu sempre te amei”, não falamos mais nada. Um silêncio pairou, finalmente ela teve coragem de virar seu rosto para mim, fitando meus olhos com uma uma profundidade e pesar que jamais havia visto em seu rosto, nossos olhos se aprofundaram um no outro, cheio de palavras não ditas, cheio de respostas ainda não dadas, mas vi a dor em seu olhar, como se fosse arrependimento? Não queria quebrar o contato visual, seus olhos falavam mais que 1000 palavras, seu sentimentos estavam ali, estampados em seu profundos olhos verdes.
Henry se aproximou limpando a garganta, o olhar foi quebrado e novamente fingimos que nada estava acontecendo.
- Olha a hora. - falei olhando para o relojo da parede que marcava 13:45 da tarde, estava atrasadíssima. Sendo também uma ótima desculpa para ir o mais rápido possível. - estou atrasada para o trabalho. Até mais senhorita Swan. - me despedi sem olha-la.
Peguei minha bolsa, dei um beijo na bochecha de Henry e fui porta a fora. Troquei apenas um olhar com a Emma antes de sair, e aquilo foi o suficiente para sentir meu coração apertar novamente. "Merda"
Depois de um dia exaustivo de trabalho, onde tive que reprimir todos meus sentimentos, como se eu fosse somente uma boneca de pano, cheguei em casa totalmente trastornada me permitindo chorar. Não conseguia controlar minhas lágrimas. Todo o choro que guardei por anos insistia em ter vazão. Eu não tinha mais o menor controle de mim mesma, dos meus próprios sentimentos, reprimir a dor já não era mais possível. Pensar na Emma me doía, pensar que ela me abandonou me machucava, mas pensar em tudo o que tivemos e que nunca mais teremos, destruía meu coração.
Para melhorar a situação minha mãe estava sentada no sofá da sala, quando me deu conta deu um pequeno pulo por conta do susto. Com as pernas cruzadas, vestida com uma saia lápis com uma cor terrosa uma blusa de botão marrom, ela mexia no celular, mas ao notar a minha presença ela parou e me encarou.
- Posso saber aonde você estava? - minha mãe enxerida como sempre, não importava minha idade, ela sempre me tratava como sua posse, seu troféuzinho para ser mostrado na alta sociedade. A filha modelo, professora por vocação, não por dinheiro, casamento impecável e de muito bons modos, fina por assim dizer, por essa máscara todos esses anos já estava me dando nos nervos.
- Na casa de uma amiga. - respondi sem expressão, fiquei tanto tempo dentro do carro chorando na minha vaga de estacionamento escolar, que esqueci que as horas passavam. Conseguindo aos poucos diminuir meu choro, me recompus respirando fundo. Pra ser filha de Cora tem que ser boa atriz, aprendi isso desde cedo. Ser artista era minha vocação, não porque eu nasci com talento, mas sim porque fui forçada pela vida a ser uma, grandessíssima cara de pau.
- Mentira! Liguei pra todos que você conhece e ninguém disse aonde você estava. - Era tudo o que eu precisava, enfrentar Cora Mills enquanto me sentia em cacos."Pelos deuses, por quê essa mulher não larga do meu pé" Ela estava séria, me encarando com um olhar fuzilante, olhar esse que sempre tive medo. Olhar de psicopata, ela parecia saber muito bem do que estava falando. Provavelmente sondou todos meus conhecido mesmo, se fazendo de coitada para colher verde.
- Você não a conhece. - respondi tentando ficar neutra. Meu olhar perdido, meu rosto não tinha nenhuma emoção, quando isso acontecia eu mergulhava no meu vazio, onde Cora nunca poderia me alcançar.
- Abra seu olhos Regina, você sabe bem o que aconteceu com Luiza. Não sabe? - falou em um tom cruel, me ameaçando nas entre linhas.
Eu não gosto nem de lembrar o que esse monstro fez com a minha irmã, ela e o papai... se é que eu posso chamado de pai. Que bom que morreu, foi tarde, esse nem o diabo quer no inferno.
"Luiza comeu o pão que o diabo ameaçou nas mão de quem deveria à cuidar e amar, pobre irmã."
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