Subindo escadarias nos interiores dos muros, Arkhos podia sentir a dor latejante alternando entre pontos agudos e de leve dor, apoiando-se nas paredes para conseguir avançar. Velas iluminavam a subida enquanto o jovem andava, pequenas passagens revelavam corredores que davam acesso às comportas dos canhões.
Através de uma breve visão entre as passagens da fortaleza, Arkhos pôde testemunhar a densa nuvem de poeira no horizonte, gradualmente cedendo lugar à visão de uma grandiosa e massivamente desfigurada muralha de rochas. Era uma formação rochosa marcada por rachaduras profundas e crateras que se espalhavam como feridas abertas em sua superfície.
O jovem nobre não conseguia discernir a origem ou natureza daquela formação misteriosa, mas o murmúrio de desânimo entre os cavaleiros que operavam os canhões indicava que aquele espetáculo não era um presságio auspicioso. "O que será isso?" questionou Arkhos, em seus pensamentos. Seu olhar fixado naquela estrutura rochosa que se erguia no horizonte, uma manifestação perturbadora da natureza ou de algo ainda mais sinistro.
Mais alguns segundos de subida e, enfim, o brilho fraco do sol iluminava a face de Arkhos, lhe revelando a situação que se desdobrava fora dos muros da fortaleza. As tropas, ainda em formação, marchavam em direção ao paredão no horizonte.
Farrel: Bom, nossa primeira investida foi bem sucedida, Thragul precisou se defender dos canhões, isso nos revela algo muito interessante. - Farrel dizia, alisando sua barba.
Hasta: Temos que recuar as tropas, o alcance daquelas bestas é muito grande, não sabemos o que eles estão tramando atrás daqueles muros! - Hasta demonstrava toda sua preocupação.
Há alguns metros de distância, sobre as passarelas dos muros, Arkhos pôde ouvir o diálogo entre seu tio e aquele senhor baixinho desconhecido. O jovem correu até eles, acenando.
Arkhos: Tio! O que está havendo? - Arkhos balançava sua mão no alto, enquanto chegava próximo deles.
Hasta: Ah, meu sobrinho, é bom te ver bem! - As sombras da apreensão eram visíveis na face de Hasta.
Farrel: Ah, você é o jovem Arkhos! Ouvi muito de você, os cavaleiros gostaram das suas idéias, é um ótimo estrategista! - Farrel estendia seu braço para cumprimentá-lo.
Arkhos: É um prazer conhecê-lo, senhor, mas creio que não há tempo para formalidades agora! Preciso entender, o que está acontecendo?
Hasta: Há duas criaturas atacando a fortaleza, arremessando pedregulhos enormes contra os muros, você deve ter ouvido os estrondos de antes, não?
Arkhos: Sim, os ouvi muito bem. Inclusive, se não fosse por Akashi, eu teria sido atingido por uma!
Hasta: Pelos deuses… Precisamos encerrar isso, de uma vez por todas!
Farrel: Bom, precisamos de uma abordagem ainda mais poderosa, então. É preciso lhe informar, Arkhos, nós já tivemos uma tentativa com a guarnição dos canhões, mas como pôde ver: Aquelas muralhas foram formidáveis em parar os disparos.
Arkhos avaliou o horizonte, ele logo entendeu que os vários estrondos seguidos de antes foram os disparos dos canhões. O jovem estava pasmo com tamanha defesa monumental erguida pelas tais feras ditas por seu tio, o som das botas dos cavaleiros em marcha soava feito um mal presságio, a aflição de Arkhos o fez espremer seus punhos.
Arkhos: Bom, não podemos só ficar ansiando aqui de cima, temos que pensar! Sr. Farrel, imagino que nossa primeira investida foi para termos uma noção de como o inimigo age, não?
Farrel: Perfeitamente, Lorde Arkhos, são os primeiros passos em uma batalha como essa.
Arkhos: Primeiramente, se estão em grupo, necessitamos dividi-los! O que acha, Sr. Farrel?
Farrel: Eu estava pensando nisso também, mas temos que aproveitar manobras específicas das tropas, que empurrem ambos para direções opostas.
Farrel assentiu em concordância com a sugestão de Arkhos. Ele parecia impressionado com a capacidade estratégica do jovem nobre.
Farrel: Excelente observação, Lorde Arkhos. Dividir as criaturas é uma estratégia sábia. Agora, precisamos coordenar com precisão as manobras das tropas para alcançar esse objetivo.
Hasta se aproximou, contribuindo com suas próprias ideias.
Hasta: Arkhos, podemos aproveitar o terreno a nosso favor. As ravinas próximas podem servir como armadilhas naturais para separar as criaturas. Além disso, temos o elemento surpresa ao nosso lado, já que eles não sabem que planejamos essa estratégia.
Arkhos assentiu, absorvendo as sugestões de seus companheiros.
Arkhos: Certo, vamos executar essa estratégia. Faremos um movimento coordenado com as tropas, usando as ravinas para dividir as criaturas. E, se possível, usaremos as defesas da fortaleza para atacar a partir de ângulos diferentes. Sr. Farrel, podemos contar com seu apoio para coordenar as tropas e garantir que a manobra seja executada com precisão?
Farrel: Com certeza, Lorde Arkhos. Coordenarei as tropas conforme suas instruções. Vamos acabar com essas criaturas de uma vez por todas!
Com uma estratégia em mente e a determinação renovada, Arkhos, Farrel e Hasta começaram a planejar os detalhes da operação para dividir e derrotar as criaturas. Eles sabiam que o sucesso dessa missão era vital para a segurança da fortaleza de Abbadon e de todos que nela viviam.
Enquanto isso, lá embaixo, Akashi e Aric continuavam a correr em direção às criaturas, prontos para enfrentar qualquer desafio que surgisse em seu caminho.
Hasta: Tenho certas dúvidas sobre como usaremos a ravina para dividi-los, pode ser um movimento arriscado, preciso entender melhor. Poderiam me explicar?
Farrel e Arkhos compartilharam um olhar significativo antes de começarem a explicar o plano detalhadamente a Hasta.
Arkhos: Claro, tio. A ideia é usar a ravina como um obstáculo para separar as criaturas. Quando as criaturas se aproximarem da ravina, nossas tropas farão uma manobra para atraí-las em direção a ela.
Farrel interveio para esclarecer ainda mais.
Farrel: Exatamente, Hasta. Nossos soldados, bem treinados, criarão uma ilusão de vulnerabilidade, como se estivessem se retirando ou abrindo uma brecha em nossa defesa. As criaturas, provavelmente famintas por destruição, seguirão essa isca. Assim que estiverem sobre a ravina, desencadearemos uma operação coordenada.
Hasta assentiu, começando a compreender o plano.
Hasta: Entendi, então a ravina será um ponto crucial onde podemos dividir essas criaturas e isolá-las. E depois, o que faremos?
Arkhos olhou para Farrel, indicando que ele deveria continuar explicando.
Farrel: Após dividir as criaturas, nossa prioridade será manter uma delas longe da outra. Arkhos mencionou usar as defesas da fortaleza, e isso pode ser uma parte crucial. Podemos direcionar um dos monstros para uma área onde tenhamos uma posição estratégica, talvez em um ponto em que nossas armas tenham melhor alcance.
Arkhos acrescentou:
Arkhos: E a criatura que estiver isolada na ravina será nossa prioridade. Enquanto ela estiver presa lá, atacaremos com tudo o que temos, aproveitando a oportunidade para enfraquecê-la.
Hasta parecia mais confiante após a explicação detalhada do plano.
Hasta: Entendi, então, é um plano arriscado, mas pode funcionar se formos precisos e coordenados. Vamos executá-lo com cuidado.
Farrel assentiu, satisfeito com a compreensão de Hasta.
Farrel: Assim é, Hasta. A coordenação é essencial. Vamos preparar as tropas e nos posicionar para colocar esse plano em ação.
Com o plano definido e compreendido por todos, eles começaram a implementar as etapas necessárias para a operação. Cada detalhe era crucial, pois a segurança da fortaleza dependia do sucesso dessa estratégia.
Do alto, observando a situação, Bernard voava círculos, utilizando-se dos propulsores de sua armadura. O capitão avaliava a situação com calma, a formação dos cavaleiros que marchavam era sólida, bem como havia os feito treinar até a exaustão. A questão aqui era saber como Thragul e o ciclope fariam depois, ele podia ver Hasta, Farrel e Arkhos conversando e gesticulando freneticamente entre eles, ele sabia que o que sairia de lá seria uma estratégia um tanto quanto desafiadora de se executar. Ele então voou de volta ao muro, pousando sobre os corrimãos da passagem. Em alguns segundos, os pensadores explicaram seu plano a Bernard, e ele reagiu de maneira positiva, por mais que ainda estivesse com um certo receio em uma arrancada das tropas.
Bernard: Acham que esse é o melhor plano que poderiam ter pensado? - Bernard se erguia sobre o corrimão.
Farrel: Bom, eu não acho que seja muito, mas é o que temos por enquanto. - Farrel encarava o horizonte enquanto dizia.
Hasta: Coordene as tropas como explicamos, se possível. Nossas medidas ofensivas dependem disso!
Bernard: Ótimo, farei tudo que for possível. - Bernard então sacava um pequeno bloco de metal de um pequeno bolso em sua armadura.
O cubículo metálico segurado por Bernard, de repente, se iluminou com um misterioso brilho azul, iniciando um complexo processo de transformação que ocorreu em etapas impressionantes. Primeiro, as peças internas do cubo começaram a se desdobrar de maneira fluida, como se engrenagens meticulosamente sincronizadas ganhassem vida. Uma forma esférica que se moldava a partir do cubo se destacava, revelando uma série de articulações minuciosamente trabalhadas que moviam partes inteiras da peça. Um elmo de aparência única começou a emergir.
Uma viseira bifurcada começou a se formar, moldando-se com uma precisão impressionante. Uma linha surgiu na altura dos olhos, e ao redor dessa linha, grandes círculos começaram a realçar as órbitas oculares de maneira impressionante. Esses círculos irradiavam fagulhas azuladas, dando um aspecto místico ao elmo que estava se formando.
Por fim, um toque final adicionou um toque de majestade ao elmo. Três chifres surgiram na porção frontal da peça. Dois deles se elevaram sobre a testa, apontando de maneira ameaçadora para o horizonte. O terceiro chifre surgiu na descensão entre os olhos e acima do nariz, acrescentando um elemento imponente àquele elmo extraordinário.
O elmo que Bernard agora segurava em suas mãos era verdadeiramente impressionante. Suas características únicas e místicas emanavam uma aura imponente. Os cavaleiros próximos a Bernard observaram com admiração enquanto a transformação ocorria.
Hasta: Bernard, esse elmo é incrível! É um artefato verdadeiramente poderoso.
Farrel: Parece que você está pronto para liderar as tropas com grande estilo, Bernard.
Bernard colocou o elmo com cuidado sobre sua cabeça, encaixando-o perfeitamente em sua armadura. Aqueles círculos que irradiavam fagulhas azuladas em torno das órbitas oculares davam ao elmo um ar mágico e imponente.
Bernard: Esta é a minha "Armadura da Fera", um presente que Lyra me deixou antes de partir. Ela me ajudará a coordenar nossas tropas e a liderar esta batalha.
Arkhos: Isso é incrível, dá para sentir até uma energia diferente vindo de você, é uma armadura fantástica!
Bernard: Você ainda não viu nada, garoto! Heh!
Com o elmo agora em seu devido lugar, Bernard se preparava para liderar as tropas conforme o plano cuidadosamente elaborado. A batalha que se desenrolaria a seguir seria um teste crucial para a fortaleza e seus defensores, e Bernard estava determinado a fazê-la triunfar. Ele se dirigiu aos soldados.
Bernard: Soldados! Preparem-se para seguir as ordens com precisão. Nossa estratégia depende da coordenação perfeita. Não deixaremos essas criaturas ameaçarem nossa fortaleza! Avancem conforme o planejado!
Os cavaleiros ao redor de Bernard receberam suas ordens e se posicionaram, prontos para executar a estratégia elaborada por Farrel, Arkhos e Hasta. A batalha se aproximava, e a tensão no ar era palpável. Bernard estava pronto para liderar com seu novo elmo e usar sua inteligência para enfrentar esse desafio.
Enquanto os cavaleiros avançavam em marcha empolgada, a excitação de Bernard foi abruptamente interrompida por violentos tremores que sacudiram o solo sob seus pés. Ele flutuava com uma leveza que contrastava com a gravidade da situação, acompanhando suas tropas enquanto o estrondo ensurdecedor ecoava do horizonte. Seus olhos fagulhantes, que brilhavam de maneira pulsante em seu elmo, fixaram-se na grande formação rochosa distante. Sob o brilho misterioso do elmo, o rosto do capitão demonstrou uma expressão de crescente inquietação, pois ele percebeu algo que escaparia aos olhos comuns: movimentos estranhos estavam ocorrendo por trás daquele aglomerado de rochas.
Os olhos brilhantes daquele elmo tinham funções distintas, e uma delas era enxergar, através de partículas de energia mágica liberadas por qualquer ser vivo, absolutamente tudo. Aquele recurso conferia a Bernard a capacidade de enxergar além de paredes, a própria energia de tornava visível para ele, barreiras não existiam mais aos olhos daquele homem.
Uma vibração violenta e desenfreada tomou conta do solo sob os pés dos cavaleiros, sacudindo-os impiedosamente e fazendo com que todos lutassem para manter o equilíbrio e a formação. Bernard e seus soldados olhavam com crescente apreensão para o que parecia ser um evento sísmico de proporções catastróficas.
Um estrondo ensurdecedor irrompeu em meio ao tremor, um som que ecoava a devastação que se desenrolava no horizonte. Em questão de segundos, a defesa imposta por Thragul, a muralha de rochas, cedeu diante da força avassaladora. Rachaduras profundas rasgaram sua estrutura e desencadearam a queda de imensos pedregulhos, que ao atingirem o solo criaram crateras gigantescas. Era uma visão de destruição iminente, um cenário verdadeiramente apocalíptico que deixou todos atônitos.
Um colapso de proporções épicas se desenrolou nas áreas mais vulneráveis da barreira rochosa, com as porções mais sólidas da muralha retrocedendo ao solo em uma cena espetacular. Grandes placas de pedra se erguiam, partindo-se em rachaduras gigantescas devido ao impacto das enormes massas, criando um espetáculo destrutivo de grande escala. A terra tremia sob o poder avassalador daquela catástrofe, enquanto o rugido da destruição ecoava pelo cenário, marcando um momento de desespero e caos.
A destruição da muralha de rochas diante dos olhos de Bernard e seus cavaleiros era um espetáculo assustador e impressionante. A visão do colapso iminente da barreira rochosa deixou todos atônitos, enquanto a terra tremia sob o poder avassalador daquela catástrofe.
Bernard compreendeu rapidamente a gravidade da situação. Aquelas criaturas eram muito mais formidáveis do que haviam previsto, capazes de derrubar a defesa que parecia intransponível. Ele sabia que era necessário agir rapidamente para evitar que a fortaleza fosse destruída.
Bernard: Soldados, mantenham a formação! Não podemos recuar agora. Avancem para a brecha na muralha, é a nossa única chance!
Os cavaleiros seguiram as ordens de Bernard, avançando com determinação em direção à brecha aberta na muralha de rochas. O capitão liderou o caminho, voando com a ajuda de seus propulsores, enquanto os outros cavaleiros marchavam resolutos.
No horizonte, no topo das majestosas muralhas da fortaleza, tanto Farrel quanto Hasta se mantiveram em um silêncio eloquente. No entanto, a resposta de Arkhos à cena que se desenrolava diante de seus olhos foi muito mais expressiva. Cada um de seus suspiros se transformou em um eco de estupefação, o que se desenhava no rosto do jovem não era mero espanto, mas uma absoluta incredulidade que rompia o silêncio como um trovão na calmaria, revelando a magnitude de choque que o tomava por inteiro. Era como se, a cada segundo, sua compreensão do inabalável mundo que conhecia desmoronasse junto com as rochas maciças da fortaleza.
Os tremores provocados pelos desmoronamentos sacudiram violentamente os imponentes muros da fortaleza, e o semblante do jovem Arkhos revelava uma profunda preocupação. Seus olhos permaneciam fixos na operação que se desenrolava diante dele, não por curiosidade, mas sim por uma crescente ansiedade que o consumia à medida que a ameaça se aproximava. Cada estremecimento das paredes era como um eco do tumulto que acontecia em seu próprio interior.
Farrel, Arkhos, e Hasta permaneceram nas muralhas, testemunhando a colossal demonstração de poder das criaturas inimigas. O silêncio eloquente entre eles era finalmente quebrado, pois o que presenciavam era simplesmente avassalador.
Farrel: Isso é uma demonstração de poder verdadeiramente colossal. Essas criaturas têm força e habilidades que desafiam nossa compreensão.
Hasta: Concordo, Farrel. Estamos enfrentando uma ameaça de magnitude inimaginável. Se eles conseguem derrubar nossa defesa mais imponente, o que mais serão capazes de fazer?
Arkhos: Eu jamais poderia imaginar que enfrentaríamos algo assim. Parece que subestimamos gravemente nossos inimigos. - Arkhos estava atônito.
Farrel: Não se apresse em fazer declarações dessas, garoto. Nós temos uma boa frota, e além do mais, a divisão especial nem ao menos se apresentou ainda! - Farrel dizia, em um tom apático, focado no horizonte.
Hasta: É verdade, Bernard me falou sobre eles em uma das vistorias ao redor da fortaleza, mas não perguntei nada mais sobre. Agora, me diga, quem são os membros da divisão especial?
Arkhos lutava para prestar atenção no assunto que acontecia ao seu redor e no desenrolar do avanço das tropas.
Farrel: A divisão especial reúne algumas pessoas realmente especiais, acreditam? - Farrel gesticulava.
Arkhos: Nossa, sério? Eu não podia imaginar… Isso é óbvio! - Arkhos dizia, um pouco irritado.
Farrel: Calma aí meu calabreso, você não tem senso de humor? Olha, desse jeito você vai envelhecer rápido, toma cuidado! - Farrel dava um leve sorriso.
Hasta: Tenho que concordar com meu sobrinho, Sr. Farrel, a situação não é a mais adequada para piadas. Vá direto ao ponto.
Farrel: Vocês são muito chatos, sabiam disso? Bom, um dos membros já é um conhecido de vocês, sendo o jovem Aric. Eu não sei porque estão tão nervosos sobre isso, vocês já vão saber, normalmente eles demoram para aparecer mesmo.
Arkhos: Estranho, eu podia jurar que você diria que esse membro é o Akashi, pude testemunhar sua força mais cedo e é simplesmente inacreditável. Isso significa que, os membros da divisão especial, são mais fortes do que ele? - Arkhos dizia, boquiaberto.
Farrel: O quê? Não, não mesmo. Não tire conclusões precipitadas! O Sr. Akashi é muito superior a qualquer um dos membros da divisão especial, é uma comparação que chega a ser indevida.
Arkhos: Isso é sério, Akashi é tão forte assim? - Arkhos se virou para Farrel, descrente pela personalidade tão pacata do espadachim.
Farrel: Sim, Akashi é assombrosamente forte. Na verdade, ele provavelmente é o mais poderoso aqui nessa fortaleza, somente Bernard pode fazer frente àquele garoto. - Farrel dizia, como se uma memória do passado sombreava suas falas.
Arkhos: Incrível…
A revelação sobre a força excepcional de Akashi deixou Arkhos ainda mais impressionado. Ele lutava para processar a ideia de que alguém com uma personalidade tão tranquila e modesta pudesse ser um dos mais poderosos na fortaleza. Hasta, por outro lado, parecia intrigado com a presença de membros da divisão especial.
Hasta: Akashi é realmente extraordinário. Não só é incrivelmente forte, mas também sua tranquilidade e foco o tornam uma força a ser considerada.
Farrel: Exatamente, e isso faz dele um ativo inestimável. E sobre a divisão especial, não posso revelar muito mais por enquanto. Apenas saibam que eles são pessoas de habilidades excepcionais e serão um trunfo quando a hora certa chegar.
Arkhos: Bem, considerando o que estamos enfrentando agora, espero que essa hora chegue o mais rápido possível. Precisamos de toda a ajuda que pudermos obter.
O grupo retornou a apenas observar, enquanto esperavam o momento certo para agir.
Enquanto a frota se aproximava da brecha, Bernard continuou a usar as capacidades de seu elmo para avaliar a situação. Ele buscava sinais de Thragul e do ciclope, os responsáveis por aquele ataque devastador, procurando qualquer fraqueza que pudessem explorar.
Em um derradeiro frenesi sísmico, a porção remanescente da muralha colossal pareceu ceder à inevitabilidade. Como se tivesse chegado a um acordo com as forças da natureza, o imenso paredão de rochas se fundiu lentamente ao solo, em um espetáculo catastrófico e majestoso. O colosso de pedra se fragmentou em uma série de blocos maciços que simplesmente ruíram para dentro da terra, como se o próprio solo os devorasse. O que antes era uma defesa impenetrável agora se transformara em uma visão de destruição, deixando apenas para trás uma densa e imensa cortina de poeira que parecia obscurecer o horizonte, como uma névoa fantasmagórica, ecoando o desespero da fortaleza.
Com um avanço audacioso, Bernard deslizou pelos céus, suas asas metálicas soltando rajadas de energia que o lançavam à frente. Seus olhos, aguçados como lâminas, penetraram a espessa nuvem de obscuridade, revelando um cenário que beirava o catastrófico.
Bernard: As rochas formaram trilhas, é como um mar de morros, agora que se fundiram ao solo novamente… O quê?! - Bernard dizia, sendo pego de surpresa.
Em um movimento inesperado e veloz, uma colossal rocha com protuberâncias semelhantes a espinhos foi arremessada na direção de Bernard, enquanto ele avançava impetuosamente com seus propulsores em pleno vigor. O impacto entre a pedra e o capitão do exército ressoou pelos céus, e os fragmentos metálicos desprendidos de sua armadura, juntamente com fagulhas e brasas de energia de seus propulsores, contribuíram para criar uma cena de desastre ainda mais impressionante.
Cavaleiro¹: O capitão foi atingido! De onde veio aquela rocha?! - Exclamava em pavor, um dos cavaleiros.
Cavaleiro²: É sério?! Isso é impossível, o Cpt. Bernard jamais cairia tão fácil!
Cavaleiro³: Ele está caindo, olhem lá… - O cavaleiro indicava, apontando sua espada - Isso é inacreditável, malditos sejam!
O pavoroso eco das palavras temerosas varreu como uma tormenta entre as fileiras dos soldados liderados por Bernard, espraiando-se de um extremo ao outro do contingente como se fosse uma onda de pesar que crescia, como um sussurro sinistro que se transformava em um grito de lamento. A angústia em seus olhares e os sussurros aflitos denunciavam que o medo se espalhava velozmente, impondo-se a todos com um peso esmagador e ameaçador. Era como se um véu sombrio de desespero cobrisse aquele campo de batalha, e cada palavra de apreensão tornava-se um elo dessa corrente aterradora.
Os cavaleiros abaixo testemunharam, com angústia crescente, a queda de seu capitão após um impacto tão devastador. O espectro do medo rapidamente se espalhou entre eles, como uma sombra que engolfa a esperança. A dor do golpe que o seu venerado líder havia sofrido pesou sobre eles de maneira inimaginável. Seu comandante não era apenas um líder, mas sim a própria chama que os mantinha avançando. A sua ausência naquele momento crítico era como se cada cavaleiro tivesse sido desarmado e despojado de sua armadura, uma falta irremediável que pairava sobre o campo de batalha como uma tragédia iminente.
Thragul estava plenamente consciente dessa realidade, e suas memórias ecoavam, reacendendo os eventos em que Bernard havia desempenhado um papel crucial na derrota do ciclo de confrontos passado. Os grunhidos furiosos do monstro ecoavam através da densa cortina de poeira, uma cacofonia de fúria que parecia ecoar interminavelmente, como se estivessem ocultos em algum abismo sombrio daquele inferno momentâneo que a batalha se tornara, e a perspectiva de dissipação desse pesadelo sombrio não se vislumbrava no horizonte.
No horizonte, afetado profundamente pelo brutal ataque que atingira Bernard, Arkhos estremecia sob o peso da angústia que o oprimia. Seus músculos contraídos denunciavam a tensão que o dominava, e seus olhos, agora repletos de uma mistura de preocupação e impotência, fixavam-se na cena distante, onde a batalha se desenrolava como uma tragédia inevitável.
Arkhos: Bernard foi atingido! Precisamos ajudá-lo! - Arkhos exclamava, apertando os corrimões daqueles muros com força.
Farrel: Não podemos fazer nada, jovem Arkhos. Nós, pensadores, desfrutamos do privilégio de simplesmente não nos envolvermos no trabalho braçal, e mesmo assim termos contribuído significativamente.
Arkhos: Seu canalha, como tem coragem de dizer uma coisa dessas?! Seu…! - Hasta então pousava sua mão sobre o ombro do sobrinho.
Hasta: Tenha calma, Arkhos. Essa batalha está muito longe de acabar. - Hasta esboçava um olhar confiante em sua face.
A imensa rocha cortou os céus por um breve momento, à medida que um fulgor azul ganhava intensidade, rivalizando com o próprio pedregulho que se aproximava vertiginosamente do solo. Esse brilho azul se dissipou em uma explosão de energia fenomenal . Uma nuvem de poeira subiu, obscurecendo momentaneamente o campo de visão, enquanto centenas de fragmentos incandescentes eram lançados ao solo, testemunhando a destruição que havia ocorrido.
Hasta: Eu disse, a batalha está longe de acabar, principalmente para aquele homem, só deve saber a carga emocional carregada por ele. - Hasta tinha uma afeição sincera por Bernard, um tom de respeito era nítido em suas palavras.
Arkhos: Essa energia toda… Ele está utilizando um artefato como fonte de alimentação para sua armadura, isso é muito interessante. - Arkhos tentava encontrar Bernard no meio de toda a fumaça remanescente da explosão.
Hasta: Como você sabe disso? - Hasta estranhou o fato de seu sobrinho dizer algo assim do nada, como que recém havera descoberto.
Arkhos: Você não está enxergando? Está bem alí, alocado na porção peitoral da armadura.
Farrel: Garoto, não me diga que está conseguindo enxergar energia! É isso mesmo?! - Farrel estava pasmo.
Arkhos, confuso e estranhamente alheio à surpresa evidente de seu tio e de Farrel, deu de ombros com uma expressão que oscilava entre o desentendimento e a aparente simplicidade. O artefato que parecia tão misterioso para os outros era, para ele, tão claro quanto a luz do dia, o que só aumentava a perplexidade da situação.
Conforme a fumaça densa da explosão lentamente se dissipava, um vapor azulado começou a emergir dos propulsores traseiros nas costas de Bernard, expelido de forma constante como pequenas nuvens. Ao redor desse homem, o ar se transformou em uma tempestade misteriosa, formando um turbilhão que carregava um ar de poder sombrio. Seus olhos, que outrora eram penetrantes, agora irradiavam uma tonalidade brilhante de púrpura profundo, pulsando com uma intensidade crescente.
Essas órbitas oculares se tornaram focos de energia, lançando fagulhas que iluminavam a escuridão em torno do visor de sua armadura. Pequenas faíscas de energia dançavam por todo o corpo metálico da armadura, fazendo com que suas articulações brilhassem em tons similares aos de seus olhos, enquanto os detalhes metálicos se destacavam em um fulgor ameaçador. Cada ressalto do metal da armadura parecia conter uma energia obscura e profunda.
Com seu corpo arqueado para frente, braços abertos, as garras que adornavam as manoplas da armadura brilhavam como lâminas afiadas. Uma mandíbula sinistra se formou na região da boca da armadura, projetando-se como um focinho ameaçador. Bernard agora personificava uma criatura tirada das profundezas da escuridão. A aura de imponência que o rodeava contrastava com os raios fulgurantes que emanavam de sua figura, criando a imagem de um ceifador bestial flutuando no ar.
Num instinto selvagem e incontrolável, Bernard soltou um rugido ensurdecedor em direção aos céus, sua voz assumindo um tom profundo e gutural. Presenciar aquele homem lançar tal explosão sonora era como observar uma entidade obscura em toda a sua glória, um espetáculo aterrorizante que provocava uma enxurrada de sensações. As fagulhas de energia começaram a se fundir lentamente, criando uma aura que personificava a pura força de Bernard em toda a sua glória, irrompendo de seu artefato com intensidade avassaladora.
O rugido, agora carregado com a energia da armadura, rompeu os céus como um raio de luz, seu som ecoando com uma pressão inigualável. Os cavaleiros, mesmo os mais destemidos, sentiram seus joelhos enfraquecerem diante da grandiosidade do momento, enquanto aqueles com mais coragem apenas conseguiam olhar em completo assombro para o seu capitão. Naquele instante, Thragul também sentiu - a besta que o derrotara no passado estava de volta, renascida numa forma metálica, emergindo com uma grandiosidade avassaladora.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.