História As (Des)Aventuras em série de Jeff. - Mãe!

4. Mãe! 

Querido diário, hoje contaremos sobre, sobre, sobre... um bagaço aí que aconteceu, sim bagaço, pois eu não sei caracteriza essa gosta, então fica bagaço mesmo.

Há muito tempo atrás - caraí, tá parecendo aquele começo dos filmes da Disney -... não tem desgraça nenhuma de muito tempo atrás. Hoje tá difícil para começar essa merda.

Vamos tentar do início.

Hoje nós vamos falar sobre a caracterização da minha letra. Sim da minha letra, problema ? Acho que não.

Quando eu não tinha esse beleza toda que eu tenho, eu era muito (mo) garota. Tinha uma letra digna de ser meu idioma natal. Sério, minha letra era bonitinha, legível, redondinha, linda e tudo. Morram de inveja, seus invejosos.

As vezes a professora até perguntava quem é que tinha feito a lição para mim, dava vontade de esfregar o papel na cara dela e falar que aquela linda maravilha era minha. Só minha.

Mas aí eu me controlava e tudo, só falava na maior educação possível:

- tá vendo isso aqui ? Pois é, foi eu, minha pessoa, euzinho que fez essa obra prima. Não tenho culpa se você não quer aceitar que minha letra é melhor que a sua.

Primeira coisa : realmente, naquela época minha letra era mil vezes melhor que a dela. Não estou me gabando e nem nada, acho que ela fez faculdade de medicina e acabou que não conseguiu o emprego.

Segunda coisa : vocês estão completamente enganados se acham que eu sempre fui uma pessoa gentil à minha vida toda, eu só sou gentil com quem eu gosto, e com quem eu odeio sou curto e grosso, até hoje sou. A diferença de hoje para aquela época é que sou curto e grosso com todo mundo, mania pega.

Terceira coisa : ela me odiava, eu odiava ela, compartilhavamos o mesmo sentimento. Se um dia ela chegar a meter a cara na lama, faço o favor de gravar e postar no YouTube. E tipo o ódio da Jane por mim, sabe ? Mas a diferença é que pela a professora eu não tô cagando e andando para ela.

Depois da professora dar visto no meu caderno, afinal, ela tem que dar visto, se não desse eu abria o barraco naquela bodega e ia lutar com a professora que nem aquelas brigas de novela mexicana.

- nesse mundo só tem gente merda. - falou a professora corrigindo o caderno dos outros alunos.

- não é atoa que você tá nele.

Sou curto e grosso até hoje. Vocês já perceberam isso, não é mesmo ?

Preciso dizer que depois dessa eu fui para a diretoria? Mas vocês acham mesmo que eu vou levar desaforo para casa ? Ainda mais dela ? Mais é nunca.

Quando eu cheguei na diretoria, conversamos e tudo mais, chegou a hora de assinar a advertência, mas antes de assinar também tinha uma guria lá. Ela é importante, só que não.

Ela também estava lá assinando uma advertência, o motivo? Não me importo, nunca me importei o suficiente para saber o motivo dela estar lá.

- acho que vocês dois trocaram a letra.

Uma coisa é que a sociedade coloca é que menino tem que ter a letra de Judas com uma mistura de árabe, mandarim e latim e uma menina tem que ter uma letra de gente, bonitinha, redondinha, parece que saiu do caderno de caligrafia.

Como eu sou uma pessoa trouxa pensei o seguinte :

"Se uma letra bonitinha é de menina, e um garranxo é de um menino, quer dizer que eu nasci com a letra errada. E quando se escreve, a letra diz quem somos, quer dizer que eu sou uma garota, e não um garoto. Caso venha acontecer um sequestro, o sequestrador pode me sequestrar pensando que eu sou uma garota por causa da minha letra, aí depois ele descobre que eu não sou uma garota e ele me mata. Meu Deus. Eu nasci errado ! MÃE!"

Mano, tipo, eu passei mico na minha própria mente, tá ligado ? Quando eu me lembro disso, desejo tomar um chá de amnésia e esquecer essa bagaça.

Mas é cada mico que a gente passa nessa vida, que vou te contar viu...

Bem, voltando ao meu momento pós-reflexão.

Depois disso eu saí da diretoria muito(mo) decepcionado, estava quase para falar que eu estava de depre, também passei o resto da aula muito quietinho, o sangue ruim ali pensava que eu tinha tomado jeito em relação a ela, mas é nunca 2.0!

No caminho de casa, Liu falava sobre alguma coisa que eu não prestava atenção, nem sabia o rumo do que ele estava conversando.

Quando chegamos em casa fui direto para o quarto e não falei com ninguém, aquela merda ainda estava grudada pior que chiclete na minha cabeça.

Como meus pais são muito preocupados - sem sarcasmo gente - minha mãe foi lá vê o que estava acontecendo e aí eu contei tudo e ela quase se jogou de um prédio, provavelmente ficou pensando "à que nível esse moleque é tão trouxa, meu Deus ?"

Vejam bem, crianças de 4 ou 5 anos até vai, mas um marmanjo de uns 10 anos já é até demais, mas aí ela explicou direitinho o bagaço lá.

Vocês devem estar se perguntando, mas você não disse que sua letra era uma mistura de árabe e mandarim ? Sim, disse, mas antes era linda e maravilhosa, é até hoje, mas aí eu fico com preguiça de escrever e sai essa letra de médico. Melhor que a do E. Jack.

Sério cara, e cada mico que a gente passa, não... isso aí não é mico, é trouxisse mesmo, e muita, puta que pariu.