Santuário, Grécia.
Casa de peixes.
Afrodite estava há horas pesquisando e lendo todos os livros que possuía em sua casa. O pisciano era obstinado e nada poderia detê-lo. Depois de quase um dia, o sueco encontrou o que desejava, um livro do século XIV, escrito pelo cavaleiro de peixes daquela época, onde relatos sobre algumas plantas do submundo estavam perfeitamente descritas e detalhadas. Afrodite respirou fundo e se alongou, voltando a ler e folear página por página até encontrar...
— Achei! Cadê... Deixe-me ver... Aqui! Matthiola Incana, uma espécie de flor perene e de fragrância noturna, suas folhas arredondadas e suas pétalas são estreladas. Possui caule semilenhoso e podendo atingir até 28 centímetros de altura. Planta nativa do sul da Europa, porém encontrada nos vales que cercam Caína, onde ninfas e pequenos espíritos luminosos usam de seu pólen para encantar ou servir os Deuses oníricos. Essa flor tem propriedades calmantes e alucinógenas, sua fragrância pode induzir o usuário a um sono profundo e também ao coma. Usada por espíritos que desejam ir para os planos oníricos dos servos de Hades — Afrodite leu em voz alta, chocando-se a cada frase dita. Seu desespero era palpável e ele sentia os pelos da nuca arrepiarem.
Afrodite respirou fundo e pegou um copo d’água. Ele precisava avisar Camus do que estava acontecendo. Se Aiolos pegou aquelas flores no submundo, era algo extremamente problemático e ele rezava para que houvesse alguma cura.
— Famosa por sua fragrância acalmar os espíritos, Matthiola Incana também promove alívio a dores musculares, mas causa ânsia de vomito, sangramento nasal, falta de apetite, sono e exaustão profunda, perca da sensibilidade temporal e fraqueza. Suas propriedades mágicas servem para induzir sonhos, induzir o usuário ao coma profundo, chegando ao sexto nível. Pessoas atingidas pelos efeitos da Matthiola Incana do mundo dos mortos, costumam ter seus corpos deteriorados, com hemorragias internas ou externas, expelindo sangue pela boca e parada cardiorrespiratória. Além, claro, seus corpos definham pela falta de comida e água, podendo alcançar níveis agressivos. Este processo é indolor e o usuário nem sequer percebe seus efeitos, pois vive em uma realidade de sonhos e distante de qualquer ato de realidade.
Não! Aquilo não podia ser verdade! Como alguém teria acesso a uma flor tão perigosa? Nas páginas seguintes, Afrodite leu os detalhes de experimentos que o cavaleiro de peixes da época fez com alguns voluntários e sobreviventes da guerra. Perturbador era a palavra que rondava a sua mente. Os desenhos perfeitamente alinhados e a riqueza de detalhes que possuíam. Aquilo o assustava, causava terror ao passar os olhos por cada linha. Os desenhos de um corpo vivo se decompondo e os efeitos que cada estágio demonstrava. O pisciano fechou o livro e correu para o banheiro, vomitando tudo o que estava em seu estômago. Era demais, ele não suportava, era um mar sem fim, profundo e escuro.
— O que está acontecendo conosco? — Afrodite se perguntou, olhando-se no espelho.
Ao tomar um ar fresco, ele se recuperou e voltou ao interior do laboratório, vendo a flor dentro do pote. Ele estava intrigado, como algo tão simplório poderia causar tanto mal? Ele não possuía resposta para aquela pergunta. Não era como se fosse fácil de adivinhar, mas não era exatamente impossível. O sueco pegou alguns biscoitos e passou a mastigar algo a fim de se distrair. Depois de mais alguns minutos, ele encontrou a resposta que procurava.
— Por Atena! — Exclamou.
No volume seguinte, estava descrito algumas ervas que neutralizavam os efeitos da Matthiola Incana ou eliminava completamente.
— Hyacintus Sanguineum, é uma planta bulbosa e perene, nativa da região do sétimo círculo do inferno, no vale de Flegetonte, às margens do rio se sangue. Essa flor foi originalmente criada do sangue de Jacinto, amante do Deus Apolo, que após a sua morte, tornou-se flor. Um espécime desta planta foi levado ao Deus Hades, como oferenda de um mortal que buscava a alma de sua amada. Sabendo a importância da flor e o seu significado, Hades mandou que ninfas cuidassem daquela flor e que ela fosse plantada às margens do rio de sangue, para se alimentar do sangue e da vitalidade dos pecadores. Assim, com o passar das eras, aquele espécime desenvolveu-se e outros surgiram, uma pequena forma de vida que cresce no mundo dos mortos.
Era a resposta que procurava! Afrodite seguiu lendo até achar os efeitos.
— Hyacintus Sanguineum possui propriedades revitalizadoras. Em comparação, é um antídoto aos efeitos de plantas como Matthiola Incana. Quando moído, seu bulbo fornece vitalidade e repara as deficiências do corpo físico, despertando a alma e trazendo liberdade ao ser. Suas propriedades se baseiam em diminuir o estresse muscular, parar o fluxo de hemorragias, curar infecções cutâneas, e evita a necrose e a disseminação de pragas sanguíneas
Ah sim, o alívio. Afrodite agradeceu a Atena e correu para o pequeno altar que estava em seu templo. Orou fervorosamente e agradeceu a cada segundo. Ele precisava ser rápido! Não perderia mais um segundo sequer, ele colocou seu jaleco e passou a manipular a planta que estava em sua posse. Se fosse sagaz, poderia trazer Aiolos o quanto antes e não descansaria até obter o antídoto.
Alguns metros abaixo, no templo de Aquário, Camus lia os livros que roubou de Caína, a morada de Radamanthys de Wyvern.
O aquariano estava intrigado, desesperado e ansiando por mais e mais daquele conhecimento proibido. O francês passou horas lendo os livros; a cada página que passava, a cada capítulo que terminava, ele queria mais e mais. Os segredos escondidos naqueles livros, o conhecimento que não poderia ser visto ou ouvido, mas os sussurros o prendiam, o devoravam e chamavam por ele. Sua mente vagava e as imagens que se formavam contavam histórias das mais diversas facetas.
Camus pegou outro livro, aquele estava mais novo e em melhores condições que os outros. Ao abrir o primeiro capítulo, ficou chocado com o que leu. Um diário? Diário esse que pertence a Radamanthys. Uma pequena nota caiu do livro.
“Com amor e coragem, eterna devoção e desejo; seu eterno amante, Aither”.
Inesperado era a palavra que Camus encontrou para descrever aquela nota. Ele continuou a ler, até chegar num trecho específico.
“Temo pela vida de Aither. Eu busquei em todas as terras, em todo mudo. Não consigo reverter esta maldição. O que nos resta é continuar, deixar que as moiras teçam os nossos destinos. Irei contra as ordens do meu senhor, benevolente e amado. Mesmo que custe tudo, não deixarei que o destino reserve o esquecimento a ele, não deixarei sua marca ser apagada deste mundo, um lugar que apenas ele fez suportável. Eu sou totalmente devoto ao nosso senhor sombrio, mas não o deixarei, não o abandonarei a esmo”.
Sentido era a última coisa que Camus poderia sugerir para quela diário. Nem se um Deus dissesse a ele que aquilo era possível, Camus ainda seria descrente.
— Um espectro de Hades foi capaz de amar? Que inusitado. — A ironia em sua voz era perceptível até para o homem mais tolo.
Ele se levantou da poltrona confortável e pegou um pouco d’água. Ele precisava digerir aquilo, mesmo que demorasse algum tempo. Estava furtivo, mas sabia que poderia ser descoberto a qualquer momento. Enviou uma mensagem para o cosmo de Hyoga, mantê-lo distraído e longe do santuário era a melhor opção que tinha naquele momento. Seu pupilo era muito curioso e não poderia se dar ao luxo de ser pego.
Passou pela cozinha e beliscou algumas tâmaras e damascos que possuía. Resolveu beber um pouco de licor. Talvez um pouquinho de álcool não faça mal. Ao retornar a sua sala, continuou a leitura e deslumbrou-se a cada palavra lida. Era invasivo, mas naquele momento a moral de Camus não estava em discussão. Quando se preparou para virar outra página, ouviu o chamado de Afrodite. Ele respirou fundo e se levantou, levando o diário consigo. Ele iria saber tudo, tudo que Radamanthys escondia.
Ao entrar no templo de peixes, Camus avistou Afrodite concentrado em seu trabalho. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo, as mechas caiam por seus ombros e a luz do fim da tarde o iluminava. Realmente ele é lindo, um fato indiscutível. O aquariano tocou o rosto do amigo em uma leve carícia, assustando-o.
— Camus? Que susto. Não faça isso, sabe que Giuseppe fica enciumado quando...
— Quando alguém toca a rosa preciosa dele, seja um toque sutil ou algo que ele considere íntimo. Não seja tão conservador. Sabe que seu namorado é muito careta. E ele não está aqui. Deixemos isso para outro momento. Se me chamou aqui, creio que tenha descoberto algo, certo? — A voz do francês estava baixa devido à proximidade.
— De fato, descobri. — Afrodite sorriu e se encostou na mesa de madeira. — Aiolos foi envenenado por uma flor chamada Matthiola Incana. Essa flor cresce pelo sul da Europa, mas há alguns séculos, um espécime desta flor foi levado para o submundo e cultivada por ninfas que viviam a serviço de Hades. Aquele espécime se reproduziu e se propagou. Então essas flores do submundo passaram a ter um uso especifico.
— Interessante. Isso é a causa do suposto coma do nosso amigo?
— Exato. Essa flor, ao ter o pólen inspirado por algum ser vivo, causa vômitos, hemorragias, falta de apetite, sono e exaustão profunda, perca da sensibilidade temporal e fraqueza. Serve para induzir sonhos, induzir o usuário ao coma profundo, chegando ao sexto nível. Pessoas atingidas pelos efeitos da Matthiola Incana do mundo dos mortos, costumam ter seus corpos deteriorados, com hemorragias internas ou externas, expelindo sangue pela boca e parada cardiorrespiratória. Além, claro, seus corpos definham pela falta de comida e água, podendo alcançar níveis agressivos. Este processo é indolor e o usuário nem sequer percebe seus efeitos, pois vive em uma realidade de sonhos e distante de qualquer ato de realidade. — O pisciano viu o espanto na cara do amigo. — Eu encontrei essa flor ao lado da cama de Aiolos.
— Isso é terrível. Por que o Aiolos é sempre tão descuidado? Como ele pegou essa flor sem que víssemos? Inacreditável. — Camus suspirou e colocou o diário de lado por um momento. — Há formas de reverter isso, ou ele morrerá?
— Sim, há maneiras de reverter e já estou trabalhando em um antídoto. Porém...
— Porém?
— Porém, precisamos de um jacinto sanguíneo. É uma outra flor que está no mundo dos mortos. Ela cresce às margens do rio de sangue. Quando o bulbo da planta é macerado, o sumo, combinado com ativos de outras ervas, podem trazer a pessoa de volta dos efeitos que a Matthiola Incana causa. E para isso, precisamos de um jacinto sanguíneo. — Afrodite disse com um gesto casual.
— Perdão?
— Perdoado.
— Afrodite! Isso não é brincadeira. Precisamos dessa maldita flor o quando antes! Como faremos para obtê-la? Nem em um milhão de anos, vamos conseguir isso a tempo — A voz do aquariano demonstrava toda sua frustração e medo.
— Camus, fique calmo. — Afrodite abraçou o amigo e levou as mãos ao seu rosto. — Eu vou falar com o Giuseppe e ele nos traz essa flor. Simples. Temos mais vinte horas até que os efeitos agressivos da planta se tornem irreversíveis. Por sorte, deixei Mu vigiando Aiolos e anotando tudo o que se passar com ele.
— Você esqueceu que o mestre vai saber no momento que manifestarmos o mínimo traço do nosso cosmo? E não temos apenas isso para lidar. Radamanthys... Ele será um problema. Não gosto da ideia de deixar aquele espectro aqui. E há outras coisas. — Camus olhou para o sueco e seu olhar foi suficiente para atiçar a curiosidade do pisciano.
— O que? O que descobriu?
— Radamanthys teve um amor humano há muito tempo. Isso está descrito em seu diário. Seu nome era Aither e ele era grego. Especificamente na região de Creta. Resumindo, ele foi descoberto por outro espectro de Hades e condenado a morte em óleo fervente. Mas Radamanthys não queria o sofrimento dele, então deu a ele o chá de uma flor para que seu amado dormisse e pudesse sonhar consigo. Quando sua alma se foi, ele a colocou em um colar de granada e prata. Radamanthys enterrou o colar próximo à Caína, onde há um vale que cresce a flor...
— Matthiola Incana. Não!
— Sim, exatamente. O chá que Aither bebeu era da flor Matthiola Incana. Ele teve uma morte indolor. Seu corpo reside nas catacumbas de Caína, assim nenhum espectro a serviço de Hades poderia profaná-lo. Sua alma repousa entre os campos de flores. E coincidentemente, essa era a flor preferida de Aither quando vivo. Obvio que não a flor do submundo. — O aquariano apenas suspirou e deitou a cabeça no ombro de Afrodite.
— Não sabia que espectros amavam. Estou genuinamente surpreso. O que faremos agora? Temos que conseguir o bulbo do jacinto sanguíneo o quanto antes. Se Radamanthys puder nos aj...
— Fora de cogitação. — Camus se afastou do sueco e o olhou friamente. — Não quero esse cadáver ambulante colocando as mãos em nada que envolva qualquer um de nós.
— Tudo bem... Era só uma ideia. Mas me diga, o que mais descobriu com os livros que pegou emprestado em Caína?
Camus voltou a sorrir e começou a narrar suas descobertas. Uma mais horrível que a anterior, dando náuseas em Afrodite. Os amigos passaram a discutir sobre cada detalhe e sobre os segredos do submundo.
ΖΩΔΙΑΚΌΣ
Aioria estava observando o corpo de seu irmão. Os raios alaranjados do pôr do sol deixavam Aiolos ainda mais bonito. O leonino levou sua não ao cabelo do mais velho e fez uma leve carícia, implorando internamente para que o outro despertasse logo. O loiro mais novo rezou durante todo o dia, na esperança de que Atena, a sua misericordiosa senhora o ouvisse. Nada, nenhuma resposta ou manifestação. Ele também não viu Shion o dia inteiro; o mestre Dohko estava ocupado, Shaka estava meditando tão profundamente que nada poderia despertá-lo. Milo estava desesperado com o desaparecimento repentino de Camus e Afrodite. Máscara da morte também estava uma pilha de nervos e não parava de fumar.
Aioria deixou uma lágrima solitária cair e reparou que o nariz de Aiolos sangrava novamente. Ele secou o sangue cuidadosamente e fechou os olhos. Aquilo era agoniante, sufocante, tortuoso, desesperador. O grego só queria que tudo acabasse. Ele sentia o próprio corpo fraco, entretanto, devia ser forte por seu irmão. Depois de relutar, Aioria saiu do quarto e desceu para o jardim, a fim de tomar um pouco de ar e tentar clarear os pensamentos. E então o avistou.
— Shura!
A voz de Aioria saiu falha devido as muitas horas sem dizer nenhuma palavra e por chorar. Ele correu até o capricorniano que estava subindo pelo caminho de pedras que levava até a mansão. O loiro o abraçou apertado, como se fosse a última esperança, sua tábua de salvação. Aquela fragrância trazia paz, calma e conforto ao mais novo. Ele apertava seus braços ao redor de Shura, temendo que ele também sumisse.
— Aioria? O que foi? O que aconteceu? — A voz calma e grave do espanhol fez Aioria olhá-lo nos olhos.
— Shura... Eu não aguento mais! Eu queria que tudo isso não passasse de um sonho. Eu só quero morrer... — A voz do loiro saiu chorosa. Sua dor era externalizada e apenas transbordava por seus olhos. — Ele não para se sangrar, os espasmos... Eu não...
— Shhh... Mi pequeño rayo de sol... Estoy aqui, solo tú y yo... Nada más. — O sussurro fez o outro relaxar minimamente, tendo o rosto tomado pelas mãos quentes do espanhol. — Aioria, olhe em meus olhos. Eu não o deixarei sozinho, não o deixarei novamente. Nem você, nem o Aiolos. Eu sempre estarei aqui, sempre o protegerei. Não importa o que custe.
O leonino deixou lágrimas correrem livre por seu rosto. Ele não sabia mais o que sentir, era demais, mais ao que poderia suportar. Ele apenas se deixou ser amparado pelo moreno, olhando profundamente naqueles orbes escuros, tão profundos que poderiam ler a sua alma.
— No llores más, mi pequeño sol. Sabes que solo quiero tu sonrisa. — Shura sussurrou, vendo um sorriso mínimo surgir nos lábios do grego. — Así es mejor.
Aioria continuou nos braços do mais velho, apenas ouvindo o ritmo do seu coração e o som das ondas se que quebrando ao longe.
— Por que está sendo tão bom comigo? Por que se importa tanto? — Aioria sussurrou, mirando o nada. Sentiu Shura tocar sua face, fazendo ele olhar para si.
— Porque eu te amo, Aioria. Sempre amei e sempre amarei.
Aquilo chocou o mais novo. Claro, ele sabia que o espanhol nutria sentimentos por ele, mas não sabia da nobreza do outro e tampouco da fidelidade dele consigo. Após tantos anos e tantas palavras duras, Shura ainda permanecia o mesmo, ainda era ele, de fato.
— Por Atena... — O mais novo disse com um pequeno sorriso. — Você tem que parar de ser assim.
Shura riu e beijou a testa do outro.
— Vamos entrar. Está ficando frio e você parece não ter comido nada o dia inteiro.
Ambos entraram na casa. Shura foi tomar um banho rápido para tirar a areia de seus pés e o cheiro de maresia. Aioria sentou-se na cozinha e resolveu comer algumas frutas e beber o chá que Afrodite havia preparado. Mu entrou silencioso e olhou um pouco nervoso para Aioria.
— Mu, está tudo bem? Você parece estranho. — O loiro olhou desconfiado para o amigo.
— Sim. Sim, estou bem. É... Não precisa se preocupar. Eu... Ahm... Eu tenho que limpar... A sala. Isso, eu tenho que limpar a sala de orações. Com licença.
No mínimo estranho, na visão do leonino. Mas não falaria nada por hora. Logo o moreno se juntou a ele e tiveram uma refeição calma, sem muitos assuntos. Após comerem, Shura ajudou Aioria a limpar o sangue e o corpo de Aiolos, mas não conseguiram tirar a armadura, parecia mais resistente que o normal. Cansados, eles apenas desistiram naquele momento e Aioria foi orar novamente; nem que fosse algo mínimo, ele tinha fé.
— Venha deitar um pouco, você não tem descansado direito.
Sem muitas objeções, Aioria deitou junto a Shura, repousando sua face sobre o peito do espanhol. Era quente, macio e ele gostava de ouvir o som das batidas do coração alheio. Era invasivo? Talvez, mas não é como se fosse algo tão relevante para se preocupar.
— Você acha que ele vai acordar logo? Eu não aguento mais esperar. Não aguento mais vê-lo assim, é... Desesperador. — O Leonino suspirou e fechou os olhos, sentindo a mão do moreno acariciar suas costas.
— Eu tenho fé em Atena. Nossa Deusa é sábia e justa, ela não permitirá que ele sofra mais. Eu tenho certeza que ele acordará e estaremos ao seu lado, esperando por ele. Não se preocupe.
O mais novo suspirou, fechando os olhos e sentindo a carícia em seu cabelo, suave e lenta.
— Você ainda estará aqui quando eu acordar? Tenho medo que desapareça... Outra vez. — Sua voz era como um sussurro. Tão baixa e quase inexistente.
— Eu nunca sairei do seu lado. Nunca mais. Eu sempre estarei aqui quando acordar.
Shura o abraçou mais e se permitiu inspirar a fragrância de Aioria, aquele cheiro de jacintos. Há males que vem para o bem e, apesar de sentir o peito doer ao ver Aiolos naquele estado, isso, de algum modo, aproximou Aioria novamente. Naquele momento, o espanhol jurou cuidar de Aiolos e Aioria, não os deixaria outra vez, lutaria mesmo que sua lâmina se quebrasse. Shura ainda estaria lá, por eles.
— Meus meninos... — Aquela voz sussurrou, tão baixa, tão silenciosa, observando de longe.
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