FLASHBACK ON
A garotinha caminhava pelo quintal em busca de alcançar a oficina de seus pais no fundo do terreno. Segurava um papel simples, meio amassado, acompanhada de um sorriso travesso. Deteve-se ao lado do adulto que soldava uma placa de metal. Ele parou o que estava fazendo depois de perceber a presença da pequena tentando lhe chamar a atenção.
— Ora, vejam só. Não me diga que essa é outra de suas listas... — Comentou em tom brincalhão.
A menina assentiu rapidamente enquanto segurava um riso divertido. O homem então pegou o papel para poder ler o que mais uma vez sua filha escrevera.
— Nossa... você está ficando cada vez mais exigente, mi amor.
— Você disse que poderia ser qualquer coisa...
O pai riu. Tinha que ter cuidado com o que falava, pois a menina não esquecia de nenhum detalhe.
— Mas não acha que são muitos zeros para a quantidade de convidados? — Voltou a mostrar a lista feita pela menor — Seriam muitas pessoas...
Pensativa, a garotinha analisou o papelzinho. A verdade era que ainda não entendia o significado real daquela quantidade exagerada de zeros depois de um algarismo natural não nulo... Só sabia que queria muita gente em sua futura festa.
Ela deu de ombros voltando a fixar seus olhos nos de seu pai, de quem herdara os hipnotizantes orbes azuis. Ele sempre se divertia dos desejos inocentes da pequena; era uma brincadeira que tinham juntos. Voltou a ler os pedidos escritos e então arregalou suas órbitas. Abaixou a folha amassada e encarou sério a menina.
— Não. Nada de beijar alguém, hija.
— Mas você e a mamãe ficam se beijando o tempo todo...
O adulto pigarreou sem graça enquanto limpava a própria testa suada pelo calor do clima tropical.
— Olha, eu garanto que no seu aniversário de dezoito anos você poderá ter o que quiser, cariño. Menos beijar ou fazer coisas que você ainda não entende...
Parecia justo; ela concordou depois de ponderar. Afinal, não tinha total ciência do que seu pai quis dizer-lhe... E o mais importante: ele não havia negado o utópico navio que ela almejava no final da listinha.
— Promete? — Perguntou esperançosa.
— Prometo. — Ele afirmou voltando a sorrir.
FLASHBACK OFF
~
8 DE SETEMBRO
Estava confortavelmente envolvida por cobertas. Sentiu movimentos sutis aproximarem de si enquanto um sorriso escondido surgia em sua face. Ela nem precisava ver para saber o que a esperava em poucos segundos...
— Feliz Aniversário! — Gritaram pulando na cama da amiga.
Sarah se descobriu, fingindo surpresa.
— Vocês se lembraram! Eu nem acredito!
Riram da cara-de-pau da aniversariante que passou a semana inteira fazendo questão de lembrá-los daquela data. Cada um então entregou objetos bem embalados para a ruiva.
— Quantos presentes! E não faço ideia do que são... — Esboçava admiração.
Todos bufaram com o descaro da amiga. Afinal, ela mesma havia exigido cada um daqueles regalos.
— Gracias, mis amores! — Agradeceu verdadeira olhando nos olhos de cada um à sua volta — Significa muito para mim.
Os amigos então sorriram contentes de fazerem parte daquele momento que a ruiva julgava especial para ela.
— Sera, selfie. — Pediu rápido.
— Agora! — Empolgada, a chinesa logo levantou o seu celular em um ângulo favorável para que todos aparecessem na imagem. — Xis!
— Agora um abraço coletivo para irritar a Xayah. — Sarah sabia como provocar cada um de seus amigos.
— Arrrgh! — A argentina resmungou.
Os seis jovens juntaram seus corpos em diversão. Era um grupo unido, apesar de tudo.
— Amiga, já cuidei de todo o sistema de áudio — A de cabeleira rosa comentou animada.
— Ah, Seraphine... você é muito boa para nós. — Pousou a mão no ombro da mais nova — Lembre-se disso quando for visitar cada um na prisão.
— Eu vou lembrar — Afirmou meigamente.
Em seguida, Fortune levou sua atenção para o casal da turma.
— E vocês, o que já fizeram hoje? — Perguntou curiosa.
— Transamos. — Responderam em sincronia.
Sarah sorriu forçadamente.
— Fico feliz e enojada ao mesmo tempo. Saiam de cima da minha cama, por favor. — Pediu enxotando o casal com gestos manuais. — Ah! E toma uma lista do que eu quero que os dois façam hoje com os convidados.
Lembrou-se de entregar-lhes o que havia anotado exclusivamente para eles.
“Sejam gentis!”, leram em voz alta o único pedido escrito naquele papel. Xayah e Rakan deram de ombros; pensariam se obedeceriam ou não a amiga.
Então Sarah virou-se para Seraphine e Ahri.
— E como eu sei que vocês duas adoram brincar de karaokê... — Buscou um outro papel na mesinha ao lado.
— Lá vem outra lista... — Ahri murmurou.
— Aqui está a playlist do que vocês podem cantar. — Entregou a folha para a sul-coreana. — É isso mesmo, nada de K-pop. — Provocou.
As garotas se sentiram um pouco ofendidas. Como ela ousa fazer isso?!
— Mas metade dessas músicas estão em espanhol, sendo a maioria só do Ricky Martin! — Ahri protestou.
— É claro, é o meu divo compatriota — Levantando-se despreocupadamente da cama — E vê se tremem essas línguas direito para falar o meu idioma. — Impôs.
As amigas asiáticas se entreolharam preocupadas; não sabiam nem o básico de castelhano.
— Livin’ la vida loca...— Saiu cantarolando em direção ao banheiro.
A aniversariante parecia eufórica.
— Como desliga a Sarah?! — Ez perguntou assustado.
— Eu sei como, mas aí eu seria a primeira a Seraphine visitar na cadeia. — Xayah bufou entediada e todos concordaram.
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Kassadin coçava a cabeça em estresse. Por que sua filha tinha que lhe pedir logo aquilo após todo o drama que ele viveu no dia anterior? Cogitou até em tomar remédio para hipertensão depois de tudo.
— Por favor, pai, é só uma festa de aniversário. — Insistia — Estou precisando me distrair...
— Não sei, filha — O homem relutava; sabia bem o que acontecia nessas festas, até porque já havia participado de várias antes de se casar.
Akali ouvia tudo desde o sofá, de onde era o seu leito temporário. Infelizmente não podia mais desfrutar de fones de ouvidos ou de um quarto: tudo fazia parte de seu castigo atual. Agora a garota japonesa tentava cobrir seus ouvidos externos com os travesseiros para vedar as vozes daqueles dois seres que ecoavam até onde estava deitada tentando dormir. Por que eles tinham que acordar cedo e ficar tagarelando na mesa de jantar logo ao lado da sala?! Aff...
— E se te oferecerem algo ilícito? — Kassadin questionou.
— Eu nego.
— E se... — Pensava em algo — ...seu nariz voltar a sangrar?
— Eu limpo.
— E se tiver um incêndio?
— Chamamos os bombeiros.
— E se...
— Pai. — Cruzou seus braços, arqueando uma sobrancelha já cansada.
— Pelos céus, deixa essa garota ir logo, cara! — Akali irritou-se, deixando ecoar sua voz em tom de impaciência para aqueles dois sem-noção — Pelo menos assim eu posso dormir!
Pai e filha ignoraram o timbre descontente da mais nova que passou a resmungar a cada respiro dado contra o travesseiro.
— Deixa, pai... A Taliyah vai também. — Torceu na esperança de ser um ponto positivo.
O homem suspirou calmamente.
— Certo, mas ela vai ter que ouvir as minhas regras de novo.
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A festa estava bombando e dava para ouvir o som ecoando antes mesmo de entrarem na casa. Coitados dos vizinhos...
Como um dos veteranos mais populares, é claro que Garen havia sido invitado. E se já estava empolgado porque seus amigos e companheiros de time estariam na mesma festa, agora estava mais contente ainda por sua namorada e irmã terem sido misteriosamente convidadas pela própria Miss Fortune.
— Acho que ela estava mesmo bêbada. — Lux comentou dando de ombros; o importante era ter sido chamada. — Mas aqui estamos!
Animou-se agarrando o braço da cunhada ao lado enquanto os três caminhavam, de onde haviam estacionado, até a entrada da comemoração.
— Não se empolga, Lux. E eu só vim para poder manter minhas inimigas na dúvida.
“Dúvida de quê?”, a francesa refletia intrigada. Preferiu deixar os delírios da mais velha para lá.
— Se comporta, amor. — Garen pediu à companheira ao seu lado antes de adentrarem na grande festa.
— E como vou me divertir assim? — Rebateu com malícia.
O namorado sorriu nervoso. Teria que ficar de olho em sua parceira, pois tinha noção do que ela era capaz.
Sentindo o celular vibrar em sua roupa, Katarina então se deteve antes de entrar na casa.
— Vão na frente, eu tenho que atender.
Obedeceram; apesar de Garen querer esperar a namorada — e ouvir a ligação —, sua irmã o puxou empolgada para dentro do grande evento.
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— Relaxa, senhor Ka. Eu ando com pedras nos bolsos. — Taliyah revelou depois de ouvir novamente as regras do pai da amiga.
— Ótimo. E não hesite em usá-las, por favor. — Aliviou-se em saber daquilo. Então virou-se para a filha. — Busco você nesse mesmo local daqui a uma hora e trinta minutos.
— Pai, pelos deuses... Não dá para se divertir em apenas uma hora e meia. — Protestou mesmo mantendo seu tom manso de voz.
— Esse é o intuito, filha. — Sorriu vitorioso. — Estarei contando os minutos a partir... — Olhou os ponteiros em seu relógio de pulso — ...de agora.
Katarina observava tudo encostada na parede externa da casa, de braços cruzadas, com seu olhar muito bem fixado naquele diálogo entre pai e filha. Já havia desligado a ligação que recebera antes de prestar a atenção no adulto e na garota. Kai’Sa só percebeu a presença da colega de time quando se virou após o pai ir embora no carro. Pressionou seus dentes, tensa, já esperando a bela piada que a mais velha faria para ela... Katarina então estufou o peito e logo expeliu as palavras que havia formado depois de toda a sua silenciosa análise:
— Belo pai, garota — Disse simples antes de finalmente entrar na festa.
A paquistanesa e a namibiana se entreolharam confusas. Será que aquela era a forma da austríaca de zoar os outros? Deram de ombros sem entender.
— A história das pedras foi bem aleatória, Tali. — Lembrou-se risonha.
— Rá! Eu sei, mas não deixa de ser verdade. — Lançou uma piscadela para a amiga.
Riram e Kai'Sa começou a levar a sério aquela informação.
— E o seu nariz, Kai? — Taliyah indagou, apesar de o órgão da amiga parecer estar bem esteticamente.
— Melhor, mas um pouco sensível... Passei maquiagem; ainda está meio vermelho... meio inchado... meio estranho. — Concluiu finalmente.
A paquistanesa suspirou.
— E a Akali?
— De castigo... — Em indignação, sorriu fraco — Como se isso mudasse alguma coisa. Ela aproveitou que a mãe passou o dia trabalhando para sumir a tarde toda de ontem. E o mais interessante é que até agora ela não me pediu desculpas — Coçou a nuca — Mas mandou eu me foder.
— Eu lamento por toda essa situação, Kai. Quem diria que aquela garota toda prestativa que vimos no bairro asiático é, na verdade, bem agressiva...
— Eu avisei que era um clone. — Relembrou se achando cheia da razão.
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Havia luzes coloridas, fumaça de festa, música alta, bebidas e muita gente. Conseguindo ignorar aquela poluição visual, Katarina reparou em sua volta reconhecendo poucos convidados no meio daquele mar de desconhecidos: Lux estava se divertindo com pirralhas de sua idade — incluso as que adentraram depois da ruiva —; Garen estava em uma queda de braço com Sett; a putinha estava dançando sensualmente com outros da turminha de torcida; Sivir estava com as costas apoiadas na parede e um celular nas mãos, sorrindo que nem idiota... Espera um pouco!
Katarina então decidiu perturbar a sua colega de time.
— E aí, Tutancâmon. — Colocou-se em frente à egípcia.
Sivir ergueu o olhar, junto com as sobrancelhas, para encarar quem lhe incomodava.
— Estou ocupada — Rebateu voltando a sua atenção para o bate-papo virtual no qual participava.
A austríaca ainda tentou bisbilhotar a foto de quem era, ou até mesmo ler sobre o teor da conversa, mas a egípcia propositalmente tapou com a mão o ângulo de visão da outra sobre o seu celular. Katarina então bufou.
— Por que está conversando com alguém virtualmente tendo um monte de pessoas em sua volta?
A morena sorriu sarcasticamente.
— Porque as pessoas em minha volta são pobretões.
— Que nem você. Rá! — Katarina debochou.
— Pois é, e de pobre basta eu em minha vida. — Disse revirando as írises azuis.
A de pele bronzeada tinha noção que não era rica e fazia questão de deixar bem claro que odiava aquela falta de privilégio.
— Sivir, cariño, viu a Quinn? — Miss Fortune perguntou interrompendo o diálogo nada produtivo das outras garotas.
— Não, mas considerando que ela é belga, deve ter ido atrás de cerveja.
— Ah! — Bateu a palma contra a própria testa — Tem razão! Por que eu não pensei nisso antes?! — A porto-riquenha saiu se divertindo de sua falta de raciocínio lógico.
“Hum... procurando pela Quinn, né garota de peitos lind- Ah! Não acredito que pensei nisso!”, Katarina repreendeu-se da própria mente. Logo percebeu que a egípcia a encarava com malícia.
— Eu vi você olhando para os montes Everest dela. — Sivir provocou.
— Tsc. Impossível não reparar. — Justificou-se dando de ombros — Parecem dois morros naquela roupa.
— Os seus não ficam atrás, viu. Rá! — Rebateu em diversão desviando suas órbitas enquanto ria da europeia — Nossa, aquele jarro parece caro... — Sussurrou ao perceber a decoração da sala.
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Com o queixo apoiado em sua mão fechada, Ezreal estava pensativo ao lado da amiga. Observava Lux e Kai'Sa interagindo em um canto do ambiente junto à outras calouras.
— Como eu vou investir em uma se a outra estiver olhando? — Balançou a cabeça em negação — Seria super antiético.
— Tentar namorar as duas ao mesmo tempo já é super antiético. — Seraphine respondeu enquanto equalizava o sistema de áudio em seu notebook.
A chinesa então sentiu o súbito silêncio do amigo depois de seu comentário. Resolveu levar seus olhos até o calado rapaz que ainda fitava as duas garotas interagindo do outro lado da sala.
— Ez, você me ouviu?
— Desculpa, o que disse?! Eu me distraí com a beleza delas.
— Eu disse que...
— Ah! A Lux se afastou. Hora de agir!
Saiu confiante deixando a de cabeleira rosa na metade de seu conselho.
...
— E aí, Lux — Cumprimentou ao alcançar a loira que havia se distanciado do grupo.
— Oi, Ez! A sua amiga sabe como dar uma festa, hein — Comentou risonha.
— Eu quem fiz acontecer — Tentou levar os créditos, apesar de ter realmente colaborado.
A loira sorriu admirada e o rapaz ficou um pouco ruborizado com aquela simples e meiga reação da jovem. Pigarreou rápido para se recompor.
— Sabe, eu estou com dificuldades na aula de francês... Poderia, sei lá, me dar uma ajudinha? — Perguntou depois de ter passado o dia todo formulando aquele pretexto.
— Claro! Eu sou uma ótima professora. — Brincou tímida.
O rapaz abriu um sorriso verdadeiro. “Boa, Ez”, parabenizou-se. Porém, ao perceber a enorme presença do irmão da francesa se aproximar, Ezreal sumiu da vista da garota.
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Quinn estava onde a amiga imaginou: enchendo um copo de cerveja na mesa de bebidas. Tomou um gole do líquido, arrepiando-se ao sentir a presença de alguém em suas costas.
— Hola, convidada de honra. — Cochichou no ouvido, chegando por trás da belga.
— Oi, aniversariante... — Sorriu ao reconhecer a voz e o toque da dona da festa. — Eu te trouxe algo.
Mostrou um pequeno objeto em uma linda caixinha.
— Eu disse que não precisava... — Abriu um sorriso verdadeiro — Mas eu não vou negar. Rá!
Sarah pegou o pequeno presente empolgada e curiosa. Desembalou e logo o abriu, revelando um par de brincos para furos secundários de orelha.
— Eu adorei! Gracias, cariño. — Agradeceu acariciando o dorso da mão belga aproximando-se para deixar seus rostos quase colados — Mas eu quero outra coisa vindo de você...
Quinn abriu um sorriso tendencioso; já imaginava o que seria.
— O que a aniversariante quer então? — Sussurrou próxima o suficiente para ser ouvida pela ruiva.
— Eu quero que me dê prazer, jogadora. — Rebateu em um tom ainda mais sexy.
Sarah pegou na mão da convidada, guiando-a até o seu quarto, longe dos olhares distraídos de todos da festa... à excepção de um.
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Em uma oportunidade que encontrou para se aproximar de Kai'Sa à sós, Ezreal levou um copo de bebida a ela.
— Oi, Kai — Mudou o tom de voz aproveitando que só estavam eles dois próximos.
— Oi, Ez! Finalmente nos vimos... Obrigada por me convidar, aliás.
— Não foi nada — Sorriu galante. — Aceita uma bebida? — Estendeu o recipiente em sua mão.
— Melhor não, está nas regras de meu pai. — Ela deu de ombros sem graça.
— O sogrão é protetor... — Pensou alto.
— Como? — A namibiana aproximou-se para ver se havia entendido errado. A música alta ressonava pelas caixas de som espalhadas pelo lugar, atrapalhando um pouco a compreensão da conversa.
— Digo, eu posso arranjar suco... — Reformulou a frase já perto do ouvido da garota.
É, ela havia supostamente entendido errado o que ele dissera antes.
— Sendo assim, aceito. — Retribuiu próxima a ele.
Contudo, em uma má sorte, alguém empurrou sem querer o canadense fazendo o líquido do copo que segurava ondular em direção à namibiana.
— Foi mal, Kai! Perdão, perdão... — Tentava se redimir envergonhado.
— ‘Tá tudo bem, Ez. Estava calor mesmo. — Brincou enquanto retirava sua jaqueta molhada, ficando só com uma blusa que marcava bem o seu tronco.
O rapaz lutou contra o próprio corpo para não se hipnotizar com a estrutura da namibiana a sua frente. Limpou a garganta em um pigarro, logo se oferecendo para guardar a jaqueta dela em seu quarto. Ela concordou agradecida.
...
Ao ver o loiro carregando uma roupa nos braços, indo em direção aos quartos, o atleta ruivo o chamou.
— Ei, bro, poderia guardar a minha jaqueta também? — Sett pediu entregando a peça para Ezreal — Está ficando quente aqui.
— Claro — Segurou a vestimenta do conhecido que de vez em quando aparecia na casa para ficar com Ahri. — Vou deixar no meu quarto.
— Valeu, cara. — Deu dois tampas amistosos no ombro do loiro.
Ezreal então continuou o seu caminho e, ao entrar em seu dormitório, levou um susto com um casal aleatório usando a sua cama. “Ai, meus olhos!”, traumatizou-se fechando as pálpebras. Assustado, as jaquetas em sua mão caíram no chão, derrubando alguns pertences que estavam em seus bolsos.
— Vaza daqui, moleque! — O jovem pelado vociferou.
— Vocês estão no meu quarto! — Rebateu enquanto catava os objetos caídos, guardando-os nervosamente nos bolsos das vestimentas de seus conhecidos. Nem reparou direito no que estava fazendo, pois a sua preocupação maior era não voltar a ver aquela cena ao vivo e em cores.
— Foda-se! — O desconhecido disse tão nervoso quanto o dono da cama na qual usufruía. — Rala peito!
“Expulso de meu próprio quarto?! Lembre-se de tacar fogo no lençol depois, Ezreal”, o loiro fez um lembrete mental.
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— Nossa, quanta gente... — Rakan comentou entortando a boca em desdém.
— Pois é. — Bufou — Temos que ser gentis, amor. Sorria.
Ambos sorriram forçadamente enquanto caminhavam entre o aglomerado de convidados. Não faziam questão de socializar, pois achavam que um era suficiente para o outro.
— Já podemos ir para o quarto?! — O loiro perguntou tentando segurar sem vontade os músculos da face.
— Eu adoraria, mas vamos aguentar mais um pouquinho... Pela Sarah.
— Que Sarah?! — Rakan fez uma vista panorâmica com seus olhos azuis — Não estou vendo nenhuma por aqui.
— Aquela que está indo... — Comentava à medida que suas pupilas visualizavam os movimentos da aniversariante a metros de distância — ...em direção ao quarto com uma garota... — Xayah analisava Fortune se afastar da própria festa com intenções em sua face e uma Quinn sendo puxada por ela.
— Vocês viram a Sarah?! — Ahri perguntou de supetão.
O casal levou um susto pela habilidade sorrateira da outra amiga; não haviam percebido ela parar ao lado deles.
— Sim, ela está com... — O australiano bocudo foi prontamente interrompido por uma cotovelada da namorada. — Ai, mulher! — Resmungou massageando a cintura atingida pela parceira.
Ahri ergueu a sobrancelha tentando entender aquele comportamento no mínimo suspeito do casal...
— Sim, vimos ela saindo para a varanda da frente. — Xayah completou mentindo. Era melhor assim.
— Ok... Esquisitos. — Murmurou se afastando dos amigos e indo na direção indicada.
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Miss Fortune trancou a porta do quarto, virando-se em seguida para Quinn. Segurou nos ombros da belga para poder empurrá-la devagar contra a parede mais próxima. Seus lábios então se encontraram, já sabendo como bailar aquela melodia conhecida.
As línguas mantiveram um ritmo calmo, porém apimentado, que foi aumentando à medida que seus corpos pediam por mais. Ambas se apalpavam; Sarah envolvia um dos seios de Quinn por debaixo de sua blusa, enquanto a de cabelos castanhos desceu suas mãos para o quadril da ruiva. Os dentes da porto-riquenha puxavam levemente, entre os beijos, o lábio inferior da convidada, controlando-se para não fazer um corte naquela boca rosada. E a cada sutil movimento, elas se excitavam ainda mais.
Quinn subiu a barra da vestimenta superior de Sarah, sendo prontamente ajudada pela própria a se livrar daquela peça. Então os bustos, ainda cobertos e sustentados por um lindo sutiã, foram revelados aos olhos âmbares. Sorriu hipnotizada por aqueles monumentos que já havia experimentado em uma outra oportunidade. Levou seus lábios para passear pelo pescoço caribenho, logo descendo pelas curvas da clavícula e passando pelo colo torácico, finalmente parando no monte superior de pele formado pela compressão do tecido que cobria as mamas da ruiva. E em um movimento rápido com as mãos nas costas da outra, Quinn desprendeu a união do sutiã, libertando os belos seios com os mamilos já eriçados de Sarah.
A europeia não perdeu tempo em envolver uma das sensíveis aréolas em sua boca quente, logo alternando entre o par de estruturas macias. O calor da cavidade bucal somado aos movimentos de sucção e exploração lingual em suas mamas faziam a líder de torcida ansiar a jogadora ainda mais.
Por conseguinte, a aniversariante não tardou em eliminar todas as roupas de ambas que as impediam de um encontro mais direto, mais íntimo. Elas já exalavam pressa.
Miss Fortune deitou-se acomodando as costas no colchão, em convite para que a outra se debruçasse sobre si. Quinn, portanto, inclinou-se por cima do belo corpo desnudo que implorava por aquele contato. E então, elas arfaram quando suas intimidades finalmente se uniram.
Devagar, mas intensamente, ambas movimentavam as pélvis em um ato de reconhecimento enquanto seus lábios voltaram a se encontrar.
Entre lascivos suspiros, trocavam suas altas temperaturas ao mesmo tempo que suas vulvas friccionavam cada vez mais. A belga ousou erguer uma das pernas da porto-riquenha para que pudessem se encaixar melhor e seus toques se estreitassem ainda mais. Suspiravam em satisfação.
E em demasiada excitação, consequentemente bem lubrificadas, misturavam suas secreções incolores a cada prazeroso contato. Entreolhavam-se em desfrute, ambas não querendo perder nenhuma reação que uma provocava na outra, apesar da sensação de prazer tentar fazê-las cerrarem suas pálpebras involuntariamente.
Com a boca, a jogadora novamente envolveu os mamilos tesos em estimulação da líder de torcida, alternando o contato quente de sua cavidade oral entre os belos seios da ruiva, arrancando-lhe mais suspiros de regozijo. Fortune levou seus dedos destros para os cabelos castanhos enquanto sua mão esquerda passeava pelas costas europeia, arranhando-a levemente.
Quinn voltou a encarar os orbes azuis repletos de luxúria, logo descendo sua atenção para a boca sensualmente entreaberta da latino-americana de onde saíam adoráveis sons de deleite. Aquela simples cena provocava a belga de uma forma inexplicável.
Em consequência, desceu sua mão pelo monte de Vênus de Sarah, alcançando o clítoris da mesma logo em seguida. A ação fez a ruiva arquear as costas e arfar automaticamente.
— Assim você me enlouquece... — Articulou desregrada.
— É a intenção. — Quinn rebateu sedenta, mantendo o toque no sensível órgão da mais velha.
Seus lábios voltaram a dançar, junto de suas línguas, enquanto a aniversariante se deleitava progressivamente com o delicioso estímulo da mão europeia. O toque a estimulava, fazendo seu órgão copulador implorar por mais.
— Me... penetra. — Sarah balbuciou entre seus beijos.
Era tudo o que Quinn queria ouvir...
Levou seu dedo médio para explorar a cavidade cálida e úmida da ruiva, logo deslizando suas falanges para buscar o ponto de maior prazer. Em aprovação, introduziu o dedo anelar para complementar a sensação. Conduzia o ato com destreza arrancando gemidos que tentavam se conter em vão.
E a cada som de prazer não contido pela aniversariante, a convidada sentia descargas nervosas por todo os seus músculos ao ouvir aquela prazerosa harmonia; estava determinada em fazer a garota debaixo de si gozar.
Com o clítoris ricamente irrigado em consequência daquela deliciosa estimulação contra a região que lhe traria o clímax, o corpo da ruiva dava sinais em suspiros mais rápidos e profundos a cada movimento. Os membros inferiores de Sarah se enrijeciam à medida que sua parede vaginal se contraia cada vez mais. Ela estava perto... Bem perto.
E sentindo que não poderia mais aguentar, a caribenha puxou a europeia para mais próxima ainda dela, gemendo com mais afinco bem na entrada auditiva da jogadora.
— Quinn... e-eu vou... — E antes que pudesse terminar a frase já entrecortada, Sarah chegou em seu ápice.
As pernas da caribenha fraquejaram, depois da descarga de prazer recebida, enquanto espasmos musculares tardavam em abandonar o seu corpo agora exaurido.
Celestes e âmbares voltaram a se encarar, ambas ventilando descompassadamente os seus pulmões. Logo sorrisos de satisfação ganharam forma em suas faces enquanto ainda sentiam intensas palpitações cardíacas.
Quinn retirou seus dedos embebedados pelo deleite da porto-riquenha e não hesitou em levá-los até a sua boca. Deliciou-se mais uma vez com o sabor já provado, tudo aos olhos atentos da dona daquela prazerosa degustação. E mesmo relaxada, Fortune arrepiou-se assistindo à outra saboreando o que lhe pertencia. Instigada pelo que viu, Sarah voltou a selar seus lábios nos de Quinn, agora sentindo o seu próprio gosto preservado na cavidade bucal da jogadora. Adorou aquela sensação de posse.
Por fim, cedeu espaço para Quinn se acomodar ao seu lado na cama; ofegavam realizadas. Então a caribenha se encolheu no corpo quente ao seu lado, envolvendo a mais nova em um abraço. Um confortável e inesperado abraço.
Podiam sentir as fortes contrações do órgão que batia em seus peitos.
— É, foi mesmo especial. Gracias. — Comentou em um sorriso travesso, mas mantendo seus olhos cerrados.
Quinn se divertiu, como sempre, com o comentário da ruiva.
— Essa foi a melhor festa que já fui convidada.
— E a melhor parte dela está aqui. — Revelou estreitando carinhosamente o contato entre elas.
— Assim você me conquista. — Brincou, arrancando um sorriso verdadeiro de Sarah.
— É a intenção. E eu estou mais sóbria do que você imagina. — Riu com a cabeça descansando nos seios da jogadora.
De olhos fechados, Sarah não percebeu o rubor da tez caucasiana de Quinn, tímida com as palavras e atitudes da latina. A belga acariciava suavemente o dorso da garota que se desmanchara em seus dedos... Será que estava delirando?!
Ficaram um belo momento curtindo aquele silêncio apaziguador enquanto seus corpos ainda trocavam calor e suas respirações se estabilizavam.
— Devem estar te esperando... — Imaginou que os convidados já haviam se dado conta do sumiço da requisitada dona da festa.
— Eu não me importo — Ronronou — Vamos ficar assim mais um pouco, vai.
Quinn achou estranho... Por que alguém investiria tanto em uma comemoração para ficar trancada no quarto com só uma pessoa? Miss Fortune era realmente uma incógnita.
— Claro, aniversariante.
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E por um descuido de Xayah que parecia determinada em proteger a porta do dormitório de suas amigas — e que estava conseguindo por mais de quarenta minutos —, mas que agora estava distraída com o charme do amado, Ahri foi em direção ao quarto ocupado. A argentina arregalou os orbes cor de mel quando percebeu a amiga com uma chave reserva do quarto em sua mão.
— Essa não... — Comentou com olhos atentos, envolvida pelo corpo de Rakan.
Agora era tarde demais para impedir o que a sul-coreana veria logo a seguir...
Ahri destrancou a porta de seu quarto, abrindo-a devagar, para finalmente encontrar a aniversariante sumida. Apesar das luzes do ambiente estarem apagadas, o reflexo da lua que atravessava a janela iluminava o suficientemente bem para constatar que Sarah estava sob cobertas dormindo junto ao corpo de alguém...
O coração da sul-coreana falhou e logo voltou a bombear mais forte só de imaginar o que acontecera previamente ali. Que sensação horrível... Engoliu em seco, respirando fundo, antes de fechar novamente a porta e voltar para a festa, deixando a aniversariante usufruir de seu quarto com outra.
Xayah observou de longe o semblante incomodado — bastante incomodado — da asiática que ainda agarrou, sem permissão, o copo de bebida da mão de um convidado no caminho e virou todo o conteúdo para dentro de sua garganta. Em seguida, Ahri sumiu de vista ao adentrar na cozinha. A argentina então decidiu que era melhor averiguar...
— Já volto, amor. — Pediu licença ao parceiro depois de pegar todos os petiscos que ele havia buscado para os dois dividirem.
...
— Eu não acredito que ela encheu o nosso saco a semana toda para sumir da própria festa! — Ahri comentava em estresse.
— Relaxa aí, boluda. — Xayah repreendeu com metade da boca ocupada por um aperitivo — O importante é ela estar feliz, não acha?
— Se ela ia ficar feliz assim, para que uma festa então?! Arrrgh! Agora tenho que tolerar esse monte de desconhecido no mesmo ambiente que o meu!
Xayah engoliu o que mastigava, logo erguendo uma de suas sobrancelhas. Ela sabia muito bem o que estava acontecendo ali... Ou pelo menos, suspeitava.
— Ahri, certeza de que tudo isso é por causa dessas pessoas... — Maneou a cabeça se referindo à multidão espalhada pela casa — ...ou é porque a Sarah está ocupada com alguém?
— Eu não entendi a sua insinuação. — Cruzou os braços em nervoso — Licença.
Retirou-se do cômodo, tomando mais um copo alheio de alguém em seu caminho.
“Ela pensa que eu sou otária”, Xayah refletiu levando mais tira-gostos até a boca.
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Kassadin e Kai'sa voltaram para casa após o homem buscá-la na festa. Ainda não era madrugada, mas ele fez questão de cumprir com o horário acordado e tirar rapidamente sua filha daquele lugar de promiscuidades. A garota ainda teve que se justificar do porquê a sua jaqueta estava com cheiro alcoólico.
Apressada, Akali escondeu o bipe que usava para se entreter antes que a pegassem no flagra portando um objeto proibido em sua punição. Era só o seu segundo dia de reclusão — sendo o primeiro que ela obedecera — e já estava bem entediada. Dessa vez sua mãe estava para ficar de olho nela...
A japonesa ignorou a presença dos dois que acabaram de entrar em sua residência, mas, quando encontrava oportunidade, olhava de relance para os movimentos dos africanos.
Kai'Sa remexeu seu bolso da jaqueta para devolver a chave reserva do lar que pegara antes de sair. E em um movimento, retirou o objeto que buscava, deixando cair no chão um elemento no mínimo peculiar que saiu junto com a chave.
O barulhinho de algo leve caindo contra o piso despertou a atenção do homem que pendurava seu casaco fino no local apropriado só para isso. Tanto Kassadin quanto a filha tentaram entender do que se tratava aquele pequeno pacotinho quadrado que jazia no piso...
— Kai'Sa, o que é isso?! — O pai perguntou sinalizando o objeto caído.
Akali franziu o cenho para logo constatar o porquê eles paralisaram com suas vistas para o chão.
— É óbvio que é uma camisinha, cara. — A japonesa respondeu entediada, e logo se deu conta do que aquilo significava... Arregalou os seus olhos, ficando estarrecida.
— Eu sei o que é uma camisinha, Akali. — Rebateu por cima do ombro.
— E por que não usou uma? Agora tenho que conviver com a sua irresponsabilidade. — Resmungava fitando a namibiana ainda perplexa do outro lado da sala.
— Pai... isso não é meu. Eu juro.
— Por que isso estava em seu bolso, Kai'Sa? — Perguntou atordoado enquanto sua mente imaginava um monte de bobagens.
As feições do homem se tornaram pesadas, sem nenhum vestígio de graça. Ele estava sério até demais.
— Eu não faço ideia. — Justificava-se um pouco nervosa por ver seu pai naquele estado.
O africano nem piscava e sua testa enrugou-se em desprezo. O que sua filha andava pensando em fazer depois de toda a confiança que ele lhe dera para ir naquele tipo de festa?! Que decepção...
— Eu não acredito nisso. — Esfregou a palma em sua face, tentando despertar daquele pesadelo paterno
— Nem eu... — Akali comentou tão desnorteada quanto o mais velho. Nunca imaginaria isso vindo daquela bobona.
— Não é meu. — Reafirmou em persistência para o pai.
O sul-africano não lhe deu mais ouvidos; já estava em outro mundo: o da paranoia.
— Está... Está... de ca-castigo. — Quase se engasga ao falar aquela palavra nunca usada em seu vocabulário.
Um sorriso vitorioso brotou no rosto japonês que não se aguentou e riu na cara dos outros dois presentes. Como o destino era um filho da puta mesmo... E Akali adorou! Agora estariam as duas de castigo; e o melhor de tudo é que ela não precisou fazer nadinha! Ah, como o mundo dava voltas rápido — super rápido.
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Finalmente Fortune havia decidido voltar para a própria festa depois de transar, seguido de um revigorante cochilo nos braços da sua ficante. Dispersou-se na multidão, se metendo animadamente no meio de alguns conhecidos.
Quinn também se dispersou, logo reconhecendo Katarina, entre os convidados, distraída enchendo o copo com bebida. Então decidiu cumprimentá-la.
— Deixa-me adivinhar... O Garen foi convidado e você o obrigou a te trazer junto.
— Não. — Virou-se cínica ao reconhecer a voz daquele ácido palpite — A própria aniversariante me convidou. — Gabou-se.
Quinn piscou várias vezes tentando assimilar o que acabara de ouvir... Ou a austríaca estava mentindo, ou a porto-riquenha estava bêbeda quando fez o convite.
— Impressionante. — Admirou-se também se servindo com mais cerveja. — E o tornozelo? — Perguntou olhando para a bota direita da ruiva à procura de algum resquício de dor nos movimentos dela.
— Ótimo — respondeu — Deve ter sido a sua pomadinha milagrosa.
— Fico feliz — Quinn sorriu sincera.
Viraram seus copos cheios de líquido alcoólico em silêncio. Katarina então percebeu a mirada de Quinn para Fortune que retribuía aos olhares a metros de distância... pareciam se paquerar.
— Ela só vai te usar. — Comentou como se tivesse finalmente entendido a relação íntima da belga e da porto-riquenha.
— Como é? — Descrente, levou seus âmbares para a austríaca.
— Garotas como ela só usam as pessoas. — Concluiu.
Quinn pareceu pensativa sobre o assunto; no entanto, estava era tendo belas lembranças do recente sexo que havia feito. Um sorriso crescente tomou conta da belga.
— Ela pode me usar à vontade. — Rebateu marota.
Katarina revirou suas esferas esverdeadas.
— Depois não ache ruim se eu falar “eu avisei” quando você estiver choramingando em meu ombro.
— Rá! Até parece que isso aconteceria — Ironizou incrédula.
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O álcool ingerido em excesso já havia chegado no córtex cerebral de Ahri, deprimindo-o e alterando o comportamento da garota. Ela tentava ocultar o seu mau-humor repentino: cantou junto a Seraphine e Qiyana — ignorando totalmente a lista recebida da aniversariante —; dançou bastante; beijou bocas e... bebeu mais, é claro.
E já com a vista turva, Ahri se esbarrou em alguém que estava em seu caminho — como sempre.
— Me desculpa. — Pediu sincera.
— Tudo bem... — Lux relevou docemente.
E quando Ahri caiu na real de que aquela garota estava em sua casa, seu tom se tornou ríspido.
— O que você está fazendo aqui?!
— Fui convidada... pela Fortune. — Respondeu sem graça.
As pálpebras de um dos olhos da sul-coreana tremeram. “Isso só pode ser uma brincadeira de muito mau gosto”, refletia incrédula. Porém, ao perceber também a presença da cunhada daquela caloura, a corrente sanguínea da asiática ficou turbulenta.
— Saiam da minha casa! — Impôs olhando para as últimas presenças que gostaria de ter visto naquela festa.
— Algum problema, Ahri? — Garen perguntou firme colocando-se entre as europeias. As suas europeias.
— Sim e você sabe muito bem qual é. Ou melhor, quais são! — Não se intimidou com a presença de um dos caras mais populares do colégio.
— Se elas forem, eu vou junto. — O francês afirmou.
— Então se manda daqui também, grandão.
Sett aproximou-se do ouvido da sul-coreana.
— É o meu amigo e capitão do time, tá maluca?! — Repreendeu em sussurros.
— Quer ir embora também? — Retrucou irritada para o ficante.
— Ahri, cariño, o que pensas que está fazendo?!
— Olha quem resolveu aparecer! — Virou-se para a aniversariante sumida.
— Minha amiga está brincalhona hoje, gente. — Sarah riu forçadamente — Mas ninguém sai sem que eu dê a ordem. — Enfatizou o pronome fitando seriamente a sul-coreana.
Miss Fortune sabia bem como contornar uma situação constrangedora. Os convidados se dispersaram voltando a se divertir, inclusive o trio europeu ameaçado.
— Acho que você bebeu demais, cariño.
— Tanto quanto você. — Rebateu impaciente.
— Mas o meu fígado é mais resistente que o seu — Brincou; entretanto, a amiga continuou fria. — Qual é o problema, Ahri?
Preocupada, Sarah pegou na mão dela.
— Nada. — Desvencilhou-se do toque caribenho.
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Sarah se divertia apesar do showzinho de Ahri momentos atrás. “Quem ela acha que é para subtrair a minha quantidade de convidados?!”, perguntava-se pensando na audácia da dona da casa.
Porém, toda vez que se lembrava do semblante diferente de sua melhor amiga, o coração da porto-riquenha se estreitava. Resolveu finalmente procurá-la para ver se o seu humor havia melhorado.
Adentrou no quarto, encontrando Ahri remexendo no armário. E ela ainda carregava a expressão gélida, mesmo depois do tempo passado.
— Por que as convidou?! — Questionou sem se dar o trabalho de encarar a garota que acabara de se apresentar no ambiente.
— Porque a festa é minha, não sua, meu bem. — Afirmou em tom brincalhão, mas mais uma vez a coreana não reagiu positivamente às suas brincadeiras.
— Então pode ter certeza de que na minha festa você nem aparecerá! — Virou-se irritada, agora com um objeto na mão.
Sarah deu de ombros. Ambas haviam bebido bastante, a diferença é que uma ficava nervosa e a outra ficava irônica.
— Aí não aparecerá ninguém, cariño — Debochou.
— Arrrgh! — Resmungou enfurecida. O jeito despreocupado da caribenha a estava irritando em uma escala inimaginável! Por conseguinte, Ahri não se conteve: — Espero que ela tenha te comido bem! — Fraseou entredentes.
Como o assunto foi parar ali?! E como ela sabia?! Fortune ergueu uma sobrancelha pronta para ignorar aquela sentença... Contudo, o álcool falou mais alto:
— Você nem imagina. — Finalizou com o sorriso mais desafiador que Ahri já viu.
Em raiva, a mandíbula da asiática tensionou. Empurrou então contra o busto da outra o presente que lhe daria além da lista recebida. Era um lindo navio em miniatura feito sob encomenda exclusiva para a amiga.
— Feliz aniversário, aliás. — Cuspiu as palavras antes de se retirar.
Fechou a porta com força, deixando para trás Miss Fortune perdida em lembranças enquanto fitava a pequena embarcação recebida.
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Suas costas batiam contra a parede do ambiente escuro à medida que o rapaz a estocava com potência. Ambos estavam bêbados o suficiente para descerem no porão da casa, onde ficava a máquina de lavar roupas, e se despirem rapidamente para aquele ato selvagem e impensado.
Estava chateada e não entendia — entendia, sim — o porquê daquele sentimento forte e aleatório tomar conta de seu ser. Decidiu tentar afogar aquela terrível sensação abrindo as pernas para o seu ficante oficial.
— Nossa, isso... está... di-diferente... — Comentou sentindo, dentre outras coisas, a alvenaria logo atrás de si.
— Es-está muito b-bom... — Sett tentava, mas estava difícil de se segurar — Ahri...
Finalizou ejaculando em sua parceira; ela pôde sentir as contrações musculares do pênis dentro dela. Porém, a líder de torcida estava tão fora de si que a sua percepção e sensibilidade estavam diferentes.
— Lembre-se de jogar no lixo...
— Da rua... — Ele completou ofegante — Não precisa repetir a mesma coisa sempre.
— É sempre bom reforçar.
— Sei. — Sorriu fraco retirando-se exausto de dentro da jovem.
Colocou a mão em seu órgão relaxado e com um movimento tentou desensacá-lo... Contudo, não havia o que desensacar. Então o neozelandês, ébrio, olhou melhor para o próprio membro sexual, no breu daquele lugar escuro, tendo a certeza de que o mesmo estava desprotegido. “Mas eu pensei que havia colocado...”
— Ahri...
— Hm? — Perguntou tentando focar a sua visão em somente um dos rapazes duplicados por sua mente alterada.
— Não tem camisinha aqui. Heh... Eu devo ter me confundido.
A sul-coreana demorou a assimilar e, quando conseguiu entender a seriedade da situação, riu de nervoso.
— Eu te mato, desgraçado.
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