Ofegantes, friccionavam suas vulvas em movimentos intensos à medida que gemidos contidos insistiam em escapar de suas bocas. O intercambio de calor e fluídos, além dos olhares de pura luxúria entre elas, provocaram sensações suficientes para Fortune se deliciar em um intenso ápice de prazer.
A caribenha puxou a parceira, colando ainda mais os corpos a fim de gemer exclusivamente no ouvido da namorada europeia, findando, assim, o ato libidinoso de suas estruturas.
Entre o descompasso de suas respirações, aninharam-se finalmente. Quinn inalou o aroma das madeixas ruivas enquanto Sarah deslizava as digitais pelo contorno do colo de sua belga.
— Eu tenho que falar com o Garen mais tarde. — Comentou, levando os dedos para acariciar a cabeça recostada em seu tórax.
— E eu tenho que voltar para casa. — Sarah suspirou preguiçosamente só de imaginar em deixar o quente e confortável corpo da amada. — Convocaram uma reunião de família.
— Parece sério. — Quinn supôs, selando um beijo carinhoso na cabeleira da jovem manhosa.
A ruiva deu de ombros, despreocupada, antes de se posicionar por cima da namorada, apoiando cada braço ao lado dela.
Formando um sorriso sapeca, Fortune avançou lentamente contra os lábios conhecidos, voltando a sentir a textura daquela macia estrutura.
— Vamos aproveitar mais, cariño. — Sussurrou em provocação, puxando vagarosamente o lábio inferior de Quinn.
Os âmbares da europeia tornaram-se, mais uma vez, sedentos. Afinal, não conseguia resistir à mera presença da latino-americana, muito menos às suas investidas cheias de novas intenções.
Sarah salpicou lentos beijos pelo abdômen de Quinn, percebendo a oscilação da respiração sob a pele caucasiana da belga. Os lábios cálidos da porto-riquenha descenderam em um percurso planejado, detendo-se na região pélvica da outra.
Os dedos de Quinn se enroscaram nas mechas de Fortune, arrepiada com os sedutores azuis que a fitaram sugestivamente.
Que bela cena de sua amada a encarando entre as suas pernas abertas, pronta para atacá-la...
Então a jogadora arfou ao sentir a assanhada língua da namorada deslizar por sua intimidade exposta.
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Enrolada na coberta, Katarina franziu o cenho ao escutar peculiares ruídos vindo do quarto da belga. Rolou os globos oculares sob o aconchegante tecido já imaginando o que os tais barulhos, mesmo que sutis, deveriam sugerir.
Infelizmente para ela, teve que engolir o orgulho e ser acolhida logo no lar da garota que provocara desde que se conheceram.
— Dá licença?
A austríaca ouviu a voz de Sivir no mesmo ambiente, desfazendo-se de suas reflexões. Descendeu a coberta para visualizar a morena segurando o controle da televisão.
— Para quê? — A ruiva indagou, esfregando os olhos recém-abertos.
— O programa das melhores mansões do mundo vai começar. — Abanou a mão livre para a outra encolher-se e ceder espaço no sofá.
A europeia bufou, sentando-se no estofado em que descansara a noite inteira.
— Você não se importa? — Maneou a cabeça para o corredor onde levava ao quarto de Quinn.
— A acústica das paredes é terrível, né? — A egípcia deu de ombros com um sorriso sugestivo, acomodando-se no espaço cedido. — Já me acostumei. Mas é claro que se eu fosse rica, eu não precisaria passar por isso. — Brincou ironicamente.
Katarina bocejou, rolando os globos oculares com o papo já manjado da outra.
— Dinheiro não é tudo, garota. — Articulou ela.
— Falou a herdeira. — Sivir rebateu rápida, encarando-a com um semblante de estar à par de tudo sobre os últimos acontecimentos da vida dela.
“Só se for de porrada”, Katarina completou para si mesma.
— Tanto faz. — Disse fora de seus pensamentos, observando os orbes azuis voltarem a fitar a televisão recém ligada. A ruiva suspirou antes de continuar. — Sivir? — Chamou-a, ganhando um olhar preguiçoso da árabe. — Tem algum emprego rápido sobrando naquela pizzaria nojenta?
A egípcia ergueu uma sobrancelha ao tentar digerir a específica pergunta da austríaca; então um sorriso ladino não tardou em surgir nos lábios mediterrâneos.
— Tem sim.
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Syndra estava exausta. Longas semanas se passaram, e seu lar praticamente se resumira à ala de terapia intensiva neonatal do hospital. Entre se recuperar da cesárea de urgência, e bombear as mamas para o seu leite não deixar de ser produzido, a malaia realmente só se importara com o fruto prematuro de seu ventre, rezando todas as noites para os céus darem saúde a ele.
Mas, no fim, todo o desgaste valeu a pena quando o pequenino finalmente aninhou-se em seus braços, saudável e livre de qualquer aparelho conectado a si. Em breve, o casal retornaria ao lar com o mais novo membro da família.
Desperto, os dedinhos do bebê enroscaram-se no indicador da malaia, fixando os olhinhos na bela mulher que o segurava. Ele sabia, por puro instinto, que aquela era a sua mãe.
— Meu pequeno Yuu. — Não cansada de contemplá-lo, Syndra o chamou pelo nome escolhido.
— Ele tem a cor de seus olhos também. — Zed comentou ao lado, admirado da semelhança do filho com a esposa.
A mulher sorriu contente, beijando várias vezes a mãozinha do pequeno e agradecendo de o pesadelo diário em vê-lo tão frágil na incubadora ter, finalmente, terminado.
— E a conta do hospital? — Encarou o homem, demonstrando preocupação.
— Já está resolvido, querida. — Beijou a têmpora feminina, sinalizando tranquilidade sobre o assunto.
Syndra suspirou pensativa, voltando a fitar o bebê em seus braços. Ela não estava tão chateada com o homem como antes, mas ainda buscaria respostas para todas as suas dúvidas.
— Pediu um empréstimo? — Continuou em tom desconfiado.
— Não precisei. — Contrapôs acariciando calmamente a cabeça do filho que a mulher segurava. — E não é para se preocupar, já disse. Só quero que se preocupe com ele e nada mais.
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Shen andara de um lado para outro, imerso em pensamentos silenciosos. E ao presenciar os movimentos preocupados — e repetitivos — do homem, Akali entediou-se.
Que merda os outros discípulos fofocarem ao padrinho sobre o seu vídeo brigando no colégio...
— Fala logo qual vai ser a minha punição. — Suplicou sem paciência.
O mais velho deteve seus passos, encarando finalmente a garota. Ele descansou as mãos, entrelaçando-as atrás de suas costas, e encheu o peitoral antes de pigarrear.
— Você sabia das regras e, se tivesse me ouvido, isso não estaria acontecendo. — Relembrou sabiamente. — Agora isto está acima de mim ou da sua mãe.
— Eu sei. — Confessou, ciente de seu erro.
Shen suspirou ainda mantendo a postura.
— Kali, vou ter que te suspender das atividades no tatame. — Concluiu sereno, mas infeliz.
Sinalizando um aborrecimento com a situação, Akali exalou lentamente o ar de seu tórax.
— Por quanto tempo? — Ela perguntou.
— Indeterminado.
— Mas não é justo! — Argumentou com o cenho franzido. — O Kayn vive fazendo cagadas e continua lá na Ordem das Sombras!
— Porque eles são de outra Federação; uma totalmente sem regras ou... honra. — Completou com um olhar perdido e ressentido, não percebendo sequer os seus punhos cerrarem-se involuntariamente.
— Pois quando eu crescer, vou abrir o meu próprio tatame e falir todos vocês. — Finalizou decidida.
Shen aproximou-se e pousou lentamente a mão cálida no ombro da jovem japonesa.
— Você não cresce mais, Kali. — Provocou risonho.
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Entediada, Quinn bufou olhando para o relógio esportivo de pulso enquanto o amigo se focava na massa muscular de seu peitoral. Que péssima ideia de se encontrar com Garen logo na academia onde ele vivia ultimamente...
— ...Vingt-quatre... Vingt-cinq. — Ele finalizou a contagem, repousando a barra carregada de pesos na estrutura de descanso acima. — Pronto. — Ergueu-se do banco horizontal, limpando o suor da própria testa com o dorso da mão calejada. — Sobre o que queria conversar?
— Sobre a Katarina.
O nome da austríaca fez Garen friccionar os dedos contra a própria cabeleira curta e molhada.
— É? — Indagou, tentando disfarçar o seu repentino interesse no assunto. — E o que seria?
A belga descruzou os braços, colocando-se mais próxima do rapaz.
— Talvez eu entenda o porquê ela não quis te apresentar à família dela... — Comentou em tom sugestivo, logo mordendo o lábio em um modo de dúvida se deveria continuar com aquelas informações. — Enfim, acho que vocês deveriam conversar melhor. — Recomendou com sinceridade.
A feição do francês tornou-se pensativa ao considerar as simples palavras de sua amiga. Porém, os olhos azuis do rapaz exalaram desconfiança para com o assunto.
— Confia em mim, Garen. — Quinn insistiu ao notar o olhar melindrado. — Só... conversem.
— Ela nunca quis conversar comigo sobre a família dela, por que isso mudaria agora? — Revelou após exalar o ar de seus pulmões. — Além do mais, como foi eu quem terminei, ela deve estar me odiando agora. — Concluiu reflexivo.
— Chateada, talvez. — Deu de ombros dedutiva. — Mas te odiar, eu duvido.
A suposição aliviou o europeu que, apesar de tudo, carregava diariamente o peso de se distanciar da garota que amava.
— Por favor? — Ela pediu novamente.
Por fim, Garen foi convencido pela amiga; encorajado, ele buscaria uma conversa com a ex-namorada teimosa. Sorrisos simples se fizeram nas faces dos dois amigos e o rapaz aproveitou o momento para descontrair:
— Toca aqui. — Ele chamou, oferecendo o bíceps direito robustecido com uma pose característica. — Vem, toca.
Quinn levou a palma à massa muscular do francês, sentindo o enrijecimento e umidade do lugar.
— O que achou? — Perguntou com um sorriso satisfeito do resultado de sua disciplina e esforços diários.
— Suado. — Ela provocou, limpando a mão na camisa do amigo. Logo se arrependeu do próprio ato ao sentir o tecido encharcado do rapaz. — Merdi, Garen.
Uma risada do mais alto se fez presente ao ver a careta enojada da amiga.
— Bobo. — Sorriu ela, acompanhando a diversão do francês.
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— Então você registra o pedido aqui antes de ir para o pagamento. — Sivir sinalizou a tela do obsoleto computador do estabelecimento. — Aí se for por telefone ou aplicativo, dirá se é para entregar ou retirar. — Explicou, voltando a encarar a sua aprendiz ao lado. — Entendeu?
— Fácil. — Katarina assentiu.
— Ótimo. Agora esqueça tudo. — Curvou os lábios satisfeita, ganhando um semblante confuso da austríaca. — Como o sistema sempre trava, então... — Jogou uma caneta e um bloco de notas sobre a bancada, olhando em seguida para o debilitado braço direito da ruiva. — Espero que seja canhota. — Finalizou, ainda sorrindo de canto.
— Por que será que não me admira esse sistema pré-histórico daqui? — Debochou a ruiva.
— Pelo menos até que paga bem para ser um emprego de meio período. — Deu de ombros, buscando algo embaixo da bancada de atendimento; em seguida, ergueu os braços com um objeto em mãos. Então, sobre a cabeça da europeia, Sivir colocou um boné vermelho com o símbolo do estabelecimento. — Agora sim. Bem-vinda à família. — Ironizou.
Trocaram risos simples antes de ouvirem o sino da entrada do estabelecimento anunciar a chegada de alguém conhecido. Ao adentrar no local, Quinn aproximou-se e sentou-se na banqueta alta do balcão de atendimento.
— Olha só, faz duas horas e você ainda não foi demitida... — Comentou, olhando para o relógio pendurado na parede do lugar — É um novo record.
— Rá. — A ruiva não se abalou com a brincadeira, devolvendo um olhar tranquilo.
Tranquilo até demais para o que havia passado no dia anterior.
Quinn então observou-a manusear os objetos sobre a bancada com a mão disponível, guardando-os abaixo do balcão.
— Você é canhota também? — Perguntou.
— Agora sou. — Katarina afirmou simples enquanto contava mentalmente as cédulas monetárias da caixa registradora recém-aberta por ela.
— Você poderia ter esperado mais antes de, sei lá... expor o seu braço.
— Tsc. — Estalou a língua. — Não é como se eu fosse puxar peso aqui, né. — Deu de ombros, fechando a caixa registradora antes de voltar a fitar os âmbares a sua frente. — E eu preciso da grana para arranjar um lugar.
— Eu não estou te apressando, Katarina.
— Mas eu estou. — Afirmou em tom cansado. — Agora se me der licença, eu tenho que bater meu record de duas horas sem ser demitida. — Concluiu, esboçando uma curva nos lábios acompanhada de uma piscadela.
Quinn assentiu, divertindo-se simplória. Apesar de tudo, a ruiva não parecia tão abalada com a sua atual situação... ou era o que ela demonstrava.
— Justo. — Levantou-se do banco a tempo de agarrar um recipiente de mostarda que Katarina não foi capaz de segurar junto aos outros objetos. Sem esforço, a belga colocou o frasco intacto novamente na bancada, recebendo um longo suspiro da outra europeia. — Tenha um bom trabalho.
— Valeu. — Agradeceu simples.
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Sentiu uma pequena silhueta atravessar a larga porta de entrada da Ordem das Sombras, ofuscando o brilho do sol que cruzava o local. Ao finalmente vê-la ali em seu território, Kayn alegrou-se.
— Kali, meu amor! — Abriu os braços ao vento com um semblante contente. — Senti saudades.
A japonesa então se deteve em pé no meio do amplo ambiente, pousando as mãos na cintura.
— Vim fazer você se arrepender de ter apostado comigo. — Disse, confrontando-o.
— Veremos. — Ele sorriu confiante. — Ah, aliás, eu vi o seu vídeo brigando... Você estava pleníssima, até mesmo na parte que apanhou.
— Eu não apanhei. — Cruzou os braços, pronta para se justificar. — Só estava propositalmente equilibrando a luta.
— Sei. — Aproximou-se, divertindo-se do gênio ácido da garota. Então fitou a ferida em cicatrização que traspassava o lábio inferior dela. — Um beijo meu aí e isso sara rapidinho. — Galanteador, ele sugeriu.
— Vamos logo ao que interessa, Kayn. — Ignorou-o. — E espero que esteja pronto para perder.
— Mas para que a pressa de ir ao meu quarto, amor? — Sorriu travesso. — Vem, eu quero te mostrar algo antes.
Desconfiada, a japonesa ergueu uma sobrancelha. Contudo, não tardou em ceder à sua curiosidade. Logo atrás do anfitrião, ela o acompanhou a subir as escadas.
— E aí, o que achou? — Já em outro cômodo, Kayn perguntou indicando o elemento localizado inferiormente.
— Pequeno. — Com o pescoço flexionado para baixo, ela respondeu sincera. — Mas é fofo.
— Era menor ainda, mas está crescendo rápido. — Deu de ombros, satisfeito.
Akali então ergueu o olhar para encará-lo, ainda com as mãos apoiadas nas grades do berço.
— Pelo menos puxou à mãe. Imagina, que azar, puxar ao Zed... — Mostrou um sorriso provocante. — Teria até pena.
O rapaz acompanhou à curva dos lábios da garota, sorrindo também.
— Concordo. — Assentiu. — Espero que os nossos filhos puxem à mãe deles também. — Com ar vitorioso, ele devolveu a provocação.
Ela revirou os orbes amendoados, afastando-se do turco.
— Você não se cansa de ser chato, Kayn. — Afirmou entediada. — Vem, vamos acabar logo com isso. — Chamou o garoto, retirando-se do quartinho do bebê dorminhoco.
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Empenhada, apesar dos obstáculos, Katarina concluíra com facilidade as demandas do novo trabalho. Ao terminar de entregar um pedido à cozinha, a austríaca virou-se e ergueu o olhar, notando uma inesperada presença no estabelecimento: Garen.
Então a bomba cardíaca da jovem inevitavelmente disparou.
— O que faz aqui? — Ela perguntou tentando ocultar a surpresa em vê-lo ali.
— Oi, Kat. — Cumprimentou-a, caminhando até ficar o mais próximo possível dela, separados somente pelo balcão de atendimento. — Eu vim saber como você está.
Estática, ela ficou pensativa com a pergunta. E a julgar pelo tom do rapaz, com certeza ele já estava sabendo de algo.
— Estou ótima. — Afirmou sem pestanejar.
O francês suspirou cansado em, novamente, não obter uma resposta sincera dela. Fitou-a por longos segundos, emudecido, analisando seus traços e segurando-se para não tocar na pele alva e macia que tanto seus dedos conheciam. Os olhos azuis então descenderam, parando no braço imobilizado dela.
Levemente assustado com o que vira, Garen expandiu as pupilas. Daquele importante detalhe, Quinn não havia lhe comentado nada.
— O que está acontecendo, Katarina? — Indagou baixo e ameno, mas sério o suficiente para ela perceber uma preocupação maior vinda do rapaz.
A ruiva nada disse, mas seus olhos tardaram em deixar de contemplá-lo.
E ainda encarando os verdes que refletiam a sua imagem, a grande mão do francês pousou na pequena da austríaca, insistindo, com a atitude, na pergunta prévia.
— Não é lugar de conversa. — Ela desvencilhou-se de seu toque ao deslizar a canhota pela bancada. — Estou trabalhando e você está formando fila.
O rapaz suspirou ao finalmente perceber novos clientes atrás de si. Há quanto tempo ficaram se encarando? Engoliu em seco, antes de formular um pedido qualquer.
— Uma pizza pequena de quatro queijos. — Disse ele, ganhando tempo no lugar.
Ela coçou a sobrancelha antes de expirar o ar de seus pulmões.
— Certo. — Tomou o caderno de anotações e se pôs a escrever em garranchos. — Para a viagem, né? — Indagou em retórica, mas então ela logo foi refutada.
— Não.
Surpreendidas, as esmeraldas o fitaram de relance já entendendo que ele não sairia dali tão cedo...
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— Obrigada por tudo, Shen. — Sorriu para o homem. — Se não fosse por sua ajuda, eu não sei o que seria de nós dois. — Concluiu, pousando o agradecido olhar no berço com o seu bebê.
— Fico contente que estejam bem. — Ele retribuiu aliviado, observando o pequenino adormecido. — É o que importa.
Syndra ergueu a vista e levou a mão para pousá-la no ombro do japonês.
— Perece que me casei com o irmão errado. — Brincou, arrancando um sorriso recíproco do homem.
— Fazer o que se sempre escolhem ele. — Deu de ombros, divertindo-se da verdade em seu próprio comentário.
— É porque nós mulheres temos mau gosto. — Ela lançou uma piscadela, risonha.
Ele viu a mulher voltar a admirar o berço, perdendo-se bobamente na imagem do filho.
— Syndra, eu preciso te perguntar se vocês estão precisando de dinheiro. Digo, o hospital é caro e vocês passaram um bom tempo lá...
— Eu sinceramente achei que íamos precisar. — Confessou sem jeito, voltando a fitá-lo. — Mas o Zed disse para eu não me preocupar.
O semblante de Shen tornou-se pensativo.
— Conhecendo o Zed, ele não admitiria se estivesse precisando. — Concluiu o japonês.
— É, não admitiria. — Ela concordou, em seguida suspirando em cansaço. — Mas está tudo bem, Shen. Obrigada por perguntar.
Então eles ouviram o eco de acusadoras palavras adentrarem ao ambiente.
— A Akali está aqui? — Indagou confuso ao reconhecer a voz ao longe da afilhada.
— Parece vir do quarto do Kayn. — Syndra constatou.
O homem afastou-se calmamente do recinto para não despertar o sobrinho, mas ao chegar no corredor do lugar, ele disparou em direção ao cômodo que supostamente estaria a sua afilhada.
— Foi injusto, sim! — Akali protestou em negação.
— Te busco duas horas antes. — O turco empolgou-se vitorioso, comemorando com um gesto característico. — Esteja pronta para mim.
— Nem pensar, você roubou! — Contestou ainda indignada.
— Não tem como roubar nesse jogo, meu amor. — Cruzou os braços, cínico. — Eu só sou melhor mesmo.
— Kali? — Shen chegou no ambiente, buscando com o olhar qualquer resquício de problemas ali. — O que faz aqui sozinha com ele?
— Esse idiota me roubou no jogo. — Acusou o turco, ignorando a preocupação nítida do padrinho.
Aliviado ao entender que a discussão não passava de uma competição boba, o homem exalou o ar pela boca.
— É só um jogo, Kali. — Sem entender a gravidade daquilo, ele apaziguou a situação. — Aprenda a perder também.
— Mas...
A mão do homem interrompeu a justificativa dela em um sinal simples. Então ele deu as costas, esperando a afilhada acompanhá-lo para sair do lugar.
— Não esqueça do horário marcado, Kali. — Kayn disse para a garota, provocando-a.
— Que papo é esse? — Shen virou-se perplexo.
— Ela vai sair comigo. — Deu de ombros, recebendo o controle das mãos femininas. — Faz parte da aposta.
Os orbes do homem japonês se expandiram, e ele engoliu em seco quando mil e uma possibilidades passaram em sua mente.
— Sa-sair? — Gaguejou incrédulo — Mas isso não é algo válido. — Intrometeu-se no assunto, nada contente. — Por que não fazem outra aposta para, tipo, pararem de se falar?
Kayn sorriu pomposo, aproximando-se dele.
— Bela tentativa — Deu tapinhas sarcásticos no ombro do mais velho. — Mas aprenda a perder também, Shen.
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— Você nem tocou na sua pizza. — Katarina disse em pé ao lado do ex-namorado, limpando a mesa com um pano úmido. — Por que pediu então?
— A que horas você termina? — Ele buscou os distraídos olhos femininos, ignorando a pergunta da dona daquelas marcantes esmeraldas.
Garen pôde perceber um suspiro cansado escapar sutilmente das narinas austríacas antes de encará-lo séria.
— Deixa-me adivinhar como você soube que eu estaria trabalhando aqui... — Supôs em um tom constante e sóbrio, evadindo-se da pergunta dele. O francês nada disse, mas a resposta já era bem óbvia para ela. — Vai para casa, Garen.
— Eu só vou sair daqui quando a gente conversar, Katarina.
— Conversar o quê? — Retrucou impaciente. — Eu já disse que estou bem; você também parece bem; então tudo está perfeitamente bem!
— Quem fez isso no seu braço? — Ele contrapôs persistente.
— Eu... — cerrou as pálpebras brevemente, buscando qualquer outra resposta alternativa. — Imprensei na porta do carro sem querer.
Ela voltou a abrir os olhos, tentando parecer mais convincente com as próprias palavras. Contudo, não havia funcionado.
— Eu não acredito. — O francês a confrontou, tentando tocar no antebraço sadio dela.
— Então por que pergunta, porra?! — Em um movimento mal calculado, afastou o membro do toque do ex-namorado, esbarrando o cotovelo contra um funcionário no qual carregava uma bandeja cheia de copos e garrafas de vidro.
O barulho de cristais se rompendo no chão ecoou pelo ambiente, chamando a atenção do lugar e de seu dono.
Sivir adentrou com a mochila de pedidos vazia, colocando-a sobre a bancada do estabelecimento para uma nova leva de pizzas. Olhou para o burburinho do lado oposto do espaçoso lugar, percebendo cacos de vidros no chão, bebidas derramadas e uma Katarina nitidamente controlando a sua fúria.
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Bateu três vezes a colher contra a capa dura do caderno, chamando a atenção dos membros presentes.
— Reunião de família número trinta e sete está em aberto. — Disse Seraphine em uma postura teatralmente séria. — Xayah, a palavra é sua.
— Eu convoquei esta reunião para decidirmos o futuro desta família. — Xayah comentou, caminhando lentamente sobre o tapete estirado na sala — E como todos já sabem, e podem ver bem... — apontou para o rosto frustrado da sul-coreana sentada no sofá — um de nós foi covardemente atacado, em território inimigo, e sem chance alguma de defesa.
Ahri suspirou melancólica, concordando com as palavras ditas.
— Alguma sugestão? — A argentina indagou ao parar no centro do ambiente, buscando o olhar de cada um à sua volta.
— A gente dá um sacode firme nele! — Rakan fechou o punho, exalando um ar exageradamente vingativo.
— Nele? Mas estamos falando da Katarina, meu amor. — A parceira explicou em paciência.
— Ah. — Cruzou as pernas, acomodando-se desinteressadamente no encosto do sofá. — Não me meto em briguinha de garotas. — Concluiu soberbo.
A de madeixas cor magenta trocou olhares com a sul-coreana, e ambas reviraram sincronicamente os globos oculares.
— E que tal você e a Katarina esquecerem tudo e virarem amigas? — Seraphine interveio animada, quebrando o breve silêncio formado no ambiente.
Ahri fitou séria a caçula do grupo ao ouvir aquele absurdo. Sem chances!
Então o olhar firme da sul-coreana foi suficiente para a chinesa e a sua brilhante ideia recuarem.
— Ou podemos tentar uma abordagem direta e dar na mesma moeda. — Xayah sugeriu.
— Mesma moeda? — Em tom irônico, a voz de Sarah se fez presente. — Teoricamente ela já devolveu o que vocês haviam feito no primeiro dia de aula.
— Nós? — Ahri interveio. — Eu só desviei, nunca bati nela! Se alguém merecia um olho roxo era a Xayah, não eu. — Cruzou os braços, indignada.
— Valeu mesmo, boluda. — A argentina retrucou irônica. — Eu só estava te defendendo, sua ingrata.
— Gente, assim não estamos chegando a nenhuma solução. — Seraphine disse, batendo novamente a colher na intenção de interromper a pequena discussão entre as outras garotas. Então buscou a palavra do canadense surpreendentemente calado. — Ez, fala algo.
Murmúrios.
Era somente o que Ezreal ouvia ao longe.
Desperto, mas perdido em profundos sonhos, ele não escutara ser chamado. Na verdade, há dias ele não escutava nada... Afinal, repetir incansavelmente a cena de seu primeiro — e rápido — selinho em Lux era muito mais interessante do que os problemas contínuos daquela casa.
Porém, e involuntariamente, os pensamentos do rapaz se voltaram à outra de suas paixonites. “Como deve ser o beijo da Kai?”, perguntou-se em curiosidade antes de sentir um peteleco na nuca chamar a sua atenção.
— Ezreal! — Xayah clamou sem paciência.
— Seja lá qual é o problema da Ahri, ela é líder de torcida. — Despreocupado, o jovem loiro deu de ombros. — Tem o seu poder. — Sugeriu em despretensão, voltando a se perder em pensamentos mais atraentes.
Contida, Seraphine suspirou ao imaginar o motivo do amigo canadense estar todo avoado ultimamente.
— Mas ela é uma atleta agora. — Ahri relembrou com desdém antes de se atentar para a própria informação dada. — É isso, ela é atleta! — Virou-se para os amigos pronta para sugerir uma solução. — É só a Quinn tirá-la do time de futsal.
— É uma ótima ideia. — Xayah concordou, buscando o olhar da amiga porto-riquenha. — Né, Sarah?
Antes de semblante sério, deu-se lugar a uma risada sarcástica vinda da caribenha.
— Essa foi a pior solução de todas, francamente! Eu é que não vou me meter no time da minha namorada. — Levantou-se do assento — Agora se me dão licença, tenho que estudar já que perdi todos os privilégios de uma líder de torcida. — Relembrou ressentida, encarando propositalmente a amiga coreana antes de dar-lhe as costas. — La puta madre, eu não acredito que deixei de passar o dia transando pra isso aqui...
Entre resmungos sinceros, a porto-riquenha se retirou da sala, encerrando propositalmente a sua presença naquela reunião. Afinal, e depois de tudo, era melhor se isentar de toda aquela ladainha, já que ajudara silenciosamente a rival de suas amigas.
— Ela deve ainda estar ofendida. — Rakan supôs o óbvio. — Com razão, né dona Ahri. — Completou, soprando as próprias unhas antes de friccioná-las em seu peitoral.
Incomodada, Ahri suspirou massageando pacientemente as têmporas. A sua melhor amiga nem dera bola para a sua situação de merda...
— Sério, vocês precisam se resolver logo. — Xayah afirmou fitando a líder de torcida. — Mas até lá... — Abriu um sorriso cheio de intenções. — Você já sabe onde a Katarina mora... Só nos dê o endereço.
— E o que vocês vão fazer lá? — Perguntou em uma súbita curiosidade.
O casal se entreolhou com sorrisos ladinos.
— O que fazemos de melhor. — Ela respondeu.
— Caos. — E Rakan completou.
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À passos firmes, Katarina ingressou ao quarto aberto. Surpresa ao sentir a presença da austríaca em seu dormitório, Quinn desconcentrou-se de seus estudos, erguendo rapidamente o olhar para constatar a aproximação intimidante — e veloz — da outra europeia.
— Eu quase fui demitida, e sabe por quê? — Disse ao alcançar a belga sentada na cadeira, curvando a coluna para seus rostos ficarem na mesma altura. — Porque, por algum milagre mirabolante, — rosnou irônica — o Garen entrou naquela pizzaria para supostamente quebrar a dieta super proteica dele. — Franziu o cenho, pronta para altear o tom — Mas, adivinha só, ele nem tocou na pizza pois, na verdade, só foi lá para saber da minha vida! — Finalizou, golpeando firme a canhota no livro aberto sobre a escrivaninha.
Quinn suspirou calmamente ao supor a frustração da ruiva: as coisas com certeza desandaram.
— Mas isso é ótimo. — Rebateu tranquila, sem desviar nem sequer da firme e ameaçadora troca de olhares entre elas. — Sinal de que ele ainda se importa contigo.
— Argh! — Irritou-se com a postura sossegada da outra europeia, ainda mais por não ter conseguido amedrontá-la. — Fala sério, sua fofoqueira!
— Eu só quis ajudar, Katarina. — Justificou-se transparente. — Só achei que vocês deveriam conversar melhor.
— Não, você não tem que achar nada! — Vociferou impiedosa. — O Garen e eu não temos nada a ver contigo!
— Jura? — Ergueu uma sobrancelha, indignando-se com o timbre da austríaca. — Então por que isso está afetando diretamente a minha vida?
A ruiva balançou a cabeça em negação, exalando um riso nervoso.
— Você acha mesmo que eu queria estar aqui me humilhando logo para você porque não tenho para onde ir?! — Disse entredentes.
— Não é humilhação. — Perdendo o semblante antes calmo, Quinn rebateu séria. — Para com isso, não foi o que eu quis dizer.
Um pigarro chamou-lhes a atenção na entrada do quarto, quebrando a troca de olhares próxima e desafiadora entre elas. Então Sivir adentrou cinicamente ao cômodo com um caderno em mãos.
— Que tal descansar, Katarina? — Deteve-se em pé ao lado da belga, forçando-as a se afastarem com a sua presença. — Está atrapalhando de ela terminar as atividades para eu poder colar.
— Tanto faz. — Indelicada, a ruiva disse antes de se retirar do recinto, exalando um sugestivo aborrecimento com a situação.
As garotas restantes no lugar se entreolharam.
— Atrapalhei alguma coisa? — A egípcia perguntou.
— Estava tudo sob controle.
— Claro, eu acredito. — Fingiu em sarcasmo antes de se sentar no colchão da amiga. — Agora termina logo essa atividade aí que eu tenho mais o que fazer, meu bem. — Acomodou-se no móvel, recostando preguiçosamente as costas na cabeceira. — Aliás, essa cama tem cheiro de Caribe.
— Cala a boca. — Ordenou brincalhona.
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