Sarada Uchiha
Diferente do que eu havia imaginado, o espírito do garoto loiro não apareceu assim que coloquei os pés dentro de casa, ou então quando subi correndo em direção ao meu quarto na esperança de que ele estivesse me esperando por lá, assim que abri a porta com tudo, o chamando feito uma bobona.
"Fantasma idiota..."
Tampouco surgiu no fim da tarde, quando fui fazer um lanche na cozinha, preparando de propósito, o tipo de sanduíche que sabia ser um dos preferidos de Boruto, que por ser capaz de absorver um pouco das minhas energias, se comprazendo com o gostinho do alimento, enquanto eu comia, fazia questão de sempre me acompanhar.
E foi assim durante o restante do dia.
Nada de Boruto Uzumaki.
Nem um sorriso debochado, nem um olhar penetrante, ou uma porta fechando-se sozinha, nada.
Eu estava sendo lindamente ignorada de propósito por um ser incorpóreo sentimental e para piorar, estava odiando tudo aquilo.
Parecia coisa do destino.
Justo quando tinha decidido confrontá-lo sobre o passado, com as poucas informações que havia conseguido no Folha Verde e através daquele falastrão do Code, esse fantasma irritante, decidiu fingir que eu não existia.
Boruto estava fugindo de mim.
Muito embora o loiro não aparecesse visivelmente, como se estivéssemos conectados, eu podia sentir sua presença pela casa o tempo todo.
Me rondando, vigiando, sempre por perto, cômodo por cômodo onde quer que eu estivesse.
Porém me evitando a todo custo, por algum motivo que eu não ainda não compreendia com exatidão, tornando tudo mais complicado.
Sim, complicado. Muito complicado.
Porque o vazio deixado por Boruto em apenas um dia, doía sem precedentes, de um jeito diferente, o frio incomodava, e a sensação de abandono machucava de um jeito patético, me fazendo perceber o quanto havia ficado dependente daquele maldito fantasma dos olhos azuis.
Eu era um caso perdido, a ser estudado por psiquiatras renomados, ou quem sabe vestir logo de uma vez uma camisa de força.
Talvez tenha sido porque Boruto era o que eu tinha de mais próximo de um amigo ou talvez fosse porque ele foi o primeiro garoto por quem eu havia me interessado. Na realidade, eu não sabia o porquê. Eu não sabia de droga nenhuma. Apenas tinha consciência de que simplesmente não conseguia lidar com o fato de ser deixada de lado.
Não foi o silêncio sem as tagarelices do espírito do garoto loiro, não foi a suposta solidão sem a presença visível dele naquele dia. Não havia sido nada disso e eu sabia bem, qual era o problema que me afligia por dentro.
Merda! Mil vezes merda!
Como pude ser tão burra ao ponto de deixar isso acontecer? Desenvolver sentimentos por alguém que não era de carne e osso?
"A garota maluca que se afeiçoou pelo fantasma bonitão de sua casa"
E mesmo que existisse a remota possibilidade de Boruto não estar morto, como eu desconfiava que fosse o caso e ele retornasse à vida, muito provavelmente nem se lembraria da minha insignificante existência.
Ainda mais com um passado libertino como o dele, repleto de garotas bonitas aos seus pés e Sumire Kakei como sua namorada oficial.
Com o ciúmes me corroendo feito ácido por dentro, mordi sobre os dentes diante da óbvia constatação.
Ferrada!
Estava ferrada, de qualquer maneira e precisava corrigir esse "erro fatal", antes que a minha situação se agravasse ainda mais.
– Chega Sarada! Isso já tá ridículo demais...
Suspirei fundo em derrota, decidindo não pensar mais sobre esse assunto desgastante.
Tinha passado praticamente o dia todo raciocinando, tentando entender o quê de fato havia feito de errado para merecer esse tratamento do silêncio por parte de Boruto. Porém, ainda sem compreender os motivos do espírito do garoto loiro, desisti de tentar, já de saco cheio de me martirizar.
Engoli em seco, sentada com os pés apoiados na escrivaninha, girando levemente na cadeira gamer de um lado para outro, olhando com atenção ao redor do quarto para cada item de Boruto, sentindo uma saudade insana desse idiota.
Num misto de mágoa e rancor, sorri um tanto satisfeita com a minha súbita resolução, pronta para colocá-la em prática, por mais que fosse ser um desafio.
Havia sido bom enquanto durou, todavia, eu já tinha aceitado a minha realidade bem antes de conhecer o fantasma dos olhos azuis. E sabia que essa coisa de felicidade, de ser feliz e distribuir sorrisos, definitivamente não era para mim.
E se Boruto queria brincar desse jogo ridículo de esconde e esconde, se fazendo de indiferente.
Ahh então eu jogaria para ganhar e mostraria para esse petulante quem era Sarada Uchiha.
– Você vai continuar fingindo que eu não existo, Boruto? Pois bem... farei o mesmo com você, idiota!
Gritei de dentro do quarto, sentindo meu coração palpitar e olhos teimosos marejarem contra a minha vontade.
(...)
No final do dia, depois de muito reclamar, tinha decidido aproveitar a ausência do espírito do garoto birrento, para tentar entrar na biblioteca do pai dele, Naruto Uzumaki, que permanecia trancada até então.
Queria saber mais sobre essa família que tinha sofrido com a tragédia da casa, queria saber mais sobre Boruto e também a estranha relação de amizade dos Uzumaki com o meu pai.
Tinha curiosidade em saber onde moravam agora, o que faziam da vida e o porquê estavam ajudando tanto a gente.
Qual o real interesse dessas pessoas na minha família?
Seu Sasuke me contou ser amigo de infância de Naruto. Estudaram todos juntos no Folha Verde, incluindo a mãe de Boruto e a minha. Não sabia de muitos detalhes, pois meu pai sempre foi uma pessoa bem fechada e todas as fotos antigas dessa época haviam sido encaixotadas junto das demais que minha mãe estava presente.
Uma medida de caráter duvidoso, para evitar sofrimento, era o que ele tinha o hábito de dizer para se justificar, após ter se livrado de todos os pertences de Sakura Haruno Uchiha, não restando qualquer item dela, que pudesse lembrá-lo do passado.
Ou então, o ditado popular:
O que os olhos não veem o coração não sente.
E toda vez que eu escutava essa frase, meu estômago se revirava e a vontade de matar o desgraçado que havia dado início ao nosso tormento só aumentava.
"Um dia... um dia... ainda o faria pagar"
Balancei a cabeça a fim de afastar momentaneamente, esses pensamentos obscuros, embora fosse quase impossível.
A discussão, o acidente, o hospital, o velório da minha mãe, eram cenas que se repetiam em minha mente, constantemente. Como se fosse um lembrete, para eu não esquecer do que deveria fazer.
Não engoli muito bem o porquê, desse casal de melhores amigos dos meus pais terem faltado no enterro dela. Se eram todos tão próximos assim, por que é que não foram prestar condolências?
Seu Sasuke contou que na época, os Uzumaki enfrentavam uma fase difícil e não podiam viajar. Que tipo de amigo era esse que não podia deixar a cidade para prestar apoio ao outro que acabou de perder a esposa? E que situação era essa? Era no mínimo tudo muito estranho.
Não que eu ligasse para esse tipo de frescura social, estivesse julgando as atitudes ou cobrasse alguma posição da família de Boruto que eu nem conhecia.
Fato era que, agora que eu tinha ciência do nível de proximidade que existia entre meus pais e os Uzumaki, tudo se tornava um pouco suspeito.
Levantei-me num impulso da cadeira gamer, na intenção de tirar o uniforme do colégio sem me importar se Boruto estaria por ali.
Normalmente, quando costumava me trocar, pedia para que ele se retirasse do cômodo. Porém, já que o loiro havia resolvido me ignorar, faria o mesmo com ele.
Sorrindo maliciosa, liguei o som do quarto, escolhendo uma das músicas da banda preferida de Boruto e ficando de frente para o espelho, de modo provocante, desabotoei botão por botão sem pressa alguma, da camisa branca que usava, expondo a lingerie preta que havia por baixo, despudoradamente.
E foi instantâneo.
Um calor absurdo me consumiu por completo, como se me envolvesse fortemente, tão sufocante que quase arranquei de uma vez o restante das peças de roupa que vestia.
Ofegante, respirando com os lábios entreabertos, o coração batendo a milhão, levei ambas as mãos até o pescoço, sentindo aquela região quente, muito quente, parecendo pegar fogo.
Nunca havia sentido algo igual e sinceramente naquele momento eu não ligava, não raciocinava e tampouco me importava com mais nada.
Só queria mais.
Fechei os olhos, quando uma sensação de borboletas agitadas surgiu no meu estômago, minhas pernas amoleceram, e um torpor prazeroso me dominou, me abraçando, apertando e me esquentando, cada vez mais e mais, num ritmo alucinante, me fazendo desejar que essa sensação tão boa, tão gostosa, e tão reconfortante não acabasse jamais.
Era como se estivesse pisando em nuvens, o cheiro forte de orvalho no ar, ajudava a me embriagar, juntamente com um sentimento de pertencimento, de carinho, misturados com desejo e paixão.
Ainda de olhos fechados, instintivamente, meus lábios buscaram por algo, ou talvez por alguém que nunca veio.
E, tão rápido como havia começado, de repente, tudo estava terminado.
Frio, muito frio, ao ponto de todos os pelinhos do meu corpo se arrepiarem e novamente o vazio, aquele mesmo vazio dolorido que me acompanhou ao longo do dia, foi sentido, seguido por frustração e saudade.
– Céus...o-o que foi isso?
A pergunta havia sido retórica.
Eu podia não ser experiente, mas também não era nenhuma boboca ingênua.
Sabia reconhecer as reações do meu corpo, o sentimento, as vontades e principalmente o responsável por tudo aquilo.
Boruto Uzumaki.
Droga! Mesmo sem falar comigo, mesmo sem aparecer na minha frente, o espírito do garoto loiro ainda assim era capaz de exercer um poder descomunal sobre mim.
– Merda... Sarada sua fraca!
Praguejei contra mim mesma, enquanto seguia na direção do banheiro, ao mesmo tempo que arrancava o restante do uniforme, puta da vida por ter sucumbido e cedido tão facilmente ao loiro.
– E você?! Eu sei que tá aí... Boruto!! Fique longe de mim!
Isso não iria ficar assim. Não podia dar esse gostinho de vitória a ele.
– Mas que droga!!
Precisava começar a agir mais racionalmente, antes que metesse os pés no lugar das mãos. O problema era que aquele irritante mexia demais com meus neurônios, com meu corpo e arriscaria dizer até com a porcaria do meu coração.
Perto de Boruto, eu simplesmente não conseguia respirar direito, raciocinar propriamente e seguir com o que tinha me proposto a fazer, ou seja, me afastar.
Diante de tal constatação absurda, entrei de uma vez debaixo d'água fria na intenção de recuperar o juízo perdido através de uma ducha gelada, quase congelante.
Quem sabe assim eu voltava a ser a mesma Sarada de antes. Àquela que não era uma bobona rendida facilmente por um fantasma bonitão.
(...)
Depois de passar vários minutos me torturando na água fria do chuveiro, falhando miseravelmente na tarefa, vez que tudo o que fiz foi pensar no garoto loiro.
Saí de lá, ainda mal-humorada, porém logo abri um sorriso genuíno ao encontrar o armário aberto e uma peça de roupa pendurada num cabide na porta, parecendo ter sido escolhida a dedo para ser usada.
– Boruto...seu...seu...
Era uma das camisetas velhas dele que eu tinha o hábito de usar para dormir, e ele sabia disso.
Nada demais, sem qualquer significado importante para mim.
Era só que eu gostava daquele cheiro bom que o tecido exalava e nas noites que dormia vestida com as roupas do loiro, os pesadelos não me assombravam. Como se eu estivesse protegida, numa espécie de armadura de pano.
Nada demais, mera coincidência. Era apenas uma peça de roupa como outra qualquer.
Tentei me convencer, respirando fundo para evitar um sorriso.
Me troquei rapidamente, colocando a tal camiseta, apenas pela praticidade de já estar por ali, e deixei o quarto, determinada a prosseguir com o plano de invadir a biblioteca de Naruto Uzumaki.
Meu pai estaria de plantão na delegacia naquela noite, retornando para casa apenas de madrugada, o que me deixava com tempo suficiente para explorar o lugar caso conseguisse entrar por lá.
Andando de um lado para outro na frente da suntuosa porta de mogno envelhecido, com detalhes delicados de ramos e querubins entalhados na madeira, tentei raciocinar qual seria o local secreto, mais provável que seu Sasuke poderia ter escondido a chave daquele cômodo.
Quando, um click em conjunto com "uma luzinha" que acendeu do nada em minha mente, feito intuição, tipo um sussurro, fez surgir uma leve ideia.
– Caramba! Como não pensei nisso antes. – exclamei sozinha, correndo em direção a cozinha
Por conta da profissão na área da saúde, minha mãe tinha o costume de ser super rígida com a nossa alimentação, pegando no pé principalmente do meu pai que era maluco por chocolate.
Em casa, éramos obrigados a comer apenas coisas saudáveis, priorizando legumes, frutas, vegetais e proteínas magras, que dona Sakura cozinhava diariamente com prazer, criando receitas elaboradas e nutritivas.
Porém, esperto, meu pai havia dado um jeitinho de burlar essa regra.
Por vezes comprava barrinhas de chocolate e escondia dentro de um pote de farinha que quase nunca era utilizado, conseguindo assim saciar seu vício por doce.
Foram anos em que seu Sasuke agiu clandestinamente, imaginando estar enganando dona Sakura.
Até parece, coitado.
Porém minha mãe era uma mulher muito observadora e também deveras apaixonada. Fechava os olhos para algumas atitudes contraditórias do meu pai, incluindo os chocolates escondidos.
Era o jeito dela de fazer as coisas funcionarem entre eles. E dava certo. Muito certo. Eles eram felizes assim, ao ponto de dar inveja a muitos casais.
E com essa lembrança em mente deles, eu sorri triunfante ao encarar o vidro de farinha no armário da cozinha Uzumaki, antes de agarrá-lo como se fosse um tesouro, desrosqueando a tampa de modo apressado, meio estabanado, quase deixando cair tudo no chão, ao colocar meu braço lá dentro e revirar o pó branco.
BINGO! Achei a maldita chave.
(...)
Boruto Uzumaki
Covarde. Um puta de um covarde.
Escondido na porra do sótão, parecendo um criminoso, desde o momento em que Sarada havia entrado em casa. Era nisso que eu havia me resumido.
Era torturante, quase como um ato de auto flagelo.
Cada vez que a morena chamava por mim e eu a ignorava, um pedacinho do meu coração se quebrava por não a atender. Ao longo do dia, a luz repleta de calor que Sarada costumava irradiar, aos poucos, foi dando lugar a outra coisa, mais escura e fria.
E quando ela falou por fim, que iria ignorar a minha existência, doeu. Doeu pra caralho, mas foi inevitável.
Eu queria vê-la de pertinho, juro que queria. Queria me fazer visível para ela.
Precisava me certificar de que Sarada estava bem com os meus próprios olhos, depois do ocorrido quando a nossa conexão foi cortada do nada naquela hora, me deixando agoniado desde então.
Da mesma forma, que precisava ficar perto dessa bravinha, para satisfazer as minhas próprias necessidades egoístas.
Depois de tanto tempo vivendo isolado de tudo como um fantasma, sem ter contato com ninguém do mundo dos vivos, quis o destino, os céus, ou o tal plano da vida, que a Uchiha viesse me resgatar dessa solidão.
Ao lado de Sarada, eu sorria feito um besta, cada vez que ela me olhava irritada, cada vez que me xingava de idiota ou me chamava pelo nome como se estivesse me dando ordens.
Ela não fazia ideia do quanto me fazia bem, do quanto a presença dela me enchia de energia e calor, que por vezes eu até esquecia que estava quase morto.
Todavia, como um perfeito otário, eu tinha ferrado com tudo.
Sabia que havia feito merda e sabia que a Uchiha provavelmente iria brigar comigo.
Mas caramba.
Eu simplesmente surtei, perdi a cabeça e não consegui me controlar, quando vi Code abraçando a Sarada daquele jeito.
As mãos nojentas dele, explorando as costas dela, tirando proveito da situação e os lábios grudados no ouvido dela, muito provavelmente falando um monte de merda.
Conhecia bem aquele sujeitinho de cabelo ruivo, sabia do que ele era capaz de fazer quando se interessava em levar uma garota para cama. E jamais iria permitir que Code tocasse na Sarada.
Afinal, quem aquele babaca pensava que era?
Para vir até a minha casa e se esfregar com a morena na minha frente?
E por que diabos Sarada permitiu isso?
O que ela tava pensando?
Por que não seguiu o meu conselho?
PORRA!
Era eu quem deveria dar carona para ela e ir puxando assunto durante o trajeto, só para ouvi-la contar com seu jeitinho sarcástico, como havia sido no colégio.
Era eu quem deveria aproveitar cada semáforo vermelho do caminho para observar discretamente, os cabelos negros de Sarada balançarem com o vento da janela aberta do carro, enquanto ela sorria de alguma idiotice minha.
E quando chegássemos em casa, era eu quem deveria me apressar para abrir a porta do carro, estendendo a mão para auxiliá-la a descer. Sentindo o toque quente da sua pele na minha.
Era eu quem deveria abraçá-la, bem forte, mas bem forte mesmo, ao ponto de Sarada não querer me soltar nunca mais.
Era eu quem deveria ter os lábios perto da pele branquinha do pescoço dela, a fazendo arrepiar, com um sussurro ao pé do ouvido.
E acima de tudo era eu quem deveria estar vivo ao lado dela, fazendo tudo isso realmente acontecer.
Não como a droga de um fantasma que mal conseguia tocá-la ou senti-la com os próprios dedos. E sim como um garoto mortal, digno de satisfazê-la por completo. Como ela merecia. Como deveria ser.
– Nem pra ser amigo dela eu sirvo...
"Sem querer", por conta da raiva incontrolável sentida, arremessei com a força do pensamento, uma pequena banqueta contra a parede, desmontando-a por inteiro, como se isso fosse, de alguma forma, fazer eu me sentir um pouco melhor, aplacando as frustrações.
– Desculpa, Tia Anjo...
Resmunguei envergonhado, ciente de que se ela realmente estivesse presente, já teria me dado um esporro daqueles.
Porém, assim que a imagem da anjo da guarda surgiu em minha mente, automaticamente uma ideia um tanto contraditória nasceu ao mesmo tempo.
Sorri ladino.
Não seria moralmente correto o que eu iria fazer, mas dane-se, pouco me importei com as consequências. Já estava vivendo num purgatório, preso a essa casa e dominado pela garota dos olhos negros que havia invadido o lugar.
– O que de pior poderia me acontecer? Morrer de verdade? Hahaha ... talvez fosse até melhor. Pelo menos me manteria longe da tentação que era ficar no mesmo ambiente que ela.
Sarada Uchiha, meu pecado, minha ruína.
E foi com o pensamento fixo nela, que me concentrei o máximo possível para executar uma técnica para ficar o mais imperceptível possível, que Tia Anjo havia me ensinado.
Obviamente que não conseguiria chegar ao nível dela, afinal a anjo da guarda era uma especialista nisso. Nunca Tio Sasuke, tampouco Sarada haviam percebido a presença dela quando estava por perto dele.
Já a minha... os dois pareciam até conformados em aceitar que eu sempre estaria por lá. Cada um à sua maneira, é claro.
Para Tio Sasuke eu era uma espécie de "corrente de frio" indesejada", que ele tentava a todo custo eliminar.
Quanto a Sarada, eu gostava de pensar que era seu amigo imaginário, seu protetor. Embora desejasse ser muito mais que isso.
Bufei resignado, odiando saber que nunca a teria do jeito que gostaria. Logo eu iria aproveitar, iria abusar da minha condição incorpórea e me embebedar das energias de Sarada Uchiha.
Utilizando a técnica da anjo da guarda, deixei meu corpo totalmente imperceptível, de modo que a morena pareceu não perceber a minha presença, quando surgi no meu antigo quarto.
Não sei se havia funcionado com exatidão ou não e também pouco me importava.
Meus olhos azuis estavam presos, completamente hipnotizados, acompanhando cada movimento que Sarada fazia de frente ao espelho.
Sorrindo, a danada começou a dançar toda sensual e bem devagarinho foi abrindo a camisa do uniforme do Folha Verde, exibindo sua pele branquinha e em contraste com um sutiã preto que eu....
"Céus! Boruto...que isso? Que isso?"
Essa garota vai me levar à loucura, já que a morte não é uma opção viável.
Sarada sabia. Ela sabia que eu estava por perto e fez de propósito.
O que ela tava querendo com isso? Éramos amigos. Não éramos?
Não!
Definitivamente não éramos amigos, éramos mais que isso.
Sem exagero, mas em toda a minha vida, nunca havia me sentido tão vivo como naquele momento. Meu corpo se aqueceu parecendo um vulcão prestes a entrar em erupção e meu coração batia tão rápido que chegava a doer.
Queimando de dentro para fora eu avancei feito um desesperado, me aproximando de Sarada por trás a envolvendo em um abraço forte a muito desejado por mim e repleto de sentimentos e significados.
Ahh como eu a queria.
Sarada era minha. Tinha que ser minha. Não era justo isso.
Notando que o corpo dela reagia intensamente ao meu, mesmo que fosse algo puramente espiritual, decidi arriscar e me entregar de vez as vontades que eu fingia a algum tempo não existirem.
"Linda, você é toda linda....bravinha"
Sussurrei no ouvido de Sarada, antes de distribuir diversos beijinhos pela região do pescoço, a apertando pela cintura cada vez mais e mais contra o meu corpo. Delicia.
"Minha garota... Ahh minha garota você não tem noção do quanto eu quero te beijar..."
E quando eu ia inverter as nossas posições para poder reivindicar os lábios vermelhinhos de Sarada para mim, fui do nada transportado de volta para o sótão, dando de cara com um par de olhos verdes furiosos me encarando.
Eita ferrou, a casa caiu.
– Oi Tia Anjo... – sorri cinicamente, morrendo de vergonha e medo.
Continua...
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.