Boruto Uzumak
Bailes não eram propriamente uma das minhas atividades preferidas. E eu fugia desses eventos entediantes em que era forçado a participar, da mesma forma que um felino foge do banho.
Mesmo contrariado, eu compreendia o esforço feito pelo meu pai para que eu cortejasse e desposasse, uma dama honrada, que seguisse os preceitos dos bons costumes e da moralidade, para ser a minha futura esposa.
Não demoraria muito para eu herdasse o ducado dos Uzumaki, assumindo o posto que pertencia a meu pai e já havia sido de meu avô, ficando a frente de tudo e regendo os negócios da família.
Tão logo, uma boa esposa para ser a minha parceira, tal como mamãe sempre foi o alicerce e a força do meu pai, se fazia necessário.
Todavia, o que Naruto Uzumaki desconhecia era o fato de que, o meu coração já havia escolhido para este cargo, uma bela e jovem dama, anos atrás, quando eu ainda era um menininho arteiro e ela, uma garota geniosa.
Linda. Toda linda ela.
Filha do Barão do Vinho, Sarada Uchiha, me conquistou com uma facilidade impressionante, desprovida de qualquer esforço, baseada unicamente em sua divina existência, quando me deu a honra de conhecê-la durante uma partida de badminton, em uma tarde ensolarada.
Rainha sem precisar de uma coroa para ostentar o seu poder, a senhorita Uchiha permaneceu, primavera após primavera, reinando em meu coração, absoluta, sob um regime monárquico, sem qualquer objeção de minha parte.
E completamente dominado por seus encantos, eu, Boruto Uzumaki me entreguei a ela, de corpo e alma, assinando meu nome em uma certidão de pertencimento eterno, sem titubear. Mesmo tendo a ciência de que Sarada era um fruto proibido para mim.
Céus!
Eu era um menino que mal havia deixado a inocência da infância, quando reconheci ter sido arrebatado por sentimentos desconhecidos e intensos que afloravam, dia após dia na presença da garota que, diferente das demais bajuladoras, havia me chamado de idiota, quando me conhecera.
– Porque me acha idiota? – rindo de nervoso, eu questionei, caminhando para o outro lado da quadra, sem deixar esmorecer um sorrisinho presunçoso ao emendar. – As meninas costumam dizer outra coisa sobre mim... senhorita.
Arregaçando as mangas de seu vestido cor de rosa e semicerrando os olhos, Sarada me encarou como uma tigresa pronta para avançar sobre sua presa.
– E o que elas têm o hábito de dizer, sobre o senhor, U-zu-ma-ki?
O sobrenome pronunciado pausadamente, sílaba por sílaba, de forma proposital por ela, com a intenção de me provocar.
– Que eu sou o príncipe encantado que deveria resgatá-las... Todavia sinto agora em peito, que devo ficar unicamente ao seu dispor, senhorita Uchiha.
Respondi em um tom de flerte, notando-a graciosamente ruborizar no ato, comprimindo os lábios e desviando o olhar dos meus olhos azuis que a espiavam, desobedecendo os limites de etiqueta apropriados.
Nossa! Se Sarada soubesse como ficava especialmente bonita quando envergonhada.
Reunindo todo o restante do meu autocontrole para não a observar tão descaradamente, dei início a partida de badminton que mudaria o restante de nossas vidas, com o coração demasiadamente acelerado.
As nevascas rigorosas dos invernos passaram despercebidas ao longo dos anos, em que Sarada e eu crescemos e amadurecemos juntos, mantendo nossos encontros em absoluto segredo.
Os sorrisos tímidos da senhorita Uchiha todos reservados a mim, as trocas de olhares furtivas em público e o singelo roçar dos meus dedos nos finos dela, enquanto caminhávamos lado a lado, na companhia dos nossos demais amigos, pelo parque da cidade, só faziam o meu jovem coração desejá-la com mais intensidade.
Ahh e como eu a queria. Eu a queria com cada partezinha do meu corpo, de todas as formas que se era possível querer.
Arriscaria dizer que a desejei no instante em que meus olhos azuis pousaram nos negros de Sarada, que mais se assemelhavam a escuridão de uma madrugada que me assombrava, noite após noite, roubando-me o sono e tranquilidade matinal.
Eu a queria fervorosamente, como se precisasse da senhorita Uchiha para sobreviver, desde quando aprendi nas palavras escritas pelo mestre Jiraya, o que era um beijo de amor verdadeiro, entre um homem e uma mulher.
Amor verdadeiro.
Tremia só de imaginar como seria provar os lábios vermelhinhos de Sarada, hipnotizado todas as vezes em que ela proferia duras palavras com a sua língua afiada.
E por ela eu era capaz de cometer verdadeiras loucuras juvenis, certo de que padeceria no inferno pelos pecados cometidos, para satisfazer o belprazer.
Nosso primeiro beijo chegou de forma natural, assim como as chuvas torrenciais de verão, quando eu tive o privilégio de provar a doçura da boca de Sarada, me levando ao paraíso em segundos com apenas um roçar de lábios.
Entretanto, os fortes ventos de tempestade também trouxeram grandes mudanças.
Sarada era filha do Barão Uchiha, um viúvo misterioso, dono de abastada fortuna adquirida por conta de sua vinícola. E muito embora ele fosse possuidor de um título de nobreza, Sasuke Uchiha, não era bem-vindo na alta sociedade de Konoha, sendo apenas tolerada a sua presença.
O que dificultava e muito a minha relação com a garota por quem eu havia me apaixonado.
Algum incidente obscuro, enterrado nas entranhas do passado, fez da família da senhorita Uchiha um mal considerado necessário para os nobres, única e exclusivamente por conta do famoso vinho adocicado proveniente das uvas de suas terras.
E muito embora residíssemos na mesma alameda, fossemos praticamente vizinhos e nos encontrássemos casualmente em eventos da nobreza, nossas famílias ocupavam lados opostos nos pilares da sociedade de Konoha, tornando qualquer relacionamento entre nós dois, fadado ao fracasso.
Ainda assim, cientes de que um compromisso oficial estava fora de cogitação, Sarada e eu, fomos incapazes de impedir o desabrochar de nosso amor genuinamente verdadeiro.
Mantendo uma perigosa relação de encontros e desencontros no sigilo das sombras da madrugada.
Enquanto eu, Boruto Uzumaki, jovem promissor a suceder o meu pai, um dos principais nobres e aliados da rainha, era considerado a escória e indigno de ser um pretendente à mão da senhorita Uchiha, na opinião do Barão.
O mesmo não se podia dizer de Kawaki, único filho do Duque Kara.
Um antigo rival de caráter duvidoso, de Naruto nos negócios e amigo por interesse de Sasuke Uchiha.
Ou seja, uma conveniência amaldiçoada.
Kawaki era um jovem bem apessoado, dois anos mais velho do que eu, conhecido pelo seu temperamento silencioso e as inúmeras dívidas de jogo que ele mantinha escondido do pai.
– Devo me casar no próximo outono. Já está tudo acertado.
Ele confidenciou, ao se aproximar de mim, durante uma aula de esgrima em que fazíamos juntos, há algum tempo atrás.
– Ficastes maluco? Porque vais fazer tal coisa, quando você mesmo dizia abominar a ideia de se casar?
Perguntei perplexo, sentindo meu corpo congelar, dificultando a passagem de ar pelos meus pulmões, pressentindo o pior.
– Não sejas inocente, Boruto. Tanto você, como eu temos responsabilidades com o ducado de nossas famílias e iremos precisar de uma dama adequada para administrar o lar, enquanto cuidamos dos negócios. Precisamos ser práticos e escolher logo uma pretendente que preencha os requisitos minimamente necessários.
Após defender-se de um golpe com a espada agulhada, Kawaki explicou frívolo, como se falasse sobre a escolha da futura esposa da mesma forma que se escolhe um serviçal comum.
O que me causou náuseas, além de certa piedade, pela dama que iria desposá-lo, obviamente.
– És um egoísta isso sim, se pensas desta maneira. Uma esposa deve sim, ser uma dama digna de reger a nossa casa, mas também uma mulher capaz de ganhar o nosso coração. Que nos ame verdadeiramente e permita ser amada.
Respondi sem hesitar. Os olhos azuis flamejando em um misto de emoções e os pensamentos ligados secretamente à Sarada. Girando o florete no ar e dando dois passos à frente tentando acertá-lo, enquanto Kawaki soltava uma risada nasalada, empunhando sua espada no alto na intenção de defender-se dos meus golpes sucessivos.
– Amor? Tsch... Boruto, não gaste tempo com futilidades pueris. – ele estalou a língua e sinalizou para o mestre Kakashi que o nosso treino havia finalizado, caminhando calmamente para fora da área de combate.
E sentindo que meu coração estava prestes a sair pela boca, afoito por respostas, eu o contive pelo braço na ânsia de perguntar o que eu já temia saber.
– Oeee Kawaki. E... e posso saber o nome da dama com quem você pretende se casar? Eu a conheço?
As palavras saíram forçadas, queimando pela garganta e ele virou-se no mesmo instante, me encarando diabolicamente.
– Não sei dizer-te com exatidão, se a conhece, Boruto. – Kawaki iniciou sua fala esbanjando cinismo e eu mordi fortemente sobre os dentes para não avançar contra ele. – Todavia fique sabendo de antemão que irei propor à senhorita Uchiha.
Senhorita Uchiha. Senhorita Uchiha.
O nome da minha amada ecoou e me atingiu em cheio, forçando-me a fincar os pés no chão para não cambalear.
– Sarada... – soltei em forma de um sussurro dolorido, praticamente inaudível e ignorando qualquer reação por parte de Kawaki, deixando o local rapidamente, desesperado com a recém notícia de que estava prestes a perdê-la.
Meses torturantes passaram-se e meus encontros clandestinos com a senhorita Uchiha ficaram cada vez mais escassos, após ela aceitar, forçosamente pelo Barão, ser cortejada por Kawaki Kara, tornando-se noiva dele.
E para agravar a situação, meu pai vinha pressionando-me para que assumisse algum tipo de compromisso com a filha de um Marquês de Ryutan, uma cidade vizinha, na intenção de estreitar os laços comerciais entre ambas as famílias e arranjar-me uma esposa adequada.
Contudo, ainda que a jovem de madeixas arroxeadas fosse possuidora de delicada beleza e se esforçasse para me adular com sorrisinhos fofos e excesso de gentilezas, meu corpo, minha alma e meu coração apenas respondiam a uma pessoa:
Sarada Uchiha.
E eu sabia que o amor dela também era somente meu.
Assim como, eu sabia que eram os meus olhos azuis que Sarada buscava em meio a tantos cavalheiros naquele baile. Era somente para mim que ela reservava seus discretos sorrisos, repletos de significados e havia sido por minha causa, que ela escolhera a cor azulada de suas vestes, combinando com a coloração da minha gravata, bem como das minhas íris que não paravam um segundo sequer de persegui-la pelo salão.
Pouco me importando com a presença da senhorita Kakei, pendurada em meu braço, portando-se toda orgulhosa, como se fosse a minha pretendente, eu seguia Sarada com o olhar desprovido de pudor.
A preocupação latejou no meu peito, quando notei Kawaki encarando-me fixamente, antes de desviar o olhar e apertar com violência um dos braços finos da senhorita Uchiha, que choramingou e logo desatou a correr, segurando a barra do vestido com ambas as mãos, desviando dos convidados, que a fitavam com curiosidade.
Diante daquela cena pavorosa, minha garganta secou, meu sangue fervilhou e cego de raiva e ciúmes eu não me permiti raciocinar antes de agir.
"Minha Sarada... era a minha Sarada..."
– Desgraçado! Eu vou matá-lo. – murmurei, desvencilhando-me da senhorita Kakei, que ainda tentou intervir, puxando-me o paletó.
– Onde o senhor vai? Posso acompanhá-lo, querido?
Sumire apressou o passo em um esforço inútil para me seguir.
– NÃO! Tenho assuntos pendentes para resolver que não lhe dizem respeito, senhorita. Deixe-me.
Esforcei-me para ser educado com ela e não perder a compostura. No entanto, Sumire soltou uma risada animalesca que me fez tremer dos pés a cabeça.
– Você vai atrás dela, não é? Da senhorita Uchiha? A sua meretriz?
Ouvi-la referir-se pejorativamente em relação à Sarada só fez aumentar a minha raiva, e descontrolado como se estivesse possuído por um monstro, eu segurei firme em suas mãos delicadas, aproximando meus lábios maliciosamente de seu ouvido, notando Sumire suspirar em expectativa.
– Chame-a do que quiser. Mas saiba que a senhorita nunca estará no mesmo nível dela. Sarada reina absoluta em meu coração. E eu, Boruto Uzumaki, sou todo, de corpo e alma dela, e jamais serei nada seu.
Falei palavra por palavra em forma de sussurro, percebendo algumas lágrimas escaparem das orbes púrpuras dela, sem um mínimo de empatia da minha parte.
– Pois saiba que eu farei o senhor pagar por isso... e um dia... ainda serás meu, Boruto Uzumaki.
Sumire decretou entredentes, ao notar eu me afastar. Porém apressado para encontrar Sarada, eu pouco me preocupei em respondê-la.
Nervoso, circulei entre os presentes, tentando não parecer tão desesperado para acessar os corredores laterais do salão, não percebendo que estava sendo observado e seguido por uma figura sombria.
E ao alcançar um pequeno jardim de inverno eu a encontrei, chorando perto de uma árvore repleta de florzinhas cor de rosa.
– Senhorita Uchiha? ... Amor?
Dei alguns passos em sua direção e segurei com cuidado em seu braço, examinando horrorizado as marcas de dedos que Kawaki havia deixado nela, respirando fundo algumas vezes para não explodir em ódio e cometer verdadeira loucura no meio daquele baile.
– Perdoe-me...eu falhei em protegê-la, minha linda... por favor perdoe-me.
Supliquei ao levar ambas as mãos até o rosto delicado dela.
– Eu não o culpo, jamais poderia fazê-lo, quando você, Boruto é na verdade o príncipe que me salvou.
Ela me respondeu. Sua voz, num tom baixo, quase inaudível, mas encantadora como sempre, encorajando-me a acariciá-la na face.
Sarada arfou timidamente com o toque de meus dedos afundados em suas bochechas úmidas pelo choro recente, para logo se aconchegar em meus braços respirando aliviada, no momento em que a abracei protetivamente.
– Príncipe? Igual aos dos livros de romance que a senhorita costumava ler para mim, quando eu a visitava de madrugada em seu leito?
Eu respondi sorrindo levado, na intenção de elevar o ânimo dela e Sarada sorriu também.
– Melhor que aqueles... pois o senhor é real e me salvou de uma vida sem graça, me apresentando ao amor.
Preso naquele breve momento de ternura, eu pressionei levemente meus lábios contra os de Sarada, sentindo nossas respirações fundirem-se no ar, observando atentamente ela fechar os olhos e esperar ansiosa pelo beijo de verdade.
E então eu a beijei.
A beijei sem pressa, de início. Deliciando-me com o sabor da boca de Sarada como se fosse o melhor dos néctares dos deuses.
Não era um simples beijo.
Existia conexão, sentimentos mútuos, desejo, paixão. O encaixe de nossas bocas era perfeito e as batidas de nossos corações sincronizados.
O que fazíamos era a personificação de um beijo de amor verdadeiro.
– Boruto... Sabes o quanto isso é perigoso. Ele nunca irá te perdoar.
Sarada murmurou, ao se afastar e quebrar o nosso momento.
Todavia, a voz contida, em alerta, cheia de preocupação dela, mexeu com o meu coração.
– Não se preocupe comigo, meu amor. Eu ficarei bem.
Respondi sorrindo amarelo, incerto das minhas próprias palavras, antes de sentir algo pontudo me atingir, perfurando-me os pulmões, fazendo com que eu desabasse no chão impossibilitado de respirar, tendo uma das minhas mãos pisoteada pela bota dele.
– Eu não teria tanta certeza assim, Uzumaki.... Creio que não ficará tudo bem... ao menos para você...
Fraco, quase sem fôlego, com uma dor excruciante cada vez mais forte, eu ouvi Kawaki dizer, embora minha atenção toda estivesse voltada para o par de olhos negros da senhorita Uchiha que me encaravam trêmulos, cheios de desespero.
– Bo-Borutoooooo... não me deixe.
Foi a última coisa que lembro-me de ouvir, antes de meus olhos fechar.
(...)
Mais uma vez o mesmo sonho, ou melhor o mesmo pesadelo, com as mesmas pessoas e as mesmas sensações.
Como se tudo aquilo fosse realmente real. Como se eu tivesse verdadeiramente vivenciado aquelas experiências.
Revirei os olhos, ainda que fechados. Uma mania estranha que eu não me recordava de onde, muito menos quando havia aprendido.
Merda! Tinha voltado para a porcaria da minha atual realidade.
E talvez só talvez, ficar sonhando, ainda que um sonho ruim como aquele, fosse melhor do que estar preso dentro de um corpo imóvel, como eu estava no momento.
Como de costume, nos últimos dias, apesar de não conseguir abrir os olhos, eu podia ouvir diversas vozes ao meu redor, o que estava me deixando literalmente maluco.
Era difícil compreender o que estava acontecendo, meu corpo parecia pesado, feito chumbo e embora eu tentasse, os meus músculos simplesmente não obedeciam ao meu comando, me fazendo ficar emputecido, praguejando contra tudo e contra todos.
Eu parecia a porra de um inválido, prisioneiro do próprio corpo, numa cama de hospital.
– ...Certo, eu entendi doutor. Então quer dizer que agora é uma questão de pouco tempo para o meu Boruto acordar e deixar o estado de coma?
"Essa voz... impossível eu não reconhecer...era ela"
– Mãe...
Tentei mover lábios em dúvida se havia conseguido proferir algum som, porém como eu havia imaginado, nada saiu de lá.
Porra! Mil vezes porra!
Eu queria gritar. Eu queria espernear, me debater e avisar que eu estava ali, acordado, escutando tudo o que falavam a meu respeito. Mas não conseguia mover nem a porcaria de um dedo.
Ouvir Dona Hinata continuar a conversar com alguém que parecia ser um médico ou algo do tipo, me encorajou a tentar novamente, desta vez com mais veemência.
Desejando fortemente que ela me escutasse.
Sem saber direito como agir, com poucas opções disponíveis, me concentrei da melhor forma que pude, imaginando a fisionomia da minha mãe, sorrindo docemente, como ela tinha o costume de fazer.
"Vamos Boruto...você consegue! Você consegue..."
– Mãe... mamãe...mãe... MÃEEEEE
A chamei repetidas vezes, ainda inseguro se havia dado certo.
Todavia ela me correspondeu no mesmo instante, segurando o meu rosto e me respondendo emocionada.
– BORUTO! Boruto... eu estou aqui, meu querido! Isso... vamos acorde. Estamos todos te esperando. Abra os olhos, meu amor.
Disse ela, a voz embargada, molhando a minha face com as suas lágrimas. E incomodado com a umidade eu pisquei algumas vezes antes de abrir espontaneamente os olhos, dando de cara com a figura da minha mãe, que me abraçou em prantos de felicidade
– Mãe?
– Ohhh meu deus! Obrigado... obrigado! Ohhh Boruto, meu filho! Finalmente você despertou.
Ainda jogada sob o meu corpo, ela exclamou, alisando o meu rosto, me abraçando, me apertando e me cobrindo de beijos, transbordando em emoção.
Eu não sabia o tanto de saudades que tinha sentido dela, até receber todo o seu carinho e amor:
– Irmãozão? Mamãe? Boruto realmente acordou? Deixa eu ver!
Escutei a vozinha fina de Himawari ao fundo e automaticamente meu coração disparou, ao mesmo tempo em que uma tristeza inexplicável me atingiu em cheio.
– Hi-Hima? Hima?
Procurei por ela com os meus olhos azuis, na ânsia em certificar-me que ela estava realmente bem, conseguindo desta vez, erguer o meu corpo com a ajuda da minha mãe, notando mais uma porção de gente no quarto.
– Ahh Bolt! Eu senti tanta saudades suas. – ela pulou em cima de mim, rodeando meu pescoço com seus braçinhos, mal me dando tempo de reagir.
– Pivetinha... desculpa por tudo, de verdade. Por favor me perdoe, Hima.
Me peguei falando, as palavras fugindo da minha boca, sem querer, sem ao menos eu entender direito o porquê.
– Para com isso Boruto! EU sei que você não teve intenção... a culpa não foi sua. Tá tudo bem, irmãozão.
Hima sussurrou no meu ouvido e aquelas simples palavras foram o suficiente para aquecer o meu coração.
Sentado com as costas na cabeceira da cama, eu varri o lugar com os olhos, tentando identificar quem eram aquelas pessoas que estavam por lá, enquanto um médico e uma enfermeira me examinavam, verificando os meus sinais vitais e condições físicas.
– Tsch... até que enfim a bela adormecida resolveu despertar! Você deu trabalho, hein Boruto.
Kawaki falou, ao se aproximar e estender o punho para me cumprimentar, porém diferente do que acontecia antes de eu ficar em coma, uma sensação ruim, quase sufocante me consumiu, me fazendo recuar, numa mistura de raiva e medo dele.
Notando o clima estranho entre a gente, meu pai, que até então mantinha-se afastado, parado ao lado de uma mulher toda de branco e cabelos rosas, que eu desconhecia quem era, aproveitou a oportunidade para me receber, afagando os meus meus fios loiros.
– Ahh seu pirralho! Que susto que você nos deu, Boruto. Por um momento achei que iria perdê-lo para sempre.
Ele disse de forma tão sentida, tão sincera, que meus olhos azuis assim como os dele, encheram-se d'água.
– De-desculpa, pai. – foi o que consegui falar, desviando o olhar, um tanto envergonhado.
Aparentemente eu havia aprontado alguma merda tão grande que os tinha decepcionado, além de deixá-los preocupados comigo.
Ainda afagando a minha cabeça, meu pai murmurou, parecendo sentir-se culpado, o que estranhei, pois não era do feitio dele agir daquela forma, externando suas emoções em público.
– Não diga isso Boruto! Quando fui eu quem falhou com você. Eu que deveria ter estado lá. Eu que deveria ter estado presente, para te ajudar, para te ouvir, meu filho... se eu tivesse ficado sabendo antes como você estava se sentindo...se eu... se eu...
– Naruto-kun! Boruto acabou de despertar, depois de passar muito tempo em coma. Vamos deixar esses assuntos pendentes para depois, certo? Até porque tem mais alguém por aqui desejando muito vê-lo.
E ao escutar Dona Hinata dizer isso, por puro instinto, meus olhos buscaram os esverdeados da mulher de cabelos rosa, que sorria de um jeito tão angelical, que parecia até emanar tranquilidade.
"Quem era ela e porque eu sentia que a conhecia de algum lugar? Seria uma tia distante? Uma médica ou enfermeira, uma vez que vestia roupas brancas?..."
Porra de falha de memória.
Bufei, levemente irritado, revirando os olhos.
Porém, ignorando o meu mau humor, mamãe, tocou no meu braço, e apontou na direção de uma garota que hesitava em chegar perto da minha cama, sorrindo timidamente.
– Querido, sua namorada estava ansiosa para vê-lo, desde quando soube que estava prestes a acordar.
Minha mãe explicou e eu engoli em seco, sentindo meu estômago embrulhar, diante daquela figura feminina que me encarava com um olhar apaixonado.
– Que namo.... – mal consegui terminar minha fala, quando de repente a menina me beijou, parecendo querer me calar.
Continua...
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