História Através da Escuridão. - Família.

Tentei equilibrar a bandeja em minhas mãos enquanto eu andava em direção ao quarto de Lauren. Sorri por ter deixado a porta aberta e entrei devagar.

Lauren ainda dormia, a camisa que vestiu durante a madrugada cobria apenas parte de sua barriga, já que ela se mexia a noite inteira. O lençol estava na sua cintura, cobrindo o resto da sua nudez.

Coloquei a bandeja no criado mudo e me sentei na cama, sorrindo apaixonada pelo rosto sereno que minha namorada tinha.

Minha namorada.

Ainda tinha que pensar um pouco pra entender que ontem foi real e Lauren aceitou namorar comigo. Que ela me perdoou.

Parte de mim achava que levaria mais tempo pra conseguir me entender com ela, mas Lauren sempre me surpreendia. Ela era madura de uma forma que eu ainda esperava ser. Claro que ninguém é perfeito e as vezes ela também fazia algumas coisas que não eram legais. E eu me esforçava para entendê-la da forma que ela me entendia. Lauren se tornou minha melhor amiga antes mesmo de eu me apaixonar por ela.

Mas veja só, virei novamente o estereótipo de lésbica que se apaixona pela melhor amiga. E eu não podia nem ao me os reclamar, adorava o fato que já tínhamos intimidade, já tínhamos uma conexão.

— Lauren — a chamei baixinho, tocando em seu braço, sem ter resultados — Lo — tentei mais uma vez pelo seu apelido, me inclinando para beijar sua bochecha — Vamos lá, Lern. Acorda.

Sorri ao vê-la se mexer na cama, se espriguiçando antes mesmo de abrir os olhos. O que ela fez em seguida, abrindo os olhos devagar e em minha direção.

Eu teria que começar a passar mais frequentemente com um cardiologista enquanto namorasse essa mulher. Porque cada olhar me dava um ataque cardíaco.

— Bom dia, baby — sua voz soou rouca por ter acabado de acordar.

Era tão sexy.

— Bom dia, Lo — respondi, sem conseguir tirar o sorriso do meu rosto.

Principalmente quando ela se espreguiçou novamente e eu pude ver as marcas em seu pescoço da noite passada.

A forma como ela me beijou, seus gemidos, o jeito que ela respirava. Tudo ainda estava na minha mente. E eu não queria esquecer. Nossa primeira vez. Valeu a pena ter esperado todos esses dias.

Não poderia ser melhor. Não depois de eu ter dito que a amava e então pude provar de minhas palavras por amar cada parte de seu corpo.

E como se não fosse o bastante, ela também disse que me amava.

— Ei, eu fiz nosso café da manhã — avisei, me virando para pegar a bandeja e em seguida colocando entre Lauren e eu.

Ela sorriu um pouco surpresa, seus olhos ficando menores enquanto ela sorria, deixando sua expressão adorável.

— Você não precisava, Camz — ela disse, um pouco envergonhada, mas claramente feliz.

— Queria agradar minha namorada — respondi, apreciando aquelas palavras em meus lábios.

Ela sorriu ainda mais largo.

— Gosto de como isso soa — confessou baixo, pegando o copo de suco da bandeja e levando aos lábios.

— Eu também — admiti, mesmo que ela já soubesse daquilo, enquanto pegava meu próprio copo — Eu acordei cedo e decidi fazer waffles — expliquei, apontando para a comida com calda de chocolate.

— E eu não irei reclamar disso – Lauren riu, começando a comer.

— O que quer fazer hoje? — perguntei, levando um pedaço do waffle a boca.

— Na verdade meus pais estão na cidade, na casa da minha irmã, e eu prometi que iria almoçar com eles — Lauren explicou e eu tentei não mostrar minha decepção.

— Ah claro, tudo bem — assenti, voltando a beber do suco.

— Mas já que você está aqui, o que acha de ir comigo e conhecê-los? — ela sugeriu.

E eu me engasguei com a bebida que tomava.

— Deuses, Camila! — Lauren exclamou quando comecei a tossir e em seguida senti sua mão dando tapas em minhas costas.

— Estou bem — tossi mais algumas vezes, vendo seu olhar desconfiado.

— Era só dizer que não quer ir – ela riu achando graça.

Senti minhas bochechas corarem.

— Não é isso — murmurei, coçando a nuca — É claro que quero conhecer seus pais e sua família, Lauren — garanti — Mas isso não me deixa menos nervosa — expliquei, rolando os olhos quando ela riu.

— Não se preocupe, eles vão te adorar — Lauren disse confiante e eu suspirei, tentando não ficar ainda mais nervosa.

— Tudo bem — assenti, mas sorri ao notar que ela havia acabado de comer então tirei a bandeja da cama — Mas até lá podemos nos divertir um pouco, não é? — perguntei, vendo o sorriso malicioso de Lauren enquanto eu inclinava meu corpo para beijá-la.

Ficamos algum tempo ali na cama, até a hora de termos de tomar banho e nos trocarmos para irmos à casa de seus pais. Lauren nasceu em Miami, o que me fazia rir ao pensar que passamos a infância da mesma cidade. Porém, se mudou quando adolescentes para Nova York por causa de uma promoção de seu pai. Ela continuou na cidade para cursar a faculdade e depois morar sozinha enquanto seus pais e irmãos se mudaram para Mount Venom ainda no estado de Nova York. O que era uma viagem de por volta de uma hora à duas horas.

Horas essas que foram preenchidas por cantorias de Lauren e eu enquanto ela dirigia até a casa de seus pais e eu me divertia em uma viagem de carro que eu não fazia há anos. Ally provavelmente me mataria se soubesse, mas eu apenas queria ter um dia comum com minha namorada.

— Aqui estamos — Lauren anunciou ao estacionar em frente uma casa do subúrbio — Já avisei eles que você viria então está tudo certo — avisou enquanto saía do carro, o que eu fiz em seguida — E por sinal, minha irmã é tipo uma mega fã sua — contou e eu sorri de lado.

— Que nem a irmã mais velha? — provoquei, causando uma risada nela enquanto me empurrava.

— Não se gabe — avisou tentando segurar a risada antes de tocar a campainha da casa dos pais.

Não tivemos que esperar muito até a porta ser aberta. E uma cópia do futuro de Lauren abrir a porta. Eu lembro da semelhança das duas por fotos, mas a mãe da minha namorada lembrava muito Lauren. Principalmente nos olhos. Clara Jauregui era uma mulher elegante e que tinha um rosto jovial para sua idade.

— Hey, Camila não é? — Clara sorriu se aproximando e já me puxando para um abraço.

Arregalei os olhos surpresa enquanto retribuía o abraço e quase pude ouvir a risada de Lauren.

— É um prazer te conhecer, Sra Jauregui — falei com um sorriso quando me afastei.

— O prazer é meu, e me chame de Clara — ela pediu com bom humor — Lauren fala muito de você, Camila — contou e eu sorri ao ouvir os resmungos da mulher ao meu lado antes dela abraçar a mãe — Vamos lá, entrem — nos convidou, nos guiando para dentro de sua casa — Mike, venha conhecer a namorada de Lauren!

— Namorada de quem? — ouvi a voz grossa vindo de longe e em seguida o pai de Lauren aparecer na sala.

Michael Jauregui era um homem baixo, acima do peso, mas de aparência jovem também, mesmo com a barba por fazer. Ele tinha olhos brilhantes e contentes que combinavam com o sorriso em seu rosto.

— Lauren está namorando? — ele questionou confuso e pude ver Lauren rolar os olhos.

— Meu deus pai, você é tão desatualizado — ouvi a voz de uma mulher e ri ao ver a loira que eu já sabia ser minha cunhada — Sou Taylor, muito prazer Camila — me cumprimentou e eu sorri largo.

— Todo meu — respondi, também a abraçando e me virando para meu sogro — E sim, Lauren está namorando, comigo — falei com bom humor, o fazendo rir enquanto eu estendia minha mão em cumprimento — Camila Cabello — ele apertou sua mão na minha mas franziu o cenho.

— Espera, Camila Cabello não é aquela cantora que você tem milhares de pôsteres? — ele se virou para Taylor e eu ri ao vê-la corar.

— Pai! — reclamou, cruzando os braços.

— Ok pai, deixa a Tay — ouvi a voz de Lauren soar divertida e em seguida senti seus braços envolverem minha cintura — Mas sim, Camz é cantora — minha namorada respondeu — E você saberia disso se prestasse atenção nas conversas que tenho com a mamãe. Eu avisei que traria minha namorada — completou divertida mas seu pai se limitou a dar de ombros.

Senti minha pele se arrepiar ao ouví-la me chamar daquela forma.

— Vamos então garotas, o almoço está pronto — Clara avisou, indicando a cozinha.

— Você não tem mais um irmão? — perguntei confusa, lembrando de conversas que já tivemos.

— Chris está na faculdade — Taylor me respondeu enquanto andávamos até a cozinha.

Esperei todos tomarem seus lugares e me sentei ao lado de Lauren, me servindo logo após ela. E escutando todos colocarem a conversa em dia. Meus sogros se desculpando por não estarem no lançamento do filme mas contando que foram assistir logo em seguida. E outras conversas banais.

— Então, cantora? — Mike perguntou após algum tempo.

— Pai — Lauren resmungou mas eu sorri.

— Tudo bem — dei ombros despreocupada.

— Faz anos que não nos apresenta uma namorada, aguente o questionário — Mike retrucou divertido, antes de voltar seu olhar para mim.

— Sim, cantora. Desde os 16 anos — respondi calma.

Família de Lauren queria me conhecer, isso era bom. E por esse motivo passei todo o jantar respondendo perguntas, Mike e Clara pareciam interessados em minha vida e por vezes Taylor soltava uma resposta antes mesmo de mim, o que era por vezes engraçado já que a deixava envergonhada.

— Hey Laur, eu nem te mostrei, vem ver o novo livro que o pai me deu — Taylor chamou a irmã mais velha quando já havíamos terminado a sobremesa e voltado para a sala.

— Ah eu...

Lauren me olhou um pouco receosa e eu sorri para ela.

— Vai lá — incentivei, ganhando um rápido beijo na bochecha antes que ela seguisse a irmã para o andar de cima.

Quase perdi a respiração ao notar que havia ficado sozinha com meus sogros.

— Então Camila — Mike disse mais sério e eu engoli em seco, ajeitando minha postura.

— Agora podemos conversar — Clara completou.

Eu juro que cheguei a ver minha morte iminente.

— Sobre? — questionei, fingindo inocência e cruzando minhas pernas.

— Nós gostamos de você, Camila. Você é uma mulher inteligente e podemos ver que trata Lauren perfeitamente — Clara começou e eu senti o alívio percorrendo meu corpo — Porém...

O alívio foi embora e foi substituído por medo.

— Lauren nos contou de seu prévio relacionamento e do que vem com ele — Clara completou e eu mordi meu lábio inferior nervosa, desviando o olhar.

— E não sabemos com certeza o que pensar disso tudo — Mike disse ainda seriamente, cruzando os braços.

Respirei fundo, voltando meu olhar para eles com mais confiança e determinação.

— Eu entendo a desconfiança de vocês — comecei devagar, tendo a atenção dos dois — E, como Lauren já disse à vocês, eu vou ser mãe de uma filha com minha ex esposa e eu entendo que isso possa deixar vocês preocupados com minhas intenções com a filha de vocês. Mas, eu amo Lauren, com todo meu coração e eu só quero fazê-la feliz — declarei sincera, quase vendo sorrisos em seus rostos — Nós já tivemos alguns desentendimentos a cerca desse assunto e conseguimos nos resolver. — admiti — Eu não quero algo passageiro com Lauren, eu quero ela em minha vida. Sei que o fato de que eu serei mãe possa trazer algumas coisas que relacionamentos comuns não tem em seu começo. Porém eu estou pronta para lidar com isso como uma adulta, e não deixar que meu relacionamento com Lauren seja afetado ou acabe. Nós vamos ter problemas, é claro que sim, mas eu a amo o suficiente para que possamos encontrar soluções e permanecer juntas — expliquei com calma, mostrando minha honestidade — Só quero fazer Lauren a mulher mais feliz do mundo porque é assim que ela faz com que eu me sinta — completei, respirando fundo em seguida.

Senti minhas mãos tremerem ao ver meus sogros se entreolharem. A necessidade de que eles gostassem de mim e me entendessem. Eram a família de Lauren e eu a amava. Queria que chegasse a um momento que sua família também fosse a minha família. Queria ter Lauren para toda a minha vida.

— Você é uma boa garota, Camila — Clara disse com um sorriso e eu não evitei que um sorriso aparecesse em meu rosto também.

— Ok, voltei, vocês mataram minha namorada? — ouvi a voz de Lauren enquanto ela descia as escadas r soltei uma risada.

— Estávamos apenas conversando, Lauren — Michael respondeu com um sorriso — Você tem uma boa namorada — ele completou e vi o sorriso de minha namorada enquanto ela me abraçava.

Me senti feliz por aquele comentário.

— É, eu tenho mesmo não é? — ela concordou, beijando meu rosto com carinho.

(...)

— Seu sorriso já está me irritando — Ally reclamou enquanto saíamos do elevador e eu apenas ri.

— Você está com inveja do meu humor apaixonado — retruquei, a vendo rolar os olhos — Vamos lá Ally, cadê um sorriso aí?

— São oito horas da manhã, Camila. Eu queria estar dormindo — minha empresária respondeu e eu ri um pouco mais.

— Hmm um certo marido te deixou a noite acordada? — provoquei, rindo ainda mais quando seu rosto corou e um sorrisinho nasceu em seus lábios. 
Eu teria a provocado ainda mais se ela não tivesse tocado a campanhia e Brianna não tivesse atendido tão rapidamente. Cumprimentei a empresária de Hailee e a deixei com Ally, enquanto eu adentrava o apartamento.

— Hailee está no andar de cima — Brianna avisou e eu agradeci, já indo em direção às escadas.

Encontrei a porta do antigo quarto de hóspedes aberta e presumi que Hailee estivesse ali. Andei devagar e acabei sorrindo ao olhar dentro do local. As paredes estavam coloridas, tons claros de verde, rosa, azul e roxo abitavam por ali. Os móveis eram brancos com desenhos de arco íris, unicórnios e outros seres mágicos. O berço era grande e estava no centro do quarto, com o móbile bem acima. Ursinhos, aviões, fadas e alguns animais fofos balançavam enquanto uma música suave era tocada. Havia duas poltronas no canto do quarto, que combinavam com o ambiente neutro. Alguns brinquedos estavam espalhados pelo chão e eu via que Hailee ampliou o quarto para adicionar um closet um pouco maior. E acho que ela também ampliou o banheiro. Eu via algumas caixas por ali, provavelmente com roupas ou brinquedos e imaginei que Hailee estivesse terminando o quarto.

— Oh! Hey Camila — minha ex esposa me cumprimentou surpresa assim que saiu do closet.

— Hey — cumprimentei de volta, olhando ao redor mais uma vez — Está ficando um lindo quarto — comentei, vendo seu sorriso orgulhoso.

— Quero que nossa filha tenha o melhor — respondeu e foi minha vez de sorrir.

Meu cérebro apitando e me lembrando que eu deveria logo comprar um novo apartamento ou fazer o quarto da minha filha no que eu já estava.

— Você parece feliz — ela disse alguns segundos depois, se sentando em uma das poltronas — Quer me dizer o porquê?

Acabei sorrindo pela forma que ela parecia estar mais confortável sobre não estarmos juntas.

— Hm, nossa conversa alguns dias atrás realmente ajudou — confessei, andando até ela e me sentando na poltrona ao seu lado — Lauren e eu estamos namorando — contei, observando seus olhos arregalarem um pouco, mas ela sorriu.

Contente por mim.

— Eu estou feliz por você, Camila. De verdade. Se ela te faz bem, estou feliz por você — Hailee me encarou carinhosamente e eu sorri por suas palavras, acreditando nelas — Estão realmente bem então?

— Bom, eu conheci a família dela — contei um pouco divertida, a vendo rir surpresa — Então sim, estamos bem — completei, vendo Hailee assentir com um leve sorriso – E vocês? Como estão?

— Eu estou exausta — Hailee confessou, se escorando melhor na poltrona — Sua filha desistiu da carreira de jogadora de futebol e agora acho que ela quer lutar artes marciais e ser especialista em algum tipo de chute da morte — respondeu e eu não evitei a risada alta — Não ri, idiota, é sério! — reclamou, me dando um tapa no braço.

— Ok ok, me desculpe — pedi, tentando segurar o riso e a vendo respirar fundo.

— Aliás, estou cansada de me referir a ela apenas como "a bebê" "nossa filha". Eu quero chamá-la pelo nome dela — Hailee reclamou e eu suspirei, mordendo meu lábio inferior.

— O que acha de Hermione? — sugeri, sorrindo pelo nome da personagem dos meus livros favoritos.

— Camila, sei que adora Harry Potter mas, não — Hailee negou e eu fiz uma careta — Que tal Giulia?

— Por Deus, não — neguei com a cabeça — Ahh por que é tão difícil pensar em um nome bonito e único e que represente o que nossa filha é? — resmunguei, cruzando os braços.

— Hm, eu estive pensando sobre como se referiu a ela na nossa última conversa — Hailee comentou e eu a encarei curiosa — Sobre ela ser um pequeno milagre e quase como uma fada? — lembrou e eu assenti com um leve sorriso.

— Acho que a definição de alguma história de como as fadas nasceram estava na minha mente — expliquei, a vendo me encarar confusa — Sabe? Quando o primeiro bebê nasceu, uma fada nasceu com ele. E desde então, sempre que um bebê nasce uma fada nasce junto — contei, vendo um sorriso brilhante em seu rosto.

— Você queria um nome único, não é? — Hailee perguntou e eu concordei com a cabeça — Então o que acha de a nomearmos assim?

— Assim como? — questionei confusa, mas curiosa.

— Fairy — Hailee respondeu e eu a encarei surpresa — Significa fada.

Acabei sorrindo pela idéia, gostando de como aquilo soava bem em minha mente.

— Fairy — murmurei o nome, sorrindo um pouco mais para como soava em meus lábios.

Me aproximei mais de Hailee para tocar em sua barriga, sentindo minha filha chutar poucos segundos depois, o que fez Hailee resmungar algo sobre "chute da morte", mas eu apenas me concentrei na minha filha.

— Hey Fairy, sua mãe e eu acabamos de escolher seu nome, princesa. Espero que goste dele quando crescer — falei baixo, sorrindo para como minha filha chutou mais uma vez pelo som da minha voz, ergui meu olhar para Hailee — É um ótimo nome — afirmei, a vendo sorrir.

— Já temos um nome então — ela disse animada.

E eu teria respondido se não tivéssemos ouvido nossas empresárias nos chamando. Desci as escadas, ajudando Hailee a fazer o mesmo e me sentando do na poltrona enquanto ela praticamente deitava no sofá.

— Então, o que vocês tem para nós? — perguntei curiosa, encarando Ally e Brianna.

— Falamos com suas advogadas, gravadoras, produtores, conversamos e já está na hora de anunciar a gravidez — Brianna respondeu e eu ri pelo gritinho animado que Hailee soltou.

— Alguma orientação de como devemos fazer? — perguntei, encarando Ally.

— Ah façam como quiserem, o que se sentirem melhor — Ally respondeu dando ombros e eu encarei Hailee.

— Instagram e compartilhamos para as outras redes — ela sugeriu, já pegando seu celular e eu concordei.

Me lembrando de algo em seguida.

— Me dá só mais cinco minutos — pedi, me levantando e andando em direção a cozinha.

Disquei o número conhecido enquanto me escorava no balcão. Apenas três toques e fui atendida.

— Hey amor!

Sorri, meu coração ainda batendo rápido pela forma como fui chamada. Ainda não tinha me acostumado.

— Hey meu bem — a cumprimentei de volta — Está ocupada?

— Não, na verdade não — respondeu calma — Já está em casa?

— Não, ainda no apartamento de Hailee — respondi, lembrando que havíamos combinado de contar tudo uma a outra — Te liguei porque Hailee e eu decidimos o nome da minha filha e nossas empresárias nos orientaram a anunciar a gravidez — expliquei, me sentindo subitamente um pouco nervosa.

— Ah, e qual o nome da mini Cabello? — Lauren perguntou curiosa e eu não evitei o sorriso.

— Fairy — respondi baixo, esperando a aprovação de Lauren por algum motivo.

— Fairy — murmurou o nome e eu sorri por como soou em sua voz — Diferente, gostei — ela respondeu após alguns segundos e eu sorri aliviada — Você será uma boa mãe, Camila — ela disse de repente e eu arregalei meus olhos.

— Acha mesmo? — questionei e quase pude ver seu sorriso enquanto ela suspirava.

— Tenho certeza — Lauren disse convicta e acreditei no que ela dizia.

— Por sinal, depois do anúncio será inevitável ter que conversar com meus pais. O que acha de ir para Miami comigo esse fim de semana? — sugeri, brincando com os botões da minha camisa.

— Conhecer os pais da minha namorada e finalmente conhecer minha cunhada? É claro que sim — Lauren respondeu rapidamente e eu sorri por isso.

— Ok, te vejo a noite então?

— Até a noite, baby. Amo você.

Sorri, sentindo a sensação de paz invadindo meu corpo.

— Também te amo — respondi, dizendo mais ums despedida antes de desligar o telefone.

Agora me sentia mais pronta.

Voltei para sala, me sentando na poltrona e encarando Hailee.

— Vamos ser clichés e postar a foto do ultrassom — Hailee avisou mas eu ergui a sobrancelha.

— Por que não cantamos um trecho da música que fizemos e postamos junto? — sugeri, a vendo me encarar animada e concordar.

Peguei o violão rapidamente e me sentei ao seu lado no sofá. Pedi para Ally gravar o vídeo com apenas o refrão da música, mas soou perfeitamente. E junto com o vídeo, adicionamos a foto do ultrassom na postagem nas nossas redes sociais. Sorri enquanto digitava uma pequena legenda.

"Hey. Essa pequena saliência na foto irá nascer em poucos meses. Sei que muitos de vocês estavam curiosos sobre os boatos, principalmente pelo fato que Hailee e eu estamos divorciadas. Porém, ainda assim, fizemos uma coisa linda juntas. E ela se chama Fairy Cabello-Steinfeld. E eu mal posso esperar para conhecê-la.

love only.

Camila."

Enviei a postagem no mesmo instante de Hailee e em alguns segundos já pude notar a repercussão. E em minutos a quantidade de curtidas, compartilhamentos e comentários. Alguns fofos, alguns desnecessários. Mas sorri ao ver o apoio que eu tinha das minhas amigas.

dinahjane97: Será a criança mais mimada do mundo sim. E por mim! ��

allybrooke: Deus abençoe essa menina, mal posso esperar pra vê-la ��

ddlovato: Um bebê tendo outro bebê.

sofiacabello: EU SEREI TITIAAAAA

Vi outros comentários, minhas amigas dizendo suas piadas e todas me mandando mensagens. Mas me distrai ao ver uma nova mensagem de Lauren.

Lo: Estou orgulhosa de você. Será realmente uma mãe incrível. Te amo.

Sorri apaixonada para a mensagem, respirando aliviada e voltando a encarar minha empresária que parecia querer falar comigo.

(...)

Respirei fundo ao sair do carro em frente à casa dos meus pais e em segundos senti os braços de Lauren em volta do meu corpo.

— Pronta pra isso? — ela perguntou baixo.

— Não sei — confessei, encarando minha namorada que sorriu.

— Eu vou estar com você ok? — Lauren prometeu e eu sorri, me sentindo mais confiante após sentir um beijo em minha testa.

— Obrigada — agradeci, respirando fundo novamente — Vamos lá — murmurei, tocando a campanhia e sentindo Lauren se afastar e apenas permanecer ao meu lado.

— Kaki!? — Sofia sorriu surpresa assim que abriu a porta mal me dando tempo para responder e já me puxando para um abraço.

— Hey Sofi — ri baixinho, a apertando em meus braços antes de me afastar — Ei, essa é a Lauren. Minha namorada — contei, vendo minha irmã me encarar incrédula antes de rir e ir abraçar Lauren.

Não prestei muita atenção no que elas diziam ao se cumprimentaram porque avistei meus pais se aproximando devagar. Papai parecia confuso em me ver ali. Mamãe parecia furiosa.

— Agora aparece sem avisar? — sua voz soou rude e eu suspirei, encarando Lauren rapidamente que apenas acenou com a cabeça.

Respirei fundo.

— Sofi, pode ficar com a Lauren um pouco? Preciso conversar com nossos pais — pedi vendo minha namorada me encarar confusa.

Não era esse o plano.

— Por favor, Lo — falei mais baixo a vendo suspirar e aceitar subir com Sofia.

Esperei as duas sumirem de vista antes de virar para meus pais. Papai foi o primeiro a me dar espaço para entrar, andei até a sala me sentindo desconfortável. Eu não entrava tão longe há anos.

— O que houve? — Meu pai perguntou e eu me virei para eles, decidindo permanecer em pé.

— Ok, vou falar de uma vez — murmurei, vendo seus olhares confusos — Antes do divórcio Hailee fez uma fertilização com meus óvulos. Ela está grávida de uma filha minha. Eu serei mãe. Parabéns, vovós — despejei de uma vez.

— O quê!? — minha mãe foi a primeira a se pronunciar irritada.

Soltei um suspiro pesado. Isso seria difícil.

— O que a senhora ouviu. Eu serei mãe — respondi séria.

— Eu não acredito nisso, Karla! Um filho com aquela mulher que nem é mais sua esposa!? — ela exclamou furiosa e eu engoli em seco — Quantos pecados você vai cometer para me trazer esse desgosto Karla!? — gritou, passando a mão por seus cabelos.

— Mãe, como isso é tão um pecado assim? — questionei incrédula pelas suas palavras.

— Você não é casada! — ela respondeu como se fosse óbvio, rolei meus olhos.

— Mas quando eu era casada, também me criticava por isso! — retruquei, me irritando com tudo aquilo.

— Claro, você era casada com uma mulher! — ela argumentou em um tom alto e rude e eu suspirei, soltando um suspiro alto.

— Eu vou ter uma filha, mãe! Pode, por favor, não me crucificar por isso? — exclamei exausta, passando a mão por meus cabelos.

— Vocês são duas mulheres, essa criança não é sua! — minha mãe retrucou e eu arregalei meus olhos em surpresa, não acreditando em suas palavras — E mesmo que isso fosse possível, vocês vão colocar uma criança, um ser inocente, no meio de tanto pecado e...

— Ah cale a boca! — gritei, a vendo me encarar incrédula — Você pode me xingar, você fez isso por anos. Pode falar da minha ex esposa, eu sempre aturei e nunca fui desrespeitosa com você. Mas não coloque minha filha no meio disso! — a avisei, sentindo meu coração acelerar pela raiva que eu sentia — Fairy é minha filha, foi formada a partir dos meus óvulos! Ela tem o meu dna. Ela é minha filha. E eu não vou permitir que diga que é errado ou que iremos destruir uma criança. Porque ela bem nasceu e eu já a amo e eu já sei que sempre vou amá-la não importa o que aconteça. O que já é bem mais do que a senhora faz. — completei, surpreendendo até a mim mesma por minhas palavras.

Mas acho que vi um sorriso orgulhoso no rosto do meu pai.

Minha mãe abriu e fechou sua boca inúmeras vezes, mas nada saiu dali. Me limitei a cruzar os braços e a encarar.

— Ah e antes que eu me esqueça. Lauren é minha namorada — avisei, a vendo arregalar os olhos.

— E você a deixou...

— Por favor mãe, Sofia já é uma adolescente. Lauren está apenas a fazendo companhia — a cortei, dando ombros.

— Eu não irei...

— Sinuhe, não — meu pai a interrompeu, pela primeira vez no dia e eu o encarei surpresa — Já chega de insultar nossa filha ou quem ela escolhe para viver.

— Alejandro, nós podemos ter errado com essa daqui mas não vou permitir que Sofia...

— Sofia é uma adolescente e vai ser o que bem quiser. E nós não erramos com Camila — meu pai disse seriamente.

Acho que senti meus olhos marejados enquanto meu pai falava aquelas palavras e minha mãe bufava, lhe dando as costas e saindo dali. Encarei meu pai um pouco desconfortável, mas deixei um soluço escapar quando ele me puxou para um abraço.

As lágrimas correram soltas.

— Ei ei, tá tudo bem Kaki. Tá tudo bem — Ele me apertou forte em seus braços como não fazia há anos.

— Eu só, desculpe pai, eu só...

— Não há nada para se desculpar, você não fez nada errado — Ele disse calmo se afastando levemente de mim, secando minhas lágrimas — Ei, me diz. Eu vou ser um avô? — Ele perguntou, também algumas lágrimas em seus olhos e eu ri, concordando com a cabeça.

— Sei que não é como você imaginou e eu nem mesmo estou casada mas...

— Esqueça isso, Camila. Eu serei um avô! — meu pai disse animado e eu ri ainda mais alto — Não poderia estar mais orgulhoso pela forma como defendeu sua filha aqui hoje. Me perdoe por não ter lhe dado sempre o apoio que merecia, Kaki. Mas eu sempre te amei — Ele disse, me abraçando mais uma vez — E um dia sua mãe irá entender, filha.

Não respondi, mas torci para que ele estivesse certo.

— Hm, gritos acabaram significa que a mamãe saiu? — ouvi a voz de Sofia e ri, me afastando do meu pai e a vendo descer as escadas com Lauren.

Minha namorada me olhou preocupada, mas sorri levemente em sua direção.

— Sim, ela saiu — confirmei, olhando novamente para meu pai — Ei, aliás, essa é a Lauren. Minha namorada — vi o rosto de Lauren se tornar levemente surpreso enquanto meu pai a puxava para um abraço rápido.

— É um prazer conhecê-la, Lauren — ele disse com um sorriso — Acho que tem um bolo e café que Sinuhe fez mais cedo, por que não vamos todos comer e então podemos nos conhecer melhor? — ele sugeriu e eu arregalei meus olhos surpresa, mas feliz — O que inclui você também Camila, preciso saber mais sobre você — ele disse e eu sorri assentindo levemente.

— Finalmente uma boa idéia, pai — Sofia disse, já andando até a cozinha.

Entrelacei minha mão a de Lauren, sorrindo ao olhar para ela.

— Viu? Vai ficar tudo bem — ela garantiu, beijando minha têmpora.

E eu acreditei em suas palavras. Tudo ficaria bem. Porque eu tinha a ela.