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História Através da Escuridão. - American Robin II - História escrita por Semi-Harmonizer - Spirit Fanfics e Histórias
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História Através da Escuridão. - American Robin II


Escrita por: Semi-Harmonizer

Notas do Autor


HEEEEEEEEY ESTRELINHAS AQUI ESTOU EU
com o penúltimo capítulo da fanfic: com mais dez mil palavras.
Eu sei super longo, na verdade seriam mais de um porém fez sentido ficar assim!!

Espero que gostem muito muito muito desse capítulo como eu gostei.

Amo vocês e

FELIZ ANO NOVO ESTRELINHAS
espero que eu termine todas as fics e que todos tenham um ótimo 2020

********

Capítulo 54 - American Robin II


 

Balancei minha cabeça no ritmo da melodia que saía dos alto falantes em meu pequeno estúdio particular em casa. Cantarolei no mesmo tom, pensando no que poderia se encaixar ali.

— Ok, o que você tem? — Dinah perguntou, sentada no sofá oposto a mesa de som, onde eu estava.

— Versos aleatórios — respondi, virando minha cadeira para ela e balançando meu caderno em mãos — Me pinte como Van Gogh / Quero estudar cada pedaço seu / como um coral cantando aleluia — recitei, a vendo erguer a cabeça curiosa e com um sorriso levemente malicioso.

— Curiosamente essa melodia também me rendeu uns versos mais safadinhos — Dinah riu e eu rolei meus olhos — Olhe, que tal 'me diga algo mas me diga com suas mãos'?

— Hm isso é bom — concordei, anotando a frase no meu caderno e recomeçando a melodia, pigarreei enquanto encarava a folha e imaginava tudo aquilo se juntando —
Tell me something, but say it with your hands / when you touch me, paint me like a Van Gogh / I wanna study every inch of you — cantarolei, gostando de como aquilo havia ficado.

— 'Til you trust me to make the angels come through — Dinah continuou com um novo verso e eu sorri, já anotando aquele trecho também — Eu estou sentindo que isso pode ser bom, a letra tá se encaminhando e a melodia é boa, mas falta algo — ela comentou, cruzando os braços e franzindo o cenho, prestando atenção ao som.

— Eu sei, também sinto isso — concordei, batucando um pouco a caneta no papel — Algo que possa introduzir a música, mas não sei — dei ombros, anotando mais uns versos aleatórios — Ei, sabe o refrão que fizemos? — chamei sua atenção, mexendo na mesa de som para tocar o refrão daquela mesma música que já tínhamos finalizado — Poderíamos fazer um pré. Antes de eu começar com o 'Where did you come from, baby? And were you sent to save me?' — sugeri, vendo seus olhos me encararem mais atentos e curiosos — Algo como 'do you feel me? Can you feel me?' — cantei no ritmo da música.

— Parece bom, poderíamos colocar aquele verso que você sugeriu antes — respondeu, se levantando e se aproximando de mim, apontando para uma frase específica em meu caderno.

— Sim! Talvez se juntassemos esses dois, tipo para dizer que quando estão juntas é como um...

Não pude terminar minha fala porque a porta do estúdio foi bruscamente aberta e duas pestinhas entraram correndo ali, suas risadas e vozes soando absurdamente altas enquanto as duas corriam e tentavam se esconder uma da outra. Eu vi minha melhor amiga rir, negando com a cabeça ao encarar minhas filhas.

— Ei Ei o que vocês pensam que estão fazendo ein? — questionei em bom humor, me levantando e conseguindo parar Sabrina, a jogando em meu ombro e com a outra mão impedir que Fairy saísse correndo.

— Mama, pare — Sabrina pediu entre uma risada e eu, gentilmente, a coloquei no chão — Fairy e eu estamos brincando de pega pega — explicou com a respiração ofegante.

— E agora é sua vez! — Fairy gritou assim que encostou na irmã mais nova antes de recomeçar a correr pelo meu estúdio.

— Oh céus — resmunguei quando Sabrina logo foi atrás.

— Sua moral aqui é incrível, Mila — Dinah provocou rindo e eu revirei os olhos.

— Se as duas pararem agora eu desço e tomo sorvete com vocês! — exclamei.

Como se fosse mágica, as duas pararam de correr e em segundos estavam na minha frente. Sorri convencida ao erguer minha cabeça para minha melhor amiga.

— Não conta quando é suborno — avisou, porém eu me limitei a rolar os olhos.

— Enfim — me abaixei na altura das meninas — Quantas vezes já dissemos para não entrarem no estúdio correndo? Eu poderia estar gravando — lembrei, notando os rostinhos culpados das duas.

Por mais que eu ouvisse a voz em minha mente me dizendo que eu deveria continuar a repreender as duas, eu sabia que não seria capaz. Principalmente quando as duas me olhavam com rostinhos culpados a arrependidos.

Porque mesmo que Sabrina já tivesse completado quatro anos e Fairy tivesse feito a festa dos seus sete em algumas semanas atrás, elas ainda eram minhas garotinhas. E me aliviava que as duas fossem tão unidas assim mesmo que minha filha mais velha só estivesse em quase quinze dias por mês, já que eu dividia a guarda com sua outra mãe.

— Desculpa, mama — disseram em sincronia, me fazendo sorrir.

— Tudo bem, hoje eu desço e tomo sorvete mas na próxima vez às duas vão voltar para o quarto — avisei seriamente, ganhando em resposta acenos de compreensão antes das duas correrem para fora dali, me levantei e encarei Dinah — Aprendeu como faz, né?

— Cala a boca — me empurrou ao sair do estúdio, o que me fez rir.

A segui para o andar debaixo, ainda cantarolando em minha mente a canção que fazíamos. Acabei rindo baixo ao lembrar que comecei a escrever ela semana passada após o aniversário da minha esposa, quando passamos quase o final de semana inteiro no quarto.

Nunca agradeci tanto por Sabrina praticamente implorar para ir ao parque de diversões com Fairy e a mãe da mais velha.

Balancei a cabeça para afastar os pensamentos ao chegar na sala. Não consegui deixar de sorrir ao ver minhas filhas correrem pela sala, normalmente Lauren as mandaria parar por medo que se machucassem, porém minha esposa segurava um pequeno bebê no colo. E todos nós sabíamos como Lauren era trouxa por bebês.

— Oi Mani — cumprimentei a melhor amiga de minha esposa, que estava sentada ao seu lado.

— E aí Camila — respondeu, enquanto Dinah se sentava ao seu lado e a envolvia com um braço.

Sorri ao lembrar que a negra, há dois anos, também era a esposa da minha melhor amiga. E há quatro meses, mãe do garotinho nos braços de Lauren.

— Hey Benjamin — sorri para o pequeno, tocando carinhosamente em seus cabelos — E oi amor — beijei o rosto de Lauren, a fazendo sorrir.

— As meninas te atrapalharam? — perguntou de repente confusa, olhando ao redor e já suspirando pela bagunça que as duas faziam.

— Tudo bem, precisávamos de uma pausa mesmo — dei ombros, sem me preocupar muito com aquilo — Prometi sorvete a elas — avisei, o necessário para chamar atenção das duas.

— Mama, posso tomar de morango?

— Não! Eu quero de chocolate!

— Mas morango é melhor.

— Benny pode tomar também? Ele iria preferir chocolate.

— Não mesmo, Ben nunca iria preferir aquela coisa horrível.

— O quê? Mas é chocolate e...

— Ok, já chega — pedi rindo e interrompendo Fairy, que fazia uma careta — Pode tomar o de chocolate, fadinha.

— Mas mama...

— E você pode tomar o de morango, leoa — já a interrompi, causando em ambas gritos de comemoração.

Dei ombros enquanto as via correrem até a cozinha e rapidamente ia atrás das duas. Lhes dei o prometido e coloquei de ambos os sabores para mim. Suspirei aliviada quando voltamos para a sala e as duas se sentaram quietinhas para comer.

Nisso com certeza tinham puxado a mim.

— E essa música que estão fazendo? — Normani perguntou curiosa, porém levemente repreensiva.

— Não se preocupe meu bem, é pra Camila. Ainda só quero ficar em casa com você e esse gordinho — Dinah respondeu tranquila entre uma risada.

— E eu estou compondo algumas músicas, gravando. Tenho um álbum a caminho, faz uns dois anos que não lanço um — lembrei despreocupada.

A conversa se estendeu por mais algumas horas até que nossas amigas e nosso afilhado fossem para casa. Me sentei ao lado de minha esposa, deixando as meninas continuarem a correr e brincar. Sorri quando Lauren deitou em meu peito, me deixando a abraçar pelos ombros.

— Benjamim tem apenas três meses e já está enorme — ela comentou e eu fiz um som nasal em concordância — É a coisa mais fofa do mundo, me faz lembrar de quando as meninas também eram assim — continuou e, dessa vez, ergui a sobrancelha.

— Você quer me dizer algo? — questionei confusa, me afastando apenas alguns centímetros para que ela se ajeitasse e me olhasse.

— Não é nada demais, sério e...

— Vamos lá amor, faremos cinco anos de casamento em alguns meses, você já deveria saber que pode me dizer qualquer coisa — a lembrei suavemente, tocando em seu rosto e a vendo sorrir.

Lauren respirou fundo antes de me responder.

— Você sabe que eu sempre quis filhos, não importa como os tivesse. Fairy e Sabrina são tudo para mim, eu as amo mais do que poderia dizer — declarou fazendo com que eu sorrisse por suas palavras — Mas eu também sempre tive o desejo de ficar grávida, de ter um bebê crescendo dentro de mim e experimentar isso. Eu notei ao longo dos anos que estar grávida não é algo que tenha passado por sua cabeça e tudo bem, mas é algo que sempre passa pela minha — explicou, me deixando um tanto quanto surpresa — E, eu fiz trinta e três anos semana passada, minha fertilidade está caindo há anos já e eu andei pensando nisso nas últimas semanas e eu sei que é meio idiota já que nem conversamos sobre ter mais uma filha e você está em processo de criação de álbum então não...

— Eu achava que a única que divagava assim era eu — a interrompi com bom humor, observando minha espoa respirar fundo e me encarar apreensiva — Admito que não pensei nisso, mas agora que você comentou é como se minha mente imaginasse todos os cenários possíveis por ter mais uma filha. E não sei porque não tentamos isso antes — confessei, gostando por como Lauren arregalou um pouco os olhos antes de sorrir da mesma forma que me deixava sempre mais apaixonada.

— Mas e seu álbum? — perguntou preocupada.

— Como disse eu estou em processo criativo, e tenho um estúdio aqui. Então estarei mais tempo em casa para ficar com minha esposa grávida — argumentei, começando a me sentir cada vez mais ansiosa com a idéia — E então posso lançar o álbum um pouco depois que a criança nascer. Começo divulgações por perto e no país e, bom, você estará de licença e com três meses o bebê já pode viajar então poderíamos...

— Ok, agora você respira senhorita ansiosa — Lauren sorriu antes de se aproximar e selar nossos lábios com carinho — Todos os dias eu sei que fiz certo em casar contigo — declarou com os lábios ainda próximos aos meus.

E como se fosse há anos atrás em nosso primeiro encontro, senti meu coração acelerar.

— Tem mais uma coisa — ela continuou, começando a mexer distraidamente com a barra da minha camisa, a encarei atentamente — Eu queria que tivesse uma parte sua também — sussurrou, mas eu sorri largo.

— Faço questão de doar meus óvulos — afirmei, gostando de quando Lauren me encarou novamente com brilho no olhar.

— Você lembra que para isso precisa de algumas injeções hormonais, certo? — perguntou segundos depois e eu engoli em seco.

Quase automaticamente lembrei de correr ao redor do meu antigo apartamento e de Hailee me jogar no sofá e praticamente me imobilizar para que ela conseguisse injetar a agulha em mim. Foi uma cena praticamente diária durante os dez dias de tratamento até o dia da coleta.

Mas isso foi há sete anos atrás. Não tem como algo assim acontecer novamente, não é?

[...]

Três semanas depois.

Respirei ofegante depois de correr por quase todo o perímetro da minha casa. Sabrina corria atrás de mim mesmo sem entender exatamente o que estava acontecendo. Fairy não estava em casa mas se estivesse provavelmente estaria correndo também.

— Camila! Já faz seis dias e nos seis você faz essa mesma cena! — Lauren ralhou quando eu me escondi atrás da bancada da cozinha — Vamos lá você concordou, você já tomou isso durante seis dias, você já sabe como é — resmungou e eu fiz uma careta.

— E eu sei que dói — murmurei, observando minha filha na minha frente franzir o cenho.

— Por que a mamãe quer que tome isso? — perguntou confusa e eu a encarei por alguns segundos.

— Porque ela é má! Isso! Ela é muito má — respondi, notando quando ela tombou a cabeça para o lado, seus longos cabelos loiros caindo sobre seus olhos.

— Mas a mamãe não é má — Sabrina disse como se fosse óbvio e eu suspirei, começando a me sentir culpada pelo que disse.

Senti meus olhos começarem a lacrimejar. Oh droga, de novo não.

— Eu sei, ela não é. Na verdade sua mãe é maravilhosa — corrigi, sentindo minha garganta arder e algumas lágrimas escaparem — Ela está sendo tão paciente e eu só dificulto para algo que nós duas queremos.

E antes que eu pudesse controlar, comecei a chorar quase desesperadamente no chão da cozinha. Consegui ver minha filha arregalar os olhos antes de correr para fora da cozinha. Não se passaram dois minutos até que eu a visse novamente, puxando Lauren pela mão e apontando para mim.

Minha esposa suspirou e negou com a cabeça, um leve sorriso divertido nascendo em seus lábios enquanto eu ainda chorava.

— Sabrina, você fez muito bem em me chamar, por que não me deixa um pouquinho com sua mama? — Laurem pediu, mas nossa filha fez questão de correr até mim e me abraçar antes de sair dali.

Eu tinha muita sorte com aquela dali.

Minha esposa se abaixou até estar quase na altura onde eu estava. Ela sorriu calmamente, tirando um pouco do cabelo em meu rosto e secando algumas das lágrimas que escorriam.

— Hormônios? — ela questionou em um tom divertido e eu me limitei a rolar meus olhos — Tudo bem, vem cá — se sentou ao meu lado e me puxou para si — Eu sei que você odeia agulhas, Camz. Mas só faltam alguns dias e então poderemos fazer o procedimento — lembrou em um tom suave enquanto seus dedos percorriam minhas costas carinhosamente — E você ainda quer isso, não é?

— É claro que sim! — concordei rapidamente, fungando baixo — Eu só não sei o que acontece comigo, estou tão sensível. Sei que é culpa das injeções mas é inevitável — murmurei, me agarrando mais ainda a minha esposa — Digo, eu chorei horrores quando Hailee buscou Fairy no começo do mês. E eu não fazia isso há anos — lembrei, ouvindo a risada baixa de Lauren.

— Eu sei, e está tudo bem. Fairy volta em alguns dias — me tranquilizou — Está melhor?

— Acho que sim, só preciso...

Eu não consegui terminar minha frase porque em um movimento rápido demais Lauren já tinha me puxado com um pouco mais de força e me colocado em seu colo, descendo só um pouco do meu short de pano e injetando a droga necessária.

— Lauren! — exclamei, gemendo um pouco de dor e fazendo uma careta quando a ouvir rir.

— Era o único jeito oras — respondeu como se não fosse nada demais — Agora levanta daí que eu te faço brigadeiro.

(...)

Dias depois.

Ri um pouco alto ao ver a correria em minha sala. Sabrina parecia brincar de pega pega com Thomas, porém apesar de ser um ano mais velho que minha filha, os dois ainda tropeçavam um pouco sem a coordenação perfeita para aquilo. Mas achavam muito engraçado, principalmente porque segundo Sabrina, eles também tinham que evitar as lavas, seja lá o que isso significa.

— Ei Ei vocês dois, por que não fazem isso lá fora? — Lauren pediu, apontando para o quintal e logo os dois corriam na direção indicada.

— Melhor eu ficar de olho, Tommy está fascinado por piscinas — Lucy avisou, se referindo ao filho.

— Não se preocupa, nós cobrimos a piscina — a tranquilizei, me sentando no sofá ao lado de Verônica e observando Lucy dar ombros e se sentar também — Aliás, vocês realmente não se incomodam? Eu ia chamar a babá, mas Fairy chega daqui a pouco e as duas juntas enlouquecem qualquer um — expliquei, vendo as amigas de minha esposa rirem.

— Tá tudo bem, Mila — Vero respondeu despreocupada — Thomas adora vir brincar, nós damos conta. E vocês voltam logo — completou dando ombros.

— Estão ansiosas? — Lucy perguntou, encarando ansiosamente a nós duas — Eu mal consegui dormir no dia anterior ao meu procedimento.

— Quem disse que eu dormi? — Lauren riu, mexendo em seus cabelos, deixando um pouco do seu nervosismo transparecer.

— Ela se vingou de todas as vezes que acordei de madrugada só pra conversar, porque me chamou de dez em dez minutos — delatei, rindo junto com nossas amigas.

Minha esposa estava prestes a retrucar quando ouvimo a campanhia tocar. Me levantei apressada, já sabendo quem seria. Porém franzi o cenho ao abrir a porta e não receber um abraço de urso. Fairy mantinha os braços cruzados e a expressão fechada enquanto permanecia do lado de Hailee.

Oh merda, eu conhecia aquilo.

— O que ela fez? — perguntei já cansada, vendo Hailee suspirar enquanto eu lhe dava passagem para entrar em minha casa.

— Diz pra sua mama o que fez — Hailee pediu enquanto eu fechava a porta e permaneciamos ainda na entrada.

— Diz pra ela o que você fez! — Fairy exclamou de volta e eu as encarei confusa.

Porém com um olhar mais atento em Hailee, notei um anel desconhecido. Soltei um suspiro ao entender a reação da minha filha.

— Fairy, sua irmã e Tommy estão no quintal. Por que não vai lá? — sugeri e em segundo ela estava correndo para fora dali, me virei para Hailee — Ela ficou com ciúmes? — apontei para o anel e surpreendentemente a vi corar.

— Niall me propôs mês passado e enrolei para contar a Fairy. Contei semana passada e ela planejou uma pegadinha, digamos que teve slime, farinha, pistolas de água e metade dos brinquedos sendo arremessados.

Mordi meu lábio inferior para impedir de dar risada, porque eu sabia que a atitude dela estava errada. Porém, minha genia do mal era muito divertida.

— Não ria, Camila. Eu achei que isso tinha passado — Hailee resmungou e eu cruzei os braços, acenando em concordância.

Fairy costumava sempre implicar com Niall até Lauren ter a idéia de conversar com ela e entender o porquê disso. Fairy disse que Niall ela legal e ela gostava dele, mas era divertido fazer brincadeiras porque no final ele apenas ria e se divertia. Eventualmente essas pegadinhas foram diminuindo, até agora aparentemente.

— Enfim, desculpe aliás. Sei que hoje é um dia importante para você e Lauren, eu realmente gostaria de ficar mais com a Fairy e poderia cuidar de Sabrina também. Mas eu realmente tenho que viajar hoje. Estou com a agenda lotada.

— Tudo bem, eu entendo. Vou tentar falar com Fairy ok? — garanti, a observando assentir e se preparar para sair — Ei Hailz, parabéns ok? Estou feliz por vocês dois — desejei, a puxando para um abraço.

Esperei que ela saísse para voltar a sala, notando o olhar questionador de Lauren, apenas neguei a cabeça em um sinal que lje explicaria depois. A deixei conversando com suas amigas pelos minutos que tínhamos antes de sair e caminhei até o quintal, observando que Fairy já parecia mais animada por estar com sua irmã e o amigo.

Caminhei pelo quintal, me desviando dos três que corriam e me sentei em uma das cadeiras, sinalizando apenas para que minha filha mais velha se aproximasse. Fairy veio até mim em uma lerdeza considerável.

— Estou em problemas? — perguntou com um rostinho angelical — Mommy já me deixou de castigo nos últimos dias — avisou antes que eu colocasse em meu colo.

— Por que atacou o Niall? — a encarei, tentando não soar tão dura e a vendo suspirar.

— Mommy disse que vão se casar — murmurou, deitando o corpo em meu peito — Não quero.

— Eu não entendo isso, filha. Quando Lauren e eu te contamos que iríamos nos casar, você adorou a ideia, você participou do casamento — lembrei, acabando por sorrir com as memórias.

— Mas a Lo é minha mãe! Ni não é meu pai, eu não quero que ele seja — retrucou um pouco mais revoltada — Eu só quero você a mamãe e a mommy.

— Por quê fadinha? Não gosta do Ni? Você me disse que ele era legal, o que houve então? — perguntei, começando a ficar um pouco preocupada.

— Ni é legal, mas Bina e eu temos um plano — revelou, e eu a encarei com curiosidade — Achamos que um dia você, a mamãe e a mommy poderiam morar juntas. Assim Bina e eu também. Mas se a mommy casar isso não acontece — explicou inocentemente.

Senti meu coração se apertar em meu peito. Eu sabia que era difícil para as duas terem que se separar por dias e, por vezes, era quase impossível fazer Fairy ir e Sabrina ficar. Alguns dias até deixávamos Sabrina ir sair com a irmã e a mãe, porque nossa filha caçula chegava a ficar doente de saudades.

— E eu sei o que você e a mamãe querem fazer — Fairy continuou e a olhei um pouco confusa — Quando mommy me buscou e te viu, ela disse que você estava igualzinha a antes de me terem — explicou, fiz uma breve careta querendo bater em Hailee — Você e mamãe querem ter outro bebê, não é?

— Fairy...

— Não falei pra Bina, mama. Me diz — pediu e eu sorri fraco por sua insistência.

— É fadinha, sua mãe e eu querermos aumentar a família — concordei, gostando do sorriso que ela me deu.

Uma cópia perfeita do meu.

— Por isso Bina e eu queremos ficar juntas! Eu quero uma nova irmazinha e não quero ficar longe! — exclamou quase desesperada, seus olhos correndo pelo quintal e rapidamente olhando para a irmã mais nova que corria.

— Ei, olha aqui para mim — pedi delicadamente, esperando que Fairy me encarasse — Meu amor, eu sinto muito, mas mesmo que sua mommy não se casasse. Nós três não morariamos juntas — respondi direta, sentindo meu coração se partir ao ver seus olhos encherem de água — Sua mommy e eu tivemos algo lindo, e é você. Sempre estaremos ligadas por causa de você, fadinha. Mas seguimos caminhos diferentes. Eu estou feliz aqui, com Lauren, com você e a loirinha ali — indiquei Sabrina, a fazendo rir — Não quer que sua mommy esteja feliz assim também? Ela é feliz com Niall. E a machuca quando o trata mal — expliquei da forma mais calma que pude.

Fairy abaixo a cabeça, começando a mexer as mãos, ajeitando o vestido florido que usava. Ela estava magoada e culpada, sabia disso apenas pela forma que seu corpo começava a tremer em um indício que iria chorar.

— Eu juro para você que serei sempre amiga da sua mommy e você sempre nos terá, mesmo que não moremos juntas — continuei em um tom mais baixo — E se tudo der certo, você terá mais uma irmã ou irmão aqui, nessa família — lembrei, conseguindo lhe arrancar um sorriso — Eu sei que é difícil e complicado para você, pequena. Você tem duas famílias, fadinha. E as duas te amam, tenha certeza disso — garanti, sorrindo quando a senti me abraçar o mais forte que conseguia.

— Te amo, mama — sussurrou e eu acho que poderia sentir meu peito explodir de alegria só por ouvir aquilo.

E saber que logo teria mais um para me dizer isso me deixava em êxtase.

— E ei, não foi legal o que fez com o Niall — lembrei, vendo o olhar culpado voltar em seu rosto.

— Sei. Mommy me fez pedir desculpas — contou, fazendo uma breve careta — Eu não queria magoar a mommy, eu quero que ela seja feliz também.

— Então por que não a diz? — sugeri, a tirando do meu colo e pegando meu celular no bolso sob o olhar confuso de Fairy — Pronto, ela vai atender — prometi, depois de discar o número e entregar a minha filha — Diga a ela e então me leve o celular antes de brincar com sua irmã e Thomas — pedi, a vendo assentir.

Esperei até que Hailee atendesse e Fairy já começasse a se desculpar. Voltei para dentro de casa, encontrando minha esposa conversando com as amigas, mas me lançando um olhar curioso assim que me viu.

— Hailee e Niall vão se casar, Fairy não ficou tão feliz — expliquei sem muitos detalhes, a vendo suspirar e olhar por cima do meu ombro, provavelmente tentando enxergar nossas filhas — Eu conversei com ela, e agora ela está ligando para Hailz — completei, ganhando um breve aceno.

— Espero que ela fique bem — Lauren disse em um tom baixo — Tomara que ela goste da idéia de ter mais uma irmã ou irmão.

— Ah ela sabe — respondi, notando o olhar surpreso de minha esposa — Ei não me olhe assim, a culpa não é minha. Mas então, vamos logo colocar um bebê em você, sim?

— Nossa Camila eu fui muito mais gentil quando te levei para coletar seus óvulos — lembrou em um resmungo enquanto se levantava.

— Claro né, ela não parava de chorar por um segundo sequer — ouvi a provocação de Verônica e rolei meus olhos.

— Vamos logo dar tchau pras meninas e avisar que voltamos mais tarde — puxei a mão de Lauren, ainda ouvindo o casal rir enquanto saíamos.

(...)

Quatro meses depois.

Me remexi na cama, resmungando audivelmente ao não sentir o corpo de Lauren ali. Sentei na cama, olhando rapidamente para o relógio e descobrindo que ainda eram quatro horas da manhã. Mesmo assim me levantei, sabendo que se minha esposa grávida não estava no quarto, era melhor que eu fosse atrás dela.

Desci as escadas diretamente para a cozinha, sem me surpreender ao encontrar Lauren encostada no balcão e, praticamente, devorando um hambúrguer.

— Eu te acordei? — ela perguntou um pouco culpada, de boca cheia, enquanto eu entrava ali.

— Não, acordei sozinha — respondi calma, abrindo a geladeira e me servindo de um copo de água — Você acordou pra fazer um hambúrguer?

— Eu estava morrendo de fome – se defendeu dando ombros, enquanto eu bebia a água — Estou comendo por dois, lembra? — me encarou com o mesmo argumento que usou nos últimos quatro meses.

Sorri por isso, deixando o copo na minha e me aproximando de minha esposa.

— É, eu sei e, espera aí. O que você está comendo? — questionei confusa ao olhar mais de perto seu hambúrguer — Você colocou morango dentro daí??

— É carne, alface, tomate, morango, doce de leite, ketchup e uma pitada de canela — respondeu como se fosse a melhor invenção da década.

Eu quis vomitar.

— Achei que seus desejos tinham diminuído — comentei tranquila, me afastando antes que eu realmente vomitasse por aquela coisa estranha que ela comia.

— Ah sim, mas hoje deu vontade — deu ombros e, naturalmente, jogou o restinho do hambúrguer no lixo antes de abrir a geladeira e pegar um copo de leite — Talvez seja a ansiedade por contar as nossas famílias — lembrou e não evitei meu sorriso.

Conseguimos, por um milagre divino, manter a gravidez de Lauren um segredo pelos últimos quatro meses. Apenas quem sabiam eram nossos amigos mais próximos porque nos ajudaram, mas não queríamos criar expectativas em nossas famílias então iríamos esperar o primeiro trimestre. Porém, minha sogra sugeriu que fizéssemos o dia de ação de graças em nossa casa, sugeri a idéia para meu pai e irmã e eles adoraram. Sendo assim, contariamos para todos de uma vez.

— Ele chegam que horas mesmo? — perguntei, seguindo minha esposa quando a vi começar a voltar para nosso quarto.

— Sua família as dez, a minha é doida e não sabem marcar um horário — Lauren respondeu entediada, o que me fez rir enquanto me jogava na cama e a esperava escovar os dentes.

— Tudo bem, de qualquer forma eu não vou buscar ninguém no aeroporto porque quero evitar confusão — avisei, já me ajeitando debaixo das cobertas e em minutos tendo a companhia de minha esposa ali — Como acha que vão reagir? — perguntei curiosa, tocando em sua barriga que já estava um pouco maior.

— Pense na festa de nossos pais quando descobrirem que teremos um garoto — Lauren respondeu em uma risada, não evitei meu sorriso largo.

Um garoto. Tínhamos feito o última ultrassom semana passada e descobrimos que seria um menino. Eu lembro de ter chorado um pouco na volta para casa. Porque eu estava igualmente feliz como quando descobri que teria uma menina há sete anos atrás.

— Mal posso esperar para o conhecer — sussurrei, deitando minha cabeça em sua barriga, como seu eu pudesse escutar os batimentos do meu filho — you're my sweet / sweet little boy / do you even know how i'm waiting for you? — cantarolei em um tom baixo, sentindo os dedos de Lauren percorrerem meus cabelos.

(você é meu doce / doce garoto / você sequer sabe como estou esperando por você?)

— Ele já tem uma música? — ela perguntou em um tom divertido, virei a cabeça apenas para a olhar.

— Pensei que ele ficaria magoado se crescesse e descobrisse que é o único a não ter uma — respondi no mesmo tom, a vendo negar com a cabeça entre uma risada.

Até porque minha esposa me conhecia o suficiente para saber que eu já estava escrevendo desde quando descobrimos a gravidez. Porque eu me sentia inspirada a cada segundo do dia.

— Amor? — Lauren me chamou e a encarei curiosa, encontrando uma feição que eu já conhecia bem.

— Ah não Lo. São quatro da manhã! — resmunguei, mas me sentei na cama mesmo assim, a vendo morder seu lábio inferior — O que é dessa vez?

— Eu queria picles — Lauren respondeu, me fazendo soltar um suspiro — E uma pizza de abacaxi. Ah e chantilly — completou, já me deixando enjoada só por pensar em tudo aquilo.

— Eu devo te amar muito — murmurei, a fazendo rir enquanto eu andava até o closet para vestir algo mais adequado que meus pijamas.

Quando voltei para casa e entreguei a comida para Lauren, só consegui ir dormir quase as seis da manhã e acordar as oito em ponto com duas pestinhas pulando na minha cama. Sendo assim fui obrigada a me levantar e fazer o café da manhã das quatro crianças, já que Laurem grávida era um bebê carregando outro bebê.

Em um dia comum eu também teria que ajudar Fairy a se preparar para a escola e impedir que Sabrina se escondesse no carro para ir juntos. Porém, para meu alívio, hoje era feriado. Por isso estávamos tendo um ótimo café da manhã em família no lado externo da casa. Era algo comum durante a primavera.

— Que tal Sven? — minha filha caçula sugeriu um nome para seu irmão e não evitei a risada.

— Ele não é uma rena — Fairy respondeu quase rolando os olhos — E não estamos em Arendell.

— Até porque se estivéssemos, o nome ele seria Olaf — entrei na conversa, conseguindo fazer as duas rirem.

— E meninas, se lembrem, seus avós e tios não sabem de nada. Então não contém até a hora do jantar, tudo bem? — Lauren pediu, ganhando a atenção das duas e acenos positivos — Fay, você já escreveu o que sua professora pediu?

— Aaargh não — ela respondeu em um resmungou, deitando a cabeça dramaticamente na mesa — É muito difícil, mamãe. A segunda série é horrível — se lamentou, me fazendo rir.

— Você disse a mesma coisa da primeira — lembrei sabiamente, cortando uma maçã para Sabrina.

— A primeira era muito legal — Fairy se defendeu, sentando corretamente e pegando mais um pedaço de queijo da mesa — Mas agora tenho que fazer essas redações e ler, e não são tão legais quanto as histórias da mamãe — reclamou e pude ver um pequeno sorriso no rosto de Lauren.

— Que tal se eu te ajudar na sua redação? — minha esposa sugeriu, ganhando toda a animação de nossa filha.

— Posso ajudar também? — Sabrina pediu, subitamente animada também.

Eu estava prestes a responder quando ouvi meu celular tocando. Encarei a tela confusa ao ver o nome de Ally. Me levantei ouvindo Lauren dizer que nossa amiga deveria lembrar que hoje era feriado. Ri enquanto me afastava um pouco e atendia a ligação.

— Hey, o que...

Camila, oi! Sobre o seu processo criativo de álbum, eu estava pensando que talvez você pudesse fazer algumas....

Franzi o cenho quando ela desatou a falar sobre minha carreira. Afinal, como Lauren havia lembrado: hoje era feriado. Ally deveria estar com sua família, principalmente porque há um ano ela havia dado a luz a sua filha, Hannah. Sorri ao lembrar de como Troy havia ficado todo ansioso e bobo

— Ally! — interrompi seu monólogo sobre colaborações e a vi bufar — Não deveria estar, não sei, cuidando de outras coisas agora?

Droga, Dinah me disse a mesma coisa — reclamou e eu ergui minha sobrancelha, mesmo que ela não pudesse ver — Os pais de Troy estão aqui. Minha querida sogra está achando defeito em tudo e meu sogro está mimando minha filha com dezenas de presentes — explicou e tive que me segurar para não rir.

— Ally, eu sinto muito. Mas você vai lidar com isso porque em algumas horas são meus sogros que irão chegar — lembrei, a ouvindo resmungar mais um pouco porém ceder e desligar a chamada.

Voltei a mesa a tempo de terminar nosso café da manhã. Lauren se levantou primeiro, avisando que iria tomar banho. Esperei alguns minutos antes de subir e mandar Fairy ir tomar banho enquanto eu ajudava Sabrina a fazer o mesmo. Só tive que verificar duas vezes se Fairy estava mesmo tomando banho ou apenas bagunçando ou se precisava de ajuda. Só quando as duas estavam prontas corri para o meu para também tomar banho e ficar apresentável para receber meus sogros.

Porém, não foi surpresa alguma quando antes disso meu pai e irmã chegaram. Corri para abraçar minha irmã mais nova, mesmo que ela não fosse tão mais nova assim. Sofia já era uma adulta, e tinha se tornado uma mulher incrível, como eu já sabia que aconteceria. Aquela adolescente agora era uma universitária, com apenas mais um ano para finalizar seu curso de Jornalismo em Stanford.

— Ei, eu tenho milhares de coisas para te contar — avisou assim que se afastou e eu ri de sua empolgação — Mas antes, cadê as minhas sobrinhas? — sua voz alta chamou a atenção das duas que logo puxaram Sofia para terem atenção.

Aproveitei isso para sorrir e me aproximar do meu pai, o abraçando forte. Eu sentia sua falta todos os dias.

— Como estão as coisas em casa? — perguntei, o acompanhando até a sala.

— Tudo bem, filha — respondeu tranquilo e sorriu fraco quando ergui minha sobrancelha — Ela está bem, sinto muito por ela. Mas Sinu decidiu passar o feriado com a mãe — respondeu no mesmo tom, mesmo que eu visse seu esforço por aquilo.

Balancei a cabeça, não sei porque ainda esperava que algo pudese mudar sobre aquilo. Respirei fundo, afastando isso de minha mente assim que ouvi as vozes infantis chamarem pelo avô. Sorri quando meu pai pegou as duas no colo, as fazendo rir.

Lauren desceu minutos depois e segurei a risada pelo sueter três vezes maior que ela vestia, para disfarçar sua barriga até contarmos. Já estávamos quase na hora do almoço quando a família Jauregui chegou. Eu ri enquanto Clara entrava e culpava Michael pela demora, segundo ela a aposentadoria havia o deixado lerdo. Cumprimentei os dois antes de me virar para meus cunhados.

Abracei Chris e Taylor de uma vez só, rindo de como os dois praticamente correram para verem as sobrinhas. Sorri satisfeita por todos estarem em casa. Almoçamos qualquer coisa, já que tudo que meu pai e Clara conseguiam pensar era no jantar. Por isso quase todos foram intimados pelos dois a focar nisso, considerando que nosso prato principal demorava a assar.

Após muitas horas, conversas, risadas, lembranças constrangedoras e presentes desnecessários para as meninas. Estavamos enfim jantando todos na mesa.

— Sim! E você não imagina a confusão, pensamos que o garoto tivesse apagado o arquivo original do filme — Chris contava divertido sobre algum caso em seu emprego, em alguma produtora de filmes independentes, para meu pai que ouvia curioso e Fairy que escutava empolgada.

Ela adorava o fato que seu tio trabalhava em produtora e tinha diversas câmeras.

— Porém se o senhor notar, nas eleições passadas houve um aumento muito maior de votações e eu acredito que é pela vontade das pessoas de mudarem e elas só querem mudanças daquilo que elas vêem acontecer, por isso é importante essa informação — Sofia dizia tranquilamente para meu sogro que, sem surpresa alguma, havia conseguido puxar alguém para discutir política.

Sabrina, sentada entre eles, os encarava confusa e curiosa.

— Sabe que não sei ao certo, digo eu preciso procurar mais, só que seu pai né — Clara comentava e reclamava de Michael quase em divertimento, para Lauren que apenas ria e concordava.

— Ah eu gosto da galeria e Sam disse que se eu juntar minhas obras e propor algo legal posso fazer uma exposição lá — Taylor me respondia após eu lhe perguntar como estava a vida após terminar sua faculdade em artes visuais — Ei Sofi, me passa o vinho, por favor — pediu, chamando a atenção da minha irmã que parou algum argumentos na metade e se virou na nossa direção.

— Aqui, Tay — estendeu a garrafa para minha cunhada e, automaticamente, já tinham umas três taças erguidas.

— Eu tenho cara de garçonete? — Taylor reclamou quando pegou a garrafa.

— Você quer que eu responda? — Chris provocou, causando algumas risadas.

— Idiota — ela revirou os olhos, mas serviu o vinho nas taças mesmo assim — Lauren, quer? — perguntou gentil, mas antes que minha esposa respondesse, nossa filha interferiu.

— Mamãe não pode — Fairy contou e eu arregalei meus olhos quando todo e viraram para ela.

— É, porque ela tá grávida — Sabrina completou e eu quase me afundei na cadeira.

De repente todo começaram a falar juntos na mesa, meu pai e meus sogros ameaçando chorar. Nossos irmãos confusos. E Lauren totalmente frustrada porque seu plano de contar na sobremesa havia ido por água abaixo.

— Meninas, o que nós tínhamos combinado hoje de manhã? — encarou nossas filhas que se entreolharam.

— Que era pra contar no jantar — Fairy respondeu aparentemente calma.

— E já é jantar, mamãe — Sabrina lembrou, como se fosse óbvio.

Não evitei a risada por aquilo. Mesmo que uma parte de mim lembrase que daqui a alguns meses, Lauren e eu estaríamos em desvantagem ali. Se duas já era assim, imagina com três filhos.

(...)

Três meses depois.

Sentei na cama, já devidamente vestida com um longo vestido azul marinho, saltos pretos e meu cabelo solto. Agora eu apenas observava minha esposa caminhar de um lado para o outro do quarto. Ela usava um vestido também longo, na cor cinza com detalhes em pedras em seu busto. Porém, o que chamava a atenção era sua barriga de sete meses. E seus seios. Que estavam enormes.

Eu não estava reclamando.

— Camila, pega meu sapato por favor, cansei de andar — ela pediu, apontando para o closet e eu rapidamente me coloquei de pé, atendendo seu pedido — As meninas estão prontas? — perguntou assim que voltei para o quarto.

— Sim, as duas. E estão imóveis cada uma em seu quarto para não sujarem as roupas — garanti, me abaixando em sua frente e colocando seus sapatos — Você está linda, Lo — declarei, sorrindo quando minha espoa se levantou.

E rindo um pouco quando ela rolou os olhos.

— Linda, claro, aham, com essa barriga enorme e esses seios gigantescos, com essa cara acabada porque eu não durmo há três dias porque o idiota do seu filho não para de chutar! Sem falar nessa vontade gigantesca de fazer xixi a cada três segundos Camila, e ainda...

Segurei a risada, me levantando também e me sentando na cama, esperando pacientemente que ela listasse todos os motivos que a deixaram de péssimo humor naquele dia. Era algo bem comum nessa época da gravidez. 

Minha esposa respirou fundo e eu sabia exatamente o que iria acontecer, por isso me levantei depressa, correndo até ela.

— Ei Ei, está tudo bem, eu estou aqui meu amor — a puxei delicadamente para meus braços, a deixando chorar em meu ombro — Você está linda, Lauren. Todos os dias você ainda é a mulher mais linda que eu já vi — prometi, beijando seu rosto e a fazendo encarar meus olhos — Sinto muito se nosso filho que ainda não tem um nome está te chutando muito. Ele só está ansioso para te conhecer — defendi a criança, encostando a mão em sua barriga e, como era de costume, o senti chutar minha mão — Viu? Ele só quer ficar com as mães — provei meu ponto, conseguindo arrancar uma risada de minha esposa — Eu juro que nós vamos, assistimos a cerimônia, ficamos o necessário na festa e voltamos para casa, o que acha? — sugeri, secando algumas lágrimas que ainda escorriam de seu rosto.

— Parece um bom plano — concordou, deixando que eu juntasse nossos lábios com carinho antes de se afastar — Vou ajeitar a maquiagem e já vou ok? — prometeu e eu assenti.

— Me chame quando for descer as escadas, vou levar as meninas para o carro e chamar meu segurança — avisei, já saindo do quarto.

Fiz exatamente o que disse, suspirando em alívio pelas nossas filhas que ainda não haviam estragado os vestidos. Principalmente Fairy, que seria a daminha do casamento de sua mãe. Por isso precisávamos chegar um pouco mais cedo.

Foram mais vinte minutos até que Lauren me chamasse e mais alguns para que fôssemos até o carro, dirigindo em direção a casa, quase fora da cidade, onde Hailee se casaria com Niall. Mal saímos do carro e nossas filhas correram em direção às outras crianças. O casamento não seria tão grande, mas avistei vários amigos em comum enquanto caminhava com Lauren até um lugar onde ela pudesse sentar.

Não se passaram dois minutos até minha esposa estar cercada por nossas amigas babonas.

— Meu Deus, você está tão linda! — Ariana foi a primeira a dizer, se aproximando e abraçando Lauren.

— Sim, ela está certa. E como está essa fase da gravidez? — Selena concordou, se sentando ao lado da minha esposa — Tay está lá em cima com Hailee, mas ela vai amar ver vocês duas.

— Procuro por ela durante a festa — Lauren prometeu antes de se virar para mim — Meu bem, tira Fairy dali e leva ela lá pra cima. Ela tem um papel especial hoje — me lembrou e eu concordei rapidamente, beijando seu rosto com carinho antes de me afastar.

Pedi para que Sabrina ficasse com sua mãe e puxei Fairy para a parte interna da casa. Surpreendentemente minha filha correu animada ao ver Niall. Sorri por como ela finalmente aceitou aquela situação. Cumprimentei o noivo antes de subir e encontrar Taylor tentando acalmar uma noiva nervosa que, em um passe de mágica, sorriu ao ver a filha.

— Fadinha! — Hailee exclamou, abrindo oa braços e deixando que Fairy corresse e lhe abraçasse, mesmo que isso pudesse estragar seu vestido de noiva — Eu já me sinto dez vezes melhor.

— Você vai dizer sim, não é mommy? — Fairy perguntou e eu sorri por como ela ainda era tão adorável.

— Eu prometo que sim — Hailee garantiu antes de e levantar e me encarar com um leve sorriso — Oi Camila, obrigada por ter vindo.

— Não foi nada. Só passei aqui pra deixar essa garotinha te desejar boa sorte — expliquei, rindo por como agora Fairy tentava chamar atenção de minha amiga — Eu tenho que voltar lá para baixo, Lauren está aqui e bem, você sabe muito bem como é uma mulher grávida — brinquei, a causando uma risada — De qualquer forma, meus parabéns, estou feliz por você — declarei sinceramente, a vendo sorrir.

— Eu também, estou feliz por nós duas — me respondeu no mesmo tom.

Deixei minha filha com Taylor, prometendo que eu estaria lá embaixo se ela precisasse de mim. Voltei para meu assento, sorrindo ao ver que Lauren ainda estava cercada de nossos amigos, com Sabrina ao seu lado.

O casamento transcorreu perfeitamente bem, me rendendo fotos magníficas e alguns stories divertidos. Era engraçado a reação de meus fãs para alguns acontecimentos, como eu estar com minha esposa e filhas no casamento de minha ex.

Voltamos para casa antes da madrugada, mesmo assim tarde o suficiente para que Fairy e Sabrina dormissem assim que chegamos. Lauren e eu subimos, ajudando uma a outra a tirar toda aquela roupa e trocar por pijamas confortáveis.

— Conheci um tal de Iago na festa, gostei do nome — Lauren comentou, se deitando na cama.

— Acho bonito mas não no meu filho — respondi, notando quando ela rolou os olhos — Que tal Pietro? — sugeri, me deitando ao lado de minha esposa.

— Eu gosto mas não gosto — Lauren respondeu se espreguiçando, o que fez com que sua camisa subisse e mostrasse sua barriga — Eu fico esperando esse estalo, algo que toque sabe? — me encarou, enquanto eu me apoiava em meu cotovelo para a olhar melhor.

— Sim, entendo bem isso — concordei, tocando carinhosamente em sua barriga — Você bem que podia nos ajudar né, garoto? — suspirei, percorrendo meus dedos pela região.

— Estive pensando em Augustus — Lauren comentou e eu ergui minha sobrancelha.

— Acho um nome bonito, mas me lembra muito o filme do garoto com câncer — respondi, voltando meu olhar para minha esposa — Isso está mais difícil do que você escolhendo o nome para seus livros ou eu para meus álbuns — brinquei, a causando uma risada — E olha que mês passado finalmente decidi o do meu álbum!

— Temos mais dois meses, pensaremos em algo — garantiu segundos depois e eu concordei com a cabeça, me deitando próxima a seu corpo e deixando o sono me levar aos poucos.

Senti como se tivesse acabado de fechar os olhos quando o movimento na cama me acordou. Abri os olhos apressadamente, preocupada. Minha esposs caminhava, tentando soar silenciosa, até a varanda. Franzi o cenho por ainda ser um pouco escuro e me levantei, indo atrás dela.

— Hey, não conseguiu dormir? — perguntei, bocejando e puxando o cobertor junto comigo.

— Não, ele está agitado hoje — respondeu calma, sorrindo agradecida quando coloquei o cobertor em seus ombros — Então decidi vir aqui e ver o dia amanhecer — completou, se escorando no vidro da varanda.

— Acho que nosso filho também gosta dessa hora do dia — comentei, deitando minha cabeça em seu ombro — Ei, olha, o Robin está cantando — apontei para a mesma espécie de passarinho que costumava acordar minha esposa e que se tornou algo simbólico para nós.

— E onde está o Batman? — Lauren questionou em tom divertido, me fazendo a encarar incrédula.

— Ei! Essa piada é minha — reclamei, mas tudo que minha esposa fez foi rir.

— Sabrina me perguntou sobre o colar que tenho dele, esse dias. Ela me fez pesquisar absolutamente tudo sobre a espécie para a mostrar — ela contou, mudando de assunto, com um leve sorriso nos lábios — Agora ela está fanática por tordos, ou os 'turdus' como ela insiste em chamar porque é o nome científico — continuou, soltando uma leve risada.

— Ainda sempre me faz lembrar de você — confessei, deixando meu corpo se encher com a sensação de paz que sempre me dominava quando tinha a chance de observar o sol nascer — Sabe? O amanhecer, esse canto gostoso do Robin ali. Mesmo quando estou há quilômetros de distância, me lembra que tudo ficará bem contando que eu esteja com você e nossa família — declarei naturalmente.

Depois de cinco anos casada com Lauren, era como se as palavras saíssem naturalmente. Ela tinha todo meu lado romântico para si. E, apenas por ver seus olhos, eu era capaz de tocar e cantar as mais belas músicas, recitar todos os poemas que fosse capaz de lembrar. Qualquer coisa que a fizesse ter a certeza que eu a amava ainda mais que ontem. Todos os dias.

Franzi o cenho ao ouvir um choro baixo e ergui minha cabeça confusa, encontrando minha esposa derramando lágrimas. Sorri fraco. Ela ainda era a mulher mais bonita que existia, mesmo quando estava em seu pijama, a barriga um pouco a mostra pela camiseta, nossa coberta nos ombros e o rosto molhado por lágrimas.

— Lo, o objetivo não era te fazer chorar — sussurrei carinhosa, secando suas lágrimas e beijando os dois lados de seu rosto — Ei, está tudo bem — prometi, segurando seu rosto e a vendo respirar fundo antes de me olhar — Melhor?

— Desculpe, não consigo controlar quando me diz coisas assim — pediu, mas eu neguei com a cabeça antes de me aproximar e selar nossos lábios suavemente.

— Não peça desculpas, não por isso — respondi, com meu rosto ainda próximo ao dela — Aliás, foi pensando em todo esse simbolismo de escuridão e amanhecer e o passarinho, que fiz algo — contei, voltando até o quarto para pegar meu celular.

— O que foi? — Lauren questionou confusa quando voltei para a varanda.

— Conversei pessoalmente com o mesmo designer que fez a capa do meu último álbum e olhe só — abri o arquivo no celular, lhe mostrando.

Durante o processo para meu novo album, decidi que se chamaria American Robin. Principalmente porque escrevi uma música sobre Lauren que tinha o mesmo nome. Representava muito mais do que apenas um canto de um passarinho. Fazia com que eu me lembrasse de diversos momentos com minha esposa.

Lauren demorou alguns segundos para compreender que o desenho na capa era obra de nossas filhas. Mas quando compreendeu, juntamente com o nome, ela chorou mais uma vez, o que acabou me fazendo rir baixo enquanto a abraçava.

Eu tinha minha esposa e filho nos braços, as nossas meninas dormiam a dois quartos de distância, e o sol começava a iluminar nossa varanda, assim como o som do nosso mascote se tornava um pouco mais alto.

Um estalo de repente surtiu em minha mente.

— Turdus!

— Robin!

Lauren e eu falamos no mesmo instante enquanto nos afastavamos. A encarei com uma pequena careta.

— Turdus?

— Robin, Camila!?

Reclamamos novamente na mesma hora e, dessa vez rimos. Soltei um suspiro, começando a pensar sobre aquilo e tendo o mesmo olhar de Lauren sob mim.

— Turdus Robin? — questionei confusa, vendo minha esposa negar levemente com a cabeça.

— Nah, ao contrário. Robin Turdus — ela afirmou e eu acabei sorrindo divertida.

— Robin Turdus Cabello-Jauregui — declarei, começando a gostar do som daquilo — É diferente, eu acho que é bom — admiti, gostando mais ainda do sorriso que minha esposa deu.

— Eu acho que é perfeito — ela respondeu, me beijando mais uma vez.

— Porém, quais as chances dessa garoto nos odiar quando crescer? — a encarei com bom humor, lhe causando uma risada alta.

(...)

Dois meses depois:

Sorri quando Sabrina tocou o teclado corretamente para sua cançar de ninar. Mostrei mais um acorde para ela, que me imitou perfeitamente.

— Isso! Você conseguiu — comemorei, ganhando uma gritinho de felicidade em resposta.

— Me ensina a tocar inteira? Com você cantando? — pediu, seus olhos verdes me encarando quase em súplica e eu sorri.

— Claro bebê — concordei sem precisar pensar no assunto — Começa assim — avisei, tocando as primeiras notas — all that i can see / is my entire world / painted in one color

yeah its all yellow — Sabrina continuou mantendo a mesma nota que eu cantava e a encarei ainda surpresa como sempre fazia.

Minha filha tinha uma voz adorável quando cantava e sempre pedia minha ajuda para continuar assim. Admito que gostava do fato que ela queria fazer parte do meu mundo, que queria aprender novos instrumentos e novas músicas.

My babylion i can't, opa desculpa — pedi rapidamente ao ouvir meu celular tocar, peguei o aparelho, me levantando da cama ao ver o número — Me dá um minutinho, leaozinho — beijei os cabelos loiros da minha filha antes de atender a chamada — Hey Mani!

Camila! Digamos que você estava certa sobre Lauren sair comigo hoje — ela começou um pouco apreensiva e me senti preocupada ao ouvir o grito de dor de Lauren ao fundo.

— O quê? O que houve? — questionei, sentindo meu coração acelerar enquanto eu olhava rapidamente minha filha tentando repetir as notas que toquei.

A bolsa estourou. Estou levando ela para o hospital — Normani avisou e eu arregalei meus olhos, tentando fazer a parte racional do meu cérebro agir.

— Filha, consegue vestir uma calça e um casaco? Nós vamos sair — me virei para Sabrina, a vendo me olhar confusa mas me obedecer, saindo do quarto as pressas — Mani, já estão chegando? — perguntei, entrando no closet e puxando um sueter e um tênis.

Estou estacionando — respondeu enquanto eu me trocava, fiz uma careta ao ouvir um novo grito de Lauren — Calma amiga, nós...

— Você está pedindo para que eu tenha calma, Normani!? Eu estou parindo!

Quase quis rir ao ouvir a voz de minha esposa, mas me mantive firme, pegando as chaves do carro e meus documentos, junto com os da minha filha, antes de ir até seu quarto.

— Te vejo em alguns minutos — avisei Normani no telefone, enquanto já amarrava os tênis de Sabrina e escutava a melhor amiga de minha esposa desligar a chamada.

— Onde vamos? — minha filha perguntou assim que a peguei no colo, para chegarmos na garagem mais rapidamente.

— Buscar seu irmãozinho — respondi simplesmente, notando como seu rosro estava surpreso quando a coloquei na cadeirinha.

— Mas e a Fay? Ela queria buscar o Robin também — lembrou assim que eu entrei no banco do motorista.

— Meu amor, ela está com a mãe dela. Ela vai ver o irmão quando voltar para casa — expliquei racionalmente, dando partida e acelerando até o hospital.

— Mama! Você prometeu pra Fairy — insistiu e eu suspirei, sabendo muito bem que minha filha estava certa.

— Ok, acho que posso ligar para Hailee. É um momento importante — concordei, olhando pelo retrovisor para ver minha filha comemorar. 

Cheguei no hospital, saindo do carro segurando Sabrina em um braço enquanto com a mão livre eu mandava mensagens para nossas famílias e amigas mais próximas, além de pedir para Hailee trazer Fairy, se pudesse.

Andei diretamente para o andar conhecido, encontrando Normani aflita, que suavizou o rosto assim que me viu.

— Finalmente você chegou! — ela exclamou, me abraçando rapidamente — Lauren está no quarto três, aparentemente a dilatação dela está quase ótima! Eu demorei oito horas para ter o Benjamim e essa idiota mal entrou no hospital e o pirralho quer nascer — resmungou, me fazendo soltar uma risada.

— Pode ficar com Sabrina por alguns minutos? — pedi, a vendo concordar rapidamente — E toma meu celular, eu avisei algumas pessoas, então caso alguém ligue — lhe entreguei o aparelho antes de colocar minha filha no chão e a encarar, percebendo pela sua carinha irritada que ela não queria que eu a deixasse ali — Ei, sua mamãe está tendo seu irmão. Eu sinto muito, mas você não pode entrar Ok? Então eu preciso que me faça um super favor e espere sua irmã aqui com a tia Mani, tudo bem? Fairy vai estar curiosa então conto com você para dizer a sua irmã mais velha que eu e a mãe de vocês estamos pegando seu irmãozinho — pedi, sorrindo satisfeita por como seu olhar mudou para um animado.

— Pode deixar, mama!

— Te amo leaozinho — beijei sua bochecha antes de me levantar e correr até o quarto três. 

Me senti um pouco perdida pela movimentação do quarto, notando duas enfermeiras andarem de um lado por outro enquanto a Dra lia a ficha. Um novo grito de Lauren me chamou a atenção e eu rapidamente corri até seu lado.

— Eu cheguei, estou aqui amor — avisei, puxando sua mão e já a sentindo apertar com força.

— Arrgh as contrações, droga isso dói — minha esposa reclamou e eu segurei um risinho por seu tom de voz.

Ela tinha seus cabelos presos em um rabo de cavalo, o suor escorria de seu rosto e seus olhos estavam em um tom de verde água. Os lábios já estavam machucados de tanto que ela os mordia, e bolsas roxas estavam abaixo de seus olhos, denunciando quão cansada ela estava pelos últimos dias.

Ainda assim, como podia ser tão linda? Saber que ela estava prestes a dar a luz a nosso filho me deixava ainda mais em êxtase. Apaixonada pela força que ela tinha.

— Meu Deus, Camila! Esse garoto definitivamente puxou a você — Lauren resmungou e eu franzi o cenho, ouvindo algumas risadas.

— O quê? — questionei confusa mas tudo que minha esposa fez foi gritar mais uma vez.

— Dra? — chamei a obstreta conhecida que sorriu para nós.

— As contrações estão contínuas, mas temos que esperar um pouco para a dilatação — Dra Addiso explicou e eu assenti, me virando para minha esposa.

— Eu li uma vez que ter um orgasmo pode ajudar na hora de...

— Karla Camila Cabello-Jauregui você não vai me masturbar enquanto seu filho tenta sair da porra da minha vagina! — Lauren me interrompeu furiosa e, se ela não estivesse segurando minha mão com tanta força, eu teria me escondido de seu olhar.

— Ok Ok desculpe — pedi depressa, sentindo minhas bochechas queimarem.

Nossa obstetra saiu do quarto por alguns instantes enquanto esperávamos. Foram longos minutos até que uma da enfermeiras avisasse que já estava na hora. Dra Addison voltou para o quarto e se posicionou para fazer o parto.

— Tudo bem Lo, eu estou aqui e você consegue ok? Vamos trazer esse bebê ao mundo — incentivei, aproximando meu rosto do seu e sorrindo para ela — Você consegue — repeti, beijando sua testa antes de ouvir o primeiro pedido da Dra para que minha esposa empurrasse — Isso Lauren, vamos lá — apertei sua mão a um novo grito depois de empurrar mais uma vez.

Senti minha própria cabeça pesar e um suor fino escorrer do meu rosto mesmo que eu não estivesse fazendo esforço nenhum e fosse apenas Lauren realizando todo o necessário. A Dra pediu mais vezes para que Lauren empurrasse e eu tentava incentivar.

Observei minha esposa bater com as costas no colchão, exausta, no mesmo instante que um choro ressoou no ar. Senti minha respiração mais acelerada e minhas mãos tremendo.

— Camila? Quer fazer as honras? — a Dra me chamou e beijei o rosto de minha esposa mais uma vez antes de praticamente cambalear para ver meu filho.

Um garotinho sujo de sangue, chorando tão alto que me questionei se ele não machucaria suas cordas vocais. Ele era simplesmente lindo, mesmo naquele momento enquanto eu cortava o cordão umbilical, sentindo meu peito se encher de alegria.

Abracei minha esposa quando voltei para perto dela, vendo em instantes uma enfermeira se aproximar com nosso filho, o entregando a Lauren. Minha esposa chorou e eu chorei junto com ela enquanto observava aquele ser humano tão pequeno.

— Obrigada, obrigada por me dar mais isso — sussurrei para minha esposa que ergueu eu rosto e sorriu para mim por alguns segundos antes de se virar para nosso filho.

— Bem vindo ao mundo Robin Turdus Cabello-Jauregui — ela disse baixo para o bebê que respirava calmamente em seu peito.

Nas próximas horas todos queriam ver meu filho no berçário. Meu sogros ainda tinham chegado já que tinham o atraso do trânsito fora da cidade, mas minha cunhada já estava presente. Normani e Dinah estavam ali junto com Verônica e Lucy e me surpreendi ao ver que Ariana também estava juntamente com Taylor. Sorri e abracei todas minhas amigas.

Porém meu sorriso se alargou ao ver que Fairy também estava ali, junto da irmã caçula.

— Hailz tinha um compromisso, mas como eu estava em casa com Joe e disse que viria, ela perguntou se eu poderia trazer Fairy — Taylor explicou e eu sorri em agradecimento.

Peguei minhas duas filhas no colo, fazendo uma careta rápida pelo peso, mas levando as duas para conhecerem o irmão caçula.

— É aquele dali?

— O de amarelo?

— Mama, ele tem uma cabeça estranha.

— Bina! A sua também era.

— Ei! A sua que era.

— Você não viu oras, você é mais nova.

— E daí? Eu voltei no tempo.

— Não dá pra fazer isso.

Acabei soltando uma risada pela discussão boba e neguei com a cabeça, colocando as duas no chão ao ver uma enfermeira se aproximando do meu filho. Ela iria o levar para Lauren. Rapidamente puxei a mão de cada uma das meninas, a levando até o quarto onde minha esposa estava sentada, com a feição cansada.

Mesmo assim, ela abriu o melhor de seus sorrisos assim que viu Fairy e Sabrina entrando no quarto, gritando por ela.

— Ei Ei, devagar — pedi, vendo Fairy subir com facilidade na cama enquanto eu ajudava Sabrina a fazer o mesmo — Oi amor — beijei os lábios da minha esposa, que sorriu mas logo se virou para nossas filhas.

— Já viram o irmão de vocês? — Lauren perguntou, mas antes que elas pudessem responder, a enfermeira entrou no quarto, carregando nosso filho e o entregando a Lauren.

Observei Fairy e Sabrina olharem curiosamente mais de perto, como se tentassem entender como ele poderia ser tão pequeno.

— Tenham cuidado, ele é muito sensível — pedi, também me sentando na beira da cama e observando.

— Ele é tão pequeno — Fairy disse, quase abismada.

— Por que tão pequeno?

— Mamãe, ele vai pra casa hoje?

— Hoje não mamãe, a mama não me ensinou a música dele. Ainda estamos na minha!

— Você pode só cantar, a gente sabe a letra.

— Mas eu quero tocar pra ele também, pra ele saber que amo ele.

— Ue, eu não vou tocar, mas eu amo ele também.

Não percebi que tinha os olhos marejados e um sorriso bobo no rosto até que sentisse a primeira lágrima escorrer. Vi Lauren quase da mesma forma que eu, esticando um braço seu para entrelaçar sua mão na minha, enquanto nossas filhas ainda discutiam sobre como fazer o irmão caçula saber que elas o amavam.

Eu tinha tanta sorte.

— Obrigada — sussurrei de forma quase inaudível para minha esposa, esperando que ela entendesse tudo que eu lhe agradecia.

Por me dar além de seu amor, uma família para iluminar mais ainda nossas vidas.

 

 


Notas Finais


e então???
esse capítulo foi longo né? MAS O QUE ACHARAM?
muitas informações né?

Norminah, Trolly e Vercy tem filhos. Hailee e Niall casaram. Camren agora são mães de três!
Eu vou tentar voltar logo com o último capítulo oficial.
Amo vocês

twitter e instagram: @pandarctus


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