- Aqui está o pergaminho de Komugakure, Hogake-sama - disse Tsuki, ajoelhando frente ao líder, seguida pelos seus companheiros.
- Muito bom, Tsuki – a voz de Kakashi soava cansada – algum embate?
- Sim Rokudaime – a capitã se ergueu – depois de nossa saída da Vila da Nuvem, meus kuchiyoses avisaram sobre inimigos que vinham ao nosso encontro, tivemos de entrar em combate. Seus corpos estão sendo examinados pela equipe legista.
- Algum dano? – o prateado indagou.
- Não senhor. Eram nove ninjas, mercenários aparentemente – esperou pelo balançar afirmativo da cabeça masculina para prosseguir – Estavam visivelmente atrás do pergaminho, porém não chegaram a tocá-lo. Eram bons, mas não o suficiente para nos vencer.
- Os “Cavaleiros da Liberdade” estão cada vez mais ousados, enfim – o líder suspirou pesadamente – estão liberados por hoje, podem ir descansar e bom trabalho.
Os três anbus se curvaram em respeito, sumindo em pequenas nuvens de fumaça logo em seguida.
.................
Sasuke e Hinata chegaram exaustos, por isso tomaram banho juntos, trocando apenas carinho sem nenhuma intenção sexual, e se deitaram juntos, abraçados, dormindo quase que instantaneamente.
O Uchiha foi o primeiro a acordar, abrindo os olhos de forma lenta pode observar a perolada que dormia serenamente. Se permitiu admirá-la por alguns minutos, o subir e descer lento do peito que indicava o sono profundo, as bochechas levemente coradas, que mesmo com ela dormindo guardavam um belo rosado, e o longo cabelo negro azulado que se espalhava pelo lençol.
Aquela era com toda a certeza uma bela visão. Uma visão que ele adoraria ter todos os dias.
Com muito cuidado para não acordá-la se levantou, e depois de se vestir foi para a cozinha. Desejava preparar o café da manhã, mesmo que o horário fosse mais propício para um almoço. Como não haviam parado para comer depois da luta e em nenhum momento durante a viagem noturna até Konoha, estava com fome e sabia que Hinata também acordaria esfomeada.
Ainda meio atrapalhado, já que cozinhar não era o seu forte, começou a preparar um asagohan.
Hinata acordou sentindo falta do calor do moreno, vendo a cama vazia e ouvindo o barulho que parecia vir da cozinha, sorriu ao imaginar a bagunça que o Uchiha estaria fazendo.
Com os passos silenciosos desceu a escada, tomando cuidado para que Sasuke não percebesse sua presença. Se escondeu um pouco atrás do batente de entrada do cômodo, observando a confusão de panelas e pratos, assim como a mesa na qual, por incrível que pareça, possuía algumas travessas com alimentos já dispostas.
- Ao invés de ficar aí rindo da minha desgraça, poderia vir aqui me ajudar, Hyuuga – o ex-nukenin falou, sem se virar para a perolada, que tomou um leve susto – não achou mesmo que poderia ficar aí escondida sem que eu notasse? – as orbes bicolores procuraram as lunares.
- Achei sim – a Princesa respondeu com um sorriso doce lhe riscando os lábios.
O moreno se aproximou da pequena mulher com passos lentos, se curvando até deixar os rostos bem próximos, as bocas quase se tocando e os narizes roçando levemente um no outro.
- Eu sempre sei quando está por perto – a voz em timbre baixo arrepiou a Herdeira, que engoliu em seco.
Tentando dissipar o clima tenso que se instalará ali, a anbu se desviou do moreno, passando a mexer nas últimas panelas que ainda permaneciam no fogão.
Com um sorriso sacana no rosto ele se juntou a ela. Assim ambos terminaram de preparar os alimentos restantes rapidamente e puderam enfim, sentar-se à mesa para aproveitar o café da manhã.
Os olhares, sorrisos e conversa amena se estenderam por toda a refeição.
E após o café eles fizeram um pequeno mutirão para organizarem o caos que se instalará na cozinha, mutirão esse com direito a beijos roubados, espuma espalhada, alguns xingamentos e provocações.
Depois que todas as panelas estavam limpas e os pratos guardados, o casal foi sentar-se embaixo da grande árvore presente no jardim.
Sasuke se sentou com Hinata entre suas pernas, a cabeça dela apoiada em seu peito, os dedos deslizavam entre os longos fios azulados, enquanto ela aproveitava a carícia com os olhos fechados. Uma brisa suave balançava as folhas da árvore e espalhava o perfume de jasmim das flores que pendiam em belos ramos.
- Hinata? – o tom do moreno era baixo.
- Hummm
- O que a gente tem?
A pergunta feita de forma tão direta surpreendeu a anbu, que se afastou um pouco, virando-se para olhar o Uchiha.
- Como... como assim? – indagou de forma um pouco receosa.
- Eu quero saber o que temos – as orbes bicolores se desviaram e a mão de dedos longos bagunçou o cabelo rebelde, demonstrando o nervosismo dele – Se somos amigos com benefícios, ou algo mais...
- Algo mais? – as bochechas femininas atingiram um tom de vermelho vibrante.
- Sim... - a resposta veio quase sussurrada, a ametista e o ônix voltando as pérolas – Algo como um relacionamento, em algum nível.
A Princesa se remexeu, virando totalmente de frente para o moreno, pegando as mãos dele nas suas.
- É... hummm... Sasuke – a voz feminina carregava uma doçura que fez os lábios finos se repuxarem em um pequeno sorriso – você quer que a gente tenha um relacionamento? Ou quer que sejamos só amigos com benefícios?
- Eu quero o que você quiser, Hinata.
- Sasuke...
As mãos continuavam unidas e os olhos fixos um no outro.
- Eu nunca tive algo sequer parecido com um relacionamento -as palavras saíram antes que o ex-nukenin pudesse controlar, mas ele já não sabia se queria de fato as controlar – Porém, se for com você eu estou disposto a tentar, a aprender, se tiver paciência de me ensinar...
As orbes lunares se encheram de lágrimas. O coração feminino entrando em um ritmo frenético diante das sentenças proferidas.
Ela o conhecia, conhecia aquele moreno rabugento e cabeça dura, inflexível e carrancudo, de poucas palavras e de menos sentimentalismo ainda. Já havia aprendido a ler nas entrelinhas, que ele gostava mais de demonstrar em ações do que de dizer, que ele preferia mil vezes guardar as coisas bem fundo no peito do que expressá-las.
Então a pequena mulher sabia o quanto significava cada palavra, a sinceridade em cada uma delas e o fato de todas terem sido proferidas por ele.
- Vai ser um escândalo – as sobrancelhas escuras se arquearam demonstrando a confusão diante da fala feminina – mas eu gosto de escândalos – um sorriso zombeteiro desenhado nos lábios delicados.
- Hinata?
- Vai ser um escândalo quando todos descobrirem que o tão desejado Uchiha Sasuke está namorando – Hinata se aproximou, roçando a boca na dele.
- E vai ser um escândalo ainda maior quando descobrirem que é com a igualmente desejada Hyuuga Hinata – Sasuke disse ao puxá-la para seu colo, sorrindo de forma miúda.
Os lábios se encontraram, e o beijo foi sedento. As línguas travando uma batalha por domínio, e as mãos passeando pelos corpos. Uma dança que ambos conheciam de cor, porém que nunca perdia a graça para eles.
Se separam ofegantes, sorrindo cúmplices.
Hinata se ajeitou melhor no colo do ninja, tentando acalmar o calor alojado dentro de si.
- Sasuke... – chamou a atenção do outro, a voz denunciava uma seriedade a mais nas palavras que seriam proferidas – Eu... acho que seria melhor que mantivéssemos isso – apontou para eles dois – em segredo. Ao menos por enquanto.
O ex-nukenin absorveu as sentenças por um momento, debatendo internamente o porquê do pedido.
- Tudo bem – concordou, porém não conseguiu se impedir de pensar por um instante se o pedido da anbu tinha haver com seu passado e tudo o que fizera.
- Eu preciso conversar com meu pai – a Hyuuga disse ao notar o semblante pesado do rapaz – antes de tornar público isso, preciso tentar resolver de forma pacífica a situação com o Kurosawa.
Raiva e um pouco de ódio brilharam no ônix e na ametista diante do nome Kurosawa.
Sasuke realmente queria matar aquele desgraçado que se dizia noivo da perolada.
- Ele ainda está na sua casa? – questionou, a voz demonstrando a repulsa que sentia pelo homem.
- Sim, Kou está me mantendo informada – Hinata estava cansada, aquela situação a tinha tirado inúmeras horas de sono nos últimos tempos – Por isso mesmo eu preciso conversar com meu pai, tentar fazê-lo entender – um suspiro escapou pelos lábios cheios – Preciso de alguma forma fazer com que ele veja que eu não vou me casar com aquele homem, e também fazer com que ele aceite o que temos.
- Posso não conhecer Hyuuga Hyashi como você. Entretanto, sei o suficiente para saber que ele não vai nos aceitar facilmente – Sasuke deslizou os dedos pelo rosto feminino – Na verdade imagino ele tendo um ataque ao saber que me tem como genro. – o moreno sorriu de forma maquiavélica.
A gargalhada da capitã foi inevitável diante das palavras do outro e diante da cena que sua mente criou.
- De fato ele vai ter um ataque – falou concordando – Por isso mesmo quero tentar preparar o caminho, Hyashi ainda é meu pai e não estou a fim de matá-lo do coração ao dizer que estou namorando o último Uchiha vivo – os olhos perolados brilharam – aquele que ele odeia com todas as forças.
Ambos ficaram em silêncio por um momento, refletindo sobre o que teriam de enfrentar em um futuro próximo ao tornarem seu envolvimento de conhecimento geral.
O ex-nukenin sabia que o maior problema seria a família de Hinata. O clã Hyuuga era muito parecido com o que o clã Uchiha havia sido um dia, eram orgulhosos e acima de tudo fechados.
Se o seu clã ainda estivesse vivo, a sua união com ela não seria nem um pouco menos complicada, mas teria muito provavelmente mais apoio. Já agora que era o único sobrevivente e que tinha uma longa ficha criminal em suas costas, sabia muito bem que os senhores do clã Hyuuga se oporiam fortemente ao seu envolvimento com a Herdeira.
Todavia, apesar de tudo, ele continuava sendo um Uchiha. E como um bom Uchiha não iria desistir do que desejava, nem que para isso tivesse de enfrentar todo o clã portador do Byakugan.
O momento de silêncio foi quebrado ao ouvirem alguém bater à porta, com força o suficiente para se fazer ouvir do jardim.
Com um olhar apenas eles se levantaram e foram em direção à casa. A perolada ia na frente, já se encaminhando para abrir a porta, o moreno um pouco atrás sem realmente querer saber quem os incomodava.
- Ten-chan – a perolada exclamou ao ver a garota parada com cara de poucos amigos na entrada da casa.
- Nossa, eu quase tive que colocar a porta abaixo para vocês me ouvirem – a Mitsashi falou ao mesmo tempo que abraçava a amiga – Uchiha – cumprimentou com um meneio de cabeça o rapaz que a olhava.
- Mitsashi, de novo aqui – a resposta veio curta e grossa.
A dona de olhos castanhos riu.
- Tão educado. Vocês deveriam estar muito ocupados para não me ouvirem esmurrando a porta – provocou- os, tendo como resposta uma Hinata corada e um Sasuke revirando os olhos.
- Não que fosse da sua conta, mas estávamos no jardim – explicou o moreno, que andou em direção à cozinha.
Tenten o seguiu, e Hinata observou a pequena conversa dos dois, estranhando a nova interação, porém ao mesmo tempo gostando.
A Hyuuga ainda ficou olhando o portador do Rinnegan colocar uma chaleira com água para esquentar, pegar as xícaras e começar a procurar o chá para ser feito, como ela mesmo fazia ao receber alguém. Sorriu miúdo ao notar que o outro estava a pegar seus hábitos.
- Mas me falem, como meu casal preferido está? – indagou a ninja do time 9, que a essa altura já se encontrava sentada à mesa.
- Estamos bem, acabamos de voltar de uma missão – a Princesa respondeu, também sentando-se à mesa, em frente a sua amiga.
O Uchiha olhou de relance para ela, notando que a mesma tinha agido de forma costumeira mesmo com a kunoichi de cabelos castanhos os chamando de casal.
Será que ela não se importa que a Mitsashi saiba?
Se bem que elas são amigas, devem contar tudo ou quase tudo uma para a outra.
Os pensamentos lhe arrancaram uma meia risada.
Entretanto essa ação não passou despercebida a Tenten.
Os olhos castanhos-chocolate se arregalaram levemente, não só diante da ação ou falta dela de Hinata, como de Sasuke, que seguiu aparentemente procurando um chá determinado.
Será que eles já se assumiram?
Oh senhor, Kami do Céu!!
Se controle Tenten...
Mas o sorriso de orelha a orelha dela era incontrolável, o que fez a perolada a olhar com uma cara confusa.
- O que foi Ten-chan? – questionou, aquela expressão no rosto da amiga não era muito normal, parecia que ela tinha ganhado na loteria.
- Vocês assumiram alguma coisa? – só restava a morena ser direta e perguntar o que tanto desejava saber.
Hinata e Sasuke se entreolharam. As palavras passando através dos olhos.
O que eu digo?
Não sei, ela é sua amiga, não minha...
Sasuke!
Que foi? Estou falando a verdade. E para ser sincero achei que ela já soubesse...
Como assim?
Amigas não contam tudo uma pra outra? Achei que ela já soubesse da gente...
Sim, contam, na maioria das vezes e sim, ela já sabe...
Então...
Não se incomoda que ela saiba? Ou melhor que seja a primeira a saber?
Não, na verdade eu não esconderia de ninguém, mas como tu pediu eu respeito. E quanto a ela ser a primeira, acho que é mais fácil a Mitsashi manter a boca fechada do que o dobe ou qualquer outro...
Para, o Naruto guardaria segredo sim se a gente pedisse...
Guardaria? Tem certeza?
O ônix e a ametista se estreitaram, assim como uma das sobrancelhas negras foi arqueada.
Hinata balançou a cabeça sorrindo diante da expressão.
- Ei! Será que dá para o casal de pombinhos parar de se olhar como se fossem as últimas duas pessoas na Terra e me responderem, por favor? – Tenten interrompeu aquela troca de olhares, queria ouvir da boca dos dois ou de algum deles a confirmação do que já suspeitava.
- Bem, sim – a Hyuuga tocou um indicador no outro, mania a muito perdida, mas que voltava em momentos de timidez.
A Mitsashi fez sinal com as mãos para que ela continuasse.
A Princesa olhou brevemente para o Uchiha, trocando um sorriso cúmplice com ele.
- Estamos namorando – disse em um fôlego só, mirando a amiga.
- Awnnn – o som que imitava, ou tentava imitar algo fofo saiu dos lábios da morena, que deu mini pulinhos sentada na cadeira – Eu sabia, Kami-sama tá de prova que eu sabia que vocês dois iam namorar.
Sasuke que já tinha colocado o chá nas xícaras, revirou os olhos. E Hinata atingiu alguns tons preocupantes de vermelho.
- Não adianta revirar os olhos pra mim Uchiha – ralhou Tenten, suavizando a voz em seguida para falar com a perolada – Vocês formam um casal tão bonito, nossa, meus afilhados serão tão lindos...
- TENTEN!!
- E quem disse que tu vai ser madrinha de algum filho meu, Mitsashi? – o ex-nukenin questionou sarcástico ao colocar as xícaras sobre a mesa.
- Não vou nem me ofender, pelo simples motivo de que quem vai definir isso é a Hina-chan e sei que ela não abriria mão de me ter como madrinha de algum dos filhos dela, né Hina-chan?
Ambos olharam para a Hyuuga que se mantinha quieta, e vermelha, esperando pela resposta dela.
- Eu... ah... – a perolada estava achando muito estranha a atenção recebida daqueles dois – decido quando os tiver, que tal?
- Tá vendo, Uchiha? Ela me quer como madrinha.
- Não foi isso que ela disse, Mitsashi.
- Tu é chato em, cruzes, não sei como a Hina-chan te aguenta.
- E tu é intrometida, Mitsashi. E a Hinata gosta da minha “chatice" – o sorriso masculino era sarcástico.
Dessa vez quem revirou os olhos foi a kunoichi do time 9.
- Ten-chan – Hinata chamou a atenção da outra com a voz suave – não contamos para ninguém, ainda... – suspirou apertando as mãos de forma nervosa – gostaria que isso ficasse entre nós, ao menos por enquanto.
- Tudo bem. Quer falar com seu pai antes? – questionou a morena, olhando de forma pesarosa para a Princesa.
- Sim – a voz antes suave, agora se mostrava triste e cansada.
Tenten estendeu a mão sobre a mesa, pegando a da amiga.
- Se precisar de qualquer ajuda, estarei aqui para você – afirmou, na tentativa de passar segurança e conforto para a anbu.
A Hyuuga concordou com um menear afirmativo.
- Bem, mas eu não vim aqui apenas para vê-los – falou, mudando totalmente de assunto. – O pessoal vai fazer uma reunião, vim convidá-los.
- Reunião? – Questionou Hinata.
- Sim, Naruto inventou de reunir os 11 de Konoha, aparentemente ele quer festejar o seu sucesso nos estudos para ser o próximo Nanadaime – Tenten revirou os olhos, o Uzumaki estava se saindo um festeiro como ninguém – Eu o encontrei no Prédio Hogake e ele me pediu para avisá-los, já que não teria tempo.
A Herdeira olhou rapidamente para Sasuke antes de responder.
- Acho que não iremos – na sua mente passava as lembranças do que tinha acontecido na última vez em que se encontraram com todos.
- Ah, por favor – pediu a Mitsashi unindo as mãos como se orasse – não quero ter que aguentar todo mundo sozinha, por favor.
- O Sasuke decide – a Hyuuga desviou o olhar para o moreno que bebericava o chá silenciosamente.
Os olhos desiguais se fixaram nas pérolas.
- Por favor, Sasuke – Tenten apelou agora para o Uchiha – nunca te pedi nada.
Uma sobrancelha escura foi arqueada diante da sentença, fazendo com que Hinata tivesse de segurar uma risada.
- Tudo bem - a resposta veio com o ônix e a ametista ainda mirando as luas – a gente vai ir.
A capitã anbu não pode deixar de ficar surpresa, imaginou que o ex-nukenin não iria desejar se encontrar com todos os amigos tão cedo.
- Vai ser em que local? – indagou o portador do Rinnegan.
- Na casa do Naruto, ele iria fazer no Ichiraku, entretanto, aparentemente a Sakura reclamou disso e ele decidiu mudar – a resposta da Mitsashi veio acompanhada de um longo suspiro.
- Certo.
A menção a rosada fez o Uchiha se lembrar que deveria conversar com ela.
Já tinha tentado inutilmente deixar claro para a ex-companheira de time que não nutria por ela sentimentos românticos, e sim fraternais. Porém, parecia que à Haruno ainda se recusava a compreender isso.
Situação que teria de mudar, já que o ex-nukenin agora se encontrava em um relacionamento, mesmo que ainda desconhecido por todos, ou quase todos. Em segundos tomou a decisão de que iria conversar com Sakura. Deixaria as coisas claras de uma vez por todas, e de alguma forma, faria a amiga entender que não teriam nada mais do que uma amizade.
Resolveria isso, de uma forma ou de outra.
Com a decisão tomada se ergueu, colocando a xícara sobre a pia.
- Vou sair, tenho uma coisa para resolver – disse se aproximando da Herdeira Hyuuga – volto antes de sairmos para essa reunião do Dobe – completou depositando um beijo na bochecha feminina de forma automática.
Sem pensar duas vezes, o moreno saiu de casa, deixando para trás duas mulheres atônitas.
- Que bicho foi que mordeu ele? – Tenten perguntou, apontando para onde o anbu tinha saído.
Hinata suspirou pesadamente antes de responder.
- Bem, eu tenho três palpites. – os olhos perolados miraram a morena – Kakashi, mas eu acredito que o Sasuke não iria conversar com ele, ainda não – ergueu um dedo da mão delicada – Naruto, outro que eu descarto, muito cedo, muita dor de cabeça para ele – mais um dedo foi erguido – E Sakura, meu palpite final, se eu tivesse que chutar seria nela – mostrou os três dedos erguidos para a amiga.
- Sakura?
- Sim, Sakura...
...............
Pelo horário o Uchiha imaginou que a rosada já estaria saindo do hospital ou já estaria em casa, então se encaminhou para onde era agora a residência da mesma.
Sakura havia comprado um pequeno apartamento para si, tomando a decisão de morar sozinha e começar uma vida mais adulta depois da Guerra.
O rapaz bateu três vezes na porta, mas como não obteve resposta e como não sentia a presença do chakra da Haruno na casa, percebeu que ela ainda não havia chegado. Optando por esperar, se escorou na parede, fechando os olhos e se preparando mentalmente para a conversa desgastante que teria.
Não teve de esperar muito até que a ninja-médica chegasse.
Os passos de Sakura se detiveram assim que ela notou o ex-nukenin a esperando na porta de seu apartamento, um sorriso de animação surgindo no rosto. Ela se apressou em direção a ele.
- Sasuke-kun, não sabia que iria vir me visitar – falou ao se aproximar - se soubesse teria vindo mais cedo.
Sua felicidade era evidente, tanto na voz quanto na linguagem corporal.
- Não é uma visita, Sakura - a resposta veio mais dura e seca do que o moreno pretendia. - Estou aqui para conversarmos - abrandou um pouco o tom.
- Vamos entrar então, eu preparo um chá para nós - a rosada se adiantou rumo à porta, na mente apenas uma coisa se passava.
“Ele está aqui para aceitar meus sentimentos, finalmente”
Mesmo desejando não entrar, Sasuke o fez, a conversa que teriam era íntima demais para ser feita ao ar livre.
O apartamento da Haruno era pequeno, mas bem organizado e limpo. Havia uma pequena sala e cozinha integrada, uma mesa com fotos dela ficava ao lado da entrada. A moça se encaminhou para o fogão colocando uma chaleira com água sobre ele e em seguida dispondo sobre a mesa redonda de quatro lugares dois conjuntos de xícaras.
O Uchiha puxou uma das cadeiras e sentou-se silenciosamente. Ela o copiou sentando-se à sua frente e cruzando as mãos sobre a superfície.
- Sasuke-kun, faz tanto tempo que não conversamos - a voz feminina quebrou o silêncio entre eles.
- Sim, faz.
- Eu tenho tanto para lhe contar, com certeza você também, nossa, são tantas coisas - as palavras eram proferidas de forma alegre e entusiasmada - Se quiser pode começar me contando…
- Não tenho nada para contar.
A resposta seca e curta, foi o suficiente para que um pouco da animação dela se esvaisse.
- Tudo bem, eu posso contar então. Eu estou trabalhando no hospital como viu, Sasuke-kun… - a ninja-médica optou por continuar falando, na tentativa de não deixar que o clima ficasse tão pesado quanto o semblante masculino. O qual, fez com que por alguns segundos seu coração e mente lhe traísse, mostrando a possibilidade de que talvez ele não estivesse ali para aceitar seus sentimentos.
“Não, ele não faria isso comigo depois de tudo. Ele me ama, eu sei que ama”
Sasuke a observava enquanto falava, percebendo que a face dela continha doses iguais de esperança, expectativa e temor. Sua avaliação foi interrompida pela chaleira que começou a apitar, apontando que a água estava quente.
A rosada ergueu-se e trouxe o objeto fumegante para a mesa, onde serviu as xícaras que já continham as ervas do chá. O moreno apenas girou o recipiente dentro do pires, enquanto a moça tomava um pequeno gole.
Depois de um longo suspiro, o rapaz decidiu que era hora de começar a falar.
- Sakura, eu vim aqui esclarecer as coisas de forma definitiva entre nós. - disse tentando ser o mais objetivo possível.
- Não precisa esclarecer nada Sasuke-kun. Eu prometi que o esperaria e continuo firme em minha promessa e…
- Me deixe falar, por favor, Sakura - pediu olhando-a nos olhos. - Eu preciso que me deixe falar e que não me interrompa, consegue fazer isso?
- Claro.
O coração de Sakura acelerou, e ela teve de segurar o sorriso que teimava em lhe riscar os lábios, imaginando que finalmente ouviria dele a tão desejada aceitação de seus sentimentos.
Já para o Uchiha aquele não era um momento fácil, falar sobre o que sentia não era algo que tinha aprendido. Entretanto, pela primeira vez estava disposto a tentar construir algo, e para que isso tivesse a chance de dar certo, sabia que teria de ser sincero com as pessoas a sua volta e deixar tudo o mais claro possível.
- Por muito tempo Sakura, eu senti apenas ódio dentro de mim. E se não fosse por você, Naruto e Kakashi, tenho consciência que isso não mudaria tão cedo - o ex-nukenin viu o rosto feminino se emocionar - Nas raras vezes que eu não estava pensando em vingança, e cogitava construir uma família, eu imaginava que você poderia ser minha esposa.
- Ah Sasuke-kun eu…
- Deixe eu terminar - exclamou erguendo a mão em sinal para que ela se calasse.
Um suspiro fundo e cansado saiu de seus lábios, os olhos bicolores se desviando brevemente das esmeraldas.
- Porém, eu percebo hoje que isso nunca daria certo, então eu estou aqui para deixar claro, que eu não posso, nunca pude e jamais vou poder retribuir os teus sentimentos. - os olhos verdes espantados se encheram gradualmente de lágrimas, mas antes que essas caíssem ele continuou - Eu não a amo da mesma forma que me ama, e não seria justo com nenhum de nós insistir em algo que não nos fará bem.
A reação da Haruno frente às sentenças foi o silêncio, ela se ergueu, virando-se de costas para ele por um momento, quando tornou a se virar uma gargalhada estridente saiu de seus lábios.
- Isso só pode ser uma brincadeira, é isso não é Sasuke-kun? Isso é uma brincadeira… - descrença permeava as palavras.
- Não Sakura, isso…
- ISSO É UMA BRINCADEIRA! - ela gritou o interrompendo.
Em meio ao rompante a kunoichi espalmou as mãos sobre a mesa, as bochechas se tingindo de um vermelho forte pela mistura de raiva e tristeza que começava a sentir.
- Isso é uma brincadeira sim, Sasuke-kun, porque eu o esperei por anos, lutei, briguei, procurei e cuidei de você - as palavras saiam de forma atropelada e carregadas de incredulidade.
- Sim, eu sei disso Sakura, e este é um dos motivos de eu estar tendo esta conversa contigo, de te deixar claro que não daremos certo. - o ex-nukenin tentava manter as palavras gentis e claras.
- E como pode saber disso Sasuke-kun? Como pode saber? Eu sempre estive aqui para você, te esperei, admirei, eu te amo Sasuke-kun, e prometi te esperar, até que estivesse pronto para voltar à Konoha, até que estivesse pronto para se casar comigo, para termos uma família. Como pode saber que não daremos certo até tentar?
As lágrimas agora desciam pelo belo rosto, e as mãos se movimentavam frenéticas, deixando transparecer o misto de emoções que a ninja-médica sentia.
- Porque eu não a amo, Sakura. O que eu sinto por você é o mesmo carinho e amor fraterno que sinto pelo Naruto. Eu daria minha vida por vocês sem sombra de dúvidas, mas não posso, e nem vou me casar contigo e fingir algo que não sinto.
As sentenças foram como um tapa, fazendo a Haruno se retesar e se afastar alguns centímetros. Os olhos antes tristes agora possuíam também um brilho de raiva, desagrado e algo mais que ele não pode identificar.
- Então é isso, depois de todos esses anos, depois de eu ter vivido uma vida inteira te esperando, depois de você ter quase me matado e mesmo assim eu não ter desistido de nós…
- Não existe nós Sakura, nunca existiu e nem vai. Entenda isso. Eu quero que seja feliz, por isso estou tentando deixar as coisas claras. - ele a interrompeu, aquilo estava indo para um rumo que não gostava.
- Feliz? E tudo que eu fiz por você? - o sarcasmo era evidente na voz feminina.
- Eu agradeço, de coração eu te agradeço por tudo Sakura, mas não posso construir um relacionamento sobre o sentimento de gratidão apenas. Não seria justo. - o Uchiha falou, levantando-se da mesa.
- JUSTO?! VOCÊ VEM ME FALAR DE JUSTIÇA?
A kunoichi começou a andar de uma lado para o outro do pequeno cômodo, a indignação presente em cada movimento.
- Sakura…
- NÃO, isso não é justo, não é justo que não me ame. - por um momento ela parou, voltando sua atenção novamente para ele.
- Eu sei, mas não posso controlar meus sentimentos.
- Pode tentar, pode tentar me amar, a gente pode construir esse amor, e mesmo que não consiga, eu posso amar por nós dois - A rosada se aproximou, pegando as mãos masculinas nas suas, os olhos e a voz carregavam a súplica presentes nas palavras.
- Você não pode Sakura.
Sasuke se afastou gentilmente.
- Eu posso sim, eu posso, já fiz isso por anos, posso continuar fazendo. - A afirmação tinha muita convicção.
- Não pode, e nem eu quero que o faça. Imagine como seria nossa vida em família, eu sempre distante, afastado, todo sentimento sendo somente pela sua parte, isso não é vida Sakura. Não é o certo para uma família, nem para um relacionamento.
Os argumentos que eram proferidos pelo moreno pareciam não surtir efeito sobre a moça.
- E o que sabe sobre família, sobre relacionamento, Sasuke-kun? O que sabe sobre isso? - o tom de tristeza e súplica havia sido trocado por escárnio.
- Não muito, mas o suficiente para saber que não quero um dessa forma. - a resposta veio ríspida.
- Então é isso, vai simplesmente me dispensar?
Sasuke suspirou pesadamente na tentativa de se acalmar, suas temporas começavam a latejar.
- Sakura, tu é minha amiga e quero que continue sendo, se precisar sempre vou estar aqui, mas não posso retribuir o teu sentimento.
- Diz que não quer ter uma família assim, um relacionamento assim. Então está pensando nisso…E para pensar nisso - novamente uma gargalhada histérica escapou pelos lábios femininos.
- Sakura pare. Eu apenas quero esclarecer as coisas entre nós. - o ex-nukenin disse de forma curta e grossa, com a pouca paciência que possuía se esvaindo.
- Não vou parar. Você vem aqui, até a minha casa para me dispensar como se eu fosse uma qualquer depois de todos os anos que te dediquei, depois de tudo que fiz e suportei por você…
- Para de drama Sakura, se tu fosse uma qualquer eu nem me daria o trabalho de vir aqui, e outra, já disse que te agradeço por tudo que fez, mas se quer que eu fique preso a você pelo resto da minha vida por isso, desista. - falou interrompendo-a, o que aparentemente só alimentou a fúria que a outra sentia.
Uma risada sem emoção cortou o silêncio que se instalou após a fala.
- Então só me diga uma coisa, Sasuke-kun…
O próprio nome havia sido proferido de uma forma diferente aos ouvidos de Sasuke.
Em resposta apenas acenou positivamente com a cabeça.
- Quem é ela?
- Ela?
- Sim, ela. Não acha mesmo que sou burra o bastante para acreditar que o tão frio e estoico Uchiha Sasuke estava pensando em relacionamento sem um bom motivo.
- O motivo é que eu desejo deixar tudo claro entre nós, apenas isso. - agora definitivamente a paciência dele havia se esgotado.
- Realmente acha que vou acreditar que só está pensando em “esclarecer as coisas”? Me poupe, mas tudo bem, uma hora ou outra eu vou descobrir quem é essa vagabunda que acha que vai ficar contigo…
- Para com isso Sakura, não tomei essa decisão por causa de outra pessoa - não inteiramente pelo menos - tomei por mim, por nós e pelo nosso futuro. Então chega, pare com isso.
- Parar com isso? - novamente houve uma risada sem emoção - Então só me diga uma coisa, essa piranha, ela vai fazer por você o que eu fiz? Ela vai andar ao seu lado de cabeça erguida, mesmo com todos os julgamentos? Porque tu sabe que vão julgar qualquer uma que tenha coragem de se casar contigo, que tenha coragem de carregar um sobrenome tão manchado, essa mulherzinha que virou sua cabeça vai aguentar tudo isso, porque eu estou disposta, eu aceitei isso, mas ela vai? ME DIZ!
Raiva pura e incandescente percorreu o corpo de Sasuke, e pela primeira vez em tempos ele perdeu o controle de suas emoções. Em segundos se aproximou de Sakura até ficar a centímetros dela, o sharingan brilhando em vermelho vivo, e a voz escorrendo algo tenebroso.
- Quer saber Sakura, ela vai. Ela está sim disposta, e se não estiver, eu sou capaz de abrir mão de meu sobrenome pelo dela, sou capaz de ir embora da Vila para algum lugar que não me conheçam, faço o que for necessário pela chance de tê-la ao meu lado - as narinas dilatadas demonstravam quanta ira sentia agora - E sabe o porque disso? Porque essa pessoa, essa mulher me fez sentir vivo novamente Sakura, algo que ninguém mais conseguiu, e é por ela e por isso, que pela primeira vez na vida estou tentando fazer as coisas certas, que pela primeira vez na vida estou tentando ser uma pessoa melhor.
As sentenças atingiram a ninja-médica com a força de um tsunami, não só elas, mas também a reação do outro demonstravam tantas coisas que era difícil processar tudo ao mesmo tempo, deixando-a atônita. O que deu oportunidade para que o Uchiha continuasse a falar.
- E pelas tuas próprias palavras, se meu sobrenome é tão manchado assim, se ficar ao meu lado é um fardo tão pesado, por qual motivo deseja tanto carregá-lo? - o sarcasmo se fazia presente em cada sílaba - Eu acho que sei. Passou a vida inteira fantasiando sobre ficarmos juntos, que não consegue ver tua vida sem isso.
- Sasuke-kun…
- Não - ergue a mão para silenciá-la - Chega disso, já disse o que precisava e você também. Espero que seja feliz Sakura, e quando precisar de um amigo, estarei aqui.
Dita estas palavras o moreno se virou em direção à porta, quando sua mão já se encontrava na maçaneta Sakura tornou a falar.
- Ela não vai lhe fazer feliz, ela não vai aguentar tudo como eu aguentaria, ela não vai ficar contigo, Sasuke-kun.
Os olhos esmeraldinos reluziam com ódio.
- É o que veremos.
Quando o ar frio da noite tocou os cabelos negros, Sasuke se sentiu mais leve. Uma parte sua repassava a conversa, se assim poderia chamar, que tinha tido com Sakura, apontando que o que ela tinha dito poderia de fato acontecer. Que Hinata poderia não aguentar os julgamentos que ela sofreria por sua causa, o que o levou a pensar que talvez o pedido dela por segredo em relação ao relacionamento que começavam era justamente pela possível vergonha em estar junto dele.
Esses pensamentos o atormentaram até o momento que ele olhou para o céu, observando a face da lua que o lembrava dos olhos dela. Nesse momento seu coração pulsou mais forte, como se o lembrasse quem era a dona daqueles belos olhos de lua que ele tanto amava.
………………
Quando a porta se abriu revelando o moreno, a Hyuuga se encontrava lendo um livro no sofá, que foi prontamente fechado e posto de lado. O rapaz se encaminhou até ela, sentando-se silenciosamente ao seu lado, e se recostando.
- Fui conversar com Sakura - começou a dizer
- Eu sei.
A resposta fez com que os olhos bicolores procurassem os lunares, apenas para encontrá-los já cravados em sua direção.
Um sorriso riscou os lábios finos, sua garota era realmente incrível.
- Se não quiser falar sobre isso eu vou entender, Sasu - Hinata exclamou de forma suave.
Ela percebia pelo semblante dele que a conversa havia sido no mínimo tensa.
- Tudo bem, Sakura reagiu como eu já esperava. Ao menos deixei claro que jamais vai haver algo entre nós, só sei que agora nossa convivência vai se tornar ainda mais complicada do que já era.
- Eu sinto muito, Sasu.
- Está tudo bem, Hina. Eu tenho que te falar que ela desconfia que tenho alguém, segundo ela alguém tão frio e estóico quando eu não pensaria em questões de relacionamento sem um bom motivo.
- Não posso dizer que ela está errada - a Herdeira riu da expressão indignada do outro frente à sua fala - Essa é uma situação difícil e complicada, porém tu quis resolver, foi sincero e deixou tudo claro, agora é esperar, a coisas que apenas o tempo pode resolver.
Sasuke suspirou profundamente, as palavras da anbu se assentando na sua mente, ela tinha razão.
- Mas mudando de assunto, e a Mitsashi? - indagou o rapaz, ao perceber que a azulada estava sozinha em casa.
- Já foi, ela tinha que se arrumar para o encontro da turma.
- Me esqueci disso, já estamos atrasados não é? - passou a mão pelos cabelos ao se lembrar da reunião, e notar o horário.
- Sim, um pouquinho - a moça sorriu de forma miúda - Mas se não quiser ir, por causa de tudo que aconteceu, não tem problema depois a gente inventa uma desculpa.
- Não, tá tudo bem, a gente pode ir.
Hinata beijou suavemente a bochecha masculina antes de se erguer do sofá.
- Vamos nos arrumar então, para não chegarmos tão atrasados assim.
O ex-nukenin em um movimento rápido a puxou para seu colo, enterrando o rosto na curva do pescoço alvo.
- A gente poderia aproveitar que já estamos irremediavelmente atrasados e se divertir um pouquinho - sua voz rouca arrepiou a pele feminina e deixou claro qual seria o motivo do atraso.
Mesmo extremamente tentada a ceder, a Princesa do Byakugan se desvencilhou dele com um sorriso maroto lhe riscando os belos lábios.
- Nada disso, não podemos chegar mais atrasados do que já estamos. Porém… - o sorriso tomou um sentido mais sugestivo - podemos voltar mais cedo, e aí sim aproveitar.
Dito isso, a dona dos olhos de lua se virou e subiu as escadas rapidamente, se encaminhando para o quarto, deixando para trás um moreno desconcertado.
…………….
Hinata desceu as escadas usando uma sandália de tira preta nos pés e um vestido azul-marinho, quase negro. O vestido batia pouco acima dos joelhos, o tecido abraçava as curvas do corpo feminino belamente, as alças tinham um formato diferente, eram finas na base onde encontravam o decote quadrado e mais largas na parte dos ombros. O longo cabelo negro azulado estava penteado e solto, descendo pelas costas femininas como uma bela cascata lisa.
Sasuke se encontrava sentado no sofá a esperando, usando calça, camisa e sapato preto, o cabelo estava na bagunça charmosa habitual. Quando ele a viu descer as escadas, se ergueu oferecendo o braço quando a moça parou ao seu lado.
- Quando é que vai usar outra cor além de preto? - ela o indagou sorrindo.
- Humm algum dia quem sabe - o tom era levemente divertido.
Assim eles saíram de casa, os braços dados e os olhos brilhando na direção um do outro.
……………
Foi Hinata que bateu à porta, que por sua vez foi atendida por Ino. A loira abriu um sorriso luminoso ao vê-los e os puxou para dentro mais rápido que um relâmpago.
- Achei que vocês nem vinham mais - disse os empurrando para seus lugares - Pelo menos agora o grupo está completo e podemos começar a brincadeira.
Um sorriso divertido se fazia presente no rosto da kunoichi.
A Herdeira foi posta entre Tenten e a própria Yamanaka, e Sasuke ficou a sua frente, entre Naruto e Rock Lee. A mesa redonda deixava todos a uma distância bem curta, formando um círculo curioso.
Ao lado esquerdo do moreno estava o Uzumaki, depois Sakura, Tenten, Hinata, Ino, Sai, Chouji, Kiba, Shino, Temari, Shikamaru e por fim Rock Lee que fechava a roda.
- Desculpe pelo atraso, tivemos um imprevisto - a capitã se justificou ao se acomodar ao lado das amigas.
- Tudo bem, Hina-chan, a gente entende - foi Naruto que a respondeu, o tom doce e gentil dele com ela fez o moreno erguer uma sobrancelha.
- Sim, sim, tudo certo pessoal - a loira de olhos azuis exclamou não escondendo sua empolgação - agora vamos a parte divertida, as brincadeiras, vamos jogar…
- Antes disso, eu preciso falar algumas coisas, Ino - dessa vez fora Kiba que tomara a palavra, interrompendo a kunoichi - Preciso pedir desculpas para Hina-chan, e para… - um momento de hesitação como se ele pensasse como se referir ao outro - Sasuke-san.
A Hyuuga olhou do amigo para o moreno que mantinha uma expressão indecifrável.
- Em primeiro lugar quero pedir desculpas a você, Sasuke-san - o ninja desviou o olhar por breves segundos - Eu não tinha o direito de falar aquelas coisas para você, de lhe ofender, minha atitude como mesmo disse a Hina-chan no ocorrido foi medíocre, e por tudo o que eu disse eu peço que me desculpe.
O Inuzuka se curvou em direção ao Uchiha, deixando a azulada emocionada, aquele sim era seu amigo, uma pessoa com um coração incrível. Quando ele ergueu-se seus olhos foram diretamente aos bicolores, esperando do ex-nukenin uma reação que pudesse lhe dar alguma resposta.
- Tudo bem - duas sentenças apenas, mas o suficiente para o garoto cão respirar mais aliviado.
- Hina-chan, me desculpe - para ela ele não precisava falar muito, já via nos olhos marejados da moça que tinha seu perdão.
Mais feliz do que chegara o rapaz voltou ao seu lugar, agora com o coração mais leve por poder finalmente voltar a falar com sua amiga.
- Céus, alguém mais tem algo para falar ou a gente pode jogar?
- Porque quer tanto jogar, Ino? - indagou Temari que até agora se mantinha em silêncio.
- Porque vai ser muito divertido.
O divertido soou para Hinata como perverso, ainda mais com o sorriso na face da amiga.
- O que vamos jogar? - questionou um pouco receosa da resposta.
- Verdade ou Desafio.
Dito isso a Yamanaka retirou de algum lugar uma garrafa de saquê vazia, a pondo sobre a mesa, sobre os olhares atentos e assombrados de alguns amigos.
- Alguém quer começar?
Silêncio absoluto.
- Acho melhor você começar, já que teve a ideia amor - foi Sai que falou diante da falta de resposta dos outros.
- Tudo bem - a animação da loira era mais que evidente, tendo como uma possível fonte o saquê que parecia não sair da mão dela.
A garrafa foi girada e caiu apontando para a Princesa dos Ventos, que apenas bufou em reação ao resultado.
- Verdade ou Desafio?
- Verdade.
- A preguiça do meu amigo Shika se reflete entre quatro paredes ou não?
Um leve rubor manchou as bochechas da Sabaku, mas ela manteve os olhos afiados, já o Nara se afogou com a bebida que tomava e olhou exasperado para a amiga.
- Não.
- Não?
- Não, simples assim, tu não estipulou o tamanho da resposta minha cara.
Agora quem tinha ficado exasperada era a Yamanaka. Que após uns segundos riu da resposta. A seguinte a girar a garrafa foi a própria Temari, e assim o jogo seguiu algumas rodadas, algumas com perguntas um pouco mais “cabeludas”, outras com indagações mais suaves. Até que o vidro de saquê parou nas mãos de Sakura, que ao ser girado apontou para o Uchiha, que até então não tinha sido “escolhido” pelo objeto, o que chamou a atenção de todos, assim como a expressão no rosto da moça, que se iluminou ao ver o resultado.
- Verdade ou Desafio, Sasuke-kun? - era perceptível no tom de voz que ela estava um tanto quanto alcoolizada, e que qualquer que fosse a escolha do outro, aquilo seria no mínimo interessante.
O moreno levou alguns segundos para fazer a escolha, porém quando respondeu a pergunta o fez olhando nos olhos esmeraldinos.
- Desafio.
Sua escolha poderia parecer imprudente para os outros. Entretanto, ele conhecia a amiga bem o suficiente para saber qual seria o desafio, e para escolhê- lo ao invés do questionamento que ela com toda a certeza faria, trazendo um assunto para aquela roda que ele não gostava.
Um sorriso brilhou na face feminina, deixando as bochechas ainda mais coradas e as esmeraldas ainda mais luminosas.
- Te desafio a beijar a moça mais bonita presente aqui, Sasuke-kun - a Haruno se inclinou para a frente, buscando mais proximidade com o outro e completou - e na boca.
Os rostos dos amigos se mantinham pétreos, os vários pares de olhos se desviando de um para o outro.
- Isso não é um desafio, Sakura - o ex-nukenin também se inclinou mais sobre a mesa - é um prazer.
Com essas palavras que deixaram a rosada extasiada, ele ergueu-se, quase rindo da expressão dela ao passar em suas costas, se dirigindo aos olhos de lua que o encaravam questionadores.
Deu um leve aceno em agradecimento a Mitsashi ao vê-la se distanciar um pouco da anbu, permitindo assim a aproximação dele. Em completo silêncio ele lhe ofereceu a mão, que foi prontamente aceita.
As pérolas cravadas no ônix e na ametista.
Uma de suas mãos deslizou pela cintura fina, a conduzindo para a meia parede que separava a sala da cozinha. Sasuke agradeceu a presença daquela divisória ali, pois foi sobre ela que ele colocou a azulada em um movimento rápido e firme.
Pelo vestido que a moça usava ele preferiu se acomodar quase na lateral de seu corpo, sentindo a mão pequena pousar seu ombro em busca de apoio. As bochechas femininas estavam vermelhas, muito possivelmente pela atenção dos amigos, concentradas totalmente nos dois.
Quando o belo rosto se desviou na direção dos colegas, o Uchiha foi ágil, com uma mão firme puxou o queixo feminino em direção ao próprio rosto, e selou seus lábios no dela.
Não iria se permitir dar o beijo que ansiava de fato naquela boca sedutora, que passara a noite o perturbando. Mas isso não o impediria de atiçar, tanto ela, quanto a si próprio com aqueles simples selar. E no fundo também sabia o “triplex” que aquela ação causaria na mente dos demais.
Tudo não durou mais que segundos. Logo o moreno já se afastava, ajudando a Hyuuga a descer da meia parede e voltar ao seu lugar, com as luas faiscando e as bochechas ardendo.
Quando Sasuke voltou ao seu assento, sentiu sobre si os olhares, mirando no esmeraldino ele falou.
- Como eu disse, um prazer - seu sorriso era diabólico.
Depois disso nada foi como antes.
Sakura parecia em choque ainda, sempre desviando o olhar entre o Uchiha e a Hyuuga, olhando para essa com uma expressão que misturava choque, raiva e descrença.
Os outros se dividiram em ignorar o que aconteceu e provocá-los. Sendo as provocações feitas mais por Ino, Naruto, Temari e até mesmo Tenten, o que deixava a capitã ainda mais sem jeito, e que de vez em quando tiravam de Sasuke um repuxar de lábios.
Quando a maioria dos colegas já estava debruçado sobre a mesa ou nas almofadas que havia mais perto, mais bêbados do que sãos, os Herdeiros se levantaram, dando um boa noite contido da parte dele e mais gentil da dela para aqueles que ainda conseguiam prestar alguma atenção nos dois e assim partiram.
Durante a caminhada o silêncio imperava, sendo rompido apenas quando a porta da residência do ex-nukenin se abriu.
- O beijo - Hinata exclamou - porque o fez?
- Fui desafiado.
- Sei que não foi apenas por isso - ela retrucou.
- Eu sabia qual seria a pergunta de Sakura sobre o que ela me questionaria e não desejava que esse assunto viesse à tona na frente de todos - um suspiro pesado saiu dos lábios finos - então escolhi o desafio, que não foi uma grande surpresa.
- E?
A azulada sabia que tinha mais. Seu questionamento arrancou um sorriso completo do outro.
- E, bem, como eu disse foi um prazer te beijar na frente de todos - o rapaz se aproximou lentamente, segurando o rosto delicado com a mão - passei a noite toda desejando isso, e ver a cara de idiotas deles foi algo épico.
- Sasuke…
- Eu sei que me precipitei, que concordamos em manter isso em segredo - o moreno se aproximou mais, até que as respirações se misturassem - sei que isso vai levantar questões, e só por isso peço que me desculpe, só por isso.
A resposta da capitã anbu foi extinguir a parca distância entre eles e colar suas bocas.
- Tudo bem, agora só me importo com uma coisa - ela disse ao se afastar centímetros - o quanto tu ainda vai demorar para arrancar esse vestido de mim.
O olhar em brasa de Sasuke a respondeu de forma eficiente.
Aquele já era um vestido perdido, que seria irremediavelmente rasgado.
E ela estava muito feliz com isso.
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