"No mundo adulto oficialmente"
TERCEIRO CAPÍTULO
Listening: The Scientist - Coldplay
Conte-me seus segredos e faça-me suas perguntas
Oh, vamos voltar para o começo
- Bom... Pelo menos você terá total privacidade. – Alasca fala, enquanto encaramos de pé a sala de estar sem nenhuma janela. O corretor de imóveis que estava nos acompanhando pelos residenciais nos olha sem graça... Os lugares que se encaixavam no meu orçamento eram no mínimo muito ruins. Ou não tinham ventilação, como esse... Ou as paredes eram muito finas, ou eram em bairros perigosos.
- Bom... Há mais dois que podemos ver. Eles ficam na Quin... – Eu interrompo o corretor com um gesto, então dou um sorriso sem graça, mostrando que eu não iria dar nenhuma boa notícia a ele.
- É o suficiente, Hamilton. Eu vou esperar mais um pouco, juntar mais dinheiro e entre outras coisas... Obrigada pela ajuda.
As narinas de Hamilton tremem quando eu termino de falar. Ele enxuga sua testa suada com um lencinho branco que estava guardado no bolso de seu paletó e então concorda, acenando com a cabeça. Sinto-me um pouco mal, o mesmo parecia realmente desesperado para fazer uma venda... Mas eu não poderia me dar ao luxo de comprar um apartamento que me desagradava. A antiga Brooklyn faria isso, apenas por pena do corretor, mas a atual não podia. Hamilton nos leva para fora do apartamento, e quando chegamos até o saguão, nos despedimos.
- Então... Vai continuar morando na casa do nosso pai por enquanto? – Alasca pergunta, encostando-se no muro da construção que havíamos acabado de sair. Estávamos sem destino agora que o objetivo do dia de comprar um lugar para eu morar havia sido arruinado – Eu ofereceria a minha, mas não temos espaço e a Spencer é muito bagunceira.
- Não se preocupe... Papai surtaria se eu saísse de casa muito cedo, de qualquer forma. Talvez eu me mude para algum lugar só próximo mês. – Fico parada em sua frente, e após falar, olho para os dois lados da rua, pensando algo de útil para fazer até que chegasse o horário de Phelipe sair da escola.
- Então, Brooke... Eu ainda não tenho nada para fazer até as 11 horas. Quer ir em algum salão de beleza? Seu cabelo está precisando de um tratamento. E sua franja também.
Olho para Alasca tentando não me sentir ofendida. Curvo meus lábios para baixo levemente, concordando com a sugestão dela. Meu cabelo de fato parecia uma palha e minha franja estava desigual, sendo este último culpa da pessoa que a cortou durante os anos que eu passei desacordada.
Quando começamos a caminhar, minha irmã dispara a me falar sobre todas as novidades de sua vida durante esses 6 anos, além do óbvio. Havia tantos filmes e séries que ela amava que senti desespero para anotar os nomes e assistir mais tarde. Alasca reclamou sobre o novo presidente dos Estados Unidos, e também falou que Taylor Swift havia lançado um álbum novo e havia trocado de namorado mais vezes do que troco de calcinha em um dia. Depois mudou drasticamente o assunto para o dia que conheceu Denny... Que foi na escola onde ela ensina, e ele é um tio de um de seus alunos, se eu não me engano. Eu não estava surpresa. Sabia que Alasca iria acabar se envolvendo com algum tio ou pai gato... É o que sempre acontece com professoras jovens do ensino fundamental menor.
Eu nem percebo que havíamos chegado a um salão até que minha irmã me puxa pela roupa, me fazendo parar de caminhar.
Olho para o lugar que ela me trouxe e posso dizer que era um pouco escandaloso... Parecia o lugar que as Kardashians viriam para tirar fotos e pintar as unhas. Era incrível como passar dias em um quarto de hospital com uma TV com canal fechado podia te fazer assistir reality shows capitalistas e ainda gostar deles, eu até estava fazendo analogias.
- Como você conhece esse lugar, Allie?... Não é muito a sua cara. – Comento, enquanto a mesma puxa a porta de vidro para entrarmos.
- Eu não venho aqui porque gosto, exatamente... É mais para dar apoio moral...
- Dar apoio moral para quem? – Questiono com um claro tom de curiosidade, mas Alasca sequer precisa responder, quando ouço uma voz conhecida falar conosco.
- As irmãs Witthman! É tão bom vê-las juntas novamente! – Lilian Evans. A garota super cobra, super falsa do meu antigo círculo de amigos da faculdade.
Olho para minha irmã um pouco chocada, percebendo que ela tinha virado... Íntima? Daquela mulher.
Alasca a abraça, e então Lilian vira-se para mim com um sorriso que eu conheci por muitos anos para saber que ainda continuava sendo fingido. Eu espero não sair desse lugar careca.
- Olá. – Eu sorrio como posso, tentando parecer feliz. Lilian me abraça também, e eu dou alguns tapinhas em suas costas... Não esperava por isso.
- Seja bem-vinda ao meu salão de beleza, Brooklyn! Digam-me o que querem fazer hoje, que eu mesma providenciarei os melhores funcionários. – Lilian falava, mas eu não conseguia tirar os olhos dos silicones que ela havia botado. Seus peitos saltavam do vestido cor de rosa como se quisessem me dar "Oi", mas eram tímidos demais... Bom, eu espero que eles nunca percam essa timidez.
- Hum... Eu só quero manicure, já a Brooke vai querer um tratamento completo. Eu mesma pago. – Alasca tira um cartão de crédito de dentro de sua bolsa como se fosse uma arma. Eu não conseguia falar nada... Minha irmãzinha estava esquisita, lembro-me dela como uma garota tímida e que não saía de dentro de jeans rasgados e não tirava a cara dos livros. Agora ela usava saias, tinha uma filha e usava seu cartão de crédito para cuidar do cabelo e das unhas.
- Você está bem, Brooklyn? – Lilian pergunta, olhando para mim com uma sobrancelha arqueada.
- S-sim... Eu só... Vou ao banheiro.
Saio dali antes mesmo de receber uma orientação de onde seria o toalete. Resolvo seguir meus instintos e encontro-o no fundo da enorme sala, com uma mulher parecida com a Lilian saindo dele, apenas não tinha os mesmos cabelos castanhos. De fato, ali dentro todas as mulheres se pareciam e isso me dava agonia.
- Eu definitivamente deveria ter voltado para casa. – Sussurro para mim mesma, indo até a pia depois de entrar no cômodo. Ligo a torneira e lavo meu rosto e pescoço, tentando me livrar da leve tontura que havia começado.
Assusto-me quando meu celular vibra e começa a tocar uma música estridente. Aquele negócio era novo e eu não sabia usar direito, e nem tive paciência de tentar aprender, por isso as configurações estavam de fábrica... Mas depois disso eu preciso mudar esse toque, rápido.
Era uma ligação. Número desconhecido. Também havia mensagens do whatsapp nas notificações, do mesmo número que me ligou. Abro o aplicativo verde e logo depois a conversa.
"Brooklyn. Sou eu, Christopher. Este aqui é o meu número pessoal... E eu preciso falar com você. Não fique com raiva do Simon por ter me dado seu número, mas eu estava desesperado e ele não é nem um pouco fã da nossa separação... Mesmo que a decisão tenha sido apenas minha. E é exatamente por conta disso que quero falar com você. Atenda-me, me mande uma mensagem... Qualquer coisa. Marque um lugar. Eu estarei lá."
Extremamente fria, eu abro sua foto de perfil. Ele havia mudado desde a última vez que o vi. Chris estava com uma barba que caía ridiculamente bem nele. Eu não podia ver seus olhos, pois ele usava uns óculos de sol na foto, e do seu lado estava Phelipe, usando um chapéu de praia e com um sorriso enorme no rosto. Meu coração se enche de alegria e tristeza, de alguma forma, enquanto acelera até eu conseguir senti-lo bater contra a minha caixa torácica. Eu sentia orgulho dos dois, de os verem tão felizes, mas também me sentia miserável de não estar na foto e em nenhum momento nos últimos seis anos. Se eu tivesse comido muito hoje mais cedo, provavelmente a comida já estaria descendo pelo ralo da pia, meu estômago dava reviravoltas e parecia que eu havia engolido uma pedra de gelo. O que eu responderia a ele? Não sei... Sinceramente eu não sabia sequer se eu responderia.
- Brooklyn! Você está bem? – Lilian entra no banheiro, encostando-se no parapeito da porta. Eu a encaro pelo reflexo do espelho e então guardo meu celular na minha bolsa.
- Sim. Já estava saindo... Vamos. – Eu forço um sorriso e então desmancho o rabo de cavalo que eu fiz – Meu cabelo é todo seu.
Lilian sorri de volta, ainda mais falsamente que eu. Quando passo por ela, a mesma segura meu braço, fazendo-me parar. Fito-a, enquanto a mesma aproxima o rosto do meu e então sussurra em meu ouvido.
- É realmente uma pena que... Mais uma vez... Christopher tenha me rejeitado e casado com aquela ordinária. Mas como você acordou, estou ansiosa para vê-lo se divorciar e vir correndo para te reconquistar. Dessa vez ele não vai escapar de mim, Brooklyn. Então fique fora do meu caminho, aquela Crystal já é o suficiente.
"... Crystal..."
Apesar de ela ter dito todas aquelas coisas além do nome da esposa do Christopher, a única coisa que ecoou na minha mente foi isso. Crystal era o nome da mulher que roubou o coração dele de mim. Eu imagino quem é ela, como ela é o que ela faz e se ela é boa com meu filho. Lilian me encarava, esperando qualquer coisa vinda de mim... Mas eu continuava estática.
- Você não mudou nada. – Respondo alguns segundos depois, puxando meu braço de sua mão. A desgraçada havia deixado minha pele marcada – Ainda tentando fazer Christopher gostar de você dessa maneira? Você sabe que sempre foram amigos. Isso não vai mudar. E vou me certificar disso, Lilian.
- Você...
Eu saio dali antes dela terminar de falar mais alguma bobagem. Só não ia embora por conta da minha irmã, que já estava fazendo as unhas. Não fazer o que eu vim fazer aqui seria puro orgulho, então me sento em um lavatório após uma das funcionárias pegarem meu casaco e bolsa. Ao menos seria bom ficar longe do celular por um tempo. Fecho meus olhos ao sentir uma água gelada cair sobre minha cabeça... Eu realmente estava precisando de um banho frio para esclarecer minha mente no momento. Também fecho meus olhos tão confiantemente, pois eu sabia que Alasca não deixaria ninguém fazer algo de errado em meu cabelo.
- Tem certeza que não está parecendo um capacete? – Pergunto pela terceira vez a mesma coisa. Mesmo que não tenha sido Lilian, a funcionária que cuidou do meu cabelo havia cortado minha franja tão reto, que eu estava receosa. Sempre tive uma franja bagunçada e um pouco picotada, assim era diferente do que estou acostumada.
- Pela milionésima vez, Brooklyn. N-ã-o. – Alasca me responde, olhando para mim com irritação – Será que a gente pode ir? Já vai dar meio-dia! Estou atrasada para ir buscar Spencer na creche.
- Tudo bem... Eu vou pra casa, já estou morrendo de fome. – Digo e então vamos nos despedir de Lilian. Ótimo.
Alasca a abraça e trocam algumas palavras, até que a Lilian vem me abraçar, e eu retribuo de malgrado. Assim que nos separamos, eu giro e saio andando bem rápido daquele lugar.
Quando Allie finalmente sai também, nós caminhamos um pouco enquanto conversamos, até que paramos em uma lanchonete. Peço para minha irmã pedir um Uber para mim, já que eu não queria pegar meu celular.
- Ele está chegando... 7 minutos. Tenho algo para te contar. – Alasca fala, olhando para mim com animação. Eu sorrio curiosa para saber o que era.
- Fale!
- Todos nós da família, inclusive o Chris, mantemos a certeza de que o Phelipe iria se lembrar de você, além de te visitar todos os meses no Hospital... Porque, sabe, mesmo depois de tanto tempo, queríamos mantê-lo perto de você até que tudo acabasse. Não sei se sabe, Brooke, mas seus aparelhos iriam ser desligados em alguns dias.
- Oi? – Eu havia escutado, mas não sabia como reagir a todas as coisas ditas. Quer dizer que eu poderia estar morta agora ou dentro de alguns dias?... Se eu não tivesse acordado. Aquilo me fazia sentir estranha, pois, havia uma sensação dentro de mim de que a minha antiga vida acabou.
- Você está bem? Parece pálida. – Alasca tinha um vinco entre suas sobrancelhas de preocupação. Eu concordo com a cabeça, enquanto procurava palavras para respondê-la.
Um carro para perto de nós, e Allie o observa. Paro de prestar atenção, ainda chocada com o aconteceria comigo e com o fato do Phelipe lembrar-se de mim... Eu havia me preparado bastante psicologicamente para ter que passar por dificuldades até que Phelipe me aceitasse. Mas pelo visto, todo mundo tinha feito isso por mim, o que era maravilhoso em meio a tanto caos em minha vida.
- Brooklyn! – Alasca estala os dedos para chamar minha atenção. Parecia que ela estava me chamando há algum tempo – O seu Uber chegou!
- Oh... Certo. – Falo e então me levanto da cadeira, colocando minha bolsa em meu ombro. Dou um beijo de despedida na cabeça de Alasca – Obrigada, Allie... Por tudo. Até amanhã?
- Até amanhã. Vou levar Spencer para passar à tarde com você.
Sorrio, então vou até o carro. O motorista confirma o pedido e entro no veículo, indo para casa...
- Tem certeza que não quer que eu fique com você? Pode ser mais fácil. – Jorge pede mais uma vez... Ele estava tentando me convencer de que passar o resto da tarde junto comigo e Phelipe seria menos complicado.
- Tenho, papai. Eu não posso ter medo de ficar sozinha com meu próprio filho de sete anos. É melhor assim. – Nós discutíamos em frente a Escola que Phelipe estudava. Já havia alguns pais na entrada, esperando assim como eu. Mas ninguém estava curvada conversando com alguém pela janela de um carro.
- Ok... Qualquer coisa me ligue... Ou ligue para o Simon... Ou para sua irmã... Para qualquer um! – Era uma graça como ele estava preocupado. Eu dou risada, e concordo com a cabeça, logo depois dando um beijo em sua bochecha – Tchau, querida. Vemos-nos no jantar.
- Tchau, pai.
Ele parte com o carro, me deixando sozinha. Viro-me, e noto alguns olhares direcionados a mim, me deixando envergonhada. Provavelmente todos aqueles pais se conheciam, e todos pareciam muito elegantes... Principalmente porque Christopher pôs Phelipe em uma escola de ricos. Digamos que eu não estava encaixada no padrão... Eu não era loira, peituda e nem tinha pernas de aranha... Muito menos um emprego.
- Olá! – Ouço uma voz feminina com um carregado sotaque britânico falar. Suponho que ela se dirigia a mim, então olho para o lado e vejo uma mulher aparentemente da minha idade, vestindo um vestido vermelho e quadriculado. Seu cabelo castanho estava preso em um coque baixo e bagunçado, parte de sua franja caia em cima de seu rosto – Você é nova por aqui? Acabou de matricular sua criança?
- Ahm... Eu... Eu sou "nova" sim, mas meu filho estuda aqui há muito tempo. É que estou vindo buscar ele pela primeira vez. – Dou um sorriso discreto, então estendo a minha mão – Me chamo Brooklyn.
- Eu sou Louis. – Ao contrário de mim, ela sorri abertamente, mostrando bem os dentes. Inclino minha cabeça levemente para o lado, curiosa com sua personalidade tão extrovertida. Imagino qual foi à última vez que conheci alguém assim.
- Você tem um filho aqui?
- Uma menina. Mas não é minha filha, é minha sobrinha... Às vezes venho buscar ela. E geralmente eu que sou a deslocada, mas finalmente você apareceu. – Louis sorri mais uma vez, cruzando os braços e olhando para os portões da escola. De fato o horário de abrir estava se aproximando – Algum motivo especial para nunca ter vindo buscar seu filho?
- Sim. Eu estava em coma.
Louis vira a cabeça abruptamente para olhar para mim. Dou de ombros, numa linguagem figurada de "Fazer o que, não é?"
- Eu sinto muito... Às vezes eu realmente extrapolo na minha curiosidade. Mal de ser uma repórter. – Louis faz uma careta de inconformismo – Espero que se recupere bem rápido.
- Obrigada, Louis. – Sorrio para ela. Era bom conhecer pessoas gentis como Louis. Dava-me uma sensação de conforto e comodidade... Eu me sentia ansiosa para ter amizade com ela.
De repente um sinal toca, fazendo eu me tremer dos pés a cabeça com susto. Louis ri de mim, apontando seus dedinhos malvados enquanto gargalhava.
- Ha, você caiu na pegadinha do sinal. Todas as pessoas que vêm buscar algum moleque pela primeira vez se assustam. Você passou por um ritual, deveria estar orgulhosa de entrar no mundo adulto oficialmente. Veio buscar seu filho na escola!
Faço uma falsa comemoração, rindo junto com Louis. Porém, eu congelo completamente quando olho para a entrada da escola e vejo o mesmo garotinho de todas as fotografias que vi sair pelos portões. Ele gargalhava de alguma coisa junto com dois coleguinhas.
- Eu já vou, Brooklyn. Até qualquer dia!
Aceno para Louis rapidamente, voltando a olhar a olhar para Phelipe aproximar-se da entrada. Eu até poderia pedir o número dela para chamá-la para sair e conversar... Mas eu não conseguia tirar minha atenção do meu filho.
Phelipe vaga seus olhos por todos os adultos que estavam próximos de mim, depois de se despedir de seus amigos.
De repente, ele fixa o olhar ao meu e então sorri. Eu sinto meu coração dar um pulo, até mesmo meus joelhos enfraqueceram. A felicidade que eu sentia era muito grande, acho que não poderia conter as lágrimas que brotaram em meus olhos.
- Mãe! – Phelipe grita, correndo até mim.
Ajoelho-me no chão, sem ligar para os olhares direcionados a nós dois. Estico meus braços e quando ele finalmente chega até mim, o agarro com toda a minha força. Phelipe põe seus braços ao redor de meu pescoço, e eu ponho os meus ao seu redor. Era indescritível o quão era bom tê-lo ali. Principalmente o fato que ele se lembrava de mim e estava comigo por todos esses anos... Saber disso me confortava grandiosamente, pois eu sabia que não havia perdido meu filho completamente, apenas seu crescimento.
- Você se lembra de mim? – Phelipe segura meu rosto com suas mãozinhas, olhando em meus olhos, parecendo bastante ansioso – Lembra das coisas que te contei?
- Quando eu estava no Hospital? – Pergunto, e ele concorda com a cabeça. Eu não poderia mentir e dizer que me lembro, pois não recordo de simplesmente nada – Não... Eu não lembro. Será que você pode me contar de novo?
- Hum... – Phelipe parece ponderar, então abre um sorriso – Sim! Sim! Sim! Mãe... Não acredito que a senhora acordou! Agora eu tenho uma mãe acordada!
Eu começo a rir, e abraço meu filho de novo. Alasca estava certa sobre ele ser um garoto doce, era a melhor criança que eu já havia conhecido. Acaricio o cabelo dele e sinto seu cheiro... Suor e borracha. Cheiro de um garotinho que acabou de sair da sala de aula.
- O quê você quer fazer agora? Podemos ir pra qualquer lugar. – Depois de nos afastar, eu pergunto, segurando a mão direita dele enquanto me levanto –
- Eu estou com fome. Você também está? – Respondo que sim com a cabeça e ele abre um grande sorriso contente. Já eu, desde que o vi, não conseguia parar de sorrir, tanto que minhas bochechas estavam começando a doer – Eu conheço uma lanchonete bem legal! Mas também podemos ir tomar sorvete! Ou no parque, onde vende várias coisas legais, eu e meu pai sempre vamos lá e...
Phelipe para de falar e então franze o cenho, olhando para mim. Ele parecia bastante pensativo e eu imaginava que o mesmo estava raciocinando sobre mim e Christopher...
- Você e papai... São aqueles pais que... Não moram mais juntos, não são? – Phelipe pergunta, e sua expressão faz eu me sentir muito mal, apesar da culpa não ser minha sobre tudo isso.
- Somos... Seu pai está casado com outra pessoa, a Crystal.
- Ela é legal... Mas é tão ciumenta. Eu prefiro você, mamãe. – Phelipe abraça minha cintura, dando um sorrisinho de lado. Ele ficava ainda mais parecido com o pai quando fazia isso.
Eu decido que aquele assunto era melhor ser cortado antes que fosse tarde demais. Tinha medo de falar alguma besteira sobre essa situação.
Eu balanço levemente a cabeça, afastando os pensamentos e então estendo minha mão novamente para ele segurar.
- Vamos comer um hambúrguer e tomar um sorvete. Você guia o caminho, já que conhece os lugares.
Sorrimos um para o outro, e então começamos a caminhar pela calçada. Phelipe dava uns pulinhos enquanto caminhava. Não demorou muito para ele começar a me metralhar com perguntas.
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