"Desculpas não vão resolver esse problema."
VIGÉSIMO QUARTO CAPÍTULO
Listening: Mariners Apartment Complex - Lana Del Rey pt. 1
Eles confundiram minha gentileza com fraqueza
Eu estraguei tudo, eu sei, mas Jesus
Será que uma garota não pode simplesmente fazer o melhor que consegue?
Eu abro meus olhos lentamente... Sentindo uma claridade me tirar do meu sono. O sol já havia nascido, e alguns raios ultrapassavam as nuvens e entravam pela minha janela... Bem em direção ao meu rosto.
Sinto braços ao meu redor, e sorrio, olhando para cima. Christopher estava dormindo, e parecia ser um sono profundo. Eu afasto seus braços e apoio minha cabeça em seu peitoral... O contemplando enquanto espero o mesmo acordar.
Alguns minutos se passam, até que enfim suas pálpebras se mexem e um vinco se forma entre suas sobrancelhas. Quando ele abre os olhos, tapa os raios do sol com a mão, e então me vê. Christopher sorri, e acaricia meu cabelo enquanto eu me inclino para depositar um beijo em seus lábios.
- Bom dia. – Ele fala, com uma voz de sono que me faz derreter por dentro.
- Bom. – Chris nos vira na direção oposta da janela, me deitando novamente no colchão. Eu e ele nos encaramos por um tempo, até que falo. – Você precisar ir embora agora?
- Não... Eu posso ficar mais algum tempo. – Sua expressão muda um pouco, como se estivesse preocupado com algo... O olho curiosa, e seguro sua mão direita.
- Você... Está arrependido do que fizemos? Eu sei que não foi certo, mas...
Christopher me interrompe com um beijo, enquanto me abraça e entrelaça os dedos de nossas mãos.
- Eu nunca poderia me arrepender do que fizemos. Só que trair a Crystal como ela já fez... Não me torna muito melhor que ela. – Ele sussurra, com os olhos ainda fechados, enquanto sinto sua respiração em meu rosto. – Mas eu não consegui esperar mais tempo.
- Esperar o quê? – Questiono, o fazendo olhar para mim e abrir um leve sorriso.
- Eu tentei salvar as coisas entre eu e ela... Mas mesmo que você não tivesse acordado, acho que eu não conseguiria levar esse casamento em diante. Estou me planejando para entrar no processo do divórcio... Que eu sei que não será fácil, Crystal não vai gostar nem um pouco. Por isso eu queria esperar para então tentar te reconquistar, só que...
- Não importa o que ela gosta ou não... Se você não está feliz, eu te apoio completamente. E eu nunca parei de ser louca por você, para ter que me reconquistar.
- Você é um pouco suspeita de falar isso. – Eu rio e dou de ombros, me fazendo de inocente. – E ótimo... Porque a insanidade é recíproca.
Christopher sorri antes de me puxar contra seu corpo e me beijar profundamente. Meu corpo formiga dos pés à cabeça... É surreal senti-lo de novo, beijar seus lábios e tocá-lo das maneiras mais íntimas que alguém poderia fazer com outro. Passo minhas mãos em sua nuca, puxando um pouco do seu cabelo, e sinto Chris prender meu lábio inferior entre seus dentes. Ele sobe em cima de mim, e desce a boca para a curva do meu pescoço, dando beijos pela minha pele até alcançar a blusa em meu corpo, então faz o caminho de volta para me dar outro beijo de tirar o fôlego.
- Eu preciso ir trabalhar. – Christopher fala bem baixo, com uma voz tão rouca que eu começo a ficar muito motivada a tirar a calça dele e fazermos sexo de novo.
- Como eu posso te convencer a ficar? – Quando falo isso, escuto um barulho esquisito. Christopher escuta também, tanto que sai de cima de mim e olha para trás. – O que foi isso?
Parecia um choro. Mas bem fininho... E pequeno. Eu lembro de Julie automaticamente.
Não a vi ontem a noite depois que chegamos. Acho que ela estava cansada demais para vir nos receber.
- É a Julie. – Me sento na cama e não me surpreendo ao vê-la na porta, olhando para mim.
- Vocês têm uma cachorrinha? – Chris sai da cama e vai até ela. Julie, nem um pouco boba, pede colo ao mesmo e ele a põe em seus braços. – É uma beagle?
- Sim... Uma beagle faminta, provavelmente. – Eu também me levanto e procuro pela minha calcinha nos lençóis. Quando a encontro, visto e me viro para Christopher. Ele me olha com um pequeno sorriso nos lábios que eu sabia muito bem o que significava. – Pare. Você precisa ir trabalhar, lembra?
Ele concorda com a cabeça e quando passo, o mesmo me segue até a cozinha.
Christopher prepara o café da manhã enquanto eu coloco a ração de Julie.
Passamos mais ou menos uma hora juntos... Comemos e Christopher tomou banho antes de ir embora. E me prometeu que ia fazer com que o divórcio acontecesse o mais rápido possível.
Eu nem posso acreditar que isso está acontecendo mesmo.
Dois dias depois
Bato a porta do carro do Andrew assim que chegamos na BHP. Ajeito meu vestido e caminho junto com ele em direção às nossas respectivas salas.
Ao chegarmos em nosso andar, minha assistente, Penelope Lewis, abre um sorriso e levanta-se de sua cadeira segurando um copo de café em cada mão. Desejo bom dia para ela, assim como Andrew, e pegamos nossos cafés para então entrarmos em nossas salas.
Eu me sento em minha cadeira e tomo um gole generoso do latte com creme brûlée. Mordo o lábio inferior ao ver a pilha de arquivos na minha mesa, fora os do meu email. Não acredito como deixei acumular esse tudo de futuros livros... Preciso adiantar isso, se não as publicações atrasarão por minha culpa. Solto um suspiro longo e cansado só de pensar na dor na vista que eu ficaria.
Eu já havia terminado de ler três dos que estavam em cima da minha mesa... Restavam agora cinco. Pego o próximo que eu teria de ler e começo pelo título: "Olá, estranho". Romance. Pulo a sinopse, pois prefiro deixar isso por último... É melhor depois de ler todo o conteúdo do livro.
Já perto do horário do almoço, alguém bate na minha porta e peço para entrar. Fecho o livro após colocar o marcador e vejo Penelope por a cabeça para dentro da sala.
- Olá, Brooklyn. Não queria atrapalhar, mas os presidentes querem uma reunião urgente com você e Andrew... Agora. – Franzo meu cenho e me levanto da cadeira.
- Certo... O Andrew já foi?
- Ele está segurando o elevador para você.
- Ok... Obrigada, Penelope.
Pego meu notebook e então saio de minha sala. Fecho a porta e corro para o elevador, encontrando Andrew encostado na porta.
Nós ficamos em silêncio durante a subida... Drew parecia estranhamente preocupado, deixando meus nervos à flor da pele.
Quando chegamos no andar, caminhamos para a sala de reuniões e encontramos Gwendolyn e Trevor já sentados e esperando por nós.
Sorrio para os dois, mas nenhum deles retribuem. Engulo em seco e me sento em uma cadeira ao lado de Andrew, mas não me atrevo a falar nada.
- Não se preocupem... Essa reunião não vai tomar muito o tempo do almoço de vocês. – Trevor começa, apoiando os cotovelos na mesa de vidro.
- Na verdade, não sei se isso seria bem o que chamamos de reunião. – Gwendolyn continua, e cruza os braços. Seus olhos estavam grudados em mim. – Está gostando de trabalhar aqui, srta. Whittman?
- Ahm... Sim. É um emprego ótimo. – Respondo, sentindo meu rosto começar a ficar vermelho. Eu não sabia o que era isso, se não uma reunião.
- Interessante. – Ela diz, e então troca olhares com Trevor.
- E você Andrew... Como acha que seu braço direito está se saindo? – Pelo canto do olho, eu percebo que ele fica tenso com o questionamento. Mordo o lábio inferior... Eu começo a perceber o que era isso.
- Bem... – Andrew começa, mas o mesmo passa tanto tempo em silêncio que sua frase morre.
- Estamos esperando. – Gwendolyn fala em um tom impaciente.
- Ela precisa de um tempo para se adaptar ao cargo que lhe foi dado... Mas sim, ela tem um potencial incrível. Brooklyn é...
Gwendolyn faz um gesto com a mão, mandando Andrew se calar.
- Poupe os elogios para com sua colega. Responda sem rodeios a pergunta.
- Brooklyn não está... Correspondendo às expectativas. – Fecho meus olhos por um instante, sentindo minhas mãos gelarem.
- E...? – Trevor pergunta, e eu espero.
- Os prazos provavelmente não serão cumpridos. Vamos atrasar para a edição, revisão e publicação. – Meu coração acelera muito com o que ouço. Como fui tão irresponsável?!
- E o que você tem a dizer sobre isso, Whittman? – Gwendolyn se dirige a mim, soando levemente decepcionada.
- Eu sinto muito. Assumo toda a culpa por isso... Fui irresponsável com meus deveres e já comecei a tentar recuperar o tempo perdido. De verdade, me desculpem.
- Desculpas não vão resolver esse problema. – Trevor diz. Ele estava com um sorrisinho de lado ao olhar para Gwendolyn. – Por que não deveríamos demiti-la?
Eu sinto o chão embaixo de mim sumir, não literalmente... Olho para Andrew desesperada, mas ele estava sério, seus olhos azuis vidrados em um ponto qualquer daquela mesa.
- Por favor, eu peço uma segunda chance... Prometo que não irei deixar isso acontecer! Foi um descuido meu, um descuido terrível e eu aprendi com ele... Não vou mais fazer algo do tipo... Por favor. – Eu estava começando a querer me levantar da cadeira e me ajoelhar no chão, implorando para que eles dois me deixassem continuar na editora.
Trevor e Gwendolyn ficam em silêncio, me encarando.
- Nos dê um momento em particular, Brooklyn. – Ela diz, e eu me apresso em levantar da cadeira e sair da sala.
Após fechar a porta atrás de mim, aperto o notebook contra meu peito e me encosto na parede... Esperar meu veredicto era agoniante. Tento controlar as lágrimas que insistam em querer sair. Não posso perder esse emprego!
Se passa muito tempo... Meus pés estavam até começando a doer. Mas então, Andrew abre a porta e me chama para entrar. Eu vou bem devagar, e quando encaro Gwendolyn, quase faço uma careta por conta do nó no meu estômago.
- Bem, Brooklyn... Nós conversamos e chegamos a decisão de que você tem mais uma chance na BHP. Mas apenas uma. Não vá estragar as coisas. – Ela diz firmemente e eu não faço nada além de balançar a cabeça. – Sendo assim... Com licença, é a hora do almoço.
Ela e Trevor se levantam de suas cadeiras e vem em minha direção... Mas passam por mim sem nem mesmo olhar e vão embora.
Andrew se aproxima, me fazendo olhá-lo.
- Vamos almoçar, Brooks... Vou te levar em um restaurante. – Ele dá um beijo na minha cabeça antes de sair da sala.
Ainda com o notebook agarrado em mim, encaro a mesa de vidro enquanto penso em como quase ferrei tudo. O momento até passou... Mas a vontade de chorar não.
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